O papel desempenhado pelo padrão de ingesta alcoólica sobre a incidência de hipertensão arterial ainda não está totalmente esclarecido; além disso, são raros os estudos realizados em populações de trabalhadores. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a associação entre alcoolismo e hipertensão arterial entre trabalhadores de uma refinaria de petróleo em Mataripe, Estado da Bahia, Brasil, de 1986 a 1993. O estudo foi de coorte retrospectiva, com 7 anos de seguimento, em uma amostra estratificada sistemática de 335 trabalhadores da refinaria. O diagnóstico de hipertensão arterial foi feito com base nas medidas da pressão arterial obtidas nos exames médicos periódicos. A partir dos resultados do teste CAGE, aplicado ao início do período de observação, estabeleceram-se três grupos de indivíduos: não-bebedores (n = 121), CAGE- negativos (n = 116), e CAGE-positivos (n = 98). O grupo CAGE-positivo apresentou maior risco relativo e atribuível de desenvolver hipertensão arterial do que o grupo CAGE-negativo (RR = 2,58; RA = 24,95% pessoas-ano) e que o grupo não-bebedor (RR = 2,06; RA = 20,97% pessoas-ano). As frações atribuíveis foram 61% e 51%, respectivamente, para as mesmas comparações. A padronização de taxas pela idade e hábito de fumar não modificaram substancialmente estes resultados. O alcoolismo é um importante fator de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial.
The role of alcohol ingestion in the incidence of arterial hypertension has not been completely established. In addition, there are few studies addressing this point in relation to populations of workers. The objective of this study was to evaluate the association between alcoholism and arterial hypertension among workers in an oil refinery in Mataripe, Bahia, Brazil, from 1986 to 1993. We designed a retrospective cohort study with a 7-year follow-up in a stratified systematic sample of 335 workers from the refinery. Arterial hypertension was diagnosed based on blood pressure measurements done during routine medical examinations. At the beginning of follow-up, three groups were defined using the CAGE test of alcohol dependency: nondrinkers (n = 121), CAGE-negative workers (n = 116), and CAGE-positive workers (n = 98). In comparison with the CAGE-negative group, the CAGE-positive group had both greater relative risk and greater attributable risk for developing arterial hypertension (RR = 2.58; AR = 24.95 per 1 000 person-years). The CAGE-positive group also had greater risks compared to nondrinkers (RR = 2.06; AR = 20.97 per 1 000 person-years). The attributable fractions for the same two comparisons of groups were 61% and 51%, respectively. Rate standardization by age or smoking habit did not substantially change the results. Alcoholism is an important risk factor for arterial hypertension.