Luxury brands on the web: interaction with customers in the virtual environment/ Marcas de luxo na web: interacao com o consumidor no ambiente virtual.
Martins, Camila Assis ; Ikeda, Ana Akemi ; Crescitelli, Edson 等
Luxury brands on the web: interaction with customers in the virtual environment/ Marcas de luxo na web: interacao com o consumidor no ambiente virtual.
Introducao
A partir da decada de 1990 uma nova revolucao foi anunciada, a era
digital. A World Wide Web (WWW) permite armazenagem, recuperacao,
formatacao e exibicao de informacoes em ambiente de rede aceitos em todo
o mundo. Desde entao se viu uma grande expansao das possibilidades de
uso dessa nova rede, desde comunicacao em escala global e em tempo real
ate a criacao de uma plataforma universal para a compra de bens e
servicos. Mas a internet e a tecnologia alteram necessariamente a forma
de se fazerem negocios nesse novo ambiente virtual. O uso da internet
para o comercio (ou e-commerce) adquiriu tal relevancia que se
consolidou como um canal de vendas eletronico que desafia espaco e
tempo. Consumidores podem acessar a rede 24 horas por dia, 365 dias por
ano, comparar produtos, buscar informacoes e tomar sua decisao de compra
no momento em que convier, sem contato fisico com a empresa, se
quiserem.
Acreditava-se que muito da experiencia de compra seria perdida
devido a caracteristicas especificas do canal, crenca ainda mais
prejudicial ao se considerar a compra de produtos de luxo. Kapferer e
Bastien (2009, p. 208-209) afirmam que a internet apresenta contradicoes
aos principios basicos do luxo: a falta de relacionamento humano e
pessoal, que e uma importante ferramenta de vendas, e a exclusao do
cheiro, paladar e toque, o que faz com que muito da experiencia de
compra seja perdida. No entanto, o que se percebe e um crescimento tanto
do uso/acesso a internet quanto do aumento de compras virtuais no pais,
ate no mercado de luxo. O aparecimento de varejistas somente virtuais
que vendem produtos de luxo, como Net-a-porter.com e Farfetch.com, esse
ultimo ha quase dois anos no Brasil, evidencia um possivel crescimento
do e-commerce no setor.
Nesse contexto, cabe perguntar: como ocorre a interacao nos
websites de marcas de luxo? Quais as ferramentas de interacao virtuais
que o setor usa? O objetivo do presente estudo e identificar as
ferramentas de interacao existentes no ambiente virtual de marcas de
luxo, fazer um levantamento das tecnicas de interacao que estao
presentes nesses websites e seu nivel de capacidade de promover
interacao. O estudo e qualitativo e tem como referencia contagem de
aparecimentos, conforme proposto em Bardin (2010). Dada a inexistencia
de levantamentos sobre o estagio atual do uso do website para criar
interacao com consumidores por marcas de luxo, justifica-se o estudo.
Segundo Collis e Hussey (2005, p. 24), a pesquisa exploratoria deve ser
usada quando "ha pouco ou nenhum estudo anterior em que possamos
buscar informacoes sobre a questao ou o problema." Assim, optou-se
por fazer um levantamento com uso de fontes secundarias (websites), com
coleta de dados qualitativos.
O artigo tem a seguinte estrutura: primeiro, contextualiza-se o
problema, ressalta-se a importancia da interatividade no processo de
criacao de valor das marcas de luxo e qual o papel da internet nesse
processo. Em seguida, sao analisadas as vantagens e as desvantagens do
comercio eletronico e suas consequencias para o negocio do luxo. Na
pesquisa empirica, foram analisados 148 websites de marcas de luxo
pertencentes aos maiores conglomerados mundiais do setor. Optou-se por
um estudo qualitativo exploratorio com contagem de repeticao das
ferramentas encontradas e outros achados pertinentes a existencia ou nao
de e-commerce e aos setores do luxo aos quais pertenciam as marcas. Apos
a discussao dos resultados, sao feitas as consideracoes finais, nas
quais estao inclusas as limitacoes do estudo e sugestoes para pesquisas
futuras.
Contexto: mercado de luxo, internet e interacao
Ao considerar o varejo como um servico, ha uma mudanca radical na
forma de se planejar o marketing, pois se desloca o foco central das
estrategias, que pensa em bens, para considerar o desempenho e a
experiencia de servico (Berry, 1986). Gummeson (1998, p. 8) afirma que a
producao de bens e a de servicos sao distintas: "A caracteristica
crucial da gestao operational no marketing de servicos--que o diferencia
do marketing de bens--e o 'encontro de servicos"'. Ou
seja, em servicos, o consumidor necessariamente lida face a face com o
fornecedor em algum ponto do processo. Dessa forma, a contribuicao do
cliente para a producao do servico tem consequencias na qualidade
percebida (Gummeson, 1998). Segundo o autor, por essa otica, a interacao
e um ponto relevante na criacao do valor percebido, o consumidor tambem
e uma peca desse processo, ao interagir tanto com o pessoal de contato
quanto com outros clientes e consumidores.
De acordo com Prahalad e Ramaswany (2004), a criacao de valor do
fornecedor para o consumidor acontece em pontos multiplos de interacao,
por meio de experiencias conjuntas que ocorrem durante toda a vida util
do servico, e nao apenas no momento de encontro. Para os autores, a
criacao de valor existira e evoluira por meio de experiencias
personalizadas com a marca, nas quais o consumidor e um dos elementos
ativos. Ainda, essas experiencias conjuntas podem incluir outros membros
alem da empresa (pessoal de contato) e do consumidor, como membros de
comunidades, parceiros do fornecedor etc.
Para Tynan, McKechnie e Chhuon (2010), que estudaram
especificamente o mercado de luxo, esse deve ser considerado como uma
construcao social, na qual o processo de criacao de valor envolve redes
de interacao complexas, desde a interacao mais obvia entre consumidor e
a marca, mas tambem outras relevantes com outros grupos sociais, por
exemplo, com pessoas partidarias das marcas, lideres de opiniao,
empresas de luxo de outros setores que nao o analisado e outros
consumidores da mesma marca ou do mesmo estilo social. A forma de
diferenciacao das marcas de luxo estara justamente nas experiencias
personalizadas que cada empresa sera capaz de apresentar e na capacidade
de envolver seus consumidores em um dialogo, em vez de varias opcoes de
comunicacao de mao unica.
As ferramentas para tal, segundo as autoras, sao: funcionarios bem
treinados e habilidosos que consigam conversar adequadamente com o
publico do luxo--"ansiosos para auxiliar os consumidores, em vez de
somente empurrar o produto" (Tynan et al., 2010, p. 1161)--e
espacos que representem um destino em si mesmos, com os valores do luxo
e da marca em evidencia, como por exemplo as lojas-conceito, ricas em
design, exclusividade, status, beleza e outros valores do luxo. Por esse
prisma, pode-se pensar que interacao com o pessoal de contato e o
ambiente fisico e importantes para a criacao de valor na marca de luxo
(Pinto & Iwata, 2013).
No mundo fisico, de fato, a experiencia multissensorial no ponto de
venda e tida como uma base importante para o negocio de luxo (Chevalier
& Mazzalovo, 2008, p. 348). Segundo Sa e Marcondes (2010), que
investigaram quatro lojas de moda e acessorios femininos de luxo em Sao
Paulo, "os diferenciais das lojas do luxo estao centrados no
ambiente do ponto de vendas, no atendimento aos clientes, na
identificacao e manutencao do relacionamento com estes e nos mais
diversos servicos oferecidos" (Sa & Marcondes, 2010, p. 517).
Ou seja, no momento do encontro de vendas, todos os elementos que
diferenciam a experiencia do consumidor no luxo--ambiente, atendimento,
relacionamento e servicos--sao construidos com base em interacao.
Mas, no ambiente online, existem diferencas que alteram
drasticamente a forma de interacao do mundo fisico. Por exemplo, o
website passa a ser interface principal com o consumidor, e nao mais o
pessoal de contato. O ambiente perde relevancia na internet e a
interferencia de outros clientes na experiencia de compra virtual e nula
(Peterson, Balasubramanian & Bronnenberg, 1997). Na internet tambem
sao excluidos os sentidos humanos de cheiro, paladar e toque, alem de os
estimulos de visao e audicao ocorrerem de modo diferente e nao tao
controlados quanto no mundo fisico (Kapferer & Bastien, 2009,
Okonkwo, 2005, 2010).
A internet, a medida que se desenvolveu, tambem evoluiu em sua
capacidade de proporcionar interacao. Segundo Kosiur (1997), a internet
passou por tres estagios ate atingir o atual (fig. 1).
A primeira fase, chamada presenca, tinha como caracteristica a
oferta de conteudo online pelas empresas. Era uma forma institucional de
comunicacao, na qual as empresas se apresentavam e ofereciam informacoes
sobre suas marcas e seus produtos. A segunda fase e marcada pela troca,
dai o nome interacao. Nesse estagio e possivel para o usuario interagir
de modo limitado com o website e dar e receber informacoes. Surgem as
trocas por e-mails, consultas a bancos de dados e formularios online. Na
terceira fase, transacao, avancos de criptografia e seguranca permitem
que as trocas atinjam niveis superiores de interacao e sejam feitas
tambem transacoes comerciais; e o nascimento do comercio eletronico. E
possivel fazer transferencias eletronicas bancarias e informar
seguramente numeros de cartao de credito, por exemplo. Por fim, a quarta
fase e chamada de processo, em que se tem automatizacao total dos
processos da empresa, como sistemas de pedidos e pagamentos e
relacionamento com fornecedores e clientes (Kosiur, 1997). O'Reilly
(2007) cunhou o termo web 2.0 para descrever o estagio atual da
internet, em que os usuarios nao so consomem, mas tambem sao produtores
de conteudo. Segundo Primo (2006), a web 2.0 possibilita a emergencia de
um canal mercadologico (o e-commerce) e tambem de processos de interacao
social mediados pelo computador.
Nesse contexto, ha na midia internet um aspecto relacional
relevante para a criacao de valor, o ambiente virtual passa a ser uma
nova opcao de contato--e por que nao tambem de interacao? --do
consumidor com as marcas. Com o surgimento de varejistas virtuais que
vendem produtos de luxo como, Net-a-porter.com e Farfetch.com, ou mesmo
venda online pelos websites da marca, como Daslu ou H. Stern no Brasil,
as marcas de luxo passam a interagir com o consumidor tambem no ambiente
virtual. Kluge,
Konigsfeld, Fassnacht e Mitschke (2013) e um dos trabalhos que
buscam analisar como as marcas de luxo mantem sua "aura" de
exclusividade e prestigio no ambiente de midia de massa online. Os
autores analisaram 81 homepages de modo a detalhar tecnicas usadas, mas
nao especificamente as ferramentas de interacao. A internet ainda e
tratada com cautela, uma vez que a natureza da tecnologia virtual
(principalmente impessoal) e contraria a natureza do universo de luxo.
Assim, no proximo topico, estao consideradas as implicates do comercio
virtual para produtos de luxo.
Comercio eletronico e mercado de luxo
As empresas usam a internet como meio para divulgar e tambem vender
seus produtos online. Segundo Rosenbloom (2002, p. 365), quando a
internet e usada para "tornar produtos e servicos disponiveis de
tal forma que o mercado-alvo com acesso a computadores ou outras
tecnologias capacitadoras possa comprar e completar a transacao de
compra por meios eletronicos interativos" se tem um canal de
marketing eletronico. Desse modo, a internet passa a ser usada tambem
para comprar e vender produtos, servicos e informacao (Turban, Lee, King
& Chung, 2000).
As principais vantagens do comercio online, segundo Turban et al.
(2000, p. 14-17), sao o fato de tornar os produtos acessiveis em uma
escala global, a possibilidade de oferecer produtos e servicos cada vez
mais personalizados--pois pela internet e possivel coletar e salvar
informacoes sobre os consumidores e, ainda, receber feedbacks mais
facilmente--e tambem uma consideravel reducao de custos de transacao,
como processamento de ordens de pagamento e custos de estoque. Para os
usuarios e consumidores, as vantagens estao relacionadas ao maior acesso
a informacao, com possibilidade de comparacao de precos e busca de
caracteristicas de produtos e servicos, a disponibilidade e conveniencia
da compra, pois o website funciona 24 horas por dia, sete dias por
semana, e e possivel comprar sem sair de casa.
Zeithaml e Bitner (2000) trazem uma releitura dessas vantagens e
apontam vieses que as tornam desvantagens. Por exemplo, o fato de os
clientes serem ativos e definirem o que querem ver e onde, e nao
passivos, quando somente receberiam conteudo, reduz o controle da
empresa vendedora; a possibilidade de comparacao de precos faz com que
essa variavel torne-se um fator diferenciador relevante nas escolhas por
bens e servicos pelos consumidores--o que no caso de marcas de luxo e
ainda mais prejudicial do que para outros segmentos. Ha tambem, segundo
as autoras, o aumento potencial de concorrentes, pois, do mesmo modo que
se atingem mais clientes, tambem os clientes tem acesso a mais
fornecedores; a quantidade de informacoes disponiveis tem suas
vantagens, mas tambem pode fazer com que a internet seja considerada
confusa e pouco confiavel; e, finalmente, existe ainda a inseguranca dos
usuarios para colocar informacoes pessoais na rede.
Se pensarmos especificamente no mercado de luxo, ha muita
divergencia quanto aos pros e contras do comercio online para o setor.
As vantagens sao as mesmas ja mencionadas: expansao da area geografica
de atuacao, possibilidade de segmentacao e comunicacao ampliada com o
publico-alvo e reducao de custos de transacao. De acordo com Kapferer e
Bastien (2009, p. 207), outra vantagem e facilitar a compra de reposicao
de clientes regulares, seja por meio de contatos, reservas ou compra
online. Para esses autores, essa e uma questao especialmente positiva
para o mercado de luxo, pois pode significar uma fidelizacao maior ou um
aumento na frequencia de compra de produtos, uma vez que muitos
consumidores podem nao ter acesso ou nao querem ter o custo de retornar
a loja para repor algum bem.
Galhanone, Marques, Mazzon, Crocco e Muller Neto (2009) apontam
como vantagem para o setor de luxo a internet como meio de aproximar
novos e potenciais clientes que se sentiam intimidados a entrar nas
lojas "templos do luxo" da marca. Por fim, alguns estudos
reforcaram a importancia do website como ferramenta de comunicacao e
possivel instrumento para a construcao de relacionamento com os clientes
(Galhanone et al., 2009, Nyeck & Roux, 1997, Riley & Lacroix,
2003).
Mas ha tambem os pontos que colocam luxo e internet em situacoes
opostas. O principal temor, dentre varios, gira em torno da banalizacao,
tanto da experiencia de compra quanto da marca. Isso seria causado
principalmente por dois processos: o primeiro relacionado ao fato de a
internet ser constantemente associada pelos consumidores a descontos,
alem da comparacao facil de precos; o segundo, um pouco mais complexo, e
relacionado a perda da "atmosfera" da loja fisica no ambiente
online (Kapferer & Bastien, 2009, Okonkwo, 2010, Riley &
Lacroix, 2003; Seringhaus, 2002). Segundo esses autores, com a perda da
atmosfera, entendida como a ausencia dos sentidos do tato, paladar e
olfato no mundo virtual, ocorre tambem perda dos servicos personalizados
e da interacao que ocorre na loja fisica.
Okonkwo (2005, p. 1) complementa e cita como desvantagem para um
website de uma marca de luxo a ausencia da "aura" do ambiente
ao redor da loja fisica, normalmente exclusiva e de prestigio, que ajuda
a enriquecer a experiencia de compra do cliente. Seringhaus (2002, p.
16) afirma que a distribuicao e uma das variaveis que a marca de luxo
usa para diferenciar-se dos concorrentes e na internet, de modo
contraditorio a essa regra, todos os possiveis fornecedores estao
juntos.
E mais: para Seringhaus (2002, p. 7), o merchandising no ponto de
venda e fator relevante para a construcao da marca e do clima da
experiencia de compra do cliente. Mas, segundo o autor, criar essa
diferenciacao no mundo virtual e mais dificil do que no mundo fisico,
pois menos recursos podem ser usados. Isso dificultaria a diferenciacao
entre concorrentes, o que pode gerar compra baseada somente em preco,
fato que seria muito prejudicial para marcas de luxo.
Chen e Dhillon (2003, p. 314) citam confianca como fator critico
para o sucesso do e-commerce. Assim, outro problema, conforme ja
levantado por Zeithaml e Bitner (2000), trata-se da inseguranca dos
consumidores em relacao a internet. Lee (2007, p. 184) trata da
inseguranca em transacoes financeiras gerada tanto pela necessidade de
informar dados sigilosos online quanto pelo fato de que se deve pagar
antecipadamente e aguardar pela entrega da mercadoria comprada. No
mercado de luxo esse risco percebido e ainda maior dado o valor e o
estilo de compra, muitas vezes por impulso e emocional.
Por fim, o setor de luxo tem ainda outra ameaca relevante no mundo
virtual: o avanco da pirataria (Giacalone, 2006). No Atualuxo 2011, uma
das principais conferencias do setor hoje no Brasil, esse foi o tema da
palestra de Christine Lai, presidente da Associacao dos Fabricantes
Franceses (Unifab). Segundo ela, esse e um dos grandes obstaculos para
as marcas de luxo na internet. Somente em 2010 a associacao conseguiu
identificar 1.500 ofertas de produtos falsificados na rede (Sa, 2011).
A tabela 1 resume e organiza a discussao explanada ate entao.
Dado que as regras do branding sao as mesmas no mundo off-line e no
mundo online (Peterson et al., 1997, Keller, 2008), nota-se o esforco
que as marcas de luxo fazem para ingressar na internet. Um dos desafios
e a interacao. Assim, o objetivo do presente artigo e identificar as
formas de interatividade existentes em websites de marcas de luxo.
Procedimento metodologico
Para investigacao do problema da pesquisa foi estruturada uma
pesquisa exploratoria qualitativa via analise de conteudo (Bardin, 2010)
em websites de marcas de luxo. Segundo Collis e Hussey (2005, p. 24), a
pesquisa exploratoria deve ser usada quando "ha pouco ou nenhum
estudo anterior em que possamos buscar informacoes sobre a questao ou o
problema." Assim, optou-se por fazer um levantamento com uso de
fontes secundarias (websites), com coleta de dados qualitativos. Foram
analisados 148 websites, escolhidos conforme processo descrito a seguir.
A escolha dos websites para a pesquisa foi por julgamento, que,
segundo Collis e Hussey (2005), ocorre quando o pesquisador escolhe os
participantes de acordo com a experiencia deles em relacao ao fenomeno
em estudo. Por isso, o criterio para escolha dos websites foi baseado na
lista das principais marcas dos maiores conglomerados de luxo do mundo
(tabela 2).
Acredita-se que pelo porte dessas marcas elas poderao ser pioneiras
em buscar solucoes para o problema estudado no presente artigo. Tambem
foram inclusas as seis marcas brasileiras top of mind--H. Stern, Daslu,
Fasano, Osklen, Victor Hugo e Ricardo Almeida--citadas pelos
consumidores na pesquisa "O mercado do luxo no Brasil
2009/2010", feita pelas empresas MCF Consultoria e GfK Indicator.
Os websites foram analisados em sua versao original/principal e,
quando havia, na versao para o Brasil (.br), o que ocorreu em apenas
tres casos (Chanel, Lancome e Rolex). Assim, chegamos a 165 websites
para analise. No entanto, 13 dessas marcas nao tinham website e, ainda,
quatro nao puderam ser analisadas, apesar de terem endereco online--o
website estava indisponivel ou fora de operacao e um deles era somente
em chines, nao permitia a analise pelos presentes pesquisadores. Assim,
a quantidade final de websites analisados foi de 148.
A pesquisa foi estruturada conforme teoria de Bardin (2010) para
analise de conteudo, subdividida em organizacao, codificacao e
categorizacao. Na etapa de organizacao, foram feitos um levantamento nos
websites selecionados para identificar os tipos de recursos que as
marcas de luxo usam para interagir com o consumidor e uma pesquisa na
literatura para encontrar outras solucoes e amenizar a falta de
interacao pessoal na internet, o que gerou um protocolo de ferramentas a
serem levantadas no estudo (codificacao). A seguir, retornou-se aos
websites da pesquisa para coletar se era possivel comprar o produto
online e tambem identificar a presenca ou nao das ferramentas
identificadas na primeira parte da analise. A proxima etapa foi a
categorizacao das formas de interacao encontradas, da menos interativa
para a mais interativa, e, na analise dos resultados, tambem comparar os
achados por setores de atividades das marcas.
Resultados e analises
Para responder o problema de pesquisa, sobre quais as ferramentas
de interacao virtuais que o setor de marcas de luxo usa em seu website
principal, foram verificadas quantas marcas tem ou nao interacao com os
usuarios da internet e quais as ferramentas mais usadas. Durante a
analise, quando relevante, sao apresentados resultados pelos seguintes
setores identificados:
* Joalheria/Relojoaria--31 websites;
* Cosmeticos--28, incluindo tambem marcas somente de maquiagem;
* Perfumes--11;
* Vestuario--28;
* Acessorios--de 22 websites de marcas que apresentavam como
produto principal artigos de couro (bolsas e calcados), instrumentos
para escrita, acessorios diversos (como oculos, carteiras e lencos) e
armas;
* Bebidas--17 websites de marcas de champanhe, espumante, rum,
vinho, vodca e uisque;
* Varejo--cinco websites, quatro de varejistas que tem lojas
fisicas e um de um varejista somente virtual;
* Midia--com dois websites, um de uma revista e outro de um blog,
ambos focados no segmento de luxo;
* Artigos para casa--tambem com dois websites, um de uma marca de
prataria e outra de objetos de decoracao;
* Transporte--com apenas um website de uma empresa construtora de
iates;
* Lazer--tambem com apenas um website de um hotel.
Existe interacao?De que modo?
Os elementos pesquisados foram definidos por meio de um
levantamento preliminar e pesquisa de dados secundarios em que se
verificaram quais os tipos de recursos disponiveis para as marcas
interagirem com seus consumidores na web.
A tabela 3 lista esses elementos, da forma menos interativa para a
mais interativa.
Dos 148 websites analisados, 133 (90%) tem algum tipo de interacao.
Porem, nem sempre essa interacao significa que exista comercio
eletronico, pois apenas 60 websites permitem que o consumidor compre
produtos online, o que representa 41% do total (tabela 4).
O percentual menor de websites com a possibilidade de compra
virtual segue em linha com resultados de estudos anteriores, que ja
haviam identificado a tendencia de, em geral, os websites serem mais
informativos, usados apenas como mais uma ferramenta de comunicacao das
marcas de luxo, servem para complementar os demais veiculos de
comunicacao tradicionais na formacao da imagem da marca (Riley &
Lacroix, 2003, Galhanone et al., 2009).
Em uma analise por setor, tambem com base na tabela 4, observa-se
que quase todos os websites analisados apresentam algum tipo de
interacao. No entanto, quando se trata da possibilidade de vendas
online, ha diferencas entre setores. Menos da metade dos websites
pesquisados nos setores de bebidas, perfumes, joalheria/ relojoaria e
acessorios oferece opcao de compra virtual para o consumidor. Somente
cosmeticos, vestuario e varejo tem essa opcao de forma mais abrangente.
Esse e um achado interessante, pois parece que a complexidade da compra
nao e uma barreira para o oferecimento do produto online.
Ferramentas mais usadas nos websites com interacao
Se considerarmos apenas os 133 websites com algum nivel de
interacao, observa-se que as ferramentas mais usadas para interagir com
os usuarios da internet sao possibilidade de cadastro para envio de
newsletter (75%), possibilidade de o consumidor enviar um e-mail pelo
site (69%) e links para redes sociais (63%) (fig. 2). Cada uma dessas
ferramentas pertence a uma categoria definida previamente (essas
categorias foram listadas na tabela 3, ja apresentada) e mostra que as
empresas exploram os tres formatos de comunicacao e usam os recursos da
web 2.0 como plataforma para interatividade tambem social, conforme
defendem Primo (2006) e O'Reilly (2007).
A newsletter e mais informativa, e uma comunicacao de mao unica da
marca para o consumidor; os links para as redes sociais permitem
interaccao entre pares e o e-mail e comunicaccao de mao dupla dirigida e
pessoal entre consumidor e marca. No entanto, essas tres ferramentas sao
de baixa interacao dentro do grupo ao qual foram classificadas, ha
outras opcoes com nivel de interatividade maior que tambem poderiam ser
usadas pelas empresas.
Ferramentas mais usadas nos websites com e-commerce
Outra analise feita considera apenas os 60 websites que permitem
compra online. Nesse grupo, nota-se que a frequencia de uso de algumas
ferramentas aumenta, como uso de perguntas frequentes, convite para
ligar para a empresa em caso de duvidas e chat online (fig. 3). Duas
dessas ferramentas--convite para ligar e chat online--pertencem ao grupo
"interacao pessoal e dirigida", o nivel mais interativo
definido nesta pesquisa. Alem disso, a ferramenta de perguntas
frequentes, apesar de ser uma comunicaccao de mao unica, com interaccao
minima, parece ser um bom artificio para ajudar o consumidor a entender
as regras e as politicas de compra--o que websites que nao fazem vendas
nao necessitariam, a principio. Assim, pode-se perceber que a
necessidade de criar soluccoes de interaccao com o consumidor aumenta a
medida que a marca escolhe tambem fazer vendas online.
Por setor, a tabela 5 apresenta aqueles com maior
representatividade na lista de websites
pesquisados--joalheria/relojoaria, cosmeticos, vestuario, acessorios,
bebidas e perfumes--e em amarelo estao marcadas as tres principais
ferramentas mais usadas por cada segmento.
O setor de bebidas usa bastante a ferramenta de convite para
visitas a empresa e/ou a locais relacionados a marca. Mesmo sendo um
setor com poucos websites que oferecem a possibilidade de venda online
(apenas dois em 17), talvez por restricoes legais, essas marcas usam com
enfase uma ferramenta do grupo "interacao pessoal e dirigida",
em que, caso a visita se concretize, tera um grande potencial de vendas.
Cosmeticos e o setor com maior presencca de e-commerce (22 de 28
websites desse setor) e, alem de usar com mais frequencia as tres
ferramentas mais comuns--newsletter, e-mails e links para redes
sociais--tambem convida o consumidor a entrar em contato em caso de
duvidas (61%), faz uso de perguntas mais frequentes (86%) e e
praticamente o unico setor usuario de chat online com uma razoavel
frequencia se comparado com os demais (36%).
Vestuario, o segundo setor com maior presenca de e-commerce, tambem
tem 52% dos websites que convidam o consumidor a telefonar em caso de
duvidas.
Assim, e possivel imaginar que essa busca maior por interacao
esteja relacionada a complexidade da compra e e uma das maneiras para
amenizar a falta de interacao pessoal com o vendedor para tirar duvidas
sobre, por exemplo, qual o melhor creme ou maquiagem de acordo com o
tipo de pele ou formato dos olhos e cilios.
Essa desconfianca e ainda sustentada pela ultima categoria do
levantamento, que contemplava "outras formas de interacao
relevantes" e listava ferramentas que nao se encaixaram nas
categorias anteriores. Dez websites apresentaram outras formas de
interacao. Dentre esses, sete pertencem ao setor de cosmeticos, que
trouxe ferramentas como:
* Possibilidade de fazer diagnosticos virtuais, nos quais o
consumidor responde a algumas perguntas para encontrar produtos que
melhor se adequem as suas caracteristicas e aos seus objetivos;
* Possibilidade de fazer upload de uma foto do consumidor para
testar o tom e as cores da maquiagem no proprio "rosto";
* Shop together (ou "compre junto"), que e a
possibilidade de conectar-se a computadores dos amigos e ver o que eles
pesquisam, dar sugestoes e trocar opinioes sobre a experiencia de compra
em tempo real. Segundo o website, isso pode ser feito pelo Facebook,
Instant Messenger, e-mail ou Twitter.
* Outros tres websites, um do setor de vestuario e dois do setor de
joalheria/ relojoaria, apresentavam as seguintes opcoes para o
consumidor virtual: 1) Realidade aumentada--o cliente imprime uma
pulseira de papel pelo website. Ativa a webcam e com a pulseira de papel
no braco consegue ver pelo computador como fica o relogio no proprio
pulso; 2) Acesso, por um link no website, a uma webcam ao vivo que filma
o relogio principal da marca na qual o cliente pode ver os detalhes do
relogio real. E possivel controlar essa webcam virtual para ver o
relogio de diferentes angulos e, ainda, dar zoom para analisar algum
detalhe; 3) Dressing room (ou "sala de provas"). O cliente
pode escolher as pecas de roupas virtuais do website e combina-las.
Nota-se que as ferramentas encontradas nos websites de cosmeticos
nao tem ferramentas interativas, mas buscam amenizar a falta de
consultoria de um vendedor no momento da compra online e a solidao de se
comprar sozinho. Ja as solucoes dos websites de vestuario e joalheria/
relojoaria tinham como objetivo amenizar a falta de contato com o objeto
real, o que nao deixa de ser uma forma de interatividade que ocorre na
experiencia de compra em lojas fisicas.
Discussao dos resultados
O estudo identificou as solucoes que as marcas de luxo encontraram
ate o momento para criar interatividade com o consumidor no ambiente
virtual.
As ferramentas e as tecnicas de interacao encontradas na pesquisa
foram esquematizadas num modelo, chamado de continuum de interacao (fig.
4), que se inicia com um nivel minimo de interacao, as FAQs (ou
perguntas frequentes), e evolui ate o nivel maximo de interacao
identificado, o contato de voz imediato. O continuum tem tres niveis
macro para classificacao das ferramentas: (i) interacoes de mao unica,
ou seja, somente permitem interacao da marca para o consumidor; (ii)
interacoes de mao dupla de nivel 1, em que ha interacao entre pares e,
opcionalmente, com a marca; e (iii) interacoes de mao dupla de nivel 2,
as ferramentas que permitem interacao entre consumidor e a marca de modo
pessoal e dirigido. A medida que as ferramentas interativas evoluem e
permitem maior participacao do usuario, as variaveis sao representadas
em categorias mais altas no continuum. Ressalta-se ainda que esse
continuum nao e finito, uma vez que, com o avanco da chamada web 3.0 ou
web semantica (Hendler, 2009, Radar Networks & Nova Spivach, 2011),
novas solucoes podem ser encontradas pelas empresas e, dessa forma,
tambem contempladas no modelo proposto.
De modo geral, os achados da pesquisa indicam que o setor de luxo
usa algumas ferramentas de interacao, mas ha potencial para explorar
mais o carater relacional da web 2.0. A pesquisa mostrou que as
ferramentas mais frequentes disponiveis para o consumidor nos websites
sao registro para recebimento de newsletters (75%), campo especifico
para envio de e-mails para a empresa (69%) e links para redes sociais
(63%). Envio de e-mails e a maneira mais interativa dentre as tres, pois
permite uma comunicacao de mao dupla, pessoal e dirigida, no entanto com
tempo de resposta mais lento do que outras ferramentas identificadas.
Outro ponto relevante e em relacao ao uso da internet como canal de
vendas, que ainda nao e pratica dominante entre as marcas de luxo
pesquisadas--apenas 41% dos websites permitiam a compra online dos bens
e servicos. No entanto, os websites que tem e-commerce evoluem em suas
solucoes interativas.
O setor de cosmeticos, por exemplo, com 79% de websites que
permitem o comercio eletronico, usa mais ferramentas interativas tanto
em intensidade quanto em amplitude do que os demais, oferece uma gama
maior de opcoes para os consumidores se comunicarem com a empresa por
meio de seu ambiente virtual. Chat online eusadapor cerca de 1/3 das
marcas estudadas, enquanto e pouco ou nao usada nos demais setores.
Ainda, o setor de cosmeticos merece destaque tambem pela busca por
novas solucoes e inovacoes que facilitem e enriquecam a experiencia de
compra virtual de seus consumidores. Sete dentre os 28 websites dessa
categoria tinham tecnicas interativas, como as ferramentas de
diagnostico e as possibilidades de uploads de fotos e shop together.
Dada a velocidade da evolucao em tecnologia que se vivencia hoje, talvez
a internet como midia tecnologica esteja subexplorada e exista espaco
para inovacao, como a realidade aumentada e a webcam ao vivo, duas
ferramentas extremamente interativas encontradas apenas em dois websites
de relogios.
Consideracoes finais
Este trabalho contribui para o avanco das discussoes da comunicacao
e interacao que marcas de luxo promovem no meio virtual. O luxo, para
existir no mundo online, enfrenta o desafio de como reproduzir a
interacao pessoal no website da marca. Para tal, o artigo fez um
levantamento das tecnicas de interacao que estao presentes em websites
das 148 maiores marcas de luxo do mundo e considerou o nivel de
capacidade de promover interacao de cada uma delas.
Como avanco do conhecimento, o artigo propoe um continuum de
interacao, bem como na revisao bibliografica faz uma reflexao sobre as
vantagens e as desvantagens do meio virtual especificamente para o
universo de luxo. Ambas as contributes podem ser aprofundadas em futuras
pesquisas. Alem disso, ao extrapolar o setor das marcas de luxo, o
artigo contribui para a discussao sobre como ocorre comunicacao de
maneira geral no meio virtual, campo de estudo em pleno desenvolvimento.
Um dos achados da pesquisa tambem permite mais investigacoes.
Trata-se de entender por que cosmeticos oferecem mais opcao de venda
online do que os outros setores pesquisados. Por fim, foram considerados
websites de apenas alguns setores do mercado de luxo, principalmente
websites de bens. O mesmo trabalho poderia entao ser feito com um escopo
mais amplo, como websites de servicos de luxo ou outras categorias.
Uma das limitacoes desta pesquisa refere-se a escolha da lista de
websites para pesquisa feita por julgamento, o que nao permite
extrapolar esses resultados para todo o universo de websites de marcas
de luxo. Outra questao e que foram identificadas apenas quais as
tecnicas e ferramentas disponiveis, mas nao se elas funcionam de fato.
Seria interessante, como sugestao para pesquisas futuras, abordar tanto
a eficiencia dessas ferramentas pelas empresas quanto a perspectiva dos
consumidores sobre a eficacia dessa interacao.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rege.2016.06.003
Conflitos de interesse
Os autores declaram nao haver conflitos de interesse.
Referencias
Bardin, L. (2010). Analise de conteudo. Coimbra, Portugal: Edicoes
70.
Berry, L. L. (1986). Retail business are service businesses.
Journal of Retailing, 62(1), 3-6.
Broillet, A., Dubosson, M., & Trabichet, J. P. (2008). An
internet based distribution strategy of luxury products and services
grounded on qualitative web discourse analysis. In Professional
Communication Conference. Montreal: HEG Geneve.
Chen, S. C., & Dhillon, G. S. (2003). Interpreting dimensions
of consumer trust in e-commerce. Journal of Information Technology and
Management, 4, 303-318.
Chevalier, M., & Mazzalovo, G. (2008). Luxury brand management:
a world of privilege. Cingapura: John Wiley & Sons.
Collis, J., & Hussey, R. (2005). Pesquisaemadministracao:
umguiapraticopara alunos de graduacao e pos-graduacao (2a ed.). Porto
Alegre: Bookman.
Galhanone, R. F., Marques, J.A., Mazzon, J.A., Crocco, L.,&
Muller Neto, H. F. (2009). O varejo das marcas de luxo: um estudo
comparativo entre a atmosfera das lojas fisicas e dos websites. In XII
Seminarios em Administratyao FEA-USP (pp. 1-15). Sao Paulo: FEA.
Giacalone, J. A. (2006). The market for luxury goods: the case of
the Comite Colbert. Southern Business Review, 32(1).
Gummeson, E. (1998). Productivity, quality, and relationship
marketing in service operations. International Journal of Contemporary
Hospitality Management, 10(1), 4-15.
Hendler, J. (2009). Web 3.0 Emerging. Computer Journal, 42(1),
88-90.
Kapferer, J. N., & Bastien, V. (2009). The luxury strategy:
break the rules of marketing to build luxury brands. Londres: Kogan
Page.
Keller, K. L. (2008). Managing the growth tradeoff: challenges and
opportunities in luxury branding. Journal of Brand Management, 16(5/6),
290-301.
Kluge, P. N., Konigsfeld, J. A., Fassnacht, M., & Mitschke, F.
(2013). Luxury web atmospherics: an examination of homepage design.
International Journal of Retail & Distribution Management,
41(11/12), 901-916.
Kosiur, D. (1997). Understanding electronic commerce. Washington:
Microsoft Press.
Lee, B. C. Y. (2007). Consumer attitude toward virtual stores and
its correlates. Journal of Retailing and Consumer Services, 14(3),
182-191.
MCF CONSULTORIA E CONHECIMENTO; GFK CUSTOMER RESEARCH BRASIL. O
Mercado do Luxo no Brasil--Ano IV. Sao Paulo, 2010. 75 p. Apresentacao
em pdf.
Nyeck, S.,& Roux, E.(1997). WWW as a communicationtool
forluxury brands: compared perceptions of cosumers and managers. In
International Research Seminar on Marketing Communication and Consumer
Behavior. Paris: La Londe Les Maures.
Okonkwo, U. Can the luxury fashion brand store atmosphere be
transferred to the internet? (2005). Brand Channel [Acesso em 15 maio
2011]. Disponivel em
http://www.brandchannel.com/images/papers/269_Lux_Goods_ Online.pdf
Okonkwo, U. (2010). Luxury online: style, systems, strategies. Nova
York: Palgrave Macmillan.
O'Reilly, T. (2007). What is web 2.0: design patterns and
business models for the next generation of software. Communications
& Strategies, (65), 17-37.
Peterson, R. A., Balasubramanian, S., & Bronnenberg, B. J.
(1997). Exploring the implications of the internet for consumer
marketing. Journal of the Academy of Marketing Science, 25(4), 329-346.
Pinto, A. P., & Iwata, N. (2013). As novas tecnologias e a
transmutacao da realidade virtual no espaco fisico: as marcas de luxo em
direcao a matrix. Proceedings of World Congress on Communication and
Arts, 89-91.
Prahalad, C. K., & Ramaswany, V. (2004). Co-creation
experiences: the next practice in value creation. Journal of Interactive
Marketing, 18(3), 5-14.
Primo, A. (2006). O aspecto relacional das interacoes na Web 2.0.
In Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicacao, XXIX CongressoBrasileirode Cienciasda Comunicacao UnB (pp.
1-13). Brasilia: UnB.
RADAR NETWORKS E NOVA SPIVACH. Semantics of Information Connections
& Semantics of Social Connections [Acesso em 03 junho 2011].
Disponivel em http://www.radarnetworks.com
Rosenbloom, B. (2002). Canais de marketing: uma visao gerencial.
Sao Paulo: Atlas.
Riley, F. D. O., & Lacroix, C. (2003). Luxury brand on the
internet: lost opportunity or impossibility? Marketing Intelligence
& Planning, 21(2), 96-104.
Sa, R. R. L. G., & Marcondes, R. C. (2010). O ponto de vendas
de produtos de luxo da moda de vestuario feminino no Brasil. Cadernos
Ebape, 8(3), 514-534.
Sa, S. Luxo vs. Mundo Digital. In: ATUALUXO 2011 [Acesso em 17
novembro 2011].Disponivel em http://mundodomarketing.com.br/
blogs/atualuxo-2011/18918/os-desafios-do-luxo-na-internet.html
Seringhaus, R. Cross-cultural exploration of global brands and
internet. In: 18th ANNUAL IMP CONFERENCE, 18, 2002, Dijon, France.
Proceedings. Dijon: Groupe Esc Dijon Bourgogne, 2002 [Acesso em 15 maio
2011]. Disponivel em http://www.impgroup.org/uploads/papers/504.pdf
Turban, E., Lee, J., King, D., & Chung, H. (2000). Electronic
commerce: a managerial perspective. New Jersey: Prentic Hall.
Tynan, C., Mckechnie, S., & Chhuon, C. (2010). Co-creating
value for luxury brands. Journal of Business Research, 63(11),
1156-1163.
Zeithaml, V. A.,& Bitner, M. J. (2000). Services marketing:
integrating customer focus across the firm. Boston: McGraw-Hill.
Camila Assis Martins (a, b, c) *, Ana Akemi Ikeda (b,d) e Edson
Crescitelli (a,e,f)
(a) Administracao pela FEA-USP, Sao Paulo, SP, Brasil
(b) MBA Marketing da FIA, Sao Paulo, SP Brasil
(c) Estrategia e Inovacao na consultoria Ernst & Young (EY),
Sao Paulo, SP, Brasil
(d) Area de marketing da FEA-USP, Sao Paulo, SP, Brasil
(e) FEA-USP, Sao Paulo, SP, Brasil
(f) Florida International University, Miami, FL, Estados Unidos
Recebido em 20 de novembro de 2013; aceito em 27 de janeiro de 2016
Disponivel na internet em 28 de junho de 2016
* Autor para correspondencia.
E-mail:
[email protected] (C.A. Martins).
Caption: Figura 1. Estagios da internet.
Caption: Figura 3. Comparacao entre websites com e-commerce e
websites com algum nivel de interacao.
Caption: Figura 4. Continuum de interacao.
Figura 2. Ferramentas mais usadas pelos websites com interacao
(da menos interativa para a mais interativa).
Interacao pessoal e
dirigida
Falar de imediato 2%
Chat online 9%
Convite para visitas 11%
Convite para ligar 41%
Envio de e-mails 69%
Interacao entre
pares e com a
marca (opcional)
Associar-se a um clube 20%
Links para blogs 16%
Links para redes sociais 63%
Interacao minima--
mao-unica
Aplicativos smartphones 15%
Visita guiada 5%
Newsletter 75%
Perguntas frequentes 49%
Fonte: Elaborada pelos autores.
Note: Table made from bar graph.
Tabela 1
Pontos positivos e negativos da internet e consequencias para o
setor de luxo
Pontos positivos Pontos negativos
Acesso a maior quantidade de A quantidade de informaccoes
informacao. pode fazer com que a internet
seja considerada confusa.
Possibilidade de comparacao de Precco pode tornar-se fator
precos. diferenciador para decisao de
compra. Associaccao da
internet a descontos.
Possibilidade de pesquisa de Aumento potencial de
servicos, caracteristicas e concorrencia dada a
fornecedores. disponibilidade de diversos
fornecedores na rede e a
facilidade de comparaccoes.
Custo baixo para divulgacao de A internet pode ser percebida
informacoes. como pouco confiavel ja que e
facil e barato divulgar
online.
Facilidade para troca de Confiabilidade do consumidor
informacoes--empresas podem em relaccao a oferecer e
buscar segmentar e informar dados pela internet e
personalizar ofertas de acordo menor do que outros canais.
com perfil dos clientes e se
relacionar melhor com eles.
Reduccao de custos de Recursos para criaccao de
transaccao--emissao de ordens websites sao mais limitados do
de pagamento, por exemplo. que no mundo fisico.
Possibilidade de produccao de O fato de o consumidor estar
conteudo--e nao mais somente o mais ativo, escolher o que
consumo de informaccoes. deseja ver e onde, reduz o
controle da empresa vendedora.
Possibilidade de realizar Inseguranca do consumidor em
compra e venda online fornecer informaccoes
(comercio eletronico). financeiras.
Via comercio eletronico, o Custos de logistica podem
mercado de atuacao da empresa aumentar.
e ampliado.
Via comercio eletronico, os A entrega do produto nao e
consumidores podem comprar sem imediata, portanto o consumo
sair de casa, 24 horas por tera necessariamente de ser
dia, 7 dias por semana. adiado.
Pontos positivos Vies no setor de luxo
Acesso a maior quantidade de (-) Nao ha interaccao pessoal.
informacao.
Possibilidade de comparacao de (-) Descontos e comparaccoes
precos. de preccos em produtos de luxo
banalizam a marca.
Possibilidade de pesquisa de (-) Perda da "aura" ao redor
servicos, caracteristicas e da loja fisica, normalmente em
fornecedores. pontos nobres das cidades.
Custo baixo para divulgacao de (-) Reduz as barreiras para as
informacoes. falsificaccoes, mais comuns em
produtos do setor do luxo.
Facilidade para troca de (+) Website como ferramenta
informacoes--empresas podem de comunicacao da marca.
buscar segmentar e (+) Personalizacao de produtos.
personalizar ofertas de acordo
com perfil dos clientes e se
relacionar melhor com eles.
Reduccao de custos de (-) Perda da atmosfera da loja
transaccao--emissao de ordens fisica--cinco sentidos
de pagamento, por exemplo. humanos.
Possibilidade de produccao de (+) Website como ferramenta
conteudo--e nao mais somente o para construcao de
consumo de informaccoes. relacionamento com
consumidores.
Possibilidade de realizar (-) Risco percebido para
compra e venda online informar dados e fazer compras
(comercio eletronico). de luxo pela internet e ainda
maior.
Via comercio eletronico, o (+) Aproxima novos e
mercado de atuacao da empresa potenciais clientes que
e ampliado. poderiam se sentir intimidados
a entrar nas lojas fisicas.
(-) Banalizaccao da marca por
estar facilmente disponivel a
qualquer consumidor.
Via comercio eletronico, os (+) Facilita a compra por
consumidores podem comprar sem reposicao.
sair de casa, 24 horas por (-) Banalizaccao da
dia, 7 dias por semana. experiencia de compra.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Tabela 2
Maiores conglomerados de luxo do mundo e suas marcas
Grupo/ Empresa Marcas de luxo
Grupo LVMH--Louis Vuitton Louis Vuitton, Loewe, Celine, Berluti,
Moet-Hennesy Kenzo, Givenchy, Marc Jacobs, Fendi,
Stefano Bi, Emilio Pucci, Thomas Pink,
Donna Karan, Christian Dior Parfums,
Guerlain, Fresh, Benefit Cosmetics, Acqua
di Parma, Make Up Forever, Tag Heuer,
Zenith, Hublot, FRED, Chaumet, De Beers,
Moet & Chandon, Dom Perignon, Veuve
Clicquot, Krug, Mercier, Ruinart, Chateau
D'Yquem, Hennessy, Belvedere, The
Glenmorangie Company, Domaine Chandon,
Bodegas Chandon, Claudy Bay, Cape
Mentelle, Newton, Terrazas de Los Andes,
Cheval des Andes, 10 Cane Rum, Wenjum,
Numanthia, DFS, Miami Cruiseline Services,
Sephora, Le Bom Marche Rive Gauche,
Samaritaine, Groupe Les Echos, Royal Van
Lent e Nowness.
Compagnie Financiere Vacheron Constantin, Purdey, Baume &
Richemont AS Mercier, Jaeger-LeCoultre, Lange & Sohne,
Cartier, Officine Panerai, IWC, Piaget,
Lancel, Alfred Dunhill, Van Cleef &
Arpels, Montblanc, Chloe, Azzedine Alaia,
Shanghai Tang, Roger Dubuis, Net-a-porter.
Gucci Group--controladora Alexander McQueen, Balenciaga, Bottega
PPR Veneta, Boucheron, Gucci, Yves Saint
Laurent, Sergio Rossi, Stella McCartney.
Prada Group Prada, Miu, Church's, Car Shoes.
Tod's Tod's, Hogan, Fay, Roger Vivier.
Swatch Breguet, Blancpain, Glashutte Original,
Jaquet Droz, Leon Hatot, Tiffany & Co
Watches, Omega, Longines, Rado, Union
Glashutte (consideraram-se apenas as
marcas de alto luxo do grupo)
Ralph Lauren Polo Ralph Lauren
Chanel Chanel.
Estee Lauder Estee Lauder, Aramis, Clinique,
Prescripetive, Lab Series Skincare for
Men, Origins, MAC, Kiton, La Mer, Bobbi
Brown, Aveda, Jo Malone, Bumble and
Bumble, Darphin, American Beauty, Flirt!,
Goodskin Labs, Grassroots Research Labs,
Daisy Fuentes, Ojon, Smashbox e as
licencas das seguintes marcas para
perfumes Tommy Hilfiger, Donna Karan,
Michael Kors, Sean John, Missoni, Tom Ford
e Coach.
Tiffany & Co Tiffany & Co
L'Oreal Lancome, YSL Beaute, Giogio Armani
(perfumes), Biotherm, Cacharel, Diesel
(perfumes), Helena Rubinstein, Kiehl's,
Ralph Lauren (perfumes), Shu Uemura,
Viktor & Rolf (perfumes) e Maison Martin
Margiela (considerando aqui somente as
marcas da divisao de luxo da empresa).
Hermes Hermes, Jean Paul-Gaultier, Christalleries
de Saint-Louis, Puirfocat, Chaussures John
Lobb.
Rolex Rolex.
Clarins Clarins, Thierry Mugler, Azzaro.
Armani Giorgio Armani, Emporio Armani, Armani
Jeans, Armani Collezioni, Armani Exchange,
Armani Casa e Armani Junior.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Tabela 3
Ferramentas de interacao identificadas
1. Nenhuma interacao--somente informacoes
2. Interacoes de mao unica (somente da empresa para o
consumidor)
2.1. FAQs (Frequented Asked Questions) ou perguntas
frequentes--perguntas e respostas mais frequentes ja
pre-formatadas para auxiliar o internauta;
2.2. Registro para receber newsletters;
2.3. Visitas guiadas pelos websites, conforme citaram
Broillet, Dubosson e Trabichet (2008);
2.4. Possibilidade de baixar aplicativos da marca para
smartphones e/ou tablets.
3. Interacoes de mao dupla nivel 1: ocorrem entre consumidores e,
de modo opcional, com a marca.
3.1. Links para redes sociais, em que os consumidores podem
interagir com outros consumidores e/ou a marca;
3.2. Links para blogs controlados pela marca ou nao;
3.3. Possibilidade de registrar-se para associacao a um
clube da marca.
4. Interacoes de mao dupla nivel 2, que acontecem entre consumidor e
marca, de modo pessoal e dirigido.
4.1. Possibilidade de envio de e-mails para a empresa por
meio de campo proprio no website;
4.2. Convite para o consumidor com duvidas entrar em contato
pelo telefone, em horario disponivel;
4.3. Convite e/ou possibilidade para marcar online uma
visita a empresa ou instalacao relacionada a marca;
4.4. Chats online, em tempo real, conforme citaram Broillet
et al. (2008);
4.5. Possibilidade de contato imediato de voz--seja por meio
do website como pelo Skype, conforme citado pelos autores
mencionados acima, ou, campo para o consumidor dar um numero
de telefone para que a empresa retorne de imediato para ele.
5. Outras formas de interacao relevantes.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Tabela 4
Interaccao e possibilidade de compra online nos websites por setor
Base total de Tem interacao? (SIM)
websites pesquisados
Setores Numero absoluto %
Joalheria/relojoaria 31 28 90
Cosmeticos 28 28 100
Vestuario 28 23 82
Acessorios 22 18 82
Bebidas 17 15 88
Perfumes 11 11 100
Varejo 5 5 100
Midia 2 2 100
Artigos para casa 2 2 100
Lazer 1 1 100
Transportes 1 -- 0
Total 145 133 90
Permite compra online? (SIM)
Setores Numero absoluto %
Joalheria/relojoaria 7 23
Cosmeticos 22 79
Vestuario 17 61
Acessorios 7 32
Bebidas 2 12
Perfumes 2 18
Varejo 3 60
Midia -- --
Artigos para casa -- --
Lazer -- --
Transportes -- --
Total 60 41
Fonte: Elaborada pelos autores.
Tabela 5
Ferramentas de interacao mais usadas por setor
Joalheria/ Cosmeticos Vestuario
Relojoaria
Interacao minima (mao unica)
Perguntas frequentes 50% 86% 43%
Newsletter 57% 100% 91%
Visita guiada -- 4% 4%
Aplicativos smartphones 25% 11% 26%
Interacao entre pares e com a marca opcional
Links para redes sociais 68% 82% 70%
Links para blogs 18% 11% 9%
Associar-se a um clube 36% 14% 4%
Interacao pessoal e dirigida
Envio de e-mails 61% 82% 65%
Convite para ligar 43% 61% 52%
Convite para visitas 7% 7% --
Chat online -- 36% 4%
Falar de imediato 7% -- --
Acessorios Bebidas Perfumes
Interacao minima (mao unica)
Perguntas frequentes 39% 7% 27%
Newsletter 89% 27% 64%
Visita guiada 6% 13% 9%
Aplicativos smartphones 11% -- --
Interacao entre pares e com a marca opcional
Links para redes sociais 17% 47% 64%
Links para blogs 17% 20% 9%
Associar-se a um clube 6% 13% 36%
Interacao pessoal e dirigida
Envio de e-mails 61% 67% 73%
Convite para ligar 33% -- 27%
Convite para visitas -- 67% 9%
Chat online -- -- 9%
Falar de imediato 6% -- --
Fonte: Elaborada pelos autores.
COPYRIGHT 2016 Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade - FEA-USP
No portion of this article can be reproduced without the express written permission from the copyright holder.
Copyright 2016 Gale, Cengage Learning. All rights reserved.