O presente artigo analisa, desde a perspectiva de gênero, o tipo de inserção laboral da população de nível universitário nos últimos trinta anos no século XX. Para tanto, em um primeiro momento traça as mudanças mais amplas assistidas no mundo do trabalho neste período a partir de um diálogo com a literatura de referência. Em seguida, a partir da base de dados dos censos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 1970 e 2000, compara distintos padrões e tendências de algumas variáveis relativas ao mercado de trabalho na população feminina e masculina. Esse enfoque discute em que medida as dinâmicas assistidas neste segmento também reproduzem uma divisão sexual do trabalho. Os principais resultados encontrados mostram que já nos anos 1970 a maioria das mulheres deste grupo trabalhava em tempo integral. Essa tendência se acentua nos trinta anos em questão, e nas demais variáveis observam-se tendências cada vez mais próximas às masculinas. No entanto, a permanência da segmentação ocupacional feminina e dos altos diferenciais salariais aponta para uma desconstrução ainda lenta dos constrangimentos que cercam a presença destas mulheres no mundo do trabalho.
This article examines, from a gender perspective, the type of employability the population holding higher education degrees had over the last thirty years of the twentieth century. To achieve its goals, it first outlines the broader changes witnessed in the work market in this period based on a dialogue with the literature of reference. Then, based on the Brazilian Institute of Geography and Statistics' database of census figures of 1970 and 2000, it compares different patterns and trends of some variables regarding the labor market among men and women. This approach discusses the extent to which the dynamics seen in this segment also play out a gender division of labor. The main results show that already in the 1970s most women in this group worked full time. This trend accentuated in the thirty years in question, and in the other variables trends increasingly closer to those seen among men were also noticeable. However, the persistence of female occupational segmentation and the major wage differentials still point to a gradual deconstruction of the constraints surrounding the presence of these women in the workplace.