期刊名称:TEOLITERARIA - Revista Brasileira de Literaturas e Teologias ISSN 2236-9937
印刷版ISSN:2236-9937
出版年度:2019
卷号:9
期号:17
页码:100-126
DOI:10.19143/2236-9937.2019v9n17p100-126
出版社:Editora Alalite
摘要:A cidade fictiva nasce da criação estética literária. Um de seus paradigmas é a cidade mística ou cidade da redenção, caracterizada pelo vínculo com as cidades sagradas (a cosmópolis) e, portanto, possui um elo determinante com a divindade e com o mito de Sophia e da Nova Jerusalém, retratados no Apocalipse de São João como uma iniciação do ser, segundo o gnosticismo de Jung e a antroposofia de Steiner. Outro de seus paradigmas é a tecnópolis, uma cidade profana que escraviza os homens com base no ter, na individualidade e nos avanços tecnológicos, criando um crescimento desmedido da urbe e profundas injustiças sociais, que aniquilam o princípio do bem comum dos primórdios. O escritor português José Rodrigues Miguéis, ciente dessa oposição entre uma Lisboa tecnocrata e uma Lisboa mística, aborda em seu conto "A bota" a possibilidade da restauração do bem-estar perdido. Nele, o protagonista Joaquim vive um processo de autognose , ao lograr se contemplar e contemplar Lisboa para superar a perda da namorada, que o abandonara na noite de Natal, devido à sua falta de dinheiro. Assim, a cidade fictiva se transforma em uma experiência cognitiva que leva à consciência do ser e da cidade em que habita.