As autoras apresentam uma abordagem das iniqüidades sócio-ambientais no Brasil, decorrentes do modelo de desenvolvimento, no contexto atual da globalização, e as perspectivas da luta social. A realização histórica da ideologia do desenvolvimento tem implicado em profundas transformações do território, com sérias repercussões sobre a saúde das populações e dos ecossistemas, as quais apenas muito recentemente começam a ser reconhecidas como problemas na agenda social. A tentativa de conciliar soluções para a crise social e a crise ambiental resultou na formulação da proposta de desenvolvimento sustentável - incorporada em alguns novos discursos no campo da saúde coletiva - cuja análise crítica é o ponto de partida deste artigo. O território foi examinado como um operador útil para analisar a expressão da ligação entre saúde, ambiente e desenvolvimento, revelador do paradoxo entre as potencialidades naturais e humanas do Brasil e sua pobreza, espelho da injustiça ambiental e da violação de direitos humanos. Trata-se de um conceito expandido de ordenação territorial, importante para criar a possibilidade de se compreender o contexto de modernização e de possibilidade das populações pobres conquistarem uma vida melhor.
The present paper deals with the subject of socio-environmental injustice in Brazil as a consequence of the country's current development model in the context of globalization and from the perspective of social struggle. Over time the realization of the development ideology has introduced profound changes in the country's territory, with severe repercussions for population and ecosystem health that have only recently been included on the social agenda. Efforts to reconcile solutions to the social and environmental crises have converged in the concept of sustainable development, within new discourses in the field of collective health (and whose analysis provides the point of departure for this paper). Territory is explored as a useful tool for analyzing the relationship between health, environment, and development, revealing the paradox between Brazil's great natural and human potential and its poverty, reflecting environmental injustice and disregard for human rights. This expanded concept of territorial organization is important for understanding the context of modernization and the possibility for poor populations to enjoy a better life.