Estima-se que mais de 24 milhões de pessoas padeçam de demência a nível mundial, existindo em Portugal mais de 150 mil pessoas afetadas. Dessas, cerca de 90 mil terão Doença de Alzheimer (DA). Tendo em conta o envelhecimento da população e o aumento da esperança média de vida, assim como o impacto deletério da doença, torna-se fundamental a existência de uma terapêutica que modifique o curso da doença ou, idealmente, preventiva. No entanto, esta não é a realidade atual. Vários ensaios clínicos têm sido desenvolvidos para determinar a eficácia de novos fármacos no tratamento da DA. São fármacos variados, com mecanismos de ação diferentes. O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão dos progressos alcançados até ao momento presente relativamente às intervenções terapêuticas farmacológicas na DA, em particular as que possam ter efeito modificador da doença, bem como os fármacos em desenvolvimento, pelo que foi efetuada uma pesquisa da literatura e ensaios clínicos registados em http://www.clinicaltrials.gov. O entusiasmo inicial, principalmente em relação aos fármacos que influenciam a via amiloidogénica, tem-se esbatido, uma vez que muitos ensaios clínicos têm partilhado resultados desanimadores (é o caso de semagacestat, tarenflurbil, tramiprosato, valproato, phenserine e dimebon). Assim, a esperança voltou-se para novos agentes (PBT2, imunização passiva, davunetide, azul de metileno, huperzine A, neurotrofinas, insulina intra-nasal, entre outros). A ausência de concordância entre os resultados obtidos em modelos animais e em ensaios clínicos pode dever-se a insuficiências metodológicas, mas também ao conhecimento ainda insuficiente acerca da fisiopatologia da doença.
It is estimated that over 24 million people suffer from dementia worldwide; in Portugal more than 150000 people are affected, and 90000 of these have Alzheimers disease (AD). Considering the aging of the population and increasing life expectancy, as well as the deleterious impact of the disease, it becomes essential to obtain a disease-modifying treatment or, ideally, preventive. However, this is not the current reality. The aim of this manuscript is to review the progresses achieved so far with regard to pharmacological therapies in AD, particularly those with potential disease modifying effect, as well as drugs under development. A literature search has been performed, supplemented by analysis of clinical trials registered in the website clinicaltrials.gov. Several clinical trials have been developed to determine the effectiveness of new drugs in the treatment of AD. There are different drugs with different mechanisms of action. The initial excitement, especially regarding drugs which influence the amyloidogenic pathway, has faded, since many clinical trials have shown disappointing results (such as the cases of semagacestat, tarenflurbil, tramiprosate, valproate, phenserine and dimebon). Thus, new agents are under investigation (PBT2, passive immunization, davunetide, methylene blue, huperzine A, neurotrophins, intranasal insulin, among others). The lack of agreement between results observed in animal models and those seen in clinical trials may be due to methodological shortcomings or to the still insufficient knowledge concerning the pathophysiology of the disease.