O texto discute o papel do município na formulação de propostas curriculares, entendidas como políticas públicas de educação a partir do marco legal e, ao mesmo tempo, como prática curricular. Analisa a relação entre unidades dos discursos - o direito à educação, a formação continuada, a gestão democrática e a valorização dos profissionais da educação – que contracenam com projetos pedagógicos formulados “por fora” dos municípios e da escola e aqueles discursos que, como políticas locais, dialogam com as políticas nacionais, influenciando-as e sendo por elas influenciadas. Situa a formulação da proposta curricular da cidade do Recife em um contexto de autonomia e resistência propositiva e destaca traços das propostas que representam avanços no trato da diversidade social e o diálogo entre os contextos da globalidade e localidade. Conclui que as equipes educativas assumem o papel de protagonistas e explicitam interesses, percepções, significados, materializando possibilidades. A diversidade cultural constitui conteúdo de trabalho pedagógico e o diálogo entre o local e o global permitiu não somente um maior potencial aproximativo das políticas educacionais em questão com a realidade local, mas também possibilidades de se descortinarem futuros não percebidos previamente.