O papel fundamental desempenhado pelas atividades econômicas não-agrícolas no desenvolvimento rural brasileiro tem sido evidenciado por vários estudos. O presente trabalho tem como objetivo analisar a hipótese de que uma parte importante das atividades não-agrícolas presentes no meio rural da maioria dos municípios do Rio Grande do Sul foi originada pela demanda de bens e serviços da própria população destes municípios. Uma análise da formação dos municípios ao longo da história do Rio Grande do Sul indicou que a densidade demográfica, assim como o nível e a distribuição da renda dos agricultores são variáveis importantes para explicar o seu desenvolvimento. A partir destas constatações elaborou-se um modelo matemático analítico que permitisse explicitar as relações destas variáveis (população rural, nível e distribuição da renda) com a demanda de bens e serviços locais. Os resultados obtidos no trabalho, especialmente as implicações formais dos modelos formulados, indicam que a manutenção da população no campo, a ampliação da renda dos agricultores e a promoção de uma melhor distribuição desta renda, podem ser elementos importantes de uma política de estímulo a atividades nãoagrícolas no meio rural, o que, no entanto, não exclui a necessidade de medidas específicas de apoio à criação de atividades não-agrícolas como, por exemplo, crédito, assistência técnica e capacitação de recursos humanos.