A eqüidade em saúde tem sido estudada principalmente a partir de uma perspectiva epidemiológica e pouca atenção tem sido dada às questões conceituais. Em grande parte dos estudos revisados, a eqüidade tem sido utilizada como sinônimo de igualdade, e seu oposto, a iniqüidade, como sinônimo de desigualdade. As tentativas de melhor precisar seus significados têm sido, em boa parte, descritivas, com lacunas no que diz respeito à discussão das relações entre eqüidade em saúde, justiça e o processo de determinação social da saúde-doença. Neste ensaio, pretendemos analisar criticamente a série significante diversidade, diferença, desigualdade, iniqüidade, distinção no que concerne à produção da saúde-doença-cuidado em grupos sociais e suas possibilidades de articulação a uma teoria social da saúde. Nesse percurso, estaremos apoiados, por um lado, no conceito de Perelman de eqüidade e em alguns dos argumentos de Heller sobre a justiça e, por outro lado, na sociologia das práticas de Bourdieu, com o objetivo de melhor desenvolver esses conceitos, procurando discutir implicações para a formulação de políticas públicas no campo da saúde.
Health inequalities have been studied mainly from an epidemiological perspective, with limited attention to conceptual issues. The terms "equity" and "equality" have often been used as synonyms, as have their opposites, "inequity" and "inequality". The few attempts to establish their meanings have been either purely descriptive or have failed to add to an understanding of the underlying dynamics in health-disease-related phenomena. The present essay explores the semantic series that includes difference, diversity, distinction, inequality, and inequity and its relationship to health phenomena in light of Perelman's concept of equity, Bourdieu's sociology, and some arguments in Heller's theory of justice, with the aim of contributing to the development of these concepts, while discussing their implications for policymaking in health.