Este artigo investiga as estratégias defensivas contra o sofrimento utilizadas pelos trabalhadores terceirizados de uma construtora em Brasília, utilizando como referencial teórico-metodológico a Psicodinâmica do Trabalho. Realizam-se entrevistas coletivas semi-estruturadas com 20 trabalhadores, distribuídos em quatro grupos com cinco participantes cada um, submetidas à análise de conteúdo. Os resultados apontam que os trabalhadores encontram-se vulneráveis e inseguros diante do modelo de produção terceirizado, que negligencia seus direitos e exige alta produtividade. O sofrimento torna-se visível por meio de indicadores de mal-estar tais como desgaste físico e mental e falta de reconhecimento, que é enfrentado mediante estratégias de mediação defensivas de negação e controle. O pressuposto inicial de que o modelo de produção baseado nos princípios tayloristas e na acumulação flexível de capital, preponderante no setor da construção civil, potencializa o sofrimento no contexto de produção é, então, confirmado.
This paper investigated defensive strategies to confront suffering used by outsourced workers of building constructions builders in Brasília, having as theoretic-methodological reference the Psychodynamics of Work. Semi structured collective interview were undertaken with 20 workers, distributed in four groups with five participants each one. The interview was submitted to content analysis. The results show the workers presenting vulnerability and insecurity to face outsourced production models that would disregard their rights and demand high productivity. The suffering becomes visible by mal-being symptoms indicated as physic and mental stress and lack of recognition, that is copping by negation and control as defensive mediation strategies. The results confirm the initial presuppositions that the production model based on Taylorist principles and flexible accumulation of capital, predominant at the building construction sector, has a potential to increase suffering at a production context.