Embora a educação nutricional seja vista como um esforço destinado a mudar "hábitos alimentares", padrões alimentares são determinados por fatores que incluem, além de educação orientada para uma nutrição adequada, fatores socioeconômicos, ecológicos, culturais e antropológicos. Alguns destes fatores induzem à geração e manutenção de "tabus alimentares" que impedem, principalmente nas camadas mais carentes da população, a escolha adequada de alimentos para uma dieta balanceada. Este trabalho aborda algumas destas questões, numa tentativa de provocar reflexão sobre educação nutricional num contexto mais amplo como principal estratégia de combate à hipovitaminose A, considerada um dos mais importantes problemas nutricionais e de Saúde Pública do mundo atual. A principal causa desta carência é a ingestão inadequada de alimentos fonte de vitamina A, que muitas vezes está mais relacionada às questões culturais e hábitos alimentares do que a fatores econômicos. Vários estudos mostram que, no Brasil, os alimentos fonte deste nutriente são alvo de crenças, proibições e tabus. Conclui-se que o profissional de saúde deve ponderar os aspectos não só econômicos, mas também culturais envolvidos, principalmente quando a proposta de intervenção envolve educação nutricional.
Nutrition education is viewed as a means of changing "food habits". However, dietary patterns depend on many other factors that cannot be overcome by appropriate nutrition teaching, such as socioeconomic, ecological, cultural and anthropological aspects. Some of these factors generate "alimentary taboos" which hamper the choice of foodstuffs for a balanced diet. This paper deals with some of these questions, in an attempt to increase awareness about nutrition education in a wider context as an effective strategy in the fight against vitamin A deficiency, one of the major Nutrition and Public Health problems of our world. The main determinant of this deficiency is inadequate nutrition generally unrelated to traditional "education" and socioeconomic factors. Several studies have shown that, in Brazil, the main cause of vitamin A deficiency is inadequate consumption of sources of the vitamin because of factors such as taboos, beliefs and bans. Health professionals must be made more aware that, when micronutrient deficiencies are involved, they must look not only at social or economic variables, but also at the cultural aspects involved.