O artigo relata parte de trabalho cartográfico realizado pelo autor, que buscou idéias populares e oficiais inovadoras para a clínica e para a pedagogia médica, associando-as a evidências similares coletadas por ocasião da etapa nacional da XII Conferência Nacional de Saúde. Por meio da análise desse material empírico, é possível afirmar que os espaços de participação da população no sistema de saúde vêm produzindo contribuições inovadoras à clínica em saúde e à gestão do sistema de saúde. Essas contribuições atuam no sentido de reconfigurar a clínica e a gestão, interferindo, em grande medida, no próprio sentido do controle social, como habitualmente é referida a diretriz constitucional de participação da população no sistema de saúde. Tal movimento, que fortalece um plano de produção estética desses conceitos, é direcionado de forma similar a um conjunto de processos que marcam, segundo diversos autores, o limite de conceitos que a ciência moderna vem utilizando para produzir conhecimentos. Dessa forma, é possível supor que o que se denomina com alguma freqüência de crise no controle social sobre o sistema de saúde possa ser, na verdade, uma insuficiência de recursos interpretativos para capturar um plano de maior potência da participação da população e de expressão mais atual.
This article reports on part of the prior mapping (Ferla, 2002) of innovative popular and official ideas for clinical practice and medical education, associating this process with similar evidence collected during the national stage of the 12th Brazilian National Health Conference. Analysis of this empirical material indicates that spaces for people's participation in the health system have produced innovative contributions to clinical practice and health system management. These same contributions help reshape clinical practice and management, intervening extensively in the very meaning of social control as customarily interpreted in the 1988 Constitutional provision concerning popular participation in the health system. This trend, which strengthens the aesthetic production of these concepts, is similarly oriented to a set of processes which, according to various authors, demarcates the concepts that modern science has used to produce knowledge. Thus, what is frequently referred to as a crisis in social control of the health system may actually reflect insufficient interpretative resources for grasping a level of greater power in popular participation and more up-to-date expression.