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文章基本信息

  • 标题:Adaptation and validation of an instrument of intercultural competence measurement for Brazilian college students/Adaptacao e validacao de instrumento de medida de competencias interculturais para estudantes universitarios Brasileiros.
  • 作者:Neto, Manoel Guedes ; Avrichir, Ilan ; da Silva, Dirceu
  • 期刊名称:Revista de Gestao USP
  • 印刷版ISSN:1809-2276
  • 出版年度:2016
  • 期号:January
  • 出版社:Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade - FEA-USP

Adaptation and validation of an instrument of intercultural competence measurement for Brazilian college students/Adaptacao e validacao de instrumento de medida de competencias interculturais para estudantes universitarios Brasileiros.


Neto, Manoel Guedes ; Avrichir, Ilan ; da Silva, Dirceu 等


Introducao

Para alcancar um bom desempenho no atual ambiente globalizado, os egressos de cursos de nivel superior devem ter alto grau de CIs, entendidas como habilidades, atitudes e conhecimentos necessarios para a interacao e a comunicacao com individuos de culturas diferentes (Beuckelaer, Lievens e Bucker, 2012). Programas de estudo no exterior ou intercambios internacionais sao vistos como importantes estrategias para fortalecer CIs em estudantes, pois oferecem aprendizados e experiencias que sao importantes para uma mudanca de atitude em relacao a diferencas culturais (Ballestas e Roller, 2013). A combinacao dessas duas condicoes faz com que a intensificacao dos programas de intercambio de estudantes de graduacao seja um dos fenomenos mais marcantes no processo de internacionalizacao do ensino superior das ultimas decadas.

De 1975 ate 2005, o estoque de alunos de terceiro grau que estudavam fora de seus paises de origem cresceu 4,5 vezes, alcancou de 2,7 milhoes (Varghese, 2008). Em 2009, esse numero chegou a 3,4 milhoes (Unesco. Institute for Statistics, 2012).

O Brasil nao ficou a margem desse processo. O numero de estudantes enviados ao exterior atingiu 19,9 mil em 2006 e 27,1 mil em 2010 (Unesco. Institute for Statistics, 2012). Esse numero tende a crescer significativamente no futuro proximo, em razao, dentre outras, do programa Ciencia sem Fronteiras, lancado pelo Governo Federal em 2011. Esse programa tem como meta enviar 64 mil alunos de graduacao para o exterior por um ano, ate o fim de 2015 (Ministerio da Educacao, 2013).

Em relacao a Administracao, varios pesquisadores tem enfatizado a importancia das CIs para profissionais da area. Johnson, Lenartowicz e Apud (2006), apos resumir as razoes que causam a intensificacao das atividades internacionais das empresas, sustentam que muitos fracassos em negocios, particularmente os que atravessam fronteiras, devem-se a falta dessas competencias pelos gestores. Por sua vez, Abbe, Gulick e Herman (2007) afirmam que CIs aumentam a probabilidade de gerentes expatriados concluirem suas missoes. Chiu, Lonner, Matsumoto e Ward (2013), apontam os conselhos de administracao de grandes empresas internacionais como um dos ambientes que mais podem se beneficiar de CIs.

Instrumentos de medida de CIs tem particular importancia para a gestao de recursos humanos. Greenholtz (2000) assinala que esses instrumentos permitem estimar a possibilidade de sucesso que pessoas engajadas em missoes internacionais terao nessas atividades. Permitem tambem identificar a necessidade de desenvolvimento dessas competencias e avaliar a efetividade de programas voltados para o seu incremento. Gabrenya Jr., Griffith, Moukarzel e Pomerance (2012) afirmam que, apesar de referencias as CIs serem comuns na gestao de recursos humanos, grande ambiguidade envolve ainda o constructo.

Portanto, nao e por acaso que estudantes de Administracao constituem elevada porcentagem dentre os que buscam intercambios internacionais. Dados da Unesco. Institute for Statistics (2012), mostram que 23% dos estudantes que cursam disciplinas fora de seus paises de domicilio estao matriculados em cursos de Administracao. Dos universitarios brasileiros que estudam nos Estados Unidos, principal destino deles, 21,1% cursam faculdades de Administracao. Esse numero e quase igual a soma dos que estudam Engenharia, Ciencias Medicas, Matematica, Ciencia da Computacao, Ciencias Fisicas e Ciencias da Natureza, que sao 22% do total (Institute of International Education, 2014), fenomeno que se repete mesmo em paises com ampla tradicao em engenharias, como Alemanha, China, Franca e Japao.

Os custos financeiros envolvidos nos programas de intercambio sao significativos. Para uma familia ou faculdade que arque com eles, dificilmente um intercambio de seis meses custa menos de R$ 20 mil. Se a faculdade no exterior for paga e o estudante nao tiver bolsa, o valor envolvido pode, com facilidade, ser tres ou quatro vezes maior do que esse. No caso do Ciencia sem Fronteira, tomando-se apenas o valor das bolsas e dos auxilios concedidos e multiplicando-o pelo numero de estudantes que o programa almeja que facam intercambio, chega-se a conclusao de que o gasto supera os R$ 4 bilhoes.

Apesar de a maioria das pesquisas confirmar que intercambios no exterior contribuem para o desenvolvimento de CIs, alguns estudos mostram que esse desenvolvimento pode variar muito de um estudante para outro, mesmo quando as experiencias pelas quais passam aparentam semelhancas. Ballestas e Roller (2013), ao sumarizar a revisao de literatura que fizeram, concluem que o conhecimento existente sobre os efeitos do intercambio nas CIs ainda nao e suficiente para afirmar que ele promova essas competencias.

O desenvolvimento e a validacao de escalas de medida de CIs tem consequencias praticas e teoricas importantes. Do ponto de vista da teoria, podem ajudar a identificar os constructos necessarios para a adaptacao de individuos a culturas diferentes e, dessa maneira, melhorar o entendimento desse fenomeno complexo. Do ponto de vista da pratica, podem permitir a identificacao de objetivos de programas voltados para promover o desenvolvimento dessas competencias e avaliar a efetividade desses programas (Chiu et al., 2013).

Consultando as bases de dados de artigos academicos--Spell, Scielo, Ebsco, Emerald, Sage, Science Direct--, os autores desta pesquisa nao identificaram instrumento de medida de CIs validado para o portugues, muito menos para estudantes universitarios. As palavras-chave consultadas foram: competencia intercultural e portugues; gestao intercultural e portugues; gestao multicultural e portugues; intercultural competence. Portuguese crosscultural competence e Portuguese. Do ponto de vista da pratica academica, a inexistencia de um instrumento de medida validado torna dificil a avaliacao dos ganhos de CIs auferidas pelos estudantes em intercambios e treinamentos voltados para esse fim. Do ponto de vista da teoria, e um dificultador para o desenvolvimento da pesquisa.

Portanto, a oferta de um instrumento de medida de CIs para estudantes universitarios foi o objetivo desta pesquisa. Partiu-se de um instrumento ja existente, o Cross Cultural Competence Inventory (CCCI) (Ross, Thornson, McDonald eArrastia, 2009). Apos sua traduccao e adaptaccao, verificou-se com tecnicas estatisticas sua validade para estudantes universitarios brasileiros.

Como objetivo secundario, a pesquisa propos-se a verificar se os constructos componentes do instrumento original eram validos num contexto diferente daquele em que tinham sido validados. Apesar de a teorizaccao sobre CIs vir sendo feita ha decadas, ainda existe debate consideravel sobre a definiccao e validade do conceito e de seus principais componentes. Compreender a natureza das CIs no local de trabalho, em organizaccoes em todo o mundo, continua a ser uma das metas mais importantes da Psicologia Social, entre outros campos do conhecimento (Chiu et al., 2013).

A escolha do instrumento a ser traduzido e validado recaiu sobre o CCCI, principalmente por ele nao ser um instrumento proprietario. Tanto os 149 itens que foram submetidos a analise fatorial exploratoria quanto os 49 que compoem o instrumento final estao disponiveis on-line. A escolha de outro instrumento implicaria a necessidade de pagamento ao detentor dos direitos sobre ele a cada nova aplicaccao. A escolha dos constructos e a geraccao dos itens que compoem o CCCI foram feitas de acordo com as recomendacoes dos especialistas em desenvolvimento de instrumentos de medida psicometrica e sua validacao foi feita por meio de uma analise fatorial exploratoria. Os constructos componentes do instrumento sao os mesmos usados por varios outros instrumentos que medem CIs.

As etapas percorridas por esta pesquisa foram: revisao da literatura sobre CIs; pesquisa dos instrumentos existentes em ingles; escolha do instrumento mais adequado para os fins propostos; traduccao desse instrumento; coleta de amostra de respostas ao instrumento traduzido suficiente para a feitura dos testes e das analises estatisticas. Esses passos e seus resultados sao apresentados na sequencia deste artigo.

O conceito e os instrumentos de medida de competencias interculturais

A importancia do entendimento da pesquisa sobre CIs para as areas de Relaccoes Internacionais e Negocios Internacionais tem sido reafirmada por diversos autores. Ruben (1989), por exemplo, num dos trabalhos tidos como seminais na area, ja chamava a atencao para a importancia da contribuicao pratica dos estudos sobre CIs para entender questoes como o fracasso de expatriados em missoes internacionais e ajudar a melhorar os processos de selecao de pessoas que devem residir fora dos paises com cujas culturas estao familiarizados. Johnson et al. (2006), em estudo sobre a pesquisa sobre CIs na area de Negocios Internacionais, tambem atribuiam importancia pratica a pesquisa sobre CIs e chamavam a atenccao para o fato de fracassos na area serem, com frequencia, atribuidos a baixos niveis de CIs por parte de gerentes.

Matsumoto e Hwang (2013) fizeram extensa revisao da literatura sobre os testes disponiveis para medir CIs. Eles discutem questoes associadas a validacao de conteudo e de constructo de escalas e reveem as evidencias em favor de dez testes. Os autores concluem que no estagio atual do desenvolvimento de testes, apesar dos progressos alcancados, varios desafios importantes permanecem. Os autores afirmam que desconheciam outras revisoes desses instrumentos e que a pesquisa de instrumentos de medida de CIs continua a ter importancia teorica e pratica para a pesquisa no campo de competencias interculturais.

Chiu et al. (2013) afirmam que, apesar das decadas de pesquisa sobre CIs, ainda ha consideravel debate sobre os componentes principais dessas competencias. Essa dificuldade levou Deardorff (2006) a usar o metodo Delphi para clarificar as caracteristicas das CIs. Apesar de ele ter definido que havia razoavel consenso sobre a centralidade da habilidade de comunicar efetivamente em condiccoes interculturais com base em conhecimentos, capacidades e atitudes, persistia entre os especialistas grande variedade de definicoes.

Abbe et al. (2007:2) definiram CI como "uma capacidade individual que contribui para a eficacia intercultural independentemente do especial cruzamento de culturas" (traducao nossa). Para Hammer, Bennet e Wiseman (2003), a CI relaciona-se ao conhecimento, a habilidade e a motivaccao, que permitem aos individuos adaptarem-se em ambientes multiculturais. Outros ainda definem o conceito como a capacidade de compreender e agir rapidamente em uma cultura diferente da propria.

Os diferentes conceitos de CI resultaram em variadas abordagens para sua mensuracao. Matsumoto e Hwang (2013), na revisao supracitada, encontraram mais de dez instrumentos de autorresposta que se propoem a medir CIs. Embora todos se propusessem a medir competencias proximas e, portanto, sua validaccao para o portugues pudesse atender a alguns dos objetivos da pesquisa, todos sao proprietarios. Isso significa que se qualquer outro instrumento que nao o CCCI fosse validado nao se poderia oferecer a escala validada sem onus financeiro para os eventuais usuarios.

Alem disso, o instrumento denominado Intercultural Development Inventory (IDI), por exemplo, e voltado para a percepccao subjetiva das diferenccas culturais. As competencias de um individuo podem ser descritas em um continuo, que, em um extremo, tem a perspectiva monocultural (percepccao menos complexa dos diferentes padroes culturais) e, no outro, a posiccao de mentalidade intercultural (experiencia mais complexa com relaccao a diversidade cultural) (Hammer, 2009). O estagio de desenvolvimento do individuo pode ir da negacao a integracao, passando por defesa, minimizacao, aceitacao e adaptacao. Esses estagios refletem a evolucao do individuo de uma posicao etnocentrica para outra etnorrelativista (Paige, Cohen e Shively, 2004). O IDI e um produto proprietario da empresa de consultoria que tem o mesmo nome do instrumento. Ja o instrumento denominado Cross-Cultural Adaptability Inventory (CCAI) foi desenvolvido como ferramenta de avaliacao da efetividade individual na interacao e comunicacao intercultural. Propoe-se a avaliar os tracos e as capacidades associados a habilidade de adaptacao efetiva as outras culturas. O instrumento avalia quatro dimensoes: flexibilidade, resistencia emocional, acuidade perceptiva e autonomia pessoal (Davis e Finney, 2006). O CCAI e proprietario de uma empresa que, assim como o IDI, tem o mesmo nome do instrumento.

O Cultural Inteligence Scale (CQ) se propoe a medir a capacidade do individuo de lidar efetivamente com situacoes de diversidade cultural. Seu modelo compreende quatro componentes: inteligencia cultural metacognitiva, que se refere ao processo pelo qual individuos adquirem conhecimento cultural; inteligencia cultural cognitiva, que e o conhecimento geral sobre cultura; inteligencia cultural motivacional, que se refere a magnitude e a direcao da energia aplicada em aprender e funcionar em uma nova cultura; e inteligencia cultural comportamental, que e a capacidade de exibir acoes apropriadas quando se interage com pessoas de culturas diferentes (Matsumoto e Hwang, 2013). O CQ e propriedade do Cultural Inteligence Center, que cede seu uso, mas apenas para fins de pesquisas.

Ainda segundo Matsumoto e Hwang (2013), no estagio atual da pesquisa, todos os instrumentos necessitam de validacoes adicionais. Ele tambem chama a atencao para o fato de que, apesar de algumas dimensoes aparecerem em varios instrumentos, ainda nao ha consenso sobre quais sao mais adequadas a medida de CIs.

Estrutura e desenvolvimento do CCCI

O CCCI foi elaborado no ambito de um longo e extenso programa da Marinha e do Exercito americanos e voltado para desenvolver CIs em soldados. Episodios em que estereotipacao, racismo e abusos de poder alienaram pessoas de outras culturas chamaram a atencao para a necessidade de desenvolver essas competencias e deram inicio a um fluxo de pesquisas sobre o tema (Hashim, 2004; McFarland, 2005). Varias dessas pesquisas incorporaram conhecimento sobre instrumentos desenvolvidos em contextos nao militares, uma vez que ha uma convergencia substancial entre os papeis que soldados desempenham quando estao no exterior e os papeis executados por gerentes expatriados ou voluntarios que se envolvem em operacoes de reconstrucao. Essa convergencia tambem existe em situacoes em que se requer cooperacao estreita entre representantes do governo e quaisquer pessoas do pais de cultura diferente (Abbe et al., 2007).

Um dos primeiros instrumentos desenvolvidos nesse contexto foi o Cross-Cultural Interaction Inventory (CCII), na decada de 1970. Compreendia principalmente questoes acerca de atitudes e se mostrou melhor do que dados biograficos para identificar quais soldados se adaptariam com mais sucesso as missoes no exterior. Na decada de 1990, foi desenvolvido o Cross-Cultural Adaptability Scale e, mais recentemente ainda, o CCCI, baseado em constructos relevantes para o desempenho intercultural (Abbe et al., 2007).

Para o desenvolvimento do CCCI, Ross et al. (2009) consideraram uma abordagem racional-empirica pautada por extensa revisao da literatura e por entrevistas em profundidade com especialistas. Dessa forma, as escalas foram construidas para medir nove dimensoes de CIs. Um primeiro conjunto de 149 questoes foi aplicado a uma amostra de militares para validar a estrutura das nove dimensoes; apos a analise estatistica, seis subescalas ou constructos foram obtidos: autoeficacia, empatia etnocultural, vontade de se envolver, flexibilidade cognitiva, controle emocional e tolerancia a incerteza (Ross et al., 2009).

Autoeficacia e a crenca de um individuo de que ele e capaz de fazer ou de atingir determinados objetivos (Bandura, 1997). O conceito de autoeficacia, assim como o de resistencia, relaciona-se a aspectos como o enfrentamento das mudancas sociais, economicas e laborais condicionadas pela globalizacao e envolve o contexto cultural e de responsabilidade coletiva (Barreira e Nakamura, 2006).

Empatia etnocultural, conceito derivado da empatia, significa "sentir em si a experiencia afetiva dos outros" (Strayer e Einserberg, 1987:391, traducao nossa). A empatia intelectual e a habilidade voltada para o entendimento dos pensamentos de pessoas de diferentes perspectivas etnicas. E necessaria para que se considere o contexto cultural do outro e se controlem as percepcoes subjetivas representadas pelo preconceito contra individuos de diferentes culturas (Wang et al., 2003).

A vontade de se envolver representa a disposicao ou a persistencia de um individuo em permanecer engajado, em atribuir sentido a situacoes sociais em culturas diferentes (Earley e Ang, 2003). Takeuchi, Yun e Russell (2002) mostraram que, caso um individuo nao esteja interessado ou nao deseje interagir em uma cultura estrangeira, pode ser dificil para ele ajustar-se e agir efetivamente nesse novo ambiente.

Flexibilidade cognitiva e a "capacidade que o sujeito tem de, perante uma situacao ou problema novo, reestruturar o conhecimento para resolver a situacao (ou o problema) em causa" (Carvalho, 2000:173). O trabalho feito fora do contexto da propria cultura leva a situacoes inesperadas, que requerem a interpretacao de novas experiencias e a aplicacao de novos conhecimentos. O exame de individuos que funcionam excepcionalmente bem em situacoes de alto estresse proporciona oportunidade para identificar mecanismos da flexibilidade cognitiva que facilitam o desempenho (Simmons et al., 2012).

O controle emocional se refere a capacidade de controle das emocoes de forma eficaz, de modo que elas nao interferem no desempenho do individuo. Sua falta enfraquece as habilidades de construcao de relacionamentos em diferentes contextos (Gross e John, 2003). O controle emocional demonstra ser o indicador mais consistente de ajuste (Zee, Van Oudenhoven e De Grijs, 2004).

A tolerancia a incerteza, como constructo da personalidade, e considerada uma variavel latente que se manifesta por meio de diferentes aspectos: desejo de previsibilidade, preferencia pela ordem e estrutura, bem como desconforto com a ambiguidade (Webster e Kruglanski, 1994). A baixa tolerancia para a ambiguidade esta associada a rigidez, autoritarismo e etnocentrismo (Abbe et al., 2007).

Assim, no instrumento de Ross et al. (2009), suas analises mostraram que 47 itens, distribuidos em seis constructos, exibiam boas propriedades psicometricas para medir as CIs: oito itens voltaram-se para a vontade de se envolver, 12 para a flexibilidade cognitiva, quatro para o controle emocional, sete para a tolerancia a incerteza, oito para a autoeficacia e oito para a empatia etnocultural.

Em relaccao as caracteristicas do instrumento usado por Ross et al. (2009) e validado neste estudo para a cultura brasileira, os indicadores sao de natureza reflexiva, dado que a direccao de causalidade parte do constructo para seus indicadores (Costa, 2011). Nesse sentido, eventuais mudancas no constructo irao ocasionar alteracoes em seus respectivos itens. Assim, os indicadores de determinado constructo compartilham um mesmo tema; a retirada de um item nao ira alterar o dominio conceitual do constructo. Alem disso, e esperado que os indicadores (itens) covariem uns com os outros (Jarvis, Mackenzie e Podsakoff, 2003).

Procedimentos metodologicos

A validade de um instrumento de medida psicometrica num pais e numa cultura diferentes daqueles nos quais foi concebido nao pode ser assumida a priori (Zambaldi, Da Costa e Ponchio, 2014). Para seu uso em idioma diferente do original, nao basta a simples traducao. A existencia de diferencas culturais e de linguagem pode alterar de modo expressivo o significado dos constructos e dos itens. A diversidade existente entre as populaccoes demonstra a necessidade de validaccao cultural dos instrumentos e de suas escalas (Sousa e Rojjanasrirat, 2011). Nuances culturais podem estar incorporadas a linguagem de tal forma que itens podem nao ser prontamente traduziveis. Alem disso, a possibilidade de que determinados grupos etnicos e culturais tenham passado por diferentes experiencias e, por isso, tenham diferentes valores e atributos faz com que questoes propostas pelos instrumentos possam ser entendidas de formas diferentes e afeta a validade do instrumento (Oquendo, 1996).

O questionario CCCI foi traduzido nesta pesquisa com o uso da metodologia back translation (Prieto, 1992). A versao original do questionario em ingles foi traduzida para o portugues por um professor brasileiro, especialista na area de competencias e fluente no idioma ingles. Posteriormente, o instrumento traduzido foi revisado e vertido novamente para o ingles por um professor americano, especialista em gestao multicultural e fluente na lingua portuguesa. Como ultima etapa, o instrumento vertido para o ingles foi comparado com a versao original para que se verificasse a equivalencia das duas versoes. A tarefa foi feita por uma professora de ingles, brasileira, familiarizada com a linguagem da area de Administracao. O instrumento original e o traduzido por meio desse procedimento apresentaram diferencas minimas. Em razao delas, duas palavras foram alteradas na versao final em portugues.

O questionario foi aplicado via internet, com o uso da ferramenta on-line Survey Monkey, em uma faculdade da Cidade de Sao Paulo. O instrumento foi divulgado pelos canais institucionais (e-mail academico e plataforma Blackboard) no decorrer do segundo semestre de 2012. O questionario constava das 47 questoes do CCCI traduzidas para o portugues (vide anexo 1), conforme descrito acima, alem de informacoes sobre o curso frequentado, sexo, semestre frequentado e idade do respondente. O respondente indicava seu grau de concordancia com cada uma das 47 afirmacoes, em uma escala de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo plenamente). Do total de 47 itens, 12 foram formulados em ordem inversa. Houve tambem o cuidado de dispor as questoes de modo aleatorio para evitar a apresentacao em bloco de questoes referentes a um mesmo constructo. Por fim, quatro itens nao respondidos (missing values) foram preenchidos com valores medios para o item em questao.

Para a analise de dados e a validacao da escala foi usada a modelagem de equacoes estruturais (SEM), com analise fatorial confirmatoria de segunda ordem, isto e, o constructo competencia intercultural nao teve mensuracao, mas foi usado para o estabelecimento de relaccoes causais entre os outros constructos ou variaveis latentes (VL). A SEM tem duas grandes vertentes: a baseada em covariancia e a baseada em variancia. O primeiro grupo tem por pressupostos a normalidade multivariada e o segundo e mais livre e permite o uso de dados de muitas naturezas (Hair, Hult e Rigle, 2014). Neste caso, a opcao foi pelo segundo grupo, tambem conhecido como Partial Least Square (PLS), pois uma analise exploratoria inicial mostrou que os dados nao atendiam as condicoes do primeiro grupo de modelos. Para a analise de dados foi usado o software SmartPLS2.0M3. Assim, esta pesquisa e caracterizada como quantitativa exploratoria, pois o uso da PLS-SEM e recomendado quando se tem modelos ainda sem uma estruturacao teorica rigida ou consagrada (Hair et al., 2014).

Para construir o modelo de validaccao do instrumento traduzido, usou-se um atributo logico da SEM com variavel latente de segunda ordem, isto e, um constructo nao mensuravel, o qual funciona como um elemento estruturante que permite que se tenha uma avaliacao das possiveis relacoes indiretas dos outros constructos como "uma totalidade", que e a Competencia Intercultural (objeto maior da escala). As variaveis latentes de primeira ordem referem-se as seis dimensoes de CIs.

Assim, para a validaccao do instrumento foram considerados nove procedimentos:

a. Para aferir a validade convergente foram usados os valores das variaveis medias extraidas (AVE), que mostram qual quantidade cada VL pode explicar dos dados. Como criterio, aceitam-se valores acima de 0,50 (Fornell e Larcker, 1981);

b. Foram calculados os alfas de Cronbach da confiabilidade da escala e da confiabilidade composta (CR), a fim de indicar se os dados estavam livres de tendencias ou vieses e se de fato mediam o que se propunham a medir. Aceitaram-se valores acima de 0,70 (Costa, 2011).

c. Foram avaliados os coeficientes de determinaccao ([R.sup.2]), a fim de entender se, de fato, os itens serviam de explicacao do constructo. Em ciencias sociais e do comportamento, valores de [R.sup.2] = 0,02 sao considerados indicadores de efeito pequeno, [R.sup.2] = 0,13 indicadores de efeito medio e [R.sup.2] = 0,26, grande (Cohen, 1998).

d. Para constatar a validade discriminante dos constructos (Costa, 2011), avaliaram-se as raizes quadradas das AVEs e se as compararam com os coeficientes de correlacao de Pearson (r) para cada VL. O criterio de aceitacao usado e a raiz quadrada das AVEs >r (Hair et al., 2014).

e. Foi medido o tamanho do efeito ([f.sup.2]), que avalia quanto a retirada de cada constructo piora o modelo geral. Valores acima de 0,35 sao considerados com efeitos grandes (Cohen, 1998).

f. Aferiu-se a relevancia preditiva ([Q.sup.2]), que avalia a acuracia do modelo ajustado. Como criterio, adotam-se valores maiores do que zero (Henseler, Ringle e Sinkovics, 2009).

g. Com o modelo ajustado, verificou-se a qualidade do ajuste (Goodness-of-Fit - GoF). Essa qualidade foi medida por um escore de qualidade global do modelo ajustado. Para modelos em que todos os constructos sao reflexivos (Tenenhaus, Vinzi, Chatelin e Lauro, 2005), valores acima de 0,36 sao adequados (Wetzels, Odekerken-Schroder e Van Oppen, 2009).

h. Foram calculados os testes t para as cargas fatoriais e coeficientes de trajetoria: esses testes t de Student sao calculados para confirmar se ha independencia entre cada variavel e seus respectivos constructos, alem de independencia entre eles. As evidencias (valor-p < 0,05) aparecem quando os valores de T sao maiores do que 1,96 (Hair et al., 2014), em modulo.

i. Por fim, foram feitas as analises dos coeficientes de trajetorias ([GAMMA]). Os [GAMMA]s nao sao correlacoes, mas indicam as relacoes de causalidade entre os constructos. Se, por exemplo, entre dois constructos A e B, o valor de [GAMMA] e de 0,50, isso indica que se A aumentar uma unidade, B aumentara em 0,50. E o equivalente aos [beta]s da tecnica de regressao linear (Hair et al., 2014).

O tabela 1 sintetiza as etapas do SEM com o uso do software PLS-PM.

Por fim, fez-se a estimativa do tamanho amostral minimo para o uso da SEM no PLS-PM. Para tal, usou-se o software G*POWER 3.1.7 (Faul, Erdfelder, Lang e Buchner, 2007), considerando-se como tamanho do efeito moderado (0,15), poder do teste (1-[beta]) = 0,80 (Cohen, 1998) e apenas umpreditor (todos os constructos recebem apenas uma seta), o que resultou no valor de 55 casos. Como a amostra era de 268, entendeu-se que estava muito acima do valor calculado e, portanto, adequada para a tecnica estatistica usada.

Analise dos dados e validacao da escala

Ao se usarem estatisticas descritivas, pode-se descrever a amostra de respondentes. Obtiveram-se 268 respostas validas, 158 das quais eram do sexo feminino e 110 do masculino. A media de idade era de 21 anos (DP=1,94). A maioria (164 sujeitos) indicou ter renda familiar acima de R$ 7.000. Tambem, a maioria (198) residia na Cidade de Sao Paulo e pertencia a cursos da area de Ciencias Sociais Aplicadas. Alem disso, 195 respondentes estavam havia mais de quatro semestres em seus cursos e 132 alunos fizeram algum tipo de intercambio de mais de seis meses no exterior.

Para analise do modelo e da validacao da escala em lingua portuguesa, os dados foram analisados de forma preliminar, sob os seguintes aspectos: observacoes atipicas e teste de normalidade. Os dados foram tratados pelo software SmatPLS. O teste Pk de Mardia (Hair, Black, Babin, Anderson e Tatham, 2009) mostrou-se significante, isto e, os dados nao atendem a uma distribuicao normal multivariada.

A primeira analise feita indicou que cinco constructos (dos seis que existiam na escala original) apresentaram valores das AVEs abaixo de 0,50. Isso mostrou que havia muitas variaveis ou itens da escala com cargas fatoriais baixas. Nessas situacoes, o procedimento adequado e a retirada de itens e a relacao de nova analise (Costa, 2011). Apos a retirada de 26 itens, conseguiu-se um ajuste adequado. A eliminacao de variaveis e um procedimento corriqueiro nas SEM, pois a intencao geral e buscar um conjunto de itens aderentes ao modelo com forca para explica-lo (Pedhazur, 1997). O tabela 2 mostra os indicadores de qualidade de ajuste do modelo fatorial purificado.

A analise do tabela 2 mostra que os valores das AVEs, da confiabilidade composta e do [R.sup.2] sao muito adequados e que o modelo esta muito bem ajustado, pois atende a todos os quatro criterios adotados.

Contudo, o valor do alfa de Cronbach para o constructo empatia etnocultural (0,177) nao se mostra adequado. Em principio, esse valor indica que se deveria ter descartado o referido constructo, mas uma analise mais detalhada aponta que ele tem apenas duas variaveis. Nesse sentido, Hair et al. (2014) chamam a atencao para o fato de que o alfa de Cronbach e muito sensivel a reducao (ou aumento) de variaveis que componham um resultado seu, pode se mostrar "inflacionado" ou "deflacionado". Dessa forma, o teste de confiabilidade composta (ou rho de Dillon-Goldstein) apresenta um valor mais isento de variacoes espurias e mostra um resultado mais real.

Assim, a decisao foi manter o constructo empatia etnocultural, pois seu valor de confiabilidade composta se apresentou acima de 0,70. Ainda, o tabela 2 mostra que o modelo apresenta validade convergente, pois todas as AVEs se apresentaram com valores acima de 0,50.

Em seguida avaliou-se a validade discriminante. O tabela 3 mostra os valores das raizes quadradas das AVEs e sua comparacao com os coeficientes de correlacao de Pearson (r) entre as VLs. Na diagonal principal esta o valor das raizes quadradas das AVEs (em negrito).

Na analise da tabela 3, constata-se que os valores das raizes quadradas das AVEs sao maiores do que o valor dos coeficientes de correlacao de Pearson (r), o que indica que o modelo tem validade discriminante e, portanto, pode ser aceito como adequado (Fornell e Larcker, 1981).

Por fim, usou-se o recurso de reamostragem (bootstrap) do SmartPLS para estimar a validade das relacoes entre variaveis e constructos dos modelos de mensuracao e dos coeficientes de regressao do modelo estrutural. Os resultados indicaram que todas as correlacoes (variaveis e constructos) se mostraram com valores do teste t de Student acima de 1,96, em modulo. Isso indica que os valores-p sao menores do que 0,05 (p<0,05). Assim, as relacoes de correlacao entre os constructos e as variaveis e os coeficientes de caminho sao aceitas (Hair et al., 2014).

O proximo passo e a avaliacao dos tamanhos dos efeitos ([f.sup.2]) e das relevancias preditivas ([Q.sup.2]). O tabela 4 apresenta os respectivos calculos.

Na analise da tabela 4, contata-se que os valores do tamanho dos efeitos ([f.sup.2]) e da relevancia preditiva ([Q.sup.2]) atendem aos criterios de Cohen (1998), bem como de Henseler et al. (2009), e mostram que os constructos e as variaveis formam uma escala valida para as CIs.

Em seguida, calculou-se o valor da qualidade do ajuste (GoF) e obteve-se o valor de 0,493, o que indica que o modelo tem um bom ajuste (Wetzels et al., 2009).

Na sequencia, calcularam-se os testes t para as cargas fatoriais e os coeficientes de trajetoria e todos se mostram acima de 1,96, em modulo. Isso indica que o modelo, em suas varias relaccoes, e significante e permite ser analisado. O tabela 5 mostra os valores t. Os valores dos testes t para as cargas fatoriais--relacoes entre os constructos e as variaveis--mantiveram-se acima do valor referencial (1,96), mas nao foram apresentados em tabela em razao da elevada quantidade de informaccoes.

Por fim, interpretando a ultima etapa (coeficientes de trajetoria--[GAMMA]) (vide tabela 6 e fig. 1), observa-se que tres constructos (autoeficacia, desejo de se envolver e flexibilidade cognitiva) tem relacoes fortes ([GAMMA]> 0,750) com o constructo endogeno competencia intercultural, o que indica haver uma relaccao estreita entre eles. Dois sao moderados (empatia etnocultural e tolerancia a incerteza) ([GAMMA] [approximately equal to] 0,500) e apenas um tem relacao moderadamente fraca (controle emocional) ([GAMMA] = 0,399). Isso indica que contribui pouco para o conceito geral de competencia intercultural.

Desse modo, o modelo apresentado na figura 1 e o modelo valido para medir as CIs no ambiente cultural brasileiro, uma vez que tanto a validade discriminante quanto a convergente foram asseguradas e os itens que faziam com que a escala se desviasse de seus propositos foram eliminados. Assim, pode-se assegurar que o instrumento com 21 itens distribuidos em seis constructos e o que mede as CIs, apos traducao.

Consideracoes finais

A pesquisa relatada neste artigo produziu evidencias de que a escala CCCI permanece valida quando traduzida e adaptada para o portugues e aplicada a estudantes universitarios brasileiros. Nao so o instrumento permanece valido, como todas as seis dimensoes que o compoem continuam validas. Esses resultados sao importantes do ponto de vista teorico porque reforcam o conhecimento de que esse grupo de constructos tem validade em diferentes culturas nacionais e em diferentes perfis profissionais.

Apesar de o instrumento ter sido validado com uma amostra de estudantes universitarios e, portanto, a verificaccao de sua validade fora desse contexto requeira novos testes, inexiste qualquer indicacao, com base na teoria, de que ele nao seja valido para outras categorias profissionais e demograficas no Brasil. Pelo contrario, todos os constructos que o compoem foram desenvolvidos e validados em ingles em que foram consideradas populaccoes diversificadas. Como o instrumento se mostrou valido quando traduzido para uma categoria--e, como no original, ele era valido para diferentes populacoes--, e razoavel supor que traduzido ele continue valido para contextos variados.

Do ponto de vista da pratica academica, a pesquisa oferece um instrumento de medida de CIs validado para estudantes universitarios brasileiros. Essa oferta facilita a avaliaccao da efetividade de programas de intercambio internacionais e outros voltados para desenvolver CIs. Ela facilita tambem a comparacao da efetividade entre diferentes tipos de intercambios, diferentes duraccoes e destinos geograficos. A pesquisa tambem aumenta a validade do CCCI, um instrumento de medida de CIs relativamente recente e com relaccao ao qual esse tipo de evidencia ainda e limitado.

A pesquisa apresenta como limitacao o fato de a amostra ter sido colhida em apenas uma instituicao de ensino superior. A reproducao desta pesquisa em outros estados do pais e com instituiccoes que atendam publicos diversos e uma possibilidade de pesquisa futura que este estudo sugere.

Conflitos de interesse

Os autores declaram nao haver conflitos de interesse.

Anexo 1. Itens que compuseram o instrumento submetido a validacao estatistica e que compoem o instrumento validado

O numero antes do item indica a posicao em que ele estava no questionario submetido aos estudantes. Os itens que permaneceram apos a validacao estatistica (nao foram descartados) estao em negrito. Os itens junto aos quais existe um asterisco (*) estao invertidos.

A.1. Vontade de se envolver

1. Gostaria de conhecer outras culturas que nao me sao familiares.

7. Quando vejo alguem que conheco, geralmente paro e converso com ele.

13. Gosto muito de viajar para outros paises.

19. Gosto de estar com grupos de amigos.

25. Busco oportunidades de falar com individuos de outras culturas a respeito de suas experiencias.

30. Tenho a tendencia de puxar conversa com pessoas em uma fila ou que estejam ao meu lado no aviao.

35. Gosto de falar em grandes reunioes com amigos e conhecidos.

40. Gosto de interagir com pessoas de diferentes culturas.

[FIGURE 1 OMITTED]

A.2. Flexibilidade cognitiva

26. Quando tento solucionar um problema sou capaz de prever as consequencias de longo prazo decorrentes de minhas acoes.

31. Sempre vejo diversas possiveis solucoes para os problemas que enfrento.

36. Ao pensar sobre um problema, considero as diferentes opinioes possiveis.

41. Gosto de apresentar novos planos e novas ideias.

44. As ideias de nossa sociedade sobre o certo e o errado podem nao ser corretas para todas as pessoas do mundo.

45. Mesmo depois de ter tomado minha decisao sobre algo, estou sempre aberto a considerar diferentes opinioes.

46. Acredito que o tempero da vida e a variedade.

47. Ao considerar a maioria das situacoes de conflito, geralmente consigo entender as posrcoes de ambos os lados.

A.3. Controle emocional

3. Quando quero evitar emocoes negativas (ira, frustracao ou tristeza), mudo a maneira de pensar sobre uma situacao. 9. Para controlar minhas emocoes mudo a maneira como penso a respeito da situacao em que me encontro.

15. Para sentir mais emocoes positivas (felicidade ou divertimento), mudo o assunto sobre o qual estou pensando.

21. Para sentir menos emocoes negativas (tristeza, frustracao ou ira), mudo o assunto sobre o qual estou pensando.

A.4. Tolerancia a incerteza

4. Gosto de ter um plano e um lugar para tudo.*

10. Prefiro estar com pessoas que me sao familiares por saber o que esperar delas.*

16. Nao gosto de me colocar em situacoes sem saber o que esperar delas.*

22. Quando estabeleco uma rotina consistente me sinto mais capaz de aproveitar a vida.*

27. Acredito que metodo e organizacao sao as caracteristicas mais importantes de um bom estudante.*

32. Sinto-me desconfortavel quando nao entendo a razao pela qual um evento ocorreu na minha vida.* 37. Fico incomodado quando o pensamento ou a intencao de alguem nao me sao claros.*

A.5. Autoeficacia

5. Sempre consigo solucionar problemas dificeis se me esforco o bastante.

11. Sempre consigo lidar com o que me aparece, independentemente do que seja.

17. Sei lidar bem com eventos inesperados.

23. Tenho facilidade de manter meus intuitos e alcancar meus objetivos.

28. Sou capaz de permanecer calmo ao enfrentar dificuldades porque confio nas minhas habilidades de enfrentamento.

33. Tenho confianca de que posso me acostumar a situacoes incomuns de vida em outras culturas.

38. Tenho certeza de que seria capaz de lidar com todo o stress de ajuste a uma cultura nova para mim.

42. Sou capaz de socializar com pessoas de diferentes culturas

A.6. Empatia etnocultural

6. Fico irritado quando pessoas de diferentes culturas ou etnias falam seu idioma nativo ao meu lado.*

12. Tenho dificuldade de me colocar no lugar de alguem de outra cultura.*

18. E facil entender qual seria a sensacao de ser alguem de outra cultura.

24. Quando lido com pessoas de culturas diferentes, meu principal objetivo e compreender seus pontos de vista.

29. Lamento por pessoas de outras culturas pensarem que alguem esta levando vantagem sobre elas.

34. Fico ofendido quando oucco piadas ou girias para descrever pessoas de outros grupos etnicos ou culturas.

39. Fico impaciente ao me comunicar com pessoas de diferentes culturas mesmo quando elas se comunicam muito bem.*

43. Eu raramente penso no impacto das piadas sobre os membros de diferentes culturas.*

http://dx.doi.org/10.1016/j.rege.2015.10.001

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(a) Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Sao Paulo, SP, Brasil

(b) Universidade Nove de Julho (Uninove), Sao Paulo, SP, Brasil

(c) Fundacao Getulio Vargas, Sao Paulo, SP, Brasil

Recebido em 28 de novembro de 2014; aceito em 27 de outubro de 2015 Disponivel na internet em 13 de maio de 2016

* Autor para correspondencia.

E-mail: [email protected] (M.G. Neto). Tabela 1 Sistematica para avaliar os modelo SEM com PLS-PM Etapa Tipo de teste Valores referenciais / Referencias criterios de analise 1 Validade AVE >0,50 * Fornell e convergente Larcker (1981) 2 Alfa de AC >0,70 Hair et al. Cronbach (AC) CC>0,70 (2014); Costa e (2011) Confiabilidade composta (CC) 3 Coeficientes de [R.sup.2] = 0,02 efeito Cohen (1988) determinacao pequeno, [R.sup.2] = 0,13 ([R.sup.2]) medio e [R.sup.2]= 0,26 grande 4 Validade [check] AVE>r ** Hair et al. discriminante (2014) 5 Tamanho do [f.sup.2] > 0,35 Cohen (1988) efeito ([f.sup.2]) 6 Relevancia [Q.sup.2] > 0,00 Henseler et al. preditiva (2009) ([Q.sup.2]): 7 Qualidade do GoF >0,36 Tenenhaus et ajuste (GoF) al.(2005); Wetzels et al. (2009) 8 Teste t de [absolute value of Hair et al. Student valores T] > 1,96 (2014) 9 Coeficiente de *** Hair et al. caminho (T) (2014) Fonte: Elaborada pelos autores Nota: * AVE--variancia media extraida. ** r--coeficiente de correlacao de Pearson. *** Nao ha valores referenciais. Tabela 2 Especificacao do modelo estrutural geral Variaveis AVE Confiabilidade [R.sup.2] Alfa de latentes composta Cronbach Autoeficacia 0,518 0,842 0,739 0,766 Controle 0,516 0,808 0,159 0,709 emocional Desejo de 0,521 0,812 0,594 0,693 se envolver Empatia 0,545 0,700 0,356 0,177 etnocultural Flexibilidade 0,520 0,813 0,672 0,693 cognitiva Tolerancia a 0,690 0,816 0,198 0,550 incerteza Valores de AVE >0,50 CR > 0,70 [R.sup.2] > CA > 0,70 referencia 0,26 Fonte: Elaborada pelos autores. Tabela 3 Correlacoes entre as variaveis latentes e as raizes quadradas das AVEs LV Autoeficacia Controle Desejo de emocional se envolver Autoeficacia 0,719 Controle emocional 0,202 0,720 Desejo de se envolver 0,584 0,145 0,722 Empatia etnocultural 0,426 0,231 0,416 Flexibilidade cognitiva 0,548 0,349 0,558 Tolerancia a incerteza 0,390 -0,092 0,309 LV Empatia Flexibilidade Tolerancia etnocultural cognitiva a incerteza Autoeficacia Controle emocional Desejo de se envolver Empatia etnocultural 0,737 Flexibilidade cognitiva 0,407 0,721 Tolerancia a incerteza 0,215 0,226 0,831 Fonte: Elaborado pelos autores. Nota: Na diagonal principal (em negrito) estao os valores das raizes quadradas das AVEs. Tabela 4 Valores dos tamanhos dos efeitos ([f.sup.2]) e das relevancias preditivas ([Q.sup.2]) LV [Q.sup.2] [f.sup.2] Autoeficacia 0,342 0,279 Controle emocional 0,075 0,215 Desejo de se envolver 0,320 0,2171 Empatia etnocultural 0,175 0,133 Flexibilidade cognitiva 0,347 0,224 Tolerancia a incerteza 0,108 0,125 Valores de referencia [Q.sup.2] [f.sup.2] =0,350 = > [right arrow] 0 grande; 0,15 => medio e 0,02 [right arrow] pequeno Fonte: Elaborada pelos autores. Tabela 5 Valores t das relacoes causais entre os constructos do modelo ajustado Relaccoes causais valores t Competencia intercultural -> 43,69 Autoeficacia Competencia intercultural -> 5,39 Controle emocional Competencia intercultural -> 30,12 Desejo de se envolver Competencia intercultural -> 13,15 Empatia etnocultural Competencia intercultural -> 30,29 Flexibilidade cognitiva Competencia intercultural -> 6,97 Tolerancia a incerteza Valores de referencia [absolute value of valor T] > 1,96 (p[greater than or equal to] 0,05) Fonte: Elaborada pelos autores. Tabela 6 Coeficientes de caminho ([GAMMA]) das relacoes causais entre os constructos do modelo ajustado Relaccoes causais Coeficiente de caminho (T) Competencia intercultural -> Autoeficacia 0,860 Competencia intercultural -> Controle emocional 0,399 Competencia intercultural -> Desejo de se envolver 0,771 Competencia intercultural -> Empatia etnocultural 0,597 Competencia intercultural -> Flexibilidade cognitiva 0,820 Competencia intercultural -> Tolerancia a incerteza 0,445 Fonte: Elaborada pelos autores.
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