摘要:Sob um modo de produção desigual, a produção do espaço é um fenômeno classista propositalmente excludente. Os regentes urbanos, aliados aos planejadores estatais, criam marcas na paisagem que revelam a divisão da cidade em pedaços heterogêneos, munidos de mais ou menos equipamentos e serviços segundo a clientela socioeconômica a que se destinam. A industrialização acelerada que recai em alguns municípios brasileiros – basicamente o de Três Lagoas/MS – intensifica o apinhamento populacional, a migração, a extensão da malha urbana e o adensamento seletivo de serviços e objetos, de maneira tão apressada que o chão municipal aparenta epidermicamente estar destroçado, quando, na verdade, representa fielmente a processos desigualmente combinados, comprometidos com o geopoder classista. O pulsar do grande capital industrial atrai gentes e interesses, fazendo proliferar, como consequência da essência metabólica do sistema, a repulsa pelos interesses da maioria, expulsos tanto do centro citadino como do centro da atenção pública. Os abastados, por outro lado, além de terras e isenções às atividades econômicas industriais, recebem estímulos e autorização para habitar redutos urbanos privados, que reforçam, como um ciclo vicioso, a supremacia do privado sobre o público, ratificando a vitória do economicismo sobre o social.