Este trabalho objetivou analisar o processo de masculinização da população rural nos diferentes sistemas agrários do Rio Grande do Sul, buscando interpretar suas eventuais particularidades e diferentes configurações. Para tanto, utilizaram-se os dados do Censo Demográfico de 1950 e da Contagem Populacional 2007 do IBGE, que foram sistematizados e submetidos à análise estatística. Foram calculadas as razões de sexo da população rural e, no caso de 2007, para quatro faixas etárias. Estas razões foram agrupadas por sistema agrário (Campanha, Serra do Sudeste, Depressão Central, Litoral Norte, Litoral Sul, Colônias Velhas, Campos de Cima da Serra, Colônias Novas e Planalto) para aplicação do teste de Kruskal-Wallis. De forma complementar, ainda foi calculada a razão de sexo do Rio Grande do Sul em 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010. Verificou-se que o processo de masculinização rural, que vem se desenvolvendo lentamente no Estado, apresenta comportamentos diferenciados conforme as regiões. De forma geral, as regiões pecuaristas são as que apresentam as maiores proporções de homens, enquanto aquelas caracterizadas pela agricultura familiar e pelos sistemas produtivos intensivos possuem as menores proporções. As regiões Depressão Central e Planalto, onde a produção mecanizada de soja e arroz é representativa, assumiram, em 2007, uma posição intermediária entre as altas razões de sexo das regiões pecuaristas e os baixos valores das Colônias, onde a agricultura familiar é característica. Entende-se que a intensidade do processo de masculinização rural possa estar relacionada a aspectos dos diferentes sistemas agrários, como a importância socioeconômica da agricultura familiar, ou ainda a intensificação dos principais sistemas de produção.
This study is aimed at analyzing the process of masculinization of the rural population in different agrarian systems of the State Rio Grande do Sul, Brazil, and seeks to interpret different circumstances and settings. For this purpose we used census data from the 1950 Demographic Census and the 2007 Population Count, both conducted by IBGE. The data were systematized and subjected to statistical analysis. Scores were calculated for sex ratios of total and rural populations and, in the 2007 Population Count, for sex ratios of four age groups. These indices were grouped by agrarian system (Campanha, Serra do Sudeste, Depressão Central, Litoral Norte, Litoral Sul, Colônias Velhas, Campos de Cima da Serra, Colônias Novas, and Planalto), by applying the Kruskal-Wallis Test. We also calculated the sex ratio of the population of Rio Grande do Sul in 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 and 2010. It was found that the process of rural masculinization, which has been gradually growing in the state, shows different behaviors, depending on the region. In general, the cattle grazing regions show the highest levels of masculinity whereas the regions characterized by family farming and intensive production systems show the lowest levels. In 2007, the regions of Depressão Central and Planalto, where mechanized production of soybeans and rice are more common, took on an intermediate position between high levels of masculinity in the cattle-raising regions and low levels in colonies, where family farming is characteristic. The intensity of the process of rural masculinization may be related to characteristics of different agrarian systems, such as the socioeconomic importance of family farming, or even increased intensification of production systems.