O texto é uma abordagem acerca do tempo enquanto categoria científica para a epidemiologia. A partir do aforismo tempo-lugar-pessoa, o tempo é apontado como elemento pouco pensado pela epidemiologia, embora esteja presente em vários dos seus conceitos. No entanto, o tema tem sido objeto de reflexão importante na movimentação recente de várias disciplinas, tais como a história, a geografia, a biologia e a física, e deve por isto representar para a epidemiologia um ponto de vista interessante, tanto no que concerne ao diálogo interdisciplinar quanto ao estabelecimento de um olhar crítico voltado para a própria disciplina. Com o objetivo de argumentar a respeito destes aspectos, apresenta-se o tempo histórico de Fernand Braudel e o tempo físico de Ilya Prigogine, construções teóricas que serão comparadas com um provável tempo epidemiológico. Ao final, usando a questão das infecções emergentes como exemplo, faz-se considerações sobre a aparente inadequação epistemológica do tempo epidemiológico para reconhecer e lidar com os aspectos sociais e históricos envolvidos na complexidade do adoecer humano coletivo.
The text is an approach on time as a scientific category in epidemiology. Considering the aphorism time-place-person, time is pointed out as an element with little theoretical concern, despite its presence in main epidemiological concepts. While a topic connected to important changes in other disciplines, such as history, geography, biology and physics, time represents an interesting point of view to the interdisciplinary dialogue and its relevance for a critical knowledge in epidemiology. To argue about this idea, the historical and physical time constructions of Fernand Braudel and Ilya Prigogine are presented. These time theoretical constructions are compared with a probable epidemiological time. Finally, using the emerging infectious diseases as an example, some considerations are made about an apparent epistemological inadequacy of the epidemiological time to recognize the social and historical aspects involved in the complexity of the disease expressions in human populations.