Foi um clichê por muito tempo atribuir a responsabilidade intelectual da Revolução Francesa a philosophes como Voltaire, Montesquieu e Rousseau. Estudos mais recentes têm matizado semelhante afirmativa. Do primeiro, a contribuição parece ter se limitado ao espírito anticlerical. Por sua vez, a obra de Rousseau parece cada vez mais ter sido determinante nas concepções que então prevaleceram, seja na versão mais moderada de Sieyès, seja na mais radical representada por Robespierre. Já a respeito da influência de Montesquieu a questão é menos certa. O presente artigo tem por finalidade justamente investigar os ecos do pensamento de Montesquieu no período revolucionário. Eles podem ser escutados na produção intelectual constitucional do partido denominado monarquiano, que durante os primeiros meses da Revolução dominou a Constituinte.
For a long time it was a cliché to assign the intellectual responsibility of the French Revolution to philosophes like Voltaire, Montesquieu and Rousseau. More recent studies have tinted such a statement. From the first, the contribution seems to have been limited to the anticlerical spirit. In turn, the work of Rousseau seems increasingly to have been decisive in the conceptions that then prevailed: that of Sieyès, more moderate; that of Robespierre, more radical. The influence of Montesquieu is however less certain. This article aims to investigate precisely the echos of his thought during the revolutionary period. They can be perceived in the constitutionalism of the party called monarchién, who dominated the Constituent Assembly during the first months of the Revolution.