Este artigo delimita o conceito de epistemologias ecológicas, entendido como uma postura compreensiva que se pauta pelo reconhecimento da alteridade e da agência dos processos naturais, dos objetos e dos materiais. Autores contemporâneos de diferentes trajetórias disciplinares têm empreendido reflexões nesta direção e sugerem a emergência de um novo realismo ou ainda de um novo materialismo. É neste movimento que buscamos situar o conceito de epistemologias ecológicas. O adjetivo ecológico nos parece plausível na medida em que ele remete ao reposicionamento do humano numa rede de relações simétricas e reciprocamente determinadas. Neste sentido, as epistemologias ecológicas dão voz ao mundo, considerando a autonomia das coisas e da natureza em sua relação com o humano, sem recair nos determinismos culturalistas ou biológicos. Este artigo contextualiza as interfaces dos novos materialismos, que emergem na antropologia, na filosofia e nos estudos da ciência, com o campo ambiental. Este nos parece um caminho oportuno para compreender nosso lugar no mundo e o lugar do mundo em nós desde uma perspectiva ecológica, no sentido de uma ecologia do pensamento, da ação e do conhecimento.
This article delimits the concept of ecological epistemologies, which is taken to be a comprehensive posture based on the recognition of the alterity and agency of natural processes, objects and materials. Contemporary authors from different academic trajectories have carried out reflections in this vein and they suggest the emergence of a new realism or a new materialism. It is within this movement that we seek to situate the concept of ecological epistemologies. The adjective 'ecological' seems plausible, insofar as it repositions the human in a network of symmetrical, and reciprocally determined, relations. In this way, the ecological epistemologies give voice to the world, considering the autonomy of things and of nature in their relations with humans, without thereby falling into the traps of cultural or biological determinisms. This article contextualizes the interface of the new materialisms and the environmental field, as this emerges from anthropology, philosophy, and science studies. This seems to us to be a fruitful avenue for understanding our place in the world and the world's place in us from an ecological perspective, in the sense of an ecology of though, action and knowledge.