A prática de atividade física é um importante elemento para um estilo de vida saudável. Entretanto, entre pessoas com deficiência visual, esta prática pode ser reduzida, o que torna este grupo suscetível ao desenvolvimento de patologias associadas à inatividade física. Este estudo teve por objetivo investigar facilitadores e barreiras percebidas por pessoas com cegueira congênita para a prática de atividade física. Foram realizados dois grupos focais com onze sujeitos adultos com cegueira congênita, sendo seis mulheres e cinco homens, com idade média de 34 anos (± 7 anos). A análise de conteúdo foi utilizada para interpretar os dados. Duas grandes categorias foram apresentadas nos resultados, classificadas como "principais facilitadores para a prática de atividade física" e "principais barreiras para a prática de atividade física". Os facilitadores (família, professores de Educação Física especializados, instituição especializada, materiais adaptados, e reconhecimento dos benefícios) e as barreiras (família, professores de Educação Física despreparados, limitada infraestrutura em centros de atividade física, sentimentos de exclusão em aulas de Educação Física, dificuldade na habilidade espacial e na coordenação motora) apontados pelos participantes mostraram-se complexos e multifacetados, de ordem social, ambiental e pessoal. Considerando os benefícios da atividade física, é fundamental que os profissionais da área adaptem estratégias de inclusão adequadas à participação de pessoas que não enxergam, possibilitando-lhes explorar diferentes possibilidades de movimento na sua relação com o mundo, as quais poderiam atuar positivamente em seu desenvolvimento biológico, psicológico e social.
The physical activity is an important element for a healthy lifestyle. However, among people with visual impairments, this practice is reduced, which makes this group as being at risk for developing diseases associated with physical inactivity. This study aims to investigate facilitators and barriers perceived by persons with congenital blindness to physical activity. Two focus groups were conducted with eleven subjects with congenital blindness, six female and five male, age mean 34 years (+7 years). The results showed two broad categories: "main facilitators to physical activity" and "main barriers to physical activity". The facilitators (family, specialist Physical Education teachers, adapted materials, and recognition of the benefits) and barriers (family, unprepared Physical Education teachers, limited infrastructure in physical activity centers, feelings of exclusion in Physical Education classes, difficulty in spatial ability and motor coordination) reported by participants were complex and multifaceted, with social, environmental and personal origins. Considering the benefits of physical activity, it is essential that professionals adapt strategies for inclusion and appropriate participation of the congenitally blind, enabling them to explore different possibilities of movement and relationship to the world, which may act positively on the biological, psychological and social development.