摘要:Este artigo tem por objetivo analisar o processo de construção de memórias em torno da Revolução de 1817 e da Confederação do Equador (1824) ao longo do período regencial (1831-1840). Tal processo foi levado a efeito, sobretudo através da imprensa periódica daquele período. Nossa proposição mais geral consiste na ideia segundo a qual a tarefa de elaboração de uma contra-memória acerca daqueles eventos representa um dos componentes ideológicos que contribuíram para a conclusão do complexo e turbulento processo de construção de um Estado unitário no Brasil. Tal processo urgia por soluções e encaminhamentos práticos particulares ao início das regências, período o qual, como se sabe, foi marcado por graves ameaças à unidade do Império e por importantes redefinições políticas e institucionais. 1 Privilegiamos, dentre os periódicos daqueles anos – seguramente o que mais viu gazetas nascerem para, poucos meses depois, desaparecerem do espaço público2 – o jornal O Carapuceiro, publicado entre 1832 e 1842 por um único jornalista: o padre, professor de retórica e deputado do Império, Miguel do Sacramento Lopes Gama (1791-1852). Ardoroso defensor da “monarquia constitucional representativa contra as ideias absolutas de uns, e as democráticas de outros” – como formulou um de seus vários biógrafos3 – este foi, seguramente, um dos mais influentes gazeteiros da primeira metade do século XIX. Nascido no Recife, Lopes Gama foi jornalista responsável por vários periódicos publicados em Pernambuco entre 1820 e 1850. Dentre estes destacamos O Conciliador Nacional (1822-1825), O Constitucional (1829-1831) e O Sete de Setembro (1845-1846).