Com o objetivo de caracterizar a mortalidade infantil do Recife, analisando desigualdades no risco de morte e sua relação com a condição de vida da população, realizou-se um estudo ecológico, de base censitária. Os dados sobre os 770 óbitos infantis e 27.965 nascidos vivos, referentes a 1995, foram obtidos em Declarações de Óbito e de Nascido Vivo. Indicadores provenientes do Censo Demográfico de 1991, sobre abastecimento de água, instalação sanitária, coleta de lixo, analfabetismo, anos de estudo, renda e densidade intradormitório, constituíram, por meio de análise fatorial, um indicador sintético da condição de vida de cada bairro. Com base nesse indicador, os bairros foram agrupados, segundo a técnica cluster, em quatro estratos. No estrato de melhor condição de vida, os coeficientes de mortalidade infantil, neonatal e pós-neonatal foram 23,94; 17,66 e 6,28 por mil nascidos vivos, respectivamente; e no de pior: 32,04; 20,24 e 11,80. De modo geral, detectou-se uma relação inversa entre a condição de vida dos estratos e a magnitude da mortalidade infantil por grupo etário e causa básica, revelando desigualdades ocultas nos indicadores médios da cidade.
The objective of this study was to show infant mortality differentials in different areas of Recife, analyzing the relationship between living conditions and mortality risk. An ecological study design compared infant mortality coefficients in 1995 with living conditions indicators obtained from the 1991 National Demographic Census. Information on the 770 infant deaths and 27,965 live births were collected from death and birth certificates. Information on water supply, sanitation, garbage collection, literacy, schooling, income, and overcrowding were used to establish a compound indicator for living conditions, constructed through factor analysis. The neighborhoods were then ordered according to the level of living conditions and grouped in 4 clusters, through hierarchical cluster analysis. Infant, neonatal, and post-neonatal mortality coefficients were 23.94, 17.66, and 6.28, respectively, for cluster I; and 32.04, 20.24, and 11.80 for cluster IV. In general, an inverse relationship was found between infant mortality and living conditions in clusters from Recife, revealing inequalities that are disguised when coefficients are expressed as averages for the entire city.