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文章基本信息

  • 标题:Os louvores da parvoíce
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  • 作者:Diogo Ramada Curto
  • 期刊名称:Península : Revista de Estudos Ibéricos
  • 印刷版ISSN:1645-6971
  • 出版年度:2004
  • 卷号:2004
  • 期号:01
  • 出版社:Faculdade da Letras da Universidade do Porto
  • 摘要:Num dos manuscritos da severina existentes na Biblioteca Nacional de Lisboa, encontra-se uma «Misselania de entretenimento de discretos», para a qual se reivindica como título mais preciso Os Louvores da Parvoíce1. Trata-se de uma tradução parafrástica do Moriae Encomium ou Stultitia Laus, elaborada provavelmente em meio intelectual eborense, entre 1596 e 16052. A sua análise permitirá um duplo exercício. Por um lado, a compreensão de uma obra construída a partir de outra implica atenção aos dispositivos que na época orientaram a leitura do texto de Erasmo e con- dicionaram a construção de um novo texto. A este propósito, a divisão em capítulos, inexistente no original, os erros do copista e, sobretudo, as possibilidades abertas pelo manuscrito na fixação quer de uma linguagem, quer de práticas licenciosas são os aspectos mais evidentes3. Por outro lado, importa seguir as formas de selecção e as variantes, patentes no manuscrito português, orga- nizando-as em torno de dois eixos. Um primeiro, designado – por convenção – de ordem cultu- ral, agrupa as práticas de transmissão e de elaboração do conhecimento. Um segundo, mais difí-cil de reduzir a tópico, inclui os processos de organização social, pedagógica, religiosa e política, nas suas relações com a ética ou com a moral. Erasmo é a seu modo fundador de tal metodolo- gia, já que ele foi simultaneamente filólogo e pedagogo. Neste sentido, será possível sustentar um argumento de carácter analítico relativo ao significado da tradução portuguesa, e ao modo como ela se aparta do texto original 4. No entanto, o contexto lucianesco em que o Encomium se insere – e que já foi analisado por vários estudiosos da obra de Erasmo – poderá ser tomado como um dado adquirido, tendo funcionado como uma espécie de legado também partilhado pelo adapta- dor português e pelo seu círculo5. De qualquer modo, o exercício que aqui se apresenta também parece demonstrar a inutilidade metodológica de um recente debate concebido em termos de uma oposição entre intenções dos autores e recepção das suas obras6. É que, de facto, a filologia, a his-tória literária e da espiritualidade da Península Ibérica configuram-se como um vasto recurso de experiências acumuladas, onde os debates se parecem situar a um nível bem mais profundo. Acrescente-se, ainda, que estas notas servem ainda como primeiro sinal de abertura de um inqué- rito mais vasto sobre os comportamentos e as visões relativas à loucura, a partir de uma série de fontes portuguesas7.
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