Este trabalho investigou, na classe popular (30 homens e 30 mulheres, entre 18 e 65 anos), a organização estrutural da representação social do conceito da "doença dos nervos" e como o gênero está associado a essa organização estrutural. Por meio da técnica de associação livre, como meio de acesso ao campo semântico das representações, obteve-se um total de 272 respostas, compostas por 86 tipos de expressões semânticas que, quando agrupadas de acordo com a similaridade de significados, originaram 22 categorias de análise. A análise dos significados da "doença dos nervos" demonstrou que a organização estrutural do conceito dessa doença comporta os traços e os valores culturais que caracterizam homens e mulheres, mostrando como a cultura também determina códigos diferenciados para extravasarem suas perturbações. Por seu caráter privado, as mulheres atribuem significados num sentido voltado para a interioridade mostrados mais pelo corpo, enquanto os homens, pelo seu caráter público, atribuem significados num sentido de exterioridade expressas pelo comportamento.
This work investigated, in a working class sample (30 men and 30 women, from 15 to 65 years), the structural organization of the social representation of the concept of "nervous disease", and how gender is associated to such structural organization. A free association task was applied on all participants as a tool to get access to the semantic field of the representations and a total of 272 responses was attained, composed of 86 kinds of semantic expressions that, when grouped according to similarity of meaning, originated 22 analytical categories. The analysis of the meanings of the "disease of the nerves" demonstrated that the roles culturally attributed to men and women generate differences in the expression of the disturbances: while for women they are more expressed in the body, for men they are more expressed in the behaviour.