摘要:A intenção deste texto é a de analisar comparativamente a sociologia "positiva" e a literatura policial clássica, tomando como modelos a obra de Durkheim, por um lado, e as aventuras do personagem Sherlock Holmes, por outro, apoiando-se no pressuposto de que ambas, além de terem sido contemporâneas, também partilharam um mesmo "imaginário". Por imaginário entendemos o quadro referencial que fornece padrões e modelos para a estruturação de visões de mundo (sejam científicas, artísticas ou de senso comum). Esses quadros de referência modificam-se cultural e historicamente, mas, apesar da sua amplitude, podem ser definidos em suas linhas gerais em função de uma cultura e de um período histórico determinado. Em nosso caso, trata-se da Europa em meados e final do século XIX, cujo imaginário tinha como palavras-chave a ordem, o progresso e a moral, estruturadas pelo discurso da Razão e da Ciência. Acreditamos que este recorte justifica a escolha de nossos objetos: a sociologia "positiva" , que de Comte a Durkheim utilizou-se destes conceitos-chave para estruturar-se como ciência, e o romance policial, que juntamente com a ficção científica e em certa medida o naturalismo, procurava transpor algumas das diretrizes do método científico para a literatura ...