OBJETIVO: Estimar a prevalência de hipovitaminose A em pré-escolares de creches públicas da cidade do Recife, Estado de Pernambuco, Brasil. MÉTODOS: Estudo de corte transversal, envolvendo 311 crianças menores de cinco anos, de ambos os sexos, aleatoriamente selecionadas, e avaliadas pelos indicadores bioquímico (retinol sérico), dietético (inquérito de consumo alimentar) e antropométrico (peso/idade, altura/idade e peso/altura). RESULTADOS: A prevalência de níveis de retinol sérico baixos (<0,70µmol/L) foi de 7,0%, caracterizando a deficiência de vitamina A como problema de saúde pública do tipo leve, segundo critérios da Organização Mundial de Saúde. Cerca de 78,0% das crianças apresentaram adequação do consumo de vitamina A, considerando-se as cifras recomendadas pela Dietary Reference Intakes, 2001. A distribuição dos níveis séricos de retinol e do consumo alimentar de vitamina A foi homogênea, segundo o sexo. No entanto, crianças na faixa etária de 12 a 48 meses mostraram menor consumo de alimentos fonte de vitamina A em relação às crianças das demais faixas etárias (p<0,05). A prevalência de baixo peso foi de 7,5%, de retardo do crescimento linear de 8,1% e de desnutrição aguda de 1,8%. A hipovitaminose A não mostrou correlação com a desnutrição energético-protéica (p>0,05). O consumo dietético de vitamina A mostrou sensibilidade reduzida (43,0%) e baixíssimo valor preditivo positivo (6,8%) no diagnóstico da hiporretinolemia. CONCLUSÃO: A identificação de grupos populacionais vulneráveis, bem como a seleção de indicadores fidedignos do estado nutricional de vitamina A, são elementos essenciais para o diagnóstico e o planejamento de ações visando à prevenção e ao controle dessa carência nutricional específica.
OBJECTIVE: To evaluate the extent of vitamin A deficiency among preschool children attending public day care centres in Recife, State of Pernambuco, Brazil. METHODS: A cross-sectional survey involving 311 under 5-year-old children of both sexes, randomly selected, and assessed by biochemical (serum retinol), dietetic (vitamin A rich-food consumption) and anthropometric indicators (weight-for-height, weight-for-age and height-for-age). RESULTS: The prevalence of hyporetinolemia (serum retinol <0.70µmol/L) was 7.0%, which characterizes the vitamin A deficiency as a mild public health problem, according to World Health Organization criteria. Approximately 78.0% of the children met the recommendation for vitamin A rich-food consumption proposed by the Dietary Reference Intakes, 2001. The serum retinol levels and vitamin A rich-food intake were homogeneously distributed between both genders. However, children between 12 and 48 months old were liable to have lower vitamin A rich-food intakes as compared to the other age groups (p<0.05). The prevalence of underweight was 7.5%, stunting 8.1% and acute malnutrition 1.8%. Vitamin A deficiency showed no correlation with protein-energy malnutrition (p>0.05). Vitamin A rich-food intake showed low sensitivity (43.0%) and a very low positive predictive value (6.8%) as a screening diagnostic test for vitamin A deficiency. CONCLUSION: The identification of vulnerable population groups, and the selection of reliable indicators for the assessment of vitamin A status, are both essential for the diagnosis and planning aimed at preventing and controlling vitamin A deficiency.