Young entrepreneurship and family influence: the life history of a successful young girl/Empreendedorismo jovem e a influencia da familia: a historia de vida de uma empreendedora de sucesso/El espiritu empresarial joven y la influencia de la familia: la historia de vida de una emprendedora de suceso.
Teixeira, Rivanda Meira ; Ducci, Norma Pimenta Cirilo ; Sarrassini, Noeli dos Santos 等
1. INTRODUCAO
As micro e pequenas empresas (MPEs) tem papel de destaque e
significativa importancia no desenvolvimento economico e social de um
pais, contribuindo para a geracao de emprego e renda e a criacao de
riquezas. No Brasil, segundo dados do Anuario do Trabalho na Micro e
Pequena Empresa publicado em 2008, a participacao de micro e pequenas
empresas entre 2002 e 2006, no conjunto dos estabelecimentos formais
brasileiros, foi macica, correspondendo a 98% do total. Segundo esse
anuario, essas empresas foram responsaveis por 43% dos postos de
trabalho formal urbano criados no pais entre 2002 e 2006 (SEBRAE, 2009).
Quando se fala em pequena empresa, imediatamente se pensa na figura
do empreendedor. Para Chagas e Freitas (2001), ser empreendedor ou atuar
em uma profissao depende de caracteristicas pessoais e do ambiente, alem
de outros fatores. Afirmam ainda esses autores que, apesar de existirem
pessoas que demonstram atributos empreendedores desde muito cedo,
tornar-se empreendedor implica nao apenas encontrar ou identificar
oportunidades de negocio, mas tambem ter acao e realiza-las.
Empreendedorismo e geralmente associado a iniciativa, desembaraco,
inovacao, possibilidades de fazer coisas novas e/ou de maneira
diferente, assim como a capacidade de assumir riscos. Subentende-se dai
que as pessoas empreendedoras estao sempre prontas para agir, desde que
existam, no meio em que atuam, condicaes propicias e apoio.
Autores como Filion (1999), Pati (1995), Dolabela (1999a, 1999b) e
Garcia (2001) concordam em que ha mais chances de uma pessoa se tornar
empreendedora se houver um modelo na familia ou no meio em que vive.
Outros autores, como McClelland (1972) e Dolabela (2002), apresentam as
caracteristicas do empreendedor, dentre as quais algumas se destacam,
como a persistencia, a persuasao, a rede de contatos, a independencia, a
perseveranca e a tenacidade.
Apesar da profusao de estudos sobre esses temas, ainda ha espaco
para novos elementos de reflexao. A historia de vida relatada neste
artigo e um exemplo disso--a de uma jovem empreendedora que, aos 13
anos, comecou a montar bijuterias em casa numa cidade do norte do Parana
e hoje, aos 19 anos, tem uma historia bem-sucedida nos negocios. O
objetivo central deste artigo e analisar os fatores que influenciaram
essa jovem empreendedora a iniciar o seu negocio. Especificamente,
pretende-se analisar a influencia da familia na formacao do negocio e
identificar as caracteristicas mais marcantes que contribuiram para o
sucesso deste ao longo desses seis anos.
Inicialmente, apresenta-se a revisao teorica pertinente aos temas
identificados como relevantes para fundamentar o estudo; em seguida, e
apresentada a metodologia da pesquisa baseada na historia de vida da
empreendedora e, finalmente, irrompem as conclusaes do estudo realizado.
2. EMPREENDEDORISMO E CARACTERISTICAS EMPREENDEDORAS
O interesse pelo estudo do entrepreneurship cresceu rapidamente nos
anos 80 (FILION, 1997). Esse periodo foi marcado por dois acontecimentos
importantes: a publicacao da primeira enciclopedia contendo o state of
the art dessa area do conhecimento (KENT; SEXTON; VESPER, 1982) e a
realizacao da primeira grande conferencia do Babson College dedicada a
divulgacao das investigacoes realizadas. Essa conferencia vem se
repetindo todos os anos, e a publicacao dos conteudos sob o titulo
Frontiers of Entrepreneurship Research constitui importante contribuicao
aos temas em discussao nessa area do conhecimento cientifico (RAPOSO;
SILVA, 2000).
Paiva Jr. e Cordeiro (2002), na conclusao do trabalho que
realizaram sobre a evolucao dos estudos acerca do empreendedorismo na
producao academica brasileira, classificaram o tema como "emergente
no cenario de publicacaes" e enfatizaram a necessidade de
fortalecimento do constructo e de reconducao das abordagens que atribuem
ao empreendedorismo apenas a geracao de novos negocios. Rimoli et al.
(2004) trazem outra caracteristica dos estudos a respeito do
empreendedorismo: a falta de consenso sobre a definicao do tema. Afirmam
que, desde Cantillon, em 1755, os enfoques sao diversos e vem mudando
com o passar dos anos.
De acordo com Filion (1999), duas correntes de pensamento abordam
diferentemente o conceito de empreendedorismo: os economistas o associam
a inovacao e os comportamentalistas se concentram no individuo, em suas
caracteristicas, intuicao e criatividade. Podem-se citar como
representantes da primeira corrente Cantillon, Say e Schumpeter; da
segunda, McClelland e Filion. Schumpeter, como representante mais
destacado da primeira corrente, nao se limitou a associar empreendedores
a inovacao--mostrou tambem sua importancia para o desenvolvimento
economico. Ja McClelland associou a ciencia do comportamento ao
empreendedorismo, dando origem a outra abordagem do assunto. Para esse
pesquisador, os individuos empreendedores possuem caracteristicas
especificas que os diferenciam dos demais (FILION, 1999).
Para Drucker (1985), o entrepreneurship nao e um estado de ser nem e caracterizado pela elaboracao de planos que nao se seguem. O
entrepreneurship comeca com acao, e essa acao e a criacao de uma nova
empresa. Essa empresa pode ou nao ter sucesso, mas quando um individuo
cria uma empresa, da inicio ao fenomeno do entrepreneurship.
Gartner (1988) enfatiza essas ideias quando afirma que o
empreendedorismo e a criacao de organizacaes. Para esse autor, o que
diferencia os empreendedores dos nao empreendedores e que os primeiros
criam organizacoes, enquanto os ultimos nao o fazem. Segundo Shane e
Venkataraman (2000: 218), o campo do empreendedorismo e definido como
"a analise erudita de como, por quem e com quais efeitos as
oportunidades para criar servicos e produtos futuros sao descobertas,
avaliadas e exploradas". Ainda conforme eles, as pessoas possuem
diferentes conjuntos de informacoes que influenciam suas habilidades
para identificar oportunidades especificas.
Shane e Venkataraman (2000) ainda ressaltam que a exploracao de uma
oportunidade empreendedora depende de que o empreendedor acredite na
possibilidade de lucro, superando o custo da oportunidade e o
investimento de capital. Alem disso, essa decisao pode ser influenciada
pelas diferencas na capacidade de percepcao de cada individuo: vontade
para assumir riscos, otimismo, tolerancia para ambiguidades. Segundo
Venkataraman e Sarasvathy (2001), uma oportunidade envolve um fim ou
proposito e "coisas favoraveis" a sua realizacao. Uma
oportunidade empreendedora consiste na possibilidade de criar futuros
produtos manufaturados e envolve, por um lado, a procura e, por outro, a
oferta, alem de meios para coloca-los juntos. As "coisas
favoraveis" podem ser resumidas em duas categorias: (a) crencas
sobre o futuro; e (b) acoes baseadas nessas crencas.
Bhide (2002) considera que o empreendedor e aquele que localiza e
aproveita uma oportunidade de mercado, criando a partir dai um novo
negocio. Para esse autor, o principio basico do sucesso de um
empreendimento depende da capacidade de adaptacao do empreendedor.
Segundo ele, uma vez que nao existe receita pronta para o sucesso, e
fundamental que o empreendedor se identifique com o seu negocio e tenha
em mente que tudo dependera da sua percepcao e criatividade. Nao
considera, em seus trabalhos, o planejamento ou a elaboracao sistematica
de estrategias como algo essencial para o sucesso de um empreendimento;
pelo contrario, ha um alerta para o perigo de considerar o planejamento
como algo estatico.
Apesar de o processo de entrepreneurship se iniciar com a criacao
de uma nova empresa, nao se devem esquecer os antecedentes da criacao,
que sao fundamentais no processo. Entre esses antecedentes podem-se
apontar: a procura de oportunidades no meio envolvente, a identificacao
da oportunidade a seguir, a avaliacao da possibilidade de programar a
nova empresa, os tracos individuais, as caracteristicas
sociodemograficas, a experiencia anterior e a educacao do empresario, as
restricoes do meio envolvente e os valores da sociedade. Esses e outros
aspectos que influenciam na formacao de novas empresas devem ser
considerados como parte do processo de entrepreneurship (RAPOSO; SILVA,
2000).
Dolabela (1999a, 1999b) e Filion (1999) acreditam que as pessoas
que empreendem possuem alguns tracos comuns de personalidade e
comportamento que as diferenciam das demais. Tais autores consideram que
esses profissionais possuem perseveranca e tenacidade, usam o fracasso
como fonte de aprendizado e desenvolvem forte intuicao como resultado de
um profundo conhecimento do ramo em que atuam.
Mello et al. (2008) realizaram uma pesquisa com o objetivo de
identificar enfases dadas aos estudos sobre empreendedorismo no Brasil,
para situa-las no contexto de discussoes internacionais acerca do que se
considera ou nao empreendedorismo. Nessa pesquisa foram analisados 140
artigos apresentados nos quatro ultimos anos nos encontros da Associacao
Nacional dos Programas de Pos-Graduacao em Administracao (ANPAD).
Constatou-se que, nos tres primeiros anos, o tema mais frequente esteve
relacionado ao comportamento empreendedor. No entanto, no ultimo ano
analisado, 2006, mudancas nas preferencias por temas foram
identificadas, como a presenca maior de estudos sobre empresas
familiares e sobre reconhecimento de oportunidades que se aproximam mais
das abordagens internacionais do tema.
A USAID (Agencia para o Desenvolvimento Internacional das Nacoes
Unidas), a Management Systems International (MSI) e a McBeer &
Company, empresa de consultoria de McClelland, iniciaram em 1982 um
projeto para estudos mais abrangentes sobre o comportamento empreendedor
e identificaram uma dezena de caracteristicas comuns aos empreendedores
triunfadores. Entre essas caracteristicas, consta este elenco: buscar
oportunidades e ter iniciativa; exigir qualidade e eficiencia; ser
persistente; correr riscos calculados; buscar informacoes em diversas
fontes; estabelecer metas; planejar e monitorar; demonstrar
comprometimento; ser persuasivo e desenvolver e manter boas redes de
relacionamento (VIDAL; SANTOS FILHO, 2003).
Muitos outros autores ja tentaram delinear o perfil ideal do
empreendedor, acreditando que os individuos com suas motivacoes de
realizacao e suas caracteristicas comportamentais sao responsaveis pelo
processo e determinantes nele. Kets de Vries (2001) busca detalhar
caracteristicas unicas dos empreendedores, como a orientacao para a
realizacao e o fato de nao gostarem de trabalhos repetitivos. Para o
autor, os empreendedores geram "entusiasmo contagiante" e
transmitem "senso de proposito e determinacao", sabem como
liderar e dar impulso a uma ideia e, por isso, representam a forca
motriz da economia.
Filion (1999) tambem deu sua contribuicao a tentativa de definir o
perfil do empreendedor, criando uma tipologia e afirmando serem os
empreendedores pessoas criativas e marcadas pela capacidade de
estabelecer e atingir objetivos. Juntamente com Dornelas (2001), ele
salienta a importancia de o empreendedor ser um visionario e de possuir
habilidade para realizar seus sonhos. Para Filion (1999), nao se pode
avaliar uma pessoa e afirmar, com certeza, que ela vai ser bem-sucedida
ou nao como empreendedora, mas pode-se dizer se ela possui
caracteristicas mais comumente encontradas nos empreendedores. O autor
citado conclui que a pesquisa sobre os bem-sucedidos permite aos
empreendedores em potencial e aos empreendedores de fato identificar as
caracteristicas que devem ser aperfeicoadas para a obtencao do sucesso.
Um empreendedor de sucesso possui caracteristicas extras, alem dos
atributos do administrador e dos atributos pessoais que, somados a
caracteristicas sociologicas e ambientais, permitem o nascimento de uma
nova empresa. De uma ideia surge uma inovacao, e desta, uma empresa
(DORNELLAS, 2001). Dutra e Previdelli (2003), em seu estudo que
relaciona o perfil do empreendedor com as causas da mortalidade de
empresas, nao chegam a uma conclusao sobre o fator ou fatores que sao
determinantes do sucesso. Afirmam que o conceito de sucesso e relativo a
cada empreendedor e pode ser expresso por meio do crescimento da
empresa, do sentimento de autorrealizacao do empreendedor, do orgulho de
realizar um servico, da autoestima e da independencia.
Nao ha padrao nem verdades cientificamente estabelecidas sobre as
caracteristicas comportamentais do empreendedor. A diversidade de
percepcaes amplia o aprendizado, desafia a inteligencia, aguca o
espirito inquiridor e o senso de observacao. Conhecer mais e melhor as
caracteristicas do empreendedor e conhecer ainda mais e melhor a
natureza humana. No Quadro 1 sao apresentadas as principais
caracteristicas do empreender sob a otica de varios autores.
3. EMPREENDEDORISMO FEMININO
Ao lado de uma crescente expansao do numero de pequenas e medias
empresas em nivel mundial, tem se destacado o alto numero de mulheres
que participam da populacao economicamente ativa; por consequencia,
surge uma preocupacao significativa com o enfoque do empreendedorismo
feminino. A importancia do empreendedorismo, das pequenas e medias
empresas e do empreendedorismo feminino vem sendo reconhecida pelo papel
que estas desempenham na geracao de empregos e de riquezas. De acordo
com o relatorio publicado pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM,
2007), o Brasil, em 2007, destacou-se como sexto pais de empreendedoras
mais atuantes, atras apenas da Venezuela, Tailandia, Jamaica, Nova
Zelandia e China.
Nos ultimos anos, as mulheres empreendedoras tem representado um
fenomeno em crescimento em todo o mundo. Acredita-se, assim, que diante
do crescente interesse da sociedade e dos governos pelo empreendedorismo
feminino, tambem e crescente o interesse e a curiosidade pelo tema entre
os estudiosos e pesquisadores (GIMENEZ et al. 2000).
Tentativas de identificar e compreender esse fenomeno, de entender
as diferencas basicas entre homens e mulheres a frente de
empreendimentos, fizeram surgir uma diversidade de trabalhos e pesquisas
acerca da tematica do empreendedorismo feminino. Alguns trabalhos se
preocuparam com os diferentes motivos das mulheres para abrirem
empresas; outros sao voltados para a compreensao da dimensao do genero
no contexto do empreendedorismo; outros sublinham as caracteristicas
pessoais e comportamentais das mulheres em face dos negocios, e tambem
ha os que tem o objetivo de conhecer o perfil da empreendedora.
Alguns motivos, como o desejo de realizacao e independencia,
percepcao de oportunidade de mercado, dificuldades em ascender na
carreira profissional em outras empresas, necessidade de sobrevivencia e
maneira de conciliar trabalho e familia, sao citados por Cromie e Hayes
(1988), Gimenez et al. (2000), Hisrich (1989), Moore e Buttner (1997) e
Still e Timms (1998).
Machado et al. (2003) citam outros fatores ligados a decisao de
iniciar um empreendimento, independentemente do genero, dentre os quais
se destacam a experiencia profissional anterior e a existencia de
modelos empreendedores na familia. Moore e Buttner (1997) afirmam que um
fator que pode indiretamente exercer influencia na decisao de abrir uma
empresa e a existencia de modelos de referencia.
Machado et al. (2003) atribuem as empreendedoras um estilo proprio
de gestao por combinarem caracteristicas masculinas, como iniciativa,
coragem e determinacao, com caracteristicas femininas, como
sensibilidade, intuicao e cooperacao. Para Machado et al. (2003), o
numero e a atuacao de mulheres nos negocios tem sido cada vez maiores,
mas os autores concordam que ainda nao existe resposta sobre as
diferencas entre os generos.
No estudo de Machado et al. (2003), um dos fatores comuns na
analise de historias de vida de empreendedoras foi a existencia de
modelos na familia, principalmente os pais ou pessoas mais proximas.
Esse e um dos determinantes do papel empreendedor, pois no processo de
identificacao desenvolvido com essas pessoas ha um aprendizado cognitivo
e afetivamente construido que resulta na assimilacao e na reproducao do
modelo, neste caso, o modelo empreendedor. Ainda, alguns estudos como os
de Belcourt (1990) e de Gosselin e Grise (1990) demonstraram uma
possivel relacao entre empreendedoras que tiveram pais ou parentes
empreendedores e a opcao pelo empreendedorismo.
Outros estudos, como os de Jonathan (2003), Takahashi, Graeff e
Teixeira (2006), Machado (1999) e Fontana (1996), visam aprofundar a
compreensao da dimensao do genero no contexto do empreendedorismo e
buscam respostas sobre as semelhancas e diferencas existentes entre
empreendimentos criados e gerenciados por mulheres e empreendimentos
criados e gerenciados por homens. Ainda pouco se pode afirmar sobre
essas diferencas, e o que se observa nesses estudos sao o perfil das
empreendedoras, algumas de suas preferencias, estilos de gestao e
barreiras e dificuldades.
4. EMPREENDEDORES JOVENS E A INFLUENCIA FAMILIAR
Dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2008)
revelam que os jovens brasileiros estao empreendendo mais. Os resultados
do relatorio GEM (2008) mostram que, do total de jovens entre 18 e 24
anos no Brasil, 15% empreendem, o equivalente a 3,82 milhaes de pessoas.
Para se ter uma ideia desse crescimento, a taxa media de
empreendedorismo jovem ficou em 11,9% entre 2001 e 2008. Do total de
empreendedores brasileiros, 25% sao jovens, o que coloca o Brasil em
terceiro lugar no ranking mundial, atras apenas do Ira (29%) e da
Jamaica (28%).
Ainda de acordo com o GEM (2008), em paises como Ira, Jamaica,
Brasil e Egito, que apresentam baixo nivel de distribuicao de renda, o
jovem e obrigado a entrar cedo no mercado de trabalho para aumentar a
renda familiar. Nesses lugares, ha predominancia de jovens
empreendedores em atividades de baixa produtividade, em razao da
necessidade. Por falta de empregos formais, esses jovens buscam no
empreendedorismo uma opcao de trabalho e renda.
Percebe-se que a alta taxa de jovens empreendedores assinala a
importancia de acaes especificas para o grupo e aponta a necessidade de
desenvolvimento de politicas publicas, pois os jovens que empreendem
estao entrando com muita forca no mercado.
Soares e Machado (2005), em estudo sobre jovens empreendedores
realizado no Conselho Permanente do Jovem Empresario de Maringa
(COPEJEM), composto por trinta jovens, apontaram alguns fatores de
destaque que explicam o nivel de sucesso desses empreendedores: o
elevado nivel educacional, a formacao em areas gerenciais e a insercao
em uma network. Outra constatacao do estudo e que a incubacao de
empresas representa uma via intermediaria importante para preparar os
jovens para a criacao de suas proprias empresas. Por outro lado, segundo
o estudo, o capital inicial utilizado pelos jovens foi bastante
reduzido, mas isso nao representou impedimento a sobrevivencia do
negocio. O estudo destaca o fato de que parte das empresas esta
exportando os produtos e gradativamente ampliando o numero de
funcionarios. Concluindo, o estudo revela que o perfil desses jovens e
pro-ativo, uma vez que eles pretendem ampliar ainda mais suas empresas,
lancar novos produtos e ate abrir novas empresas.
Borges, Filion e Simard (2008), em trabalho escrito sobre o
processo de criacao de negocio por 89 empreendedores jovens no Canada,
verificaram que os jovens empreendedores canadenses encontram mais
dificuldade em redigir o plano de negocios do que os outros
empreendedores. A principal dificuldade que encontram para desenvolver o
primeiro produto ou servico e de ordem financeira, pois encontram mais
dificuldades em negociar o financiamento com bancos do que os outros
empreendedores, razao pela qual usam mais o capital de proximidade
(recursos de familia e amigos). O estudo ainda revelou que ha um alto
indice de empreendedorismo em equipe: em 74% dos casos, os jovens criam
a empresa em equipe e exercem um papel polivalente na nova empresa.
Dedicam mais tempo a gestao administrativa e financeira e a
comercializacao, mas precisam se envolver igualmente nas demais areas da
empresa. Apesar desse envolvimento em todas as areas, os jovens comecam
o processo de criacao com pouca ou nenhuma experiencia ou formacao
nelas. E no setor de servicos que as empresas criadas pelos jovens estao
mais presentes.
Com relacao a influencia da familia, Filion (1991, 1999) destacou
que as pessoas apresentam mais chances de se tornar empreendedoras se
houver um modelo na familia ou no seu meio, e que, quanto mais novo for
o empreendedor no inicio do processo, maior sera a influencia do
ambiente familiar. Por sua vez, Matthews e Moser (1996) lembram que a
presenca de background familiar em atividades empreendedoras e
significativa na opcao pessoal pelo negocio proprio, em particular a
atividade exercida pelo pai e pela mae.
Realizado no Brasil, o estudo de Bohnenberger, Schmidt e Freitas
(2007) teve como objetivo verificar quanto o contexto familiar esta
contribuindo para o desenvolvimento do comportamento empreendedor dos
alunos dos cursos de formacao superior do Centro Universitario Feevale.
Os resultados indicam que um trabalho de desenvolvimento do
empreendedorismo deve se iniciar no primeiro grupo social do individuo:
a familia. Os esforcos despendidos por governos, universidades e orgaos
nao-governamentais podem reforcar essa relacao ja iniciada na infancia,
mas e possivel que tenham pouco impacto nos individuos que nao foram
influenciados positivamente no seu contexto familiar.
Pesquisas baseadas na teoria da aprendizagem social tem demonstrado
que um modelo familiar de empreendedores e fator determinante na escolha
do negocio proprio. McClelland e citado por enfatizar a motivacao para a
realizacao; segundo Murray (1973), as criancas motivadas por suas maes
deram resultados mais positivos quando se tornaram adultos e
empresarios. Para Tonelli (1997), essa discussao sobre ser um
empreendedor inato ou nao e vasta. No entanto, ele afirma que a
influencia da educacao familiar e do meio cultural tem parcela
significativa na formacao de empreendedores.
5. METODOLOGIA
Este estudo foi realizado com uma empreendedora que criou uma
empresa de bijuterias na cidade de Cornelio Procopio, Estado do Parana.
Pode ser caracterizado como qualitativo e exploratorio, e a estrategia
de pesquisa escolhida foi o estudo de caso unico, que, para Yin (2001),
e adequado quando se colocam questaes do tipo "como" e
"por que" e quando se focalizam fenomenos contemporaneos nos
quais nao ha definicao clara dos limites entre fenomeno e contexto.
Segundo Yin (2001), quando em uma pesquisa for desenvolvido um estudo de
caso unico e analisada a natureza global de uma unica unidade, ter-se-a
representado um projeto de estudo de caso unico holistico (TIPO 1).
Utilizou-se a historia de vida como tecnica de coleta de dados, com
o uso de entrevista em profundidade. A historia de vida e uma das
modalidades de estudo da abordagem qualitativa. Foi introduzida no meio
academico em 1920 pela Escola de Chicago e desenvolvida por Znaniescki
na Polonia. O termo Historia de Vida, traduzido de histoire (em frances)
e de story e history (em ingles), tem significados distintos. O
sociologo americano Denzin propos, em 1970, uma distincao entre as
terminologias: life story (relato de vida) designa a historia de vida
contada pela pessoa que a vivenciou--neste caso, o pesquisador nao
confirma a autenticidade dos fatos, pois o importante e o ponto de vista
de quem esta narrando; quanto ao termo life history (ou estudo de caso
clinico), refere-se ao estudo aprofundado da vida de um individuo ou de
grupos de individuos.
No relato de vida, o que interessa ao pesquisador e o ponto de
vista do sujeito, a historia contada por quem a vivenciou, uma vez que
seu objetivo e apreender e compreender os temas abordados a partir das
suposicoes, mundos, pressoes e constrangimentos das pessoas (HAGUETTE,
1987). Pela teoria da Weltanschauung (W), que e o prisma atraves do qual
o individuo enxerga o mundo real, devem ser considerados valores,
atitudes, humor e intencoes, fatores que influem no filtro da realidade,
onde o que importa nao e o que de fato ha no mundo real, e sim o que o
empreendedor pensa que ha ali--imagens, modelos e outras formas de
representacao da realidade (FILION, 1993). Para Haguette (1987), a
historia de vida cria um arquivo que entrelaca o verdadeiro, o vivido, o
adquirido e o imaginado, e por isso foi considerada ideal para o alcance
dos objetivos desta pesquisa.
Com relacao ao criterio da escolha do caso, Yin (2001:71) afirma
que "qualquer aplicacao da logica de amostragem aos estudos de caso
estaria mal direcionada", pois estes nao se preocupam com a
incidencia dos fenomenos. Segundo Yin (2001), a unica generalizacao
possivel e a analitica, nao sendo possivel a generalizacao estatistica.
Uma jovem empreendedora, que iniciou seu negocio com apenas 13 anos, foi
escolhida para este estudo de caso, pois sua experiencia singular, ao
iniciar um empreendimento em idade tao precoce, permite explorar novos
insights sobre as caracteristicas mais marcantes que influenciaram o
sucesso de seu negocio. Ainda, ao se descrever um contexto de vida real
no qual uma intervencao ocorreu, espera-se que novos angulos sejam
explorados, trazendo contribuicoes relevantes ao estudo do
empreendedorismo jovem.
Foi feita uma primeira entrevista em profundidade com a
empreendedora, que durou em torno de tres horas, e posteriormente foram
realizadas consultas para detalhamento de alguns aspectos mal
compreendidos. A entrevista foi gravada e depois transcrita,
respeitando-se a opiniao e versao da entrevistada, sem que houvesse
avaliacao das pesquisadoras. A historia relatada e sempre confrontada
com a teoria durante a analise dos dados, e algumas falas relevantes
foram transcritas na integra. Apos o termino da pesquisa, o material foi
enviado a empreendedora entrevistada para validacao final. A analise do
caso foi feita a partir da leitura do material transcrito, o que
possibilitou a associacao das falas da entrevistada com a teoria
pesquisada.
Procurando-se maior confiabilidade das informacoes, fez-se o
encadeamento de evidencias por meio da exposicao dos relatos da
fundadora do negocio. Visando captar as caracteristicas essenciais, os
significados, as convergencias e divergencias dos conteudos da
entrevista com a jovem empreendedora, utilizou-se a analise de conteudo,
que, segundo Laville e Dionne (1999:214-215), "permite abordar
atitudes, valores, representacoes, mentalidades e ideologias".
Adotou-se uma abordagem qualitativa para a analise de conteudo, pelo
fato de que ela conserva a forma literal dos dados, atendo-se as
evidencias existentes nas unidades e nas categorias adotadas (LAVILLE;
DIONNE, 1999).
6. O CASO DA EMPREENDEDORA X
Em 2001, uma jovem estudante de 13 anos de idade iniciou sua
trajetoria profissional na cidade de Cornelio Procopio, no norte do
Parana. Na idade em que todas as criancas estao apenas estudando e
brincando, ela comecou a se interessar pela montagem de bijuterias,
atividade realizada pela mae. Hoje, com 19 anos, a jovem esta cursando o
segundo ano do curso de Administracao de Empresas, tem uma loja num dos
melhores pontos de comercio da cidade e faz planos para ter uma fabrica
de bijuterias para distribuicao dos produtos na regiao.
Trata-se de uma pequena empresa, uma vez que atende a alguns dos
criterios apresentados por Torres (1999) para empresas desse porte, tais
como: ter de 0 a 49 empregados, o market-share ser local ou regional, os
recursos humanos e financeiros serem limitados, o negocio ou a maior
parte dele pertencer a uma pessoa ou a familia e o gerenciamento estar
centrado no proprio dono.
O incentivo da mae da inicio a historia de nossa entrevistada, que,
assim, aprende a criar e montar bijuterias e coloca-las em exposicao no
escritorio do pai. Com o estoque de mercadorias que vai produzindo,
comeca a realizar as vendas para as amigas na escola, familiares e
amigos mais intimos. Percebendo o aumento das vendas, o pai sugere que
ela monte sua propria loja na sala ao lado de seu negocio.
A loja funcionou ao lado do escritorio do pai e com seu apoio
financeiro no periodo de 2003 a 2005. Ainda no ano de 2005, a
empreendedora, querendo expandir seu negocio, aluga por alguns meses uma
sala na avenida principal do comercio da cidade para aproveitar as
vendas de final de ano e adquirir experiencia. Por nao poder continuar
nesse ponto alugado e optar por manter sua loja em 2006, escolhe outro
ponto de venda estrategico da cidade, onde se encontra instalada ate
hoje. Desde sua primeira experiencia com loja, atua em periodo integral
e e responsavel pelas compras, negociacoes e vendas, design e montagem
das pecas. Apenas em 2007 contrata uma auxiliar, para trabalhar meio
periodo auxiliando na montagem das pecas. A administracao financeira e
feita pela mae e a parte contabil e realizada por um escritorio de
contabilidade.
A compra de mercadorias e realizada principalmente em Sao Paulo. Em
sua loja, 90% das pecas sao de fabricacao propria; a meta futura e
montar uma fabrica e passar a vender no atacado. Desde que abriu a
primeira loja participa das feiras do setor, para ficar por dentro das
tendencias e manter contato com clientes e fornecedores. Como sua
perspectiva sobre o futuro do empreendimento e montar uma fabrica de
bijuterias com distribuicao em lojas da regiao, ela ja esta se
estruturando, instruida pelo pai, e trabalhando com revendedoras para
testar alguns canais de distribuicao.
Nota-se que um dos fatores determinantes no processo de criacao do
empreendimento, e que despertou sua paixao pela criacao de bijuterias,
foi a influencia exercida pela mae, que ja havia trabalhado com
bijuterias em uma loja que possuira no passado.
Para Dolabela (1999a, 1999b), a primeira escola do empreendedor e
sua familia. Mais de um terco dos empreendedores vieram de familias em
que o pai ou a mae tinham sido autonomos durante a maior parte de sua
vida, e dois tercos vieram de familias nas quais o pai ou a mae tinham
tentado levar, pelo menos uma vez, um negocio a frente sem auxiliares.
Essa influencia fez com que a empreendedora, na epoca uma menina,
deixasse de sair, curtir as ferias e as amigas, e despertasse sua
vontade e interesse de criar bijuterias, como explica com suas proprias
palavras:
Minha mae tem muita influencia nisso. Ela sempre trabalhou e ainda
trabalha. Ja teve a empresa dela, onde tambem vendia bijuterias,
mas acabou fechando. Hoje ela me ajuda na parte financeira da loja
e e secretaria da oficina de meu pai. Ela fica muito no computador
e vive procurando cursos e novas coisas para eu implementar no
negocio.
Percebe-se tambem que o apoio financeiro do pai foi decisivo para a
criacao do negocio. "Para montar esta atual loja, fui crescendo aos
pouco. O meu pai foi mantendo a loja e ajudando, fui juntando um
capital, mas mesmo assim meu pai teve de ajudar. Ate tempos atras, a
loja nao se bancava. Agora se banca".
Nota-se que o pai foi um importante incentivador da expansao do seu
empreendimento.
Comecei a montar as bijuterias e o estoque foi aumentando. Entao
meu pai ofereceu um espaco ao lado do seu escritorio para eu montar
uma loja. Incentivada por ele, comprei um balcao e fui enchendo com
as pecas que criava [...] Meu pai me incentivou muito quando eu
abri a loja no seu escritorio. Perto da epoca de Natal eu tive
vontade de mudar minha loja para a avenida principal da cidade.
Falei com meus pais, que deram todo apoio, incluindo o financeiro,
e fui atras de uma sala para locacao.
Em alguns momentos a empreendedora pensou em desistir, mas a mae,
sempre de forma muito firme, insistia em que isso era importante para
seu futuro e que ela deveria se empenhar para alcancar sucesso no
negocio.
Comecei a trabalhar com as bijuterias aos treze anos e era tachada
de "tonta" pelas minhas amigas. Minha casa e caminho do clube e
minhas amigas passavam por la e falavam "vamos, Jessica, para
piscina", e eu respondia que nao, pois eu tinha que trabalhar.
Antes eu ate brigava com minha mae porque tinha de ficar em casa e
ela insistia que eu a escutasse e dizia que um dia ia lhe
agradecer, ela me segurava. Hoje eu vejo que minhas amigas nao
fazem faculdade e nao fazem nada.
O incentivo da mae no dia a dia foi fator que contribuiu para a
permanencia do negocio ate hoje: "[...] devo tudo a minha mae!
Minha mae foi quem me incentivou. Eu, as vezes, ficava desanimada, e ela
sempre me empurrava. Isto e uma empresa de mae e filha, nao e so minha:
e minha e dela".
Caracteristicas como persistencia, perseveranca, determinacao,
dedicacao, comprometimento, paixao pelo trabalho, criatividade e visao
de futuro sao determinantes para o sucesso de um empreendimento. Essas
caracteristicas encontram-se presentes entre aquelas mencionadas por
McClelland (1972), Dornelas (2001), Dolabela (1999a, 1999b), Timmons
(1994) e Filion (1999).
A dedicacao ao negocio e uma caracteristica que, entre outras, esta
presente quando se analisa a fala da entrevistada. "[...] A minha
vida e isto aqui. Estou aqui de segunda a sabado. Eu amo isto aqui, tem
que amar, senao nao fica. As vezes acordo a meia-noite e quero ir para a
loja porque estou com a ideia de um colar." "Eu atribuo o meu
sucesso a perseveranca. Nao so minha, mas da minha mae tambem. E hoje eu
dedico minha vida a isso aqui".
Segundo Filion (1999), empreendedores sao pessoas que precisam
continuar a aprender sobre o que fazem e sobre o que esta acontecendo
para agir e ajustar-se conforme a situacao. Vivem em processo de
evolucao constante, mas tem como foco de seu processo de aprendizagem a
capacidade de detectar oportunidades e manter-se como empreendedores.
Percebe-se claramente a busca pelo aperfeicoamento e aprendizagem,
caracteristicas fundamentais de um empreendedor. A empreendedora cursa o
segundo ano de Administracao de Empresas, e a nova aprendizagem tem-lhe
proporcionado outra visao do seu negocio e lhe dado subsidios para
decisoes no dia a dia.
[...] agora tenho tudo muito planejado, tenho muita ajuda dos
professores, principalmente da professora da area de marketing.
Antes de eu fazer a faculdade eu achava que nao precisava fazer
promocoes no fim de ano; achava que era uma epoca em que as pessoas
estavam dispostas a gastar e que entao era so vender.
Os empreendedores sao pessoas motivadas para atuar em seus
negocios, desejosas de independencia e autonomia. Dornelas (2001)
destaca que sao independentes e constroem o proprio destino. Esse
pensamento pode ser observado no depoimento da empreendedora:
Ja fui chamada para trabalhar como gerente em loja de moveis.
Convidaram-me para o cargo de gerente da loja. A proposta era
tentadora, mas pensei bem e vi que neste tipo de empresa nao teria
muito como crescer profissionalmente, nao poderia ser a dona!
Pensei, entao, em continuar e crescer no meu negocio.
Outra caracteristica percebida e a capacidade de encarar
adversidades com naturalidade (TIMMONS, 1994). Quando um novo
concorrente chegou a cidade com uma logomarca muito parecida,
confundindo os clientes e atrapalhando suas vendas, ela prontamente
desenvolveu e investiu em nova logomarca para a loja.
A discriminacao por ser jovem e mulher nao a impediu de continuar,
como explica a empreendedora: "Ainda sou considerada como uma
menina que ja trabalha com sua propria loja. Outros me olham e falam que
sou muito nova, e sinto que nao dao muita credibilidade ao meu trabalho
e ao meu negocio".
A criatividade e outra caracteristica presente em muitos
empreendedores e tambem identificada no caso da jovem entrevistada. Para
Filion (1999), os empreendedores sao pessoas criativas, marcadas pela
capacidade de estabelecer e atingir objetivos. A empreendedora
entrevistada se considera observadora de outros negocios e acredita que
isso a ajuda a aprender.
Na verdade, me inspiro nas pecas que compro. Pecas em grandes
quantidades, formatos e diferentes cores. Quando compro, nao tem
como imaginar o que farei. Vou comprando o que vejo e de que gosto,
e, quando eu retorno para Cornelio Procopio, chego a minha loja,
abro os varios produtos, vou misturando uma peca com a outra e vou
criando [...] Tenho meu estilo, mas tenho que acompanhar a
tendencia. Vou para Sao Paulo, nas Feiras de Lancamentos que
ocorrem quatro vezes ao ano e onde encontro pessoas do mundo
inteiro.
Filion (1999) destaca ainda a forca do networking para acoes
ligadas ao compartilhamento de informacoes entre instituicoes, agencias
de apoio e ordens profissionais responsaveis pelo empreendedorismo por
meio da realizacao de reunioes, foruns e congressos. A participacao da
empreendedora em feiras e exposicoes ajuda a criar uma rede de
relacionamentos que sao, segundo ela, importantissimos para sua
aprendizagem e para a divulgacao de seu trabalho.
Eu participo muito de feiras, da exposicao agropecuaria, e isso me
ajudou a crescer. Devo muito a esses eventos, pois so nas lojas e
no mercado e dificil; uma loja ou porta aberta as vezes nao se
banca. Tenho pouca venda no atacado e nas feiras jogo mercadoria
bem abaixo do custo para girar. Jogo os precos nas feiras e foram
elas que me deixaram conhecida. [...] Tenho alguns fornecedores (3
a 4 que sao de outros Estados, alem de Sao Paulo) que conheci nas
feiras tempos atras e de quem fui conquistando a confianca e me
tornando uma cliente com credibilidade. Hoje eles me enviam malotes
com suas mercadorias em consignacao, eu escolho o que me agrada e
retorno os demais produtos.
Para Degen (1989), o empreendedor de sucesso e aquele que nao se
cansa de observar negocios na constante procura de novas oportunidades,
seja no caminho de casa ou do trabalho, seja nas compras. Ramos,
Escrivao e Azolini Jr. (2000) reforcam esse pensamento quando afirmam
que ser empreendedor e um estado de espirito: um tipo de mente que nunca
para e que esta sempre buscando a informacao para dar suporte a sua
pratica.
A empreendedora demonstra esse estado de espirito quando menciona
seus planos de expansao do negocio, que vao muito alem de sua loja.
"Tenho muita vontade de exportar, mas e dificil. Nao estou achando
nenhuma ponta para isso. Ha muita burocracia, e nao estou conseguindo.
Solicitei um consultor do SEBRAE para me ajudar."
Para conseguir a perenidade de seu negocio, o empreendedor precisa
ter a visao de onde quer estar e do que precisa fazer no presente para
chegar la. Assim, da mesma forma como para Dornelas "ser
visionario" e uma caracteristica do empreendedor, para Filion
(1991) a visao e algo importante. No caso da jovem empreendedora, essa
visao de aonde quer ir e clara e esta expressa nas suas palavras:
Desde o primeiro dia em que comecei a montar brincos eu tinha uma
meta: quero vender no atacado. Eu nao quero ser comerciante, quero
ser fabrica. Esta loja e so um ponto para chegar ao que eu quero, e
estou caminhando. Antes nao dava, pois comprava pedraria cara, e
agora, como estou fabricando, posso vender mais barato [...] Tenho
as revendedoras com as quais comecei a trabalhar ha pouco tempo, e
a minha meta para o comeco do ano de 2008 e analisar o desempenho
delas. Entao, em caso positivo, vou contratar mais revendedoras e
esperar dois ou tres meses para ver se vale a pena usar este canal
de distribuicao. Entao, partirei para Revendedora Regional e,
quando descobrir minhas linhas de Distribuicao, vou me dedicar a
fabricacao de meus produtos para venda no atacado.
7. CONCLUSAO
O objetivo central deste artigo foi analisar os fatores que
influenciaram essa jovem empreendedora a iniciar seu negocio, destacando
as caracteristicas pessoais mais marcantes que contribuiram para seu
sucesso e a influencia da familia. Pode-se perceber que a empreendedora
possui as caracteristicas atribuidas por diversos autores (MCCLELLAND,
1972; DORNELAS, 2001; DOLABELA, 1999a, 1999b; TIMMONS, 1994; FILION,
1999) a pessoas empreendedoras: persistencia, perseveranca,
determinacao, dedicacao, comprometimento, paixao pelo trabalho,
criatividade e visao de futuro, determinantes para o sucesso de um
empreendimento.
A influencia da familia em todas as fases do negocio foi enfatizada
pela jovem empreendedora. No inicio, os pais da empreendedora tiveram
papel fundamental, pois a apoiaram, atuando como facilitadores e
oferecendo ambiente favoravel ao crescimento do negocio. A seguir,
durante a fase de crescimento, a jovem precisou de apoio financeiro e de
suporte para o funcionamento do dia a dia do empreendimento.
A empreendedora destacou nos seus depoimentos que tem na familia a
fonte de todas as suas conquistas, pelo apoio e motivacao recebidos.
Afirmou ter sido de grande importancia nao apenas o apoio financeiro dos
pais, mas principalmente o incentivo e o modelo a ser seguido em todos
os momentos. A influencia da familia foi reforcada em estudos anteriores
realizados por diversos autores, como Hornaday (1982), Timmons (1994),
Belcourt (1990), Gosselin e Grise (1990), Filion (1991, 1999), Pati
(1995), Dolabela (1999a, 1999b), Matthews e Moser (1996), Machado et al.
(2003) e Bohnenberger, Schmidt e Freitas (2007), que afirmaram que ha
mais chances de uma pessoa se tornar empreendedora se houver um modelo
na familia ou no seu meio, principalmente os pais ou pessoas mais
proximas.
Alem das caracteristicas empreendedoras e da influencia da familia,
outros fatores que influenciaram essa jovem empreendedora a iniciar seu
negocio foram identificados neste estudo de caso, como o interesse em
aprender e a participacao em redes de relacionamento.
Segundo Filion (1999), empreendedores sao pessoas que precisam
continuar a aprender sobre o que fazem e sobre o que esta acontecendo,
para agir e ajustar-se conforme a situacao. Vivem em processo de
evolucao constante, mas tem como foco de seu processo de aprendizagem a
capacidade de detectar oportunidades e manter-se atualizados. No caso da
jovem empreendedora, essa caracteristica e facilmente percebida em sua
busca constante de aprendizagem e de aperfeicoamento, que se da tambem
pela realizacao de curso superior em Administracao de Empresas, a fim de
aplicar os conhecimentos adquiridos no curso a gestao de seu negocio.
Finalmente, vale destacar que a participacao da empreendedora em
redes de relacionamento proporciona conhecimentos sobre o setor em que
esta inserta. Filion (1999) lembra a forca do networking em acoes
ligadas ao compartilhamento de informacoes entre instituicoes, agencias
de apoio e ordens profissionais responsaveis pelo empreendedorismo por
meio da realizacao de reunioes, foruns e congressos. A participacao da
empreendedora em feiras e exposicoes ajuda na criacao de networks, que
sa fundamentais para a divulgaca de seus produtos e para sua
aprendizagem.
Recebido em: 10/9/2008
Aprovado em: 12/4/2010
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Rivanda Meira Teixeira
Professora do Departamento de Administracao e do Mestrado em
Economia (NUPEC) da Universidade Federal de Sergipe. Doutorado em
Administracao pela Cranfield University, Inglaterra. Pos-Doutorado em
Gestao de Turismo na Bournemouth University, Inglaterra, e na
Strathclyde University, Escocia. Pos-Doutorado em Empreendedorismo em
Turismo na HEC em Montreal, Canada E-mail:
[email protected]
Norma Pimenta Cirilo Ducci
Mestre em Administracao pela Universidade Federal do Parana
(UFPR)--Curitiba--PR, Brasil E-mail:
[email protected]
Noeli dos Santos Sarrassini
Mestre em Administracao pela Universidade Federal do Parana
UFPR)--Curitiba--PR, Brasil E-mail:
[email protected]
Vilma Pimenta Cirilo Munhe
Mestre em Administracao pela Universidade Federal do Parana
(UFPR)--Curitiba--PR, Brasil E-mail:
[email protected]
Larissa Zamarian Ducci
Mestre em Administracao pela Universidade Federal do Parana
(UFPR)--Curitiba--PR, Brasil E-mail:
[email protected]
Quadro 1: Resumo das principais caracteristicas do empreendedor
segundo diferentes autores
DORNELAS DOLABELA MCCLELLAND
-Visionario. - Possui um - Busca de
- Sabe tomar "modelo", oportunidades
decisoes. uma pessoa e iniciativa.
- Individuo que o influencia. - Persistencia.
que faz a - Iniciativa, - Exigencia
diferenca. autonomia e de qualidade
- Sabe otimismo, e eficiencia.
explorar ao autoconfianca, - Assume riscos
maximo as necessidade de calculados.
oportunidades. realizacao. - Determina metas.
- Determinado - Trabalha - Busca
e dinamico. sozinho. informacoes.
- Dedicado. - Perseveranca - Planejamento e
- Otimista e e tenacidade. monitoramento
apaixonado - Aprende com sistematico.
pelo que faz. os erros. - Persuasao e rede
- Independente - Grande energia, de contatos.
e constroi o e incansavel. - Independencia e
proprio - Fixa metas e as autoconfianca.
destino. alcanca. - Comprome-
- Lider. - Forte intuicao. timento.
- Comprome-
timento.
- Obtem
feedback.
- Busca, controla
e utiliza recursos.
- Sonhador
realista.
DORNELAS TIMONNS BHIDE FILION
-Visionario. - Comprome- - "Nao existe - Pessoa
- Sabe tomar timento, perfil ideal. criativa.
decisoes. determinacao e Os empreen- - Marcada pela
- Individuo perseveranca. dedores capacidade de
que faz a - Busca podem estabelecer e
diferenca. autorrealizacao, ser gregarios atingir
- Sabe crescimento, com ou taciturnos, objetivos.
explorar ao metas desafiadoras. analiticos ou - Visionario.
maximo as - Senso de intuitivos,
oportunidades. Oportunidade cautelosos ou
- Determinado e orientacao ousados".
e dinamico. para metas. Nao se pode
- Dedicado. - Iniciativa definir um
- Otimista e pelo senso de modelo unico
apaixonado responsabilidade de perfil
pelo que faz. social. empreendedor.
- Independente - Persistencia e
e constroi o determinacao na
proprio resolucao de
destino. problemas.
- Lider. - Enfrenta
situacoes adversas
com otimismo,
humor e
perspectiva.
- Busca feedback
do desempenho
e aprende com
os erros.
- Controle racional
do impulso.
- Encara
as adversidades
com naturalidade.
Fonte: Elaboracao das autoras.