OBJETIVO: Investigar os fatores de risco para anemia por deficiência de ferro em crianças e adolescentes (7 a 17 anos) infectados por helmintos. MÉTODOS: Foi realizado um estudo transversal com 1709 crianças e adolescentes residentes na cidade de Jequié, Estado da Bahia, Brasil, que apresentavam infecção leve ou moderada por Schistosoma mansoni, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e ancilostomídeos. Foram obtidos dados sobre níveis de hemoglobina (hemoglobinômetro portátil), consumo alimentar (inquérito recordatório de 24 horas), infecção parasitária (método Kato-Katz), condições ambientais e domiciliares, renda e escolaridade dos responsáveis. Os fatores de risco para anemia na população foram estudados com base em um modelo hierárquico de causalidade. RESULTADOS: A prevalência de infecção por T. trichiura, A. lumbricoides, S. mansoni e ancilostomídeos foi de 74,8, 63,0, 55,5 e 15,7%, respectivamente. Constatou-se que 32,2% das crianças e adolescentes eram anêmicos. Depois do ajuste para variáveis de confusão, os resultados da análise multivariada mostraram que a renda familiar per capita abaixo de um quarto do salário mínimo (27 dólares), o sexo masculino, a faixa etária de 7 a 9 anos e a ingestão inadequada de ferro biodisponível foram significativamente associados à anemia. CONCLUSÕES: As ações para controle da anemia no grupo de maior risco, conforme identificado no presente estudo, devem visar o aumento do consumo de alimentos ricos em ferro e da biodisponibilidade do ferro ingerido, bem como a melhoria das condições sócio-ambientais.
OBJECTIVE: To investigate risk factors for iron-deficiency anemia in children and adolescents (7 to 17 years of age) with intestinal helminthic infections. METHODS: A cross-sectional study was carried out with 1 709 children and adolescents living in Jequié, a town in the state of Bahia, Brazil, who had mild to moderate infection by Schistosoma mansoni, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, or hookworms. We obtained data concerning hemoglobin levels (using a portable hemoglobinometer), dietary habits (24-hour dietary recall), parasitic infections (Kato-Katz method), sanitary conditions (water supply, sewage connection, garbage collection), housing conditions (type of construction, number of persons per room), income, and amount of schooling of the parents or guardians. The risk factors for anemia were studied based on a hierarchical model of causality. RESULTS: The prevalence of parasitic infection was 74.8% for T. trichiura, 63.0% for A. lumbricoides, 55.5% for S. mansoni, and 15.7% for hookworms. Among the children and adolescents studied 32.2% were anemic. After adjustment for confounding variables, the results of the multivariate analysis showed that the following variables were significantly associated with anemia: per capita family income below US$ 27 (equal to one fourth of the Brazilian minimum wage), male sex, age of 7 to 9 years, and inadequate intake of bioavailable iron. CONCLUSIONS: The initiatives to control anemia in the group at greatest risk, as identified in this study, should seek to increase the consumption of iron-rich foods, boost the bioavailability of the iron ingested, and improve socioenvironmental conditions.