É com uma realidade encoberta, com o pudor e com a vergonha que se articula a visão do corpo do morto; a problemática do fantasma ligado ao morto. Se a sexualidade parece-nos, atualmente, menos velada do que na época clássica, a morte, por sua vez, tornou-se tabu e deslocou-se para a esfera privada, para o território da intimidade psicológica, o que Phillipe Ariès denomina "a morte tornada selvagem". Na descrição que Flaubert faz do falecimento de Ema, em Madame Bovary, as imagens da morte e da decomposição do corpo morto mantêm vivas uma iconografia recalcada, "aureolada". O processo de censura contra o livro é emblemático da repressão da sociedade sobre a representação da morte.
It is in the hidden visibility, in the modesty and in the shame that the issue of viewing the body of the dead takes shape, going towards the phantasmal aspect (aspect of fantasy) linked to the dead. If sexuality seems less veiled as compared to the classical era, death in itself has become a taboo and withdraws itself into the private sphere, into a psychological intimacy, what Ariès calls "the barbarization of death". Concerning Flaubert, writing about the death of Emma Bovary, the imagery of the body's decomposition and of death creates a repressed, "halo-ed" imagery. The censor process against Madame Bovary is, in this respect, symbolic of society's repression of the representation of death.