OBJETIVO: Avaliar a freqüência de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e os fatores de risco a elas associados conforme auto-relato em caminhoneiros de rota longa no Brasil. MÉTODO: De outubro de 2005 a outubro de 2006, foram entrevistados 641 caminhoneiros de rota longa que circulam na BR-153, uma rodovia federal que atravessa o Brasil de sul a norte. Um roteiro estruturado foi usado para a coleta de dados sociodemográficos. Os caminhoneiros responderam ainda a um questionário auto-aplicável sobre comportamentos de risco e antecedentes de DST. Os dados foram ajustados e analisados por regressão logística. RESULTADOS: Dos 641 entrevistados, 620 (96,7%) responderam sobre antecedentes de DST. Desses, 35,6% (IC95%: 31,9 a 39,6) referiram história presente ou passada de DST. A idade superior a 30 anos foi estatisticamente associada ao relato de DST. Ainda, os caminhoneiros que relataram o uso de anfetaminas ("rebite") (razão de chances, OR: 1,7; IC95%: 1,1 a 2,6), antecedentes prisionais (OR: 2,2; IC95%: 1,2 a 4,2) e relacionamento sexual com profissionais do sexo (OR: 1,9; IC95%: 1,3 a 2,8) apresentaram maior chance de relato de DST. CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo ratificam a elevada vulnerabilidade dos caminhoneiros brasileiros às DST e evidenciam a importância de programas específicos de prevenção de doenças e promoção da saúde para esse grupo-alvo, que vive em constante deslocamento, sendo eficaz em disseminar as DST.
OBJECTIVE: To evaluate the frequency of sexually transmitted diseases (STD) and associated risk factors based on self-reporting by long-haul truck drivers in Brazil. METHOD: From October 2005-October 2006, 641 long-haul truck drivers that travel federal highway BR-153, traversing the country from south to north, were interviewed. A structured interview was used to collect sociodemographic data. The truck drivers also completed a self-administered questionnaire on risk behaviors and STD history. The data were adjusted and analyzed using logistic regression. RESULTS: Of 641 drivers interviewed, 620 (96.7%) provided answers on STD history. Of these, 35.6% (95% confidence interval (CI) = 31.9-39.6) reported past or current STD. Being 30 years of age or older was statistically associated with having a history of STD. In addition, truck drivers who reported using amphetamines (odds ratio (OR) = 1.7; 95%CI = 1.1-2.6), having been incarcerated (OR = 2.2; 95%CI = 1.2-4.2), and sexual relations with sex professionals (OR = 1.9; 95%CI = 1.3-2.8) had increased odds for having a history of STD. CONCLUSION: These results confirm that Brazilian truck drivers are highly vulnerable to STD and show the importance of prevention programs targeting this specific group, one that is constantly on the move and may efficiently disseminate STD.