摘要:Madeleine de Scudéry (1607-1701) faz parte de um panteão de autoras francesas do século XVII – Ninon de Lenclos (1620-1705), Madame de Sévigné (1626-1696), Madame de La Fayette (1634-1693), Madame d’Aulnoy (1651-1705), apenas para citar algumas –, que, apesar de terem deixado um vasto e importante legado literário, são ainda pouco conhecidas em solo brasileiro, já que boa parte de suas obras permanece inacessível a um público-leitor de língua portuguesa. Comentando a respeito do ofício do escritor, Rachel de Queiroz disse, em uma entrevista, que para cada escritor há uma razão diferente de escrever e completou: “no meu caso, num certo sentido é o desejo interior de dar um testemunho do meu tempo, da minha gente e principalmente de mim mesmo: eu existi, eu sou, eu pensei, eu senti, e eu queria que você soubesse”. Nesse sentido, retomando as palavras da escritora e tradutora nordestina, podemos então nos indagar se a tradução não seria uma forma de ouvir esses testemunhos de mulheres do passado, escritos silenciados ao longo da história, e, também, uma maneira de se (re)pensar o cânone literário, muitas vezes androcêntrico e excludente.