Este artigo pretende reavaliar a obra de G. Canguilhem sobre a normalidade, a saúde, a doença e a patologia. Discute inicialmente a crítica canguilhemiana da abordagem positivista da dicotomia normal-patológico, avaliando-a como insatisfat6ria porque reafirma a disjunção qualitativo-quantitativo. Analisa ainda a distinção entre normalidade e saúde, juntamente com a proposição da saúde como capacidade normativa. Por fim, apresenta a reflexão ética pioneira de Canguilhem sobre a engenharia genética e a sua proposta de distinção entre saúde privada (subjetiva) e saúde pública, apontando para a necessidade de investigações epistemológicas sobre o conceito de saúde.
This paper evaluates the work of the French philosopher G. Canguilhem on the relationship of the concepts of health, normality, disease and pathology. Canguilhem's critique of the positivistic approach on the dichotomy normalpathological is considered unsatisfactory, because it reinforces the disjunction quantitative-qualitative. The distinction between normality and health, as well as the conception of health as normative capacity, is analysed. Finally, his pioneer ethical reflection on genetic engineering and his distinction between private, subjective health and public health are presented, pointing to the need for epistemological researches on the health concept.