OBJETIVO: Identificar a existência de padrões espaço-temporais na ocorrência de homicídios dolosos no Município de São Paulo (MSP) e discutir o valor analítico de levar em conta tais padrões ao elaborar estudos que tratam da dinâmica e dos fatores associados à incidência dos homicídios dolosos. MÉTODOS: Realizou-se um estudo ecológico e longitudinal, tendo como unidades de análise 13 205 setores censitários e os 96 distritos censitários que congregam esses setores na capital paulista. Foram estudados todos os homicídios dolosos registrados no município entre 2000 e 2008 e calculadas as taxas brutas de homicídios dolosos por 100 000 habitantes para cada setor censitário, assim como as taxas bayesianas globais e locais. Para verificar a possibilidade de identificar diferentes padrões de distribuição espacial dos homicídios, foram utilizadas as técnicas BoxMap e o índice de Moran. RESULTADOS: Não houve uma tendência homogênea e sistemática dos homicídios ao longo da última década na capital paulista. Ao invés disso, foram identificados sete padrões de distribuição espacial, ou seja, sete regimes espaciais, para a ocorrência de homicídios dolosos, considerando as taxas dentro de cada setor censitário e nos setores adjacentes. Esses regimes de distribuição espacial não estavam contidos nos limites dos setores e distritos censitários do município. CONCLUSÕES: Os resultados mostraram a importância de analisar a distribuição espacial dos fenômenos sociais sem restrição de fronteiras político-administrativas.
OBJECTIVE: To identify the existence of spatial and temporal patterns in the occurrence of intentional homicides in the municipality of São Paulo (MSP), Brazil, and to discuss the analytical value of taking such patterns into account when designing studies that address the dynamics and factors associated with the incidence of homicides. METHODS: A longitudinal ecological study was conducted, having as units of analysis 13 205 census tracts and the 96 census districts that congregate these sectors in São Paulo. All intentional homicides reported in the city between 2000 and 2008 were analyzed. The gross homicide rates per 100 000 population was calculated as well as the global and local Bayesian estimates for each census tract during the study period. To verify the possibility of identifying different patterns of the spatial distribution of homicides, we used BoxMap and Moran's I index. RESULTS: The homicide trends in the city of São Paulo in the last decade were not homogeneous and systematic. Instead, seven patterns of spatial distribution were identified; that is, seven spatial regimes for the occurrence of intentional homicides, considering the homicide rates within each census tract as well as the rates in adjacent tracts. These spatial distribution regimes were not contained within the limits of the census tracts and districts. CONCLUSIONS: The results show the importance of analyzing the spatial distribution of social phenomena without restriction of political and administrative boundaries.