Este artigo parte da etnografia realizada junto da população hindu de um bairro nas franjas da cidade de Lisboa. Tal como dezenas de outros conjuntos residenciais de construção informal, a Quinta da Vitória foi inscrita no Programa Especial de Realojamento (PER) e os seus habitantes seriam realojados em habitação social. Comparativamente com outros núcleos residenciais inscritos no PER, o processo da Quinta da Vitória levou mais tempo a ser concluído. Neste artigo procura-se descrever e analisar as formas como a população em causa reagiu, ao longo do processo de realojamento, a esta política social de habitação de grande envergadura no país. O objetivo central do artigo é explorar, através do caso em apreço, a conceptualização de James Scott (1990) sobre formas de resistência subtis, naquilo que o autor apelida registo escondido, e o desenvolvimento das suas componentes, até um registo mais público de resistência. Através da análise deste processo, espera-se ainda contribuir para uma melhor compreensão da aplicação das políticas sociais em Portugal.
This paper results from an ethnography among the Hindu dwellers of a neighborhood in the outskirts of Lisbon. As dozens of other informal settlements, Quinta da Vitória was one of the neighborhoods included in the Special Re-housing Program (PER), and its inhabitants would be resettled in social housing. Comparing with other similar settlements, the PER process at Quinta da Vitória was too long. In this paper I will describe and analyze the ways by which the Hindu residents responded to this huge social housing policy in Portugal, which was meant to end up with all shanty towns. The main purpose of this paper is yet to explore James Scotts (1990) conceptualization on subtle resistance and about the hidden transcript, its forms, and development into public forms of resistance. The article is also expected to contribute to the larger debate about social policies in Portugal.