Is it the motion picture or the theater? What influences moviegoers in porto alegre?/O filme ou a sala? O que leva o espectador porto-alegrense ao cinema?/?La pelicula o la sala de cine? ?Que es lo que lleva el espectador portoalegrense al cine?
Slongo, Luiz Antonio ; Esteves, Priscila Silva
1. INTRODUCAO
Ao falarem sobre recursos temporais, Engel, Blackwell e Miniard
(2000) inferem que, em razao da falta de tempo, os consumidores passam a
valorizar os seus momentos de lazer tanto quanto seu dinheiro. A ida ao
cinema, nesse contexto, tem sido vista como uma das principais opcoes de
lazer das populacoes das grandes cidades.
Uma mudanca expressiva no panorama das salas de exibicao vem
ocorrendo e, paralelamente a isso, ha um aumento na frequencia de idas
ao cinema no Brasil (ainda considerada muito baixa se comparada a de
outros paises). As empresas de exibicao e produtoras de filmes estao
cada vez mais preocupadas em atrair e conquistar clientes para obter uma
fatia desse mercado. Levando-se em conta as alteracoes ocorridas no
panorama deste mercado, acredita-se ser pertinente a realizacao desta
pesquisa, cuja proposta e compreender e analisar as principais
motivacoes e atributos que determinam a ida dos espectadores ao cinema
na capital gaucha. Estes dados poderao nortear a tomada de decisao das
empresas que trabalham neste ramo, no sentido de que estas oferecam ao
consumidor o que ele realmente valoriza.
O trabalho e estruturado da seguinte maneira: primeiramente, e
apresentada a delimitacao do tema de pesquisa, contendo uma
contextualizacao da industria no Brasil e no mundo, com foco no mercado
de Porto Alegre; a seguir, e apresentado um pequeno referencial teorico,
que aborda os topicos comportamento do consumidor e processo de decisao
de compra, atributos e motivacoes de compra, bem como a metodologia, que
narra como foram realizadas as diferentes etapas da pesquisa; para
concluir, sao apresentados os resultados da pesquisa, juntamente com as
analises realizadas.
2. DELIMITACAO DO TEMA
O Brasil apresenta um dos mais baixos indices mundiais de
frequencia de sua populacao as salas de exibicao cinematografica.
Enquanto nos Estados Unidos cada habitante vai ao cinema pelo menos
cinco vezes ao ano, no Brasil esse indice e de 0,4 vezes, segundo Nilson
Rodrigues (2006), diretor da Agencia Nacional do Cinema. Isso significa
que, em media, o espectador brasileiro vai ao cinema apenas
"meia" vez ao ano, nao sendo incomum encontrar pessoas que
nunca foram ao cinema.
Segundo Fagundes e Schartz (2006), o Brasil possui aproximadamente
2045 salas de cinema--o que corresponde a cerca de uma sala para cada 91
mil habitantes -, distribuidas em apenas 8% do total de municipios
brasileiros. Apenas seis Estados (SP, RJ, MG, DF, RS e PR) e dez
municipios (Sao Paulo, Rio de Janeiro, Brasilia, Belo Horizonte,
Curitiba, Porto Alegre, Campinas, Salvador, Recife e Goiania) congregam,
respectivamente, 71% e 40% do numero de salas do Pais. Segundo o IBGE,
dos municipios com ate 20 mil habitantes, 98% nao possuem salas de
cinema. A precaria situacao do mercado de exibicao brasileiro (em numero
de salas) fica ainda mais evidenciada quando analisados os casos do
Mexico, da Argentina e dos Estados Unidos. No Mexico, ha uma sala de
cinema para cada 44 mil habitantes; na Argentina, uma sala para cada 37
mil; nos Estados Unidos, uma para cada 10 mil.
O panorama das estruturas de exibicao cinematografica vem se
alterando. Observa-se uma tendencia mundial de criacao de multiplex, um
complexo de salas de exibicao com excelentes recursos cinematograficos
surgido nos Estados Unidos, alem de conforto, qualidade, modernidade,
praticidade e seguranca. No Brasil, o multiplex apareceu em 1997, a
partir da entrada no pais de grandes exibidores estrangeiros, como o
Cinemark e a UCI. Isso vem provocando uma alteracao no comportamento do
publico que frequenta o cinema: a migracao para esse tipo de complexo.
Uma consequencia disso e que, entre os anos de 1991 e 2000, cerca de 430
salas de cinema de rua encerraram suas atividades no Brasil, segundo
Saab e Ribeiro (2006) em artigo enviado ao site Cinema Brasil. A
estimativa e de que, em 2010, cerca de 79% do circuito nacional sera
composto de salas com o conceito multiplex.
Em contraposicao a esses numeros negativos da situacao brasileira,
a cidade de Porto Alegre apresenta indices que podem ser comparados aos
de paises do primeiro mundo. Segundo dados do site Adoro Cinema, esta e
a capital brasileira com maior numero de salas de exibicao por
habitantes (aproximadamente uma para cada 20.000), superando a grande metropole Sao Paulo, que possui praticamente o dobro de habitantes por
sala. Esse e um dado que, de certa forma, preocupa as empresas que
trabalham nesse ramo em Porto Alegre, pois, ainda que o povo brasileiro
nao possua o habito de frequentar cinemas, a capital gaucha possui um
elevado numero de salas, o que ocasiona uma grande concorrencia entre as
empresas do ramo.
As empresas que trabalham no ramo estao preocupadas em promover
melhorias que atraiam cada vez mais clientes para suas salas. Ao mesmo
tempo, as produtoras de filmes procuram formas de levar o espectador ao
cinema para assistir aos seus filmes. Com base nessas inferencias, este
artigo tem como principal objetivo responder a pergunta: "Quais sao
os principais atributos das salas de exibicao e dos filmes e as
motivacoes que determinam a ida do espectador ao cinema na cidade de
Porto Alegre?". A resposta a essa pergunta pode vir a ser de grande
utilidade para empresas que trabalham no ramo, pois podera guiar tomadas
de decisao que foquem as caracteristicas mais valorizadas pelos
espectadores.
3. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
O estudo do comportamento do consumidor e o estudo de como os
individuos tomam decisoes de gastar seus recursos disponiveis (tempo,
dinheiro, esforco) em itens relacionados ao consumo. O comportamento do
consumidor engloba o estudo do que compram, por que compram, quando
compram, onde compram, com que frequencia compram e com que frequencia
utilizam o que compram (SCHIFFMAN; KANUK, 1997).
Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000), comportamento do
consumidor sao as acoes diretamente envolvidas em obter, consumir e
dispor de produtos e servicos, incluindo os processos de decisao que
precedem e seguem essas acoes. O estudo do comportamento do consumidor
vem se tornando cada vez mais importante, pois possibilita as empresas
compreender e identificar os desejos e as necessidades do consumidor
quando este busca algum produto ou servico. Dessa forma, as organizacoes
podem tomar decisoes que possibilitam acoes mais focadas nos itens que o
consumidor realmente esta procurando.
3.1. Processo de Decisao de Compra
Este e um dos campos mais importantes no estudo do comportamento do
consumidor.
Considerando-se que uma compra e uma resposta para um problema do
consumidor (SOLOMON, 1996), o processo de decisao de compra envolve a
analise de como as pessoas escolhem entre duas ou mais opcoes de compra.
Mowen (1995) apresenta o seguinte modelo para o processo de decisao de
compra: reconhecimento da necessidade, busca de informacoes, avaliacao
das alternativas, decisao de compra e avaliacao pos-compra.
3.1.1. Reconhecimento da Necessidade
Kotler (1996) afirma que o reconhecimento da necessidade,
coincidente com o inicio do processo de compra, ocorre quando o
consumidor percebe a diferenca entre seu estado atual e um estado
desejado. Ele sabe que ha um problema a ser resolvido, que pode ser
pequeno ou grande, simples ou complexo.
3.1.2. Busca de Informacoes
Apos o reconhecimento da necessidade, os consumidores buscam as
informacoes adequadas a fim de satisfaze-la. Mowen (1995) destaca dois
tipos de busca de informacao: interna e externa. Na busca interna, o
consumidor tenta recuperar de sua propria memoria informacoes sobre
diferentes alternativas de um produto ou servico (quando o consumidor se
encontra em um processo de compra de baixo envolvimento, a busca interna
tende a ser altamente limitada). A busca externa refere-se ao
rastreamento de informacoes no ambiente por meio de, por exemplo,
propaganda, observacao, amigos ou vendedores. A pesquisa de informacoes
de precompra e, segundo Mourali, Laroche e Pons (2005), a etapa
principal no processo de decisao de compra do consumidor.
3.1.3. Avaliacao das Alternativas
Neste estagio, o consumidor compara as opcoes identificadas como
potencialmente capazes de resolver o problema que originou o processo de
decisao (MOWEN, 1995). Quando as opcoes sao comparadas, o consumidor
pode formar crencas, atitudes e intencoes com relacao as alternativas
consideradas. Sobre as opcoes que o consumidor identifica, o evoked set
e formado pelo composto dos produtos que ja se encontram na mente do
consumidor, somados aquele que se manifesta no ambiente externo. Mesmo
assim, a escolha pode ser influenciada por informacoes relativas a
experiencia anterior com o produto, informacoes na hora da compra e
crencas criadas pela propaganda sobre as marcas (SOLOMON, 1996).
3.1.4. Decisao de Compra
Depois da avaliacao das alternativas, o proximo passo no processo
de decisao e a escolha entre as alternativas de produtos ou servicos e
entre as varias opcoes de lojas. Variaveis como distancia entre a loja e
a residencia do consumidor, preco das marcas consideradas e servicos
anexos influenciam no contexto da decisao. Evidencias indicam que, em
escolhas de alto envolvimento, os consumidores tendem a usar o modelo
compensatorio (MOWEN, 1995).
3.1.5. Avaliacao Pos-compra
Depois que o produto e comprado, o consumidor avalia seu desempenho
durante o consumo. Assael (1992) distingue compra de consumo por tres
motivos importantes. Primeiro, o produto pode ser comprado por uma
pessoa e consumido por outra (o consumidor, nao o comprador, determina a
satisfacao com o produto). Segundo, a compra depende da expectativa que
o consumidor deposita na marca de que ela satisfara suas necessidades (o
consumo determina se essas expectativas serao confirmadas). Terceiro, a
avaliacao pos-compra determina a probabilidade de a marca ser comprada
outra vez (a insatisfacao levara o consumidor a nao efetuar a compra uma
segunda vez). Um componente importante da avaliacao pos-compra e a
reducao da incerteza ou duvida que o consumidor pode ter quanto a
escolha (SCHIFFMAN; KANUK, 1997).
4. ATRIBUTOS
Segundo Espinoza e Hirano (2003), um aspecto muito importante em
pesquisas relacionadas ao comportamento do consumidor e a identificacao
das verdadeiras razoes que levam os consumidores a decidir a compra dos
produtos. Conhecer os atributos mais importantes no julgamento do
comprador e uma informacao critica para as decisoes tomadas por
profissionais de marketing.
Os atributos de um produto sao o principal estimulo do consumidor
na tomada de decisao de compra. Esses atributos sao avaliados pelo
consumidor segundo seus proprios valores, crencas ou experiencias
passadas (PETER; OLSON, 1996). O estudo e a mensuracao dos atributos sao
fundamentais ao entendimento das crencas do consumidor com relacao a um
determinado produto ou marca (ASSAEL, 1992). Os atributos podem ser
vistos como propriedades ou caracteristicas intrinsecas ao produto, e
ser concretos, observaveis, mensuraveis e de importancia relevante
quando da escolha entre alternativas disponiveis (JOAS, 2002).
Muitos autores buscam classificar os atributos de acordo com
diferentes pontos de vista. Peter e Olson (1996) classificam os
atributos como concretos, cujas caracteristicas representantes sao as
fisicas, e abstratos, caracterizados por evidencias nao tangiveis como
marca, preco, cheiro. Eles afirmam que os atributos sao usados tambem
para posicionar os produtos em relacao a concorrencia na mente de um
consumidor, o que constitui uma ferramenta estrategica de marketing.
Posicionar os produtos de acordo com os seus atributos e um dos metodos
mais conhecidos.
Para Assael (1992), Wells e Prensky (1996) e Zeithaml (apud JOAS,
2002), existe uma outra classificacao para os atributos: intrinsecos e
extrinsecos. Intrinsecos sao aqueles que se referem a composicao fisica
do produto, como cheiro, coloracao, textura, estilo, pureza, sabor, etc.
Os atributos extrinsecos sao aqueles que possuem uma correlacao com o
produto, mesmo nao fazendo parte dele, como preco, marca e nivel de
propaganda. Tanto os intrinsecos quanto os extrinsecos servem de
criterio de avaliacao de qualidade.
No que se refere a influencia efetiva dos atributos na intencao de
compra do consumidor, Zanella (1997) organizou, baseado em uma revisao
da literatura, um "glossario" dos atributos, apresentando-os
sob tres formas:
* Atributos Salientes: atributos que os consumidores conseguem
perceber presentes em um determinado produto-marca, empresa ou
instituicao. Funcionam como um conjunto total de atributos percebidos
por um determinado publico consumidor, sem, entretanto, possuirem grau
de importancia ou determinacao no processo de compra do produto, estando
apenas reconhecidamente presentes em um determinado produto ou marca
para um grupo especifico.
* Atributos Importantes: atributos que um determinado grupo de
consumidores considera importantes no momento da escolha de um produto.
Podemos considera-los como um subgrupo dos atributos salientes; tambem
nao determinam a compra, pois muitos consumidores nao os levam em conta
no momento da compra por considera-los presentes em todos os produtos de
uma determinada classe de produtos da qual se examina a possibilidade de
comprar.
* Atributos Determinantes: atributos situados entre os atributos
importantes que o consumidor considera como capazes de influenciar
positivamente a compra. Sao os atributos cuja existencia e percepcao
apresentam-se para o consumidor como a melhor resposta a satisfacao de
seus desejos com um determinado produto ou marca.
Segundo Joas (2002), pela compreensao dos diversos tipos de
atributos apresentados e de como os consumidores reagem a cada um deles,
podera o profissional de marketing apresentar uma opcao melhor que a do
seu concorrente.
Merrin e Goldfarb (1998) afirmam que a medicao dos atributos-chave
de um produto ou servico e necessaria, porem nao suficiente para prover
a satisfacao do consumidor. Os estudos sobre a satisfacao dos
consumidores precisam incluir um nivel adicional de medida que foque
beneficios funcionais e emocionais, os mais poderosos motivadores de
compra. Segundo esses autores, os atributos sao observaveis e facilmente
vistos e medidos, "como o topo de um iceberg", as motivacoes
por tras desses atributos (e seus beneficios) sao, por sua vez, o resto
do iceberg. Estas podem ser, entretanto, identificadas e medidas.
Mensurar os beneficios, bem como os atributos, propicia um diagnostico
que e crucial a melhora dos produtos ou servicos.
5. MOTIVACOES
O marketing tem inicio com a ideia fundamental de que a maior parte
do comportamento humano, se nao todo, e uma busca deliberada de
satisfacao de necessidades (ENIS apud LIBERALI, 2000). As pessoas agem
de modo que satisfacam suas necessidades e seus desejos, ou seja, as
pessoas procuram as coisas--bens, servicos ou ideias-- acreditando que
elas as satisfarao. O mesmo autor afirma que a base do marketing e a
nocao de troca. E interessante entao analisar como esta surge da
motivacao humana basica de satisfazer necessidades
Para Stanton (1980), uma pessoa toma uma atitude porque e motivada,
isto e, qualquer atitude comecaria com uma motivacao. Um motivo (ou
impulso) e uma necessidade estimulada que o individuo procura satisfazer
(ou seja, ele procura reduzir a tensao). E importante ressaltar que essa
necessidade deve surgir ou ser estimulada.
Muitos psicologos tem desenvolvido teorias sobre a motivacao
humana. Uma delas, bastante usada como base nos processos de persuasao e
motivacao, e talvez a mais usada e conhecida, e a proposta por Abraham
Maslow (1954). Ele elaborou uma teoria muito util da motivacao--a qual
chamou de "Teoria Holistica-dinamica" -, que funde os pontos
de vista de diversas correntes do pensamento psicologico, ao mesmo tempo
em que sao considerados dados clinicos, analiticos e experimentais
(STANTON, 1980).
Maslow estabeleceu uma hierarquia de cinco niveis de necessidades,
em forma de piramide, distribuidos pela ordem em que uma pessoa busca
atende-los. Na base aparecem as necessidades fisiologicas; acima, as
necessidades de seguranca; depois, a necessidade social, de estima; e,
bem acima, as necessidades de autorrealizacao.
Maslow notou que as pessoas apresentam varios tipos de
necessidades, que afloram, aquietam-se e depois desaparecem. Ele propoe
uma hierarquia de necessidades: na base encontram-se as necessidades
mais fortes e no nivel mais alto as mais fracas. E importante salientar
que uma necessidade que se encontra mais acima na hierarquia nao
necessariamente representa um nivel superior, mas sim um nivel
diferente, e o contrario tambem e verdadeiro. Maslow acredita,
entretanto, que uma pessoa passa a ter necessidades mais fracas a medida
que as mais fortes sao satisfeitas.
Stanton (1980) afirma que Maslow admite haver maior flexibilidade
na vida real do que parece inferir o rigido modelo hierarquico. Na
verdade, uma pessoa normal costuma dedicar-se ao atendimento de suas
necessidades em diversos niveis ao mesmo tempo. E raramente todas as
suas necessidades num dado nivel sao inteiramente satisfeitas.
Apesar das criticas, a hierarquia das necessidades proposta por
Maslow e uma ferramenta util para o entendimento das motivacoes dos
consumidores e facilmente adaptavel a estrategia de marketing,
basicamente em razao do fato de uma grande gama de bens, servicos e
produtos servir para satisfazer cada um dos niveis de necessidade. Essa
ferramenta e util porque, por meio dela, os profissionais de marketing
focalizam seus apelos de propaganda num nivel de necessidade que e
compartilhado por uma grande parcela do publico-alvo--individuos com
necessidades psicologicas especificas tendem a ser receptivos a apelos
publicitarios direcionados a essas necessidades. Alem disso, essa
ferramenta facilita o posicionamento ou reposicionamento de produtos.
6. METODOLOGIA
Para atingir os objetivos a que este trabalho se propos, foi
realizado um estudo dividido em duas etapas. A primeira, de carater
exploratorio, e denominada etapa qualitativa, e a segunda, de carater
descritivo, e denominada etapa quantitativa.
6.1. Fase Qualitativa
A primeira fase do estudo foi realizada com o intuito de se
compreender melhor o problema. Esta etapa foi constituida da aplicacao
de entrevistas em profundidade nao estruturadas e flexiveis, que foram
adaptadas pelos pesquisadores durante sua realizacao. Malhotra (2006)
aponta alguns propositos para a realizacao de uma pesquisa exploratoria:
formular ou definir melhor um problema de pesquisa; identificar
direcionamentos alternativos de acao; formular hipoteses; identificar
variaveis e relacoes para investigacao futura; obter insights para
desenvolver a abordagem do problema; e estabelecer prioridades para
futuras pesquisas.
Foram realizadas entrevistas em profundidade com entrevistados
selecionados por julgamentos (espectadores assiduos). O numero
necessario de entrevistas foi definido conforme a incidencia de
repeticao das respostas, pois, a partir desse ponto, a contribuicao
marginal do entrevistado passa a ser muito pequena para o
desenvolvimento da pesquisa.
Cada entrevista teve duracao de cerca de trinta e cinco minutos. Os
entrevistados tinham entre 17 e 47 anos de idade e frequencia minima de
duas idas ao cinema por mes. Com base na analise dos dados desta fase
foi elaborado um questionario quantitativo, aplicado a uma amostra
representativa dos frequentadores assiduos das salas de cinema de Porto
Alegre.
6.2. Fase Quantitativa Descritiva
A partir das respostas coletadas na etapa qualitativa, elaborou-se
um questionario estruturado, aplicado a pessoas que costumam ir ao
cinema em Porto Alegre com a frequencia minima de uma vez por mes. Em
vista da dificuldade de quantificar o numero de individuos com esse
perfil, foi utilizada uma amostra nao probabilistica. As amostras foram
construidas observando a frequencia de ida ao cinema, juntamente com as
seguintes variaveis de controle: sexo, renda, idade e grau de instrucao.
Segundo Malhotra (2001), a amostra nao probabilistica e uma tecnica
de amostragem que nao utiliza selecao aleatoria, pois confia no
julgamento pessoal do pesquisador. O intuito era de que fossem coletados
no minimo 250 casos, numero alcancado por meio do calculo de amostras
para populacoes infinitas, com coeficiente de confianca de 95,5% e erro
amostral de 6,5%. Ao final, obtiveram-se 398 questionarios. Desse total
foram excluidos 67 casos, por conterem respostas nao aceitaveis ou
incompletas, estabelecendo-se uma amostra final de 311 casos validos.
A coleta foi realizada por meio da internet, mediante um
questionario autorrespondivel estruturado, preenchido de forma objetiva
pelo respondente da pesquisa em um link hospedado no servidor da
universidade.
O uso da internet se justifica por permitir a constituicao de uma
amostra expressiva com baixos custos de investimento (WEIBLE; WALLACE,
1998). Ha tambem indicios de uma maior autorreflexao e consciencia nas
respostas a questionarios pela web, o que indicaria que esse meio pode
atingir sentimentos mais profundamente arraigados nos respondentes
(HANNA et al., 2005).
As questoes foram avaliadas segundo uma escala tipo Likert, que
varia de 1 a 5 pontos, para identificar o nivel de concordancia ou
discordancia do entrevistado com a afirmativa, ou a intensidade de
importancia da afirmativa para o entrevistado. A escala apresentava,
ainda, a opcao SCO (Sem Condicoes de Opinar), para que a impossibilidade
de resposta fosse considerada.
7. ANALISE DOS RESULTADOS
A amostra dos frequentadores das salas de cinema de Porto Alegre
que participaram do estudo apresenta as seguintes caracteristicas:
a) E predominantemente feminina (57,1%);
b) 90% possui ate 39 anos, enquanto 63,7% possui ate 26 anos;
c) E composta essencialmente de solteiros (82,2%), o que pode ser
atribuido, entre outras razoes, a faixa etaria da amostra, conforme
visto no item b;
d) 94,3% tem curso superior completo ou em andamento;
e) Praticamente 50% recebe remuneracao inferior a 5 salarios
minimos. Algumas das razoes disso seriam a faixa etaria pouco avancada e
tambem o grau de instrucao (grande parte nao possui um emprego estavel
ou esta estagiando).
7.1. Frequencia de idas ao cinema
Com relacao a frequencia de idas ao cinema, descobriu-se que 51,9%
dos respondentes vao ao cinema apenas uma vez por mes e que existe pouca
incidencia de pessoas que vao ao cinema mais de uma vez por semana
(apenas 2,7%). Com base nos dados apresentados na tabela abaixo, pode-se
perceber que, na amostra selecionada, ha uma quantidade maior de pessoas
que frequentam cinemas nos finais de semana. Ha, porem, uma concordancia
pouco significativa quanto a um aumento na frequencia de ida ao cinema
nos ultimos tres anos, o que indica que houve um crescimento, presente
contudo no dia a dia de apenas uma parcela da amostra.
Os cinemas salientados como os mais frequentados pela amostra sao o
Unibanco Arteplex, com 31,1% das respostas, e o Cinemark Bourbon Ipiranga, com 26,9%. Cabe destacar que 7,3% dos entrevistados afirmaram
ir a cinemas do denominado "circuito alternativo", no qual
estao incluidos a Casa de Cultura, a Sala PF Gastal e o Santander, entre
outros.
A companhia mais frequente nas idas ao cinema e a do namorado(a),
esposo(a), noivo(a), etc. (59,8%), seguida dos amigos(as) (27,8%). E
interessante observar que existe, ainda, uma pequena parcela que afirma
ir sozinha ao cinema (7,3%).
Foi analisado, tambem, o genero cinematografico favorito, e o drama
aparece em 1[degrees] lugar, com 19% das respostas, seguido do suspense e da comedia romantica, com 17,5% e 16,6% respectivamente. A comedia
aparece em 4[degrees] lugar, com 12,7% da preferencia da amostra, e acao
e aventura ficam empatadas em 5[degrees] lugar, ambas com 7,9%.
7.2. Analise das motivacoes
Dentre as motivacoes destacadas como importantes para a ida ao
cinema, identificou-se que a maioria absoluta das pessoas concorda
fortemente que uma das principais e entretenimento e lazer. Outras duas
medias que chamam bastante atencao sao as das questoes 9 e 12, que
mostram que grande parte da amostra vai ao cinema para adquirir cultura
e tambem para aproveitar a companhia de amigos(as), familia,
namorado(a), etc.
As questoes que apresentaram a maior discordancia foram a 10 e a
16, demonstrando que grande parte discorda que va ao cinema para ter um
assunto a comentar com outras pessoas ou por falta de outras opcoes de
lazer na capital.
7.3. Analise dos fatores desmotivacionais para ida ao cinema
A partir dos dados coletados, observou-se que ha um maior grau de
concordancia com os seguintes fatores desmotivacionais: pessoas
conversando durante o filme (3,84), celular dos espectadores tocando
(3,85) e falhas na projecao (3,75), situacoes que incomodam fortemente o
publico espectador. Por outro lado, excesso de propagandas e pessoas que
chegam atrasadas a sessao podem ate aborrecer o publico que assiste aos
filmes, porem nao de maneira tao determinante quanto os fatores
anteriormente citados.
7.4. Analise dos atributos da sala
A tabela abaixo apresenta a media de importancia dos atributos das
salas, dos quais os selecionados como mais importantes aparecem nas
questoes 24, 25 e 27, o que mostra que as pessoas dao muito valor ao
conforto das poltronas, a limpeza e higiene e a localizacao. Essas
informacoes sao importantes para as empresas exibidoras, que podem, com
isso, focar seus esforcos na efetivacao de melhorias daqueles atributos
que sao mais valorizados pelo espectador.
A menor media de importancia encontrada refere-se a qualidade da
pipoca. E importante observar que a media de importancia deste atributo
destoa muito das dos outros sete analisados, uma vez que e de 2,2,
enquanto as dos demais sao superiores a 4,2. Com isso, pode-se inferir
que, apesar de grande parte das pessoas consumir pipoca durante os
filmes, a qualidade desta nao e determinante na hora da escolha de uma
sala em relacao a outra.
7.5. Analise dos atributos do filme
Os atributos considerados mais importantes pelas pessoas aparecem
nas questoes 32 e 33, ou seja, os espectadores dao muito valor ao
roteiro e ao elenco do filme na hora de escolher qual pelicula vao
assistir dentre aquelas que estao em cartaz. As menores medias de
importancia encontradas foram nas questoes de numero 36, 37 e 38, que se
referem a midia e publicidade, efeitos especiais e dinheiro investido,
respectivamente.
Esta analise e muito interessante, uma vez que algumas empresas
investem uma grande quantidade de dinheiro em midia, publicidade e
efeitos especiais, acreditando que somente assim gerarao publico, e
acabam se esquecendo de focar seus esforcos na real importancia que os
espectadores dao a aspectos como a qualidade do roteiro desenvolvido e a
presenca de bons atores no elenco.
E importante analisar que, diferentemente dos atributos da sala
(cuja grande maioria obteve uma alta media de importancia, acima de
4,2), apenas um dos oito atributos do filme selecionados para integrar
esse bloco de questoes obteve esse indice. Isso pode ser um bom
indicador para as grandes empresas produtoras de filmes, uma vez que
revela exatamente onde as empresas devem focar sua atencao para
conquistar um alto numero de espectadores de suas peliculas em cartaz.
8. TESTE T
Foi realizada a analise estatistica denominada "Teste T",
para verificar se o sexo do respondente influenciava estatisticamente
nas respostas das questoes presentes no questionario aplicado. Com esta
analise, encontrou-se significancia nas questoes registradas na Tabela
5.
Analisando-se o sexo e os fatores desmotivacionais, percebe-se que
os homens se sentem muito mais incomodados com pessoas conversando
durante o filme e com o toque do celular de outros espectadores do que
as mulheres (questoes 17 e 18). Observando-se as medias feminina e
masculina da questao 33, e possivel perceber que, na hora de fazer a
opcao de qual filme vao assistir, ha uma preocupacao maior por parte das
mulheres com o elenco presente nele. Esse e um dado importante, que pode
ser utilizado pelas empresas produtoras de filmes para investimentos em
um elenco que agrade ao publico feminino de forma mais efetiva.
Foi interessante observar, nos dados coletados, que ha muitas
diferencas na preferencia por generos de filmes entre homens e mulheres.
O genero preferido pelo sexo feminino e a comedia romantica, enquanto o
do sexo masculino e o drama. O genero comedia romantica, por exemplo,
obtem a preferencia de 24,34% das mulheres e de apenas 6,34% dos homens.
Suspense e outro genero em que a preferencia feminina (20,63%) supera a
masculina (13,38%). Por outro lado, ficcao cientifica e acao tem melhor
aceitacao entre membros do sexo masculino (11,27% e 14,08%
respectivamente) do que entre as mulheres (1,06% e 3,17%
respectivamente).
9. ANALISE DA VARIANCIA (ANOVA)
Para verificar se as caracteristicas tanto de motivacoes para ida
ao cinema como de atributos das salas e dos filmes provocam efeito nas
respostas, foram realizadas analises de variancia, por meio das quais
possiveis diferencas significativas entre os respondentes puderam ser
identificadas.
9.1. Analise da variancia comparando as afirmativas do questionario
com as faixas de idade dos respondentes
Fazendo-se um comparativo entre as informacoes obtidas a partir das
questoes 9 e 12, pode-se inferir que uma grande parcela das pessoas de
idade mais avancada (ultima faixa etaria) vai ao cinema para adquirir
cultura, diferentemente das mais novas, inseridas na primeira faixa
etaria analisada (medias de 4,06 e 3,23 respectivamente). Por outro
lado, as pessoas mais novas sao mais motivadas a ir ao cinema para
aproveitar a companhia de amigos(as), familia, namorado(a), noivo(a),
etc., do que as de idade mais avancada (medias de 3,92 e 3,02). Ainda
sob esse padrao de comparacao, a pergunta 13 agrega maiores informacoes
sobre o aspecto cultural, pois ela evidencia que as pessoas inseridas na
ultima faixa etaria concordam mais que vao ao cinema para ter contato
com uma forma de arte do que as localizadas na primeira faixa etaria.
As questoes 25 e 26 possibilitam identificar que o grau de
exigencia das pessoas quanto a limpeza, higiene e seguranca das salas
aumenta conforme aumenta a sua faixa etaria, e que, portanto, os
individuos de idade mais avancada sao mais exigentes com relacao a
alguns atributos das salas de exibicao. A preocupacao com a qualidade e
o tamanho da tela (questao 28) tambem e maior na ultima faixa etaria que
na primeira, porem nao apresenta um aumento gradual.
Os atributos do filme "midia e publicidade" (questao 36)
nao foram considerados muito relevantes, mas percebe-se que as pessoas
das duas primeiras faixas etarias se importam mais com este aspecto do
que aquelas com mais idade.
9.2. Analise da variancia comparando as afirmativas do questionario
com a frequencia de ida ao cinema dos respondentes
Nos dados da tabela acima e possivel observar que os individuos que
costumam ir mais vezes ao cinema sao os que mais concordam com a
afirmacao de que aumentaram a sua frequencia de ida ao cinema nos
ultimos tres anos (questao 4). Os entrevistados que vao poucas vezes por
mes ao cinema nao aumentaram a sua frequencia de ida nos ultimos tres
anos.
Uma analise interessante a ser feita e a do atributo preco (questao
29). De acordo com a Tabela 7, as pessoas que menos vao ao cinema sao as
que mais se preocupam com o preco cobrado pelos ingressos (medias de
importancia de 3,56 para as de maior frequencia e de 4,48 para as de
menor). A relacao e a mesma quando se trata de atributos do filme como
midia e publicidade (questao 36), o que permite inferir que as pessoas
que menos vao ao cinema sao as que, na hora de optar por qual filme vao
assistir, mais se preocupam com a propaganda feita.
E possivel perceber, fazendo-se um comparativo dos dois extremos de
frequencia, que as pessoas que mais vao ao cinema preocupam-se muito
mais com quem e o diretor dos filmes (questao 35), com uma media de
concordancia de 4,56, comparativamente aos 3,56 do grupo de frequencia
menor. Essa relacao e inversa quando se aborda o atributo criticas
recebidas (questao 39), pois a media de importancia para o primeiro
grupo e de 2,00 enquanto para o segundo e de 3,20.
E importante ressaltar os dados da questao 23, ja que a media de
concordancia do grupo de maior frequencia e de 4,44, enquanto a dos
outros grupos varia de 2,64 a 3,05. A partir disso, pode-se inferir que
"pessoas chegando atrasadas" seria um fator desmotivacional
para ida ao cinema mais determinante para aqueles que frequentam mais
assiduamente as salas de exibicao de Porto Alegre do que para aqueles
que nao as frequentam tao seguidamente.
10. CONSIDERACOES FINAIS E SUGESTOES PARA FUTURAS PESQUISAS
Esta pesquisa teve como principal objetivo determinar os atributos
e motivacoes que influenciam na escolha da sala de exibicao e do filme
na cidade de Porto Alegre. Por meio dos dados coletados pode-se perceber
que o principal motivo para as pessoas irem ao cinema e o
entretenimento/lazer. Os fatores desmotivacionais mais impactantes, por
sua vez, sao celulares tocando e pessoas conversando dentro das salas.
Talvez por essa razao as empresas exibidoras estejam fazendo cada vez
mais propagandas, pedindo aos espectadores que desliguem seus celulares
e evitem fazer barulhos e conversar durante o filme.
O fato de os respondentes da pesquisa nao acreditarem que vao ao
cinema por falta de outras opcoes de lazer (a media de concordancia para
esta afirmacao foi de apenas 1,78) demonstra que o cinema e
verdadeiramente visto como uma das formas de lazer favoritas dos
moradores da capital gaucha.
Ha uma maior incidencia de pessoas que vao ao cinema durante os
finais de semana, um dos principais motivos, talvez, para as salas de
exibicao cobrarem um valor reduzido pelos ingressos durante a semana,
buscando incentivar a ida em dias nos quais a ocupacao das salas e
menor.
O atributo mais valorizado da sala de exibicao e o conforto das
poltronas, informacao muito importante para que as empresas do ramo
possam efetuar melhorias neste aspecto a fim de conquistar e fidelizar
clientes. Apesar de grande parte das pessoas consumir pipoca enquanto
assiste a um filme, constatou-se que a qualidade desta nao e um fator
determinante na opcao do publico por uma sala ou outra. E relevante
tambem salientar que, dos oito atributos que integraram este bloco de
questoes da pesquisa, sete obtiveram uma media superior a 4,2. Isso
indica que as salas devem estar muito bem preparadas para as exigencias
dos clientes, a fim de que possam disputar uma fatia consideravel do
mercado, uma vez que os espectadores se mostraram muito exigentes quanto
aos atributos valorizados na sua escolha.
Quanto aos atributos do filme, o roteiro obteve a maior media,
seguido pelo elenco. Os efeitos especiais, dinheiro investido, midia e
publicidade ficaram, por sua vez, com as menores medias de importancia.
Com estas constatacoes, as empresas produtoras podem avaliar qual deve
ser o destino de suas financas em um filme para captar cada vez mais
clientes.
Foram realizadas as analises de variancia (ANOVA) e o Teste T, que
permitiram perceber, com significancia, que existem motivacoes e
atributos percebidos de maneira distinta por diferentes agrupamentos de
pessoas. As principais divergencias observadas entre os sexos disseram
respeito ao fato de as mulheres se preocuparem mais com o elenco
presente no filme do que os homens, e estes, por sua vez, se incomodarem
mais com os principais fatores desmotivacionais observados, como celular
tocando e pessoas conversando. O genero preferido pelo sexo feminino e a
comedia romantica, enquanto o drama e o preferido do sexo masculino,
apesar de suspense obter a maioria dos votos na soma dos dois sexos.
Entre grupos de diferentes faixas etarias, as divergencias
observadas relacionaram-se com o fato de os sujeitos de idade mais
avancada nao terem o habito de ir com muita intensidade ao cinema
durante a semana. Eles costumam ir com o objetivo de adquirir cultura e
ter contato com uma forma de arte. Observou-se que as pessoas mais
novas, por sua vez, vao ao cinema por outra razao predominante:
aproveitar a companhia de amigos (as), familia, namorado(a).
As principais divergencias entre os grupos de diferentes
frequencias de ida ao cinema encontradas foram quanto ao preco cobrado
pelo ingresso e a midia feita a respeito do filme. Concluiu-se que
aqueles individuos que frequentam menos o cinema sao os que mais se
preocupam, na hora de escolher a sala de exibicao, com o preco cobrado
pelo ingresso e com a midia feita sobre o filme (o grau de importancia
desses dois atributos aumenta conforme aumenta a frequencia de ida ao
cinema).
Os dados coletados por meio deste estudo poderao servir de base as
empresas que trabalham no ramo, para que possam focar seus esforcos nos
atributos que os clientes realmente valorizam. Eles visam fornecer uma
ideia mais precisa dos habitos, atitudes, motivacoes e atributos
valorizados pelos espectadores, permitindo, assim, que sejam
desenvolvidas estrategias e efetuados investimentos para melhor
atende-los. A realizacao deste estudo na cidade de Porto Alegre e muito
relevante, pois a sua realidade com relacao ao numero de salas por
habitante e muito diferente da realidade nacional, razao pela qual e
importante que as empresas do ramo busquem conhecer e satisfazer cada
vez mais os seus clientes para conquistar uma fatia desse mercado tao
concorrido na capital gaucha.
Para futuros estudos, sugere-se que esta pesquisa seja replicada em
outros cinemas no Brasil, a fim de verificar se o perfil de preferencia
permanece o mesmo ou nao. Uma analise historica tambem seria
interessante, uma vez que, com o crescimento dos produtos piratas neste
ramo, pode haver uma alteracao nos itens de preferencia dos
consumidores.
11. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ASSAEL, H. Consumer Behavior and Marketing Action. Boston: PWS Kent, 1992.
ENGEL, J. F.; BLACKWELL, R. D.; MINIARD, P. W. Comportamento do
Consumidor. Rio de Janeiro: Livros Tecnicos e Cientificos S.A., 2000.
ESPINOZA, F.; HIRANO, A. As dimensoes de avaliacao dos atributos
importantes na compra de condicionadores de ar: um estudo aplicado.
Revista de Administracao Contemporanea, v. 7, n. 4, p. 97117, out.-dez.
2003.
FAGUNDES, J.; SCHARTZ, L. F. Defesa da concorrencia e a industria
do cinema no Brasil. Disponivel em: <http://www.culturalivre.org.br/
artigos/def-concorrencia-cinema-schuartz-fagundes. pdf>. Acesso em:
15 nov. 2006.
HANNA, R. C.; WEINBERG, B.; DANT, R. P.; BERGER, P. D. Do
internet-based surveys increase personal self-disclosure? Journal of
Database Marketing & Customer Strategy Management, v. 12, n. 4,
2005.
JOAS, L. F. K. Atributos determinantes para compra de medicamentos
via internet. Dissertacao (Mestrado em Administracao)--Programa de
Posgraduacao em Administracao, Escola de Administracao, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. 108p.
KOTLER, P. Administracao de Marketing: Analise, Planejamento,
Implementacao e Controle. 4. ed. Sao Paulo: Atlas, 1996.
LIBERALI, J. F. M. Consumo de experiencia: Um estudo junto aos
clientes de cinemas de Shopping Centers de Porto Alegre. Dissertacao
(Mestrado em Administracao)--Programa de Pos-graduacao em Administracao,
Escola de Administracao, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2000. 110p.
MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientacao aplicada.
Porto Alegre: Bookman, 2001.
--. Pesquisa Pesquisa de Marketing: uma orientacao aplicada. Porto
Alegre: Bookman, 2006.
MASLOW, A. Motivacao e Personalidade. New York: Harper & Row,
1954.
MERRIN, M.; GOLDFARB, E. Know why they buy: Measuring attributes,
benefits. Marketing News, v. 32, May 1998.
MOURALI, M.; LAROCHE, M.; PONS, F. Antecedents of consumer relative
preference for interpersonal information sources in pre-purchase search.
Journal of Consumer Behaviour, v. 4, n. 5, 2005.
MOWEN, J. C. Consumer Behavior. Englewood Cliffs: Prentice-Hall,
1995.
PETER, J. P.; OLSON, J. C. Consumer behavior and marketing
strategy. 4. ed. Chicago: Irwin, 1996.
RODRIGUES, N. Mais salas de cinema para o Brasil. Disponivel em:
<http://blogdodirceu. ig.com.br/materias/388001-388500/388305/
388305_1.html>. Acesso em: 20 out. 2006.
SAAB, W.; RIBEIRO, R. Panorama atual do mercado de salas de
exibicao no Brasil. Disponivel em:
<http://www.cinemabrasil.org.br/cadastro/ set1209.pdf>. Acesso em:
19 out. 2006.
SCHIFFMAN, L. G.; KANUK, L. L. Comportamento do Consumidor. 6. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 1997.
SOLOMON, M. R. Consumer Behavior. Needham Heights: Allyn &
Bacon. 1996.
STANTON, W. J. Fundamentos de Marketing. Sao Paulo: Pioneira, 1980.
v. 1 e v. 2.
WEIBLE, R.; WALLACE J. Cyber research: the impact of the internet
on data collection. Market Research, v. 10, n. 3, p. 19, 1998.
WELLS, D.; PRENSKY, D. Consumer Behavior. New York: John Wiley & Sons Inc., 1996.
ZANELLA, V. H. B. Atributos importantes e determinantes do consumo
de alimentos tipo fastfood para o consumidor adolescente de Porto
Alegre. Dissertacao (Mestrado em Administracao)--Programa de
Pos-graduacao em Administracao, Escola de Administracao, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1997.
Recebido em: 10/7/2009 Aprovado em: 15/8/2009
Luiz Antonio Slongo
Doutorado em Administracao pela Universidade de Sao Paulo
Professor da Escola de Administracao da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
E-mail:
[email protected]
Priscila Silva Esteves
Mestranda em Administracao na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul
E-mail:
[email protected]
Tabela 1: Media de idas ao cinema
Media de
Frequencias N concordancia Desvio-Padrao
2. Costumo ir ao cinema durante 326 3,38 1,584
a semana.
3. Costumo ir ao cinema nos 324 3,54 1,622
finais de semana.
4. Nos ultimos tres anos, 326 3,13 1,652
aumentei a frequencia de ida
ao cinema.
Fonte: Dados coletados pelos autores.
Tabela 2: Media das motivacoes
Media de Desvio-
Motivacoes N concordancia Padrao
Vou ao cinema...
8 ...por entretenimento e lazer 326 4,79 0,782
9 ...para adquirir cultura 326 3,55 1,399
10 ...para ter um assunto a comentar 327 2,33 1,388
com outras pessoas
11 ...para me desligar da realidade 329 2,98 1,460
durante o filme
12 ...para aproveitar a companhia de 329 3,69 1,386
amigos(as), familia, namorado(a), etc.
13 ...para ter contato com uma forma 326 3,41 1,452
de arte
14 ...para ver um filme em um ambiente 329 3,50 1,391
diferenciado (sala)
15 ...para adquirir conhecimento sobre 330 2,97 1,307
assuntos de meu interesse
16 ...por falta de outras opcoes 327 1,78 1,208
de lazer
Fonte: Dados coletados pelos autores.
Tabela 3: Media dos atributos da sala
Media de Desvio-
Atributos da sala N importancia Padrao
24. Poltronas (conforto, distancia e 327 4,52 0,976
inclinacao)
25. Limpeza e higiene 325 4,50 1,031
26. Seguranca 325 4,40 1,133
27. Localizacao acessivel com 324 4,49 1,219
estacionamento disponivel
28. Projecao (qualidade e tamanho 328 4,32 1,003
da tela)
29. Preco 325 4,29 1,204
30. Qualidade da pipoca 328 2,20 1,469
31. Qualidade do audio 328 4,36 0,988
Tabela 4: Media dos atributos do filme
Media de Desvio-
Atributos do filme N importancia Padrao
32. Roteiro 328 4,47 0,881
33. Elenco 331 3,79 1,009
34. Montagem e edicao 328 3,56 1,208
35. Direcao 331 3,57 1,164
36. Midia e publicidade 328 2,98 1,348
37. Efeitos especiais 330 3,03 1,329
38. Dinheiro investido 330 2,12 1,191
39. Criticas recebidas 331 3,15 1,240
Fonte: Dados coletados pelos autores.
Tabela 5: Teste T considerando o sexo do respondente
Desvio-
Questao Sexo N Media Padrao Significancia
17. Fatores Masculino 142 4,11 1,486 0,016
Desmotivacionais: Feminino 189 3,65 1,479
pessoas conversando Total 331 3,84 1,497
durante o filme
18. Fatores Masculino 142 4,15 1,479 0,032
Desmotivacionais: Feminino 189 3,62 1,492
celular dos Total 331 3,85 1,508
espectadores tocando
33. Atributos do Masculino 142 3,61 1,097 0,005
filme: elenco Feminino 189 3,92 0,919
Total 331 3,79 1,009
Tabela 6: Anova considerando as faixas de idade
Questao Faixas de Idade N Media
2. Costumo ir ao cinema Ate 21 anos 70 3,39
durante a semana De 22 a 23 anos 71 3,42
De 24 a 26 anos 70 3,86
De 27 a 30 anos 57 3,32
A partir de 31 anos 63 2,86
TOTAL 331 3,38
9. Vou ao cinema para Ate 21 anos 70 3,23
adquirir cultura De 22 a 23 anos 71 3,15
De 24 a 26 anos 70 3,79
De 27 a 30 anos 57 3,56
A partir de 31 anos 63 4,06
TOTAL 331 3,55
12. Vou ao cinema para Ate 21 anos 70 3,93
aproveitar a companhia de De 22 a 23 anos 71 3,94
amigos(as), familia, De 24 a 26 anos 70 3,70
namorado(a), outros... De 27 a 30 anos 57 3,84
A partir de 31 anos 63 3,02
TOTAL 331 3,69
13. Vou ao cinema para ter Ate 21 anos 70 3,11
contato com uma forma de arte De 22 a 23 anos 71 3,46
De 24 a 26 anos 70 3,19
De 27 a 30 anos 57 3,47
A partir de 31 anos 63 3,86
TOTAL 331 3,41
25. Atributos da sala: Ate 21 anos 70 4,20
limpeza e higiene De 22 a 23 anos 71 4,42
De 24 a 26 anos 70 4,50
De 27 a 30 anos 57 4,60
A partir de 31 anos 63 4,83
TOTAL 331 4,50
26. Atributos da sala: Ate 21 anos 70 4,09
seguranca De 22 a 23 anos 71 4,37
De 24 a 26 anos 70 4,37
De 27 a 30 anos 57 4,44
A partir de 31 anos 63 4,79
TOTAL 331 4,40
28. Atributos da sala: Ate 21 anos 70 4,03
projecao (qualidade e tamanho De 22 a 23 anos 71 4,45
da tela) De 24 a 26 anos 70 4,19
De 27 a 30 anos 57 4,35
A partir de 31 anos 63 4,60
TOTAL 331 4,32
36. Atributos do filme: midia Ate 21 anos 70 3,20
e publicidade De 22 a 23 anos 71 3,30
De 24 a 26 anos 70 2,97
De 27 a 30 anos 57 2,51
A partir de 31 anos 63 2,79
TOTAL 331 2,98
Desvio-
Questao Padrao Significancia
2. Costumo ir ao cinema 1,344 0,009
durante a semana 1,431
1,747
1,490
1,758
1,584
9. Vou ao cinema para 1,265 0,000
adquirir cultura 1,316
1,559
1,225
1,413
1,399
12. Vou ao cinema para 1,311 0,000
aproveitar a companhia de 1,241
amigos(as), familia, 1,355
namorado(a), outros... 1,386
1,476
1,386
13. Vou ao cinema para ter 1,325 0,028
contato com uma forma de arte 1,462
1,277
1,489
1,635
1,452
25. Atributos da sala: 0,878 0,010
limpeza e higiene 1,009
0,959
1,193
1,056
1,031
26. Atributos da sala: 1,113 0,10
seguranca 1,059
1,010
1,180
1,233
1, 133
28. Atributos da sala: 1,076 0,09
projecao (qualidade e tamanho 0,953
da tela) 1,040
0,876
0,959
1,003
36. Atributos do filme: midia 1,451 0,007
e publicidade 1,101
1,444
1,071
1,483
1,348
Fonte: Dados coletados pelos autores.
Tabela 7: Anova considerando a frequencia de idas ao cinema
Frequencia de idas ao
Questao cinema N Media
4. Nos ultimos tres anos, Mais de uma vez por semana 9 4,44
aumentei a frequencia de Uma vez por semana 42 3,81
ida ao cinema. Tres vezes por mes 36 3,47
Duas vezes por mes 72 3,28
Uma vez por mes 172 2,76
TOTAL 331 3,13
23. Fatores Mais de uma vez por semana 9 4,44
Desmotivacionais: pessoas Uma vez por semana 42 2,76
que chegam atrasadas Tres vezes por mes 36 2,89
Duas vezes por mes 72 2,64
Uma vez por mes 172 3,05
TOTAL 331 2,94
29. Atributos da sala: Mais de uma vez por semana 9 3,56
preco Uma vez por semana 42 3,71
Tres vezes por mes 36 4,17
Duas vezes por mes 72 4,35
Uma vez por mes 172 4,48
TOTAL 331 4,29
35. Atributos do filme: Mais de uma vez por semana 9 4,56
direcao Uma vez por semana 42 3,83
Tres vezes por mes 36 4,14
Duas vezes por mes 72 3,50
Uma vez por mes 172 3,36
TOTAL 331 3,57
36. Atributos do filme: Mais de uma vez por semana 9 2,11
midia e publicidade Uma vez por semana 42 2,60
Tres vezes por mes 36 2,86
Duas vezes por mes 72 2,93
Uma vez por mes 172 3,16
TOTAL 331 2,98
39. Atributos do filme: Mais de uma vez por semana 9 2,00
criticas recebidas Uma vez por semana 42 2,74
Tres vezes por mes 36 3,22
Duas vezes por mes 72 3,36
Uma vez por mes 172 3,20
TOTAL 331 3,15
Desvio-
Questao Padrao Significancia
4. Nos ultimos tres anos, 0,882 0,000
aumentei a frequencia de 1,311
ida ao cinema. 1,207
1,416
1,819
1,652
23. Fatores 1,333 0,005
Desmotivacionais: pessoas 1,265
que chegam atrasadas 1,703
1,335
1,434
1,446
29. Atributos da sala: 1,236 0,001
preco 1,293
1,000
1,269
1,142
1,204
35. Atributos do filme: 0,726 0,000
direcao 1,248
0,899
1,163
1,144
1,164
36. Atributos do filme: 1,054 0,032
midia e publicidade 1,345
1,222
1,179
1,424
1,348
39. Atributos do filme: 1,414 0,005
criticas recebidas 1,289
1,222
1,079
1,246
1,240
Fonte: Dados coletados pelos autores.