摘要:O artigo procura mostrar a existência de uma filosofia social no Segundo discurso de Rousseau, tomando a aspiração humana por reconhecimento como seu núcleo constitutivo. A investigação sobre a origem da desigualdade conduz o genebrino à interrogação acerca do próprio homem, descobrindo a liberdade e a perfectibilidade como forças (faculdades) originárias de sua sociabilidade. Pela liberdade o homem chega à consciência de sua espiritualidade, ou seja, torna-se apto a ir além do mecanicismo causal imposto pela natureza, construindo o universo linguístico, simbólico e cultural. Pela perfectibilidade, o homem adquire a capacidade de tornar-se cada vez melhor e apto não só para lutar pela sua sobrevivência imediata, como também para aspirar ser reconhecido pelos demais. Em síntese, liberdade e perfectibilidade abrem-lhe as portas para a sociabilidade e permitem-lhe ingressar no universo cultural. Contudo, simultâneo ao processo de tornar-se um ser livre e capaz de se aperfeiçoar, o homem desenvolve a capacidade de sair fora de si mesmo, sentindo a necessidade da comparação permanente com os demais. Isso marca, do ponto de vista da constituição humana, a passagem do amor de si para o amor-próprio: enquanto o primeiro é representativo do estado natural e está baseado na piedade, o segundo caracteriza o homem civil e está marcado pela propensão do homem de querer ocupar uma posição superior em relação aos demais. Se tal propensão se tornar incontrolável, ela pode conduzir à destruição da sociabilidade. Daí a necessidade de sua regulação jurídica e política, acompanhada, previamente, por um processo de formação pedagógica e moral. Isso justifica então a necessidade de educação permanente do amor-próprio.
其他摘要:The article seeks to demonstrate the existence of a social philosophy in Rousseau's Second discourse, which takes the human aspiration for recognition as its constitutive core. The investigation on the origin of inequality leads the Genevan to his questionings about men himself, discovering freedom and perfectibility as originary strengths (faculties) of his sociability. Through freedom man arrives at the awareness of his spirituality, that is, becomes capable of going beyond the causal mechanicism imposed by nature, constructing the linguistic, symbolic and cultural universe. Through perfectibility man acquires the ability to become better and better, and ready not only to fight for his immediate survival, but to aspire to be recognized by the others. In summary, freedom and perfectibility open to him the doors to sociability, and allow him to enter the cultural universe. However, concomitantly to the process of becoming a free being, capable of perfecting itself, man develops the ability to step outside himself, feeling the need for constant comparison with the others. That heralds, from the point of view of the human constitution, the passage from the love of oneself (amour de soi) to self-love (amour-propre): whilst the former is representative of the natural state and is based on piety, the latter characterizes the civilized man, and is marked by man's propensity to wish to occupy a higher position than the rest. If such propensity is not curtailed, it can lead to the destruction of sociability. Hence the need for its juridical and political regulation, anteceded by a process of moral and pedagogical formation. This then justifies the need for the permanent education of self-love.