摘要:Nesse artigo investigaremos a constituição do sujeito como descrita por
Foucault na Hermenêutica do sujeito e tentaremos relacionar essa constituição com o
gesto político que irrompe no cotidiano, afirmando a subjetividade em oposição à
cultura ou sociedade vigentes — chamado de Parrêsia em A coragem da Verdade. O ato
parrésico, que perturba a ordem social pela afirmação da subjetividade, é um ato de
risco, que põe o sujeito na situação limite de uma afirmação de si contrária ao que se
entende geralmente como um ato social e político, no sentido em que ele se liberta
das condições locais e culturais para buscar uma realização da mais alta liberdade de
expressão e de ação. O sujeito de tal ato, portanto, se posiciona como sua própria
referência, ganhando assim um caráter ao mesmo tempo revelador das aporias de
uma civilização e representativo de uma humanidade emancipada e livre. A
democracia, entendida em seu sentido mais rigoroso, nessa perspectiva, depende da
possibilidade da parrêsia, cujo efeito é a abertura de um diálogo entre a sociedade e o
sujeito político. A importância de tal fenômeno é imensa quando se trata de pensar a
educação e seus efeitos sociais e políticos. A relação entre educação e democracia é a
condição para que tenhamos uma democracia verdadeira, na qual o cidadão se insere
na coletividade em total liberdade e consciência de sua participação à obra comum.
Porém, como sugere a análise de Foucault, essa inserção política e social, que
também é uma inserção cultural, dependente da educação, não se manifesta como
um processo natural linear decorrente do simples fato de se estar presente na escola
ou nos grupos socialmente formados. Ao contrário, é na ruptura, na oposição, na
afirmação violenta e irrevogável da subjetividade, contra o que é geralmente
admitido, que o sujeito se ergue acima da situação imediata para defender o que ele
estima estar além do alcance das regras sociais e das convenções estabelecidas ou das
condições históricas. É esse paradoxo, de um sujeito que se realiza contra uma
sociedade à qual ele pertence, mas que assim agindo, abre a possibilidade de uma
libertação dos seus membros do jugo das instituições que estejam desatualizadas ou
corrompidas para que possa se constituir, com base nessa abertura, uma nova
estrutura social, mais democrática e respeitosa da natureza da humanidade, que nós
queremos indicar aqui e se possível compreender melhor. Se a parrêsia tem realmente
esse caráter necessário à constituição da democracia, como podemos pensá-la no
cerne da educação? Como conciliar transmissão de saberes, aprendizagem de regras
sociais e costumes, com a possibilidade de uma ação livre e independente dessas
mesmas regras? Essas questões serão levantadas, abrindo uma discussão sobre a
relação entre subjetividade, sociedade e educação.
其他摘要:In this article, we will study the constitution of the subject as described by Foucault in L’Herméneutique du Sujet and we will try to establish the relation between this constitution and the political gesture that irrupts in the every day life, which sets the subjectivity in opposition with the actual culture or society — called Parrêsia in Le courage de la Vérité. The parrêsiastic act, which disrupts the social order by its subjectivity affirmation, is a risky act, which puts the subject in the limit situation of a self-affirmation that goes against what we may understand as a social or political act. It means the subject gets free of the local and cultural conditions to seek for a realization of the highest freedom of expression and action. The subject of such act, so, takes position as its own reference, and then acquires a character that reveals the issues of a civilisation and at the same time becomes the representative of an emancipated an free humanity. The democracy, understood in its most rigorous sense, in this perspective, depends on the possibility of the parrêsia, which effect is to open a dialogue between the society and the political subject. The importance of such phenomenon is really huge when we try to think about education and its social and political effects. The relation between education and democracy is the condition for us to have a true democracy, in which the citizen is included in the community in total freedom and aware of its participation to the common work. But, as suggests Foucault’s analysis, this political and social insertion, which is also a cultural insertion, that depends on education, doesn’t happens as a natural and linear process that would follow the simple fact of going to school or being present in the socially formed groups. On the contrary, it’s in rupture, in opposition, in the violent and irrevocable subjectivity’s affirmation, against what is generally admitted, that the subject erects itself upon the immediate situation to defend what it estimates as outside the range of established social rules and historical conditions. It’s this paradox, of a subject that realises itself against a society it belongs, but that, acting like this, opens the possibility to free its members from the weight of institutions that could be denatured or corrupted, in such way that can be constituted, founded upon this opening, a new social structure, more democratic and which respects more the nature of the humanity, that we want to indicate here and if possible understand better. If the parrêsia really has this character needed to the constitution of the democracy, how can we think about it in the domain of education? How can we conciliate the knowledge transmission, the learning of social rules and usages, whit the possibility of a free action, independent from the same rules? These questions will be raised, to open a discussion upon the relation between subjectivity, society and education.
关键词:Éducation; société; subjectivité; politique;Educação; sociedade; subjetividade; política;Educación; sociedad; subjetividad; política