O presente artigo analisa o processo de implantação do Programa Saúde da Família (PSF) na capital paulista, tomando por referência a construção do espaço urbano, caracterizado por forte segregação sócio-espacial. Os 96 Distritos Administrativos foram divididos em cinco estratos a partir de sua inserção no ranking do Mapa da Exclusão Social. A cobertura populacional, a maturidade do PSF e a caracterização da natureza jurídico-institucional das instituições parceiras foram identificadas. Com base nos resultados, foi elaborada uma tipologia da implantação do PSF pelos estratos. A implantação do PSF é heterogênea, consolidada apenas nos estratos de maior exclusão, indicando tensão com o discurso da Secretaria Municipal de Saúde, segundo o qual o PSF é modelo de atenção para o conjunto da cidade e com foco inicial na população-alvo com renda de até cinco salários mínimos. Há menor cobertura da população-alvo residente nos estratos superiores, evidenciando um constrangimento para alcançá-la na cidade como um todo. As instituições religiosas estão situadas nos estratos com maior exclusão, aqueles com alta cobertura e maior maturidade, caracterizando um tipo de inserção espacial distinto daquele das instituições universitárias.
The present article analyzes the implementation of the Family Health Program (FHP) in São Paulo, Brazil, taking as its reference the occupation of the city's space, characterized by strong socio-spatial segregation. The population coverage and consolidation achieved by the FHP and the partner institutions' legal and institutional formats were identified in 96 Administrative Districts (AD). The study then proceeded to stratify these ADs beginning with their position in a ranked social exclusion map. ADs were classified in five groups. Based on these results, a typology was produced in the FHP implementation in this capital city of the State of São Paulo. Clearly distinct patterns were identified when the ADs were ranked for exclusion/inclusion. FHP implementation was effective within the peripheral ADs, especially those in Group 1, indicating pressure for the Municipal Health Secretariat to comply with its discourse, which had assumed the FHP as a health care model to be implemented throughout the city, at least reaching the entire low-income population.