OBJETIVO: Investigar as relações entre a violência urbana referida e capital social em uma cidade de médio porte no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. MÉTODOS: O estudo foi realizado com adultos da zona urbana de São Leopoldo. Na etapa quantitativa, um questionário estruturado foi respondido por 1 100 pessoas maiores de 20 anos responsáveis pelo domicílio no momento da entrevista. A violência foi avaliada com base nas referências a discussão violenta, roubo ou assalto, caso com drogas e homicídio ocorridos no bairro nos últimos 6 meses. O capital social foi definido a partir do grau relatado de confiança entre vizinhos, apoio social, controle social informal, percepção política e ação social nos bairros avaliados. Na etapa qualitativa, foi realizada uma entrevista semiestruturada com 11 participantes, residentes nos setores com o capital social mais alto e mais baixo. RESULTADOS: Os residentes em bairros com baixa confiança entre vizinhos relataram uma ocorrência quase 3 vezes maior de homicídios (RP = 2,82; IC95%: 1,67 a 4,74; P > 0,001) e de discussão violenta (RP = 2,56; IC95%: 1,82 a 3,59; P > 0,001) em comparação aos moradores de bairros com alta confiança entre vizinhos. As situações relacionadas à violência foram mais enfatizadas em vizinhanças com baixo capital social, nas quais também foi referido o descaso público. CONCLUSÕES: Em vizinhanças com maior capital social, menores percentuais de violência foram referidos. É importante priorizar políticas públicas que promovam o capital social voltado ao bem comum.
OBJECTIVE: To study the relationship between reported urban violence and social capital in a medium-sized city in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. METHODS: The study was carried out with adults living in the urban area of São Leopoldo. For the quantitative analysis, a structured questionnaire was answered by 1 100 individuals older than 20 years of age and in charge of the household at the moment of the interview. Violence was evaluated based on the reports of violent arguments, theft or robbery, drug-related events, and homicides in the neighborhood over the previous six months. Social capital was defined based on the reported degree of trust among neighbors, informal social control, opinions on the actions of government and politicians, and social action in the neighborhoods. For the qualitative analysis, 11 participants residing in the area with the lowest or with the highest social capital answered a semi-structured interview. RESULTS: People living in low-trust neighborhoods reported higher rates of homicide (OR = 2.82; 95%CI: 1.67-4.74; P > 0.001) and violent arguments (OR = 2.56; 95%CI: 1.82-3.59; P > 0.001) than people living in high-trust neighborhoods. Violent situations were reported most often in neighborhoods with low social capital, in which a lack of government attention was also reported. CONCLUSIONS: In neighborhoods with the highest social capital, the prevalence of reported violence was lower. Priority should be given to public policies that promote social capital for the common good.