摘要:Nas interpretações da evolução dos PALOPs, muitas vezes o que foi feito, em particular por académicos de esquerda, corresponde exatamente ao que os autores pioneiros dos estudos subalternos na Índia censuravam aos autores próximos do nacionalismo modernista do Partido do Congresso ou do marxismo estalinizado do Partido comunista da Índia: a saber, uma hipertrofia do papel dos discursos, do papel das elites em via de globalização e uma desvalorização das expressões das subalternidades. Além disso, se muitos artigos, teses, e livros em ciências sociais sobre e nos países de língua portuguesa incluíram frequentemente nos seus títulos a palavra “pós(-)colonial” a partir dos finais do século xx, na grande maioria dos casos, o sentido foi meramente cronológico (“pós-colonial”), sem ligação com uma aproximação teórica “póscolonial”. Mas também se deve evitar a essencialização da herança colonial trazida pela teoria póscolonial, que subestima os processos contemporâneos de produção da subalternidade, sem os quais essas heranças coloniais perderiam rapidamente a sua relevância em certos estratos sociais. Neste contexto, o objetivo deste artigo é desenvolver uma análise subalternista mas “pós-póscolonial” da evolução dos PALOPs, relativizando o papel do discurso político das elites no poder, para dar prioridade à evolução das formações sociais, e, neste quadro, voltar a analisar o “conteúdo social” da cultura política manifestada pelo discurso. Além disso, é necessário considerar a grande diversidade dos PALOPs, que são países bem mais inseridos na história das suas regiões respectivas do que “ex-portugueses”.