摘要:Resumo As dificuldades históricas de aproximação entre a lógica ambiental e o planejamento urbano favoreceram práticas de exclusão socioambiental na expansão urbana de Belém, na medida em que novos arranjos espaciais e sociais ‘naturalizaram’ mudanças ambientais que afetam grupos sociais de menor renda oriundos da várzea (caboclos e ribeirinhos). A releitura da expansão de Belém revela uma progressiva desarticulação entre homem, modo de vida e base biofísica na produção da cidade; onde a supressão de vegetação, adensamento construtivo e localização dos rios contaminados com lançamentos de esgoto inviabilizaram práticas tradicionais e contribuíram para alterações no microclima urbano. Os dados empíricos indicam que na periferia metropolitana coexistem grupos sociais, desde os que dependem da natureza (agricultores e extrativistas urbanos) até típicos moradores da periferia da cidade capitalista, um ponto cego para as políticas urbanas que tendem a homogeneizar o espaço sem atenção ao potencial de soluções que a diversidade oferece aos desafios da exclusão social e do risco ambiental. Cartografias da ocorrência da água e vegetação, análises morfológicas e pesquisas de campo procuram revelar os potenciais positivos da resistência das velhas práticas para Belém e para a cidade brasileira em geral, mas principalmente para as cidades amazônicas, que ainda tomam a metrópole como referência de ‘civilização’.