A reconhecida relevância da anemia por deficiência de ferro, em termos de saúde pública, decorre não apenas da magnitude de sua ocorrência, mas, principalmente, dos efeitos deletérios que ocasiona à saúde da criança. Com o objetivo de investigar as práticas alimentares no primeiro ano de vida e sua associação com a deficiência de ferro, realizou-se revisão da literatura científica nacional e internacional sobre a questão, selecionando os artigos mais relevantes. Crianças que nascem atermo e com peso adequado, ao receberem o leite materno de forma exclusiva suprem suas necessidades de ferro, sendo desnecessário qualquer complemento nos primeiros seis meses de vida. Próximo aos seis meses de idade ocorre gradualmente o esgotamento das reservas de ferro e a alimentação complementar passa a ter papel predominante no atendimento às necessidades desse nutriente. O papel do aleitamento materno na ocorrência da deficiência de ferro é ainda controverso e parece depender do país, região e tipo de leite utilizado em substituição ao leite materno. Na impossibilidade da continuidade do aleitamento materno, a substituição deste por leite de vaca aumenta o risco de a criança apresentar deficiência de ferro. Práticas complementares que comprovadamente contribuem com a prevenção da deficiência de ferro são: alimentação complementar com alta biodisponibilidade de ferro, alimentos fortificados e suplemento de ferro em doses profiláticas. Dieta com alta biodisponibilidade de ferro é aquela que contém os alimentos básicos da família, desde que saudáveis, com a presença de carne, vitamina A e vitamina C. A alimentação no primeiro ano de vida tem papel importante na prevenção da anemia por deficiência de ferro e, para sua adequada implementação, é necessário que suas diretrizes sejam adotadas como rotina nas unidades básicas de saúde.
The well-known relevance of iron deficiency anemia for public health derives not only from its prevalence, but mainly from its harmful effects on child health. In order to investigate feeding practices in the first year of life and their association with iron deficiency, domestic and international scientific articles were reviewed and the most relevant articles were selected. Children born at term and with appropriate birth weight get all the iron they need from exclusive breastfeeding, with complementary foods of any kind being unnecessary in the first six months of life. At about six months of life, the iron reserves are gradually depleted and complementary foods take on a predominant role in meeting the iron requirement. The role of breastfeeding in the occurrence of iron deficiency is still debated, and appears to depend on the country, region and type of milk used to replace breast milk. The replacement of breast milk with cow's milk increases the risk of the child developing iron deficiency. Complementary practices that have been proven to contribute to the prevention of iron deficiency are complementary foods high in bioavailable iron, enriched foods and iron supplementation in prophylactic doses. A diet high in iron bioavailability is that which contains the staple foods of the family, as long as they are healthy, with the presence of meat, vitamin A and vitamin C. The foods consumed in the first year of life have an important role in the prevention of iron deficiency anemia, and their correct implementation depends on guidelines that should be adopted as standard practice by primary healthcare units.