摘要:Resumo No presente artigo, pretende-se mostrar que o Romance policial contemporâneo na produção ficcional do brasileiro Luiz Alfredo Garcia-Roza (1936-) utiliza as técnicas da literatura policial para indicar os sintomas do mal-estar cultural que atinge o sujeito ficcional, transformando-o em verdadeiras subjetividades criminais – metáfora do indivíduo de hoje. Em suas narrativas – situadas nos anos de 1990 até os dias atuais – o autor, num misto de literatura e psicanálise, considera que, em meio a uma sociedade culturalmente ‘esquizofrênica’, temáticas ligadas a crimes, mortes e outros tipos de violência, predominantes na América Latina no século XXI, encontram solo fértil em narrativas policiais da atualidade. Atentando para o cenário caótico e desajustado onde as tramas de Garcia-Roza se inserem, nosso corpus será constituído pelos romances O silêncio da chuva (1996), e Espinosa sem saída (2006). Neste constructo discursivo em que o mundo aparece como palco, o detetive Espinosa – o protagonista de Garcia-Roza – emerge como uma das subjetividades literárias perdidas que não encontram respostas para os questionamentos, descontruindo a noção de totalidade e infalibilidade do investigador das narrativas clássicas de enigma. Afinal, na visão do próprio romancista, a essência de todo crime constitui-se como algo irrevelável, impenetrável e inescrutável.
其他摘要:In this article, I expect to point out how Garcia-Roza, in his contemporarily approach to the detective-story genre, shows how cultural malaises can affect the fictional subject’s psyche, switching them into real criminal subjectivities as a metaphorical representation to the contemporary individual. In his narratives set from 1990’s onwards, by intermingling literature with psychoanalysis, the author claims that, in a culturally ‘schizophrenic’ society, themes like crime, death and other forms of violence predominate in the 21 st -century Latin America, featuring as a prolific subject-matter in (and for) contemporary detective stories. By critically observing Garcia Roza’s disordered and chaotic atmospheres, in this text, I highlight his novels O silêncio da chuva (1996) and Espinosa sem saída (2006) in which his protagonist detective Espinosa is carefully built as a culturally lost literary persona who allows the author to de-construct the investigator’s total infallibility typically found in classic enigma narratives, providing that the character’s never-ending perusals are constantly left unanswered. After all, as the novelist clarifies, the essence of every crime consists of something unveiled, impenetrable, inscrutable.