O objetivo do trabalho é identificar e comparar as atividades de projetos de desenvolvimento (produto e processo) realizadas por duas montadoras veteranas e uma entrante, considerando o contexto das cadeias de suprimentos nas quais estão inseridas. Para isso, foram realizados estudos de caso em três montadoras de motores e em oito fornecedores. A maior parte das empresas estudadas responsabiliza-se pelas atividades relacionadas ao projeto dos processos de produção. No caso das montadoras veteranas, isto ocorre praticamente sem auxílio externo (com apoio apenas eventual de suas matrizes), possivelmente pelo fato da tecnologia de produção estar consolidada, sofrendo apenas mudanças incrementais, e das competências necessárias já terem sido localmente desenvolvidas. No caso da montadora entrante, como seus processos de produção foram há pouco instalados, a subsidiária no Brasil tem se responsabilizado pelas poucas mudanças desde então implementadas. Nos fornecedores estudados, as alterações nos processos não são também de grande monta e eles podem contar, em certos casos, com o auxílio das montadoras. O projeto de produtos recebe grande atenção por parte das montadoras. As montadoras veteranas estudadas já fizeram desenvolvimentos locais relevantes e a entrante planeja ampliar seu setor de desenvolvimento de produtos, visando à possibilidade de iniciar desenvolvimentos locais e, principalmente, nacionalizar sua base de fornecedores. No que diz respeito aos fornecedores, os resultados desta pesquisa indicam que os níveis exigidos de capacidade tecnológica em desenvolvimento de produto podem variar segundo os segmentos tecnológicos das cadeias de suprimentos na indústria automobilística. No segmento dos componentes metálicos, os fornecedores ou recebem das montadoras os projetos de produtos completamente especificados ou desenvolvem projetos a partir das exigências colocadas pelas montadoras. No segmento dos eletrônicos, os fornecedores dominam a tecnologia e desenvolvem componentes que as montadoras apenas "aplicam" em seus produtos. Já os fornecedores de componentes poliméricos parecem ocupar nível intermediário de domínio tecnológico de produtos entre os segmentos de componentes metálicos e eletrônicos.
This paper aims at identifying and comparing projects of product and process development accomplished by two mature and a newcomer automaker considering the context of the supply chains to which they belong. For that, case studies were carried out in three automakers and eight suppliers. Most of the companies studied are responsible for production process projects. In the mature companies, such projects take place almost without any external support (only with a sporadic support of their international headquarters), possibly because the production technology is already consolidated and susceptible only to incremental changes, and because the competences needed for such improvements have already been locally developed. In the newcomer companies, once the production processes have just been set up, the Brazilian branch has been responsible for a few changes implemented since then. Concerning the suppliers, changes in the production process tend to be less complex and, in most cases, these companies can count on the automakers support. Automakers pay especial attention to product design. The mature companies have already accomplished important local developments, and the newcomers have planned to improve their product development department to start local developments and, mainly, to nationalize their suppliers. Regarding the auto-suppliers, the results indicate that the required levels of technological capability for product development tend to vary according to the technological segments of the automotive supply chains. In the metalworking segment, the suppliers can either receive the product design already specified from the automakers or design projects according to the client demands. In the electronics segment, the suppliers already have the technology and, so they develop components and parts that the automakers simply add to their products. Polymeric suppliers seem to have an intermediate level of products technology knowledge compared to the metalworking and electronics segments.