摘要:Por mais cuidadosas que pareçam e por muito que sejam expressas de modo duvidoso ou assertivo, as especulações das sociedades mesoamericanas sobre sua própria história impregnam profundamente a trama de evento rituais. Essas reflexões surgem de forma imprevista para tentar compreender os comportamentos desarmônicos, os registros de enfermidades e os de bruxaria; brota de um passado reprimido o estímulo dos velhos costumes assim que uma ordem se encontra ameaçada ou quando instâncias sobrenaturais devem ser veneradas. Entre os Otomí, graças ao seu agrupamento de fragmentos de cantos, de mitos dispersos, podemos reconstruir as linhas diretizes de um pensamento que assimila a evocação (mpeni ) de eventos do passado a uma carga ( beni ). De acordo com um esquema hierárquico que governa os procedimentos cerimoniais de regresso dos ancestrais, o passado surge dos abismos subterrâneos nos quais habita, sobre a forma de múltiplas figuras, o Senhor do mundo, espécie de escriba obscuro que mantém ordenado o registro do tempo vivido, estende seu poder sobre os atos, os pensamentos e os autores, que uma vez mortos, permanecem prisioneiros no Viejo Costal 2 , o tøzâ , na sua pele e na do universo noturno, como se fosse o invólucro da história. Assim, através das explosões caóticas dos gestos carnavalescos e da Festa de Todos os Santos, quando o tempo passado desdobra-se rapidamente para distribuir palavras mortas, pesadas e cheias de energia, é que haverá novamente a fecundação de um mundo ameaçado por uma entropia contínua.