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文章基本信息

  • 标题:Does deposit insurance induce moral hazard? An empirical study with credit unions from the state of Minas Gerais/O seguro-deposito induz risco moral? Um estudo empirico com as cooperativas de credito do estado de Minas Gerais.
  • 作者:Bressan, Valeria Gama Fully ; Braga, Marcelo Jose ; Filho, Moises de Andrade Resende
  • 期刊名称:Revista de Gestao USP
  • 印刷版ISSN:1809-2276
  • 出版年度:2012
  • 期号:July
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade - FEA-USP
  • 摘要:O seguro-deposito e um instrumento utilizado para garantir que a totalidade ou uma fracao preestabelecida do principal e dos juros acumulados em contas protegidas seja honrada, em caso de falencia da instituicao financeira depositaria. Os EUA foram o primeiro pais a instituir o sistema nacional de seguro-deposito, em meio a crise bancaria de 1933, visando restaurar a confianca e a liquidez de seu sistema financeiro e proteger os pequenos investidores (DEMIRGUC-KUNT; KANE, 2002).
  • 关键词:Credit unions;Liquidity (Finance)

Does deposit insurance induce moral hazard? An empirical study with credit unions from the state of Minas Gerais/O seguro-deposito induz risco moral? Um estudo empirico com as cooperativas de credito do estado de Minas Gerais.


Bressan, Valeria Gama Fully ; Braga, Marcelo Jose ; Filho, Moises de Andrade Resende 等


1. INTRODUCAO

O seguro-deposito e um instrumento utilizado para garantir que a totalidade ou uma fracao preestabelecida do principal e dos juros acumulados em contas protegidas seja honrada, em caso de falencia da instituicao financeira depositaria. Os EUA foram o primeiro pais a instituir o sistema nacional de seguro-deposito, em meio a crise bancaria de 1933, visando restaurar a confianca e a liquidez de seu sistema financeiro e proteger os pequenos investidores (DEMIRGUC-KUNT; KANE, 2002).

Por um lado, a instauracao de um sistema de seguro-deposito traz maior estabilidade ao sistema financeiro, uma vez que, oferecendo garantia aos correntistas, desestimula a corrida por retiradas em uma eventual crise de confianca (HANNAFIN; McKILLOP, 2007). Por outro lado, um sistema de seguro-deposito pode, paradoxalmente, reduzir a estabilidade do sistema financeiro, ja que, reduzindo o risco das operacoes correntes das instituicoes financeiras, abre espaco para que elas se envolvam em operacoes excessivamente arriscadas, potencialmente danosas a estabilidade do sistema financeiro.

Os interesses conflitantes das partes, a par da necessidade de monitorar ou observar as acoes das instituicoes financeiras, torna inviavel o desenho de contratos baseados no nivel de exposicao ao risco dessas instituicoes. Assim, cada instituicao financeira, em funcao de seus interesses, pode expor-se a um risco maior do que o preconizado pelo fundo garantidor do seguro-deposito, sem que tal comportamento seja detectavel (problema de risco moral). Com isso, a instauracao de um sistema de seguro-deposito pode acarretar instabilidade ao setor que o instaura e, por conseguinte, a todo o sistema financeiro, ao induzir o problema de risco moral (CLAIR, 1984).

A primeira experiencia com seguro-deposito no Brasil ocorreu com a criacao, pelo governo brasileiro, do Fundo Garantidor de Credito (FGC) do sistema bancario brasileiro, em meio a crise bancaria de 1995. O FGC foi criado como uma entidade privada, sem fins lucrativos, destinada a administrar o sistema de seguro-deposito para a protecao de titulares de creditos em instituicoes financeiras, exceto as cooperativas de credito e as secoes de credito das cooperativas. Apos a criacao do FGC do setor bancario, o Sicoob-Crediminas, que congrega cooperativas singulares (1) de credito do Estado de Minas Gerais, instituiu o seu Fundo Garantidor de Depositos (FGD) em janeiro de 1999.

O FGD do Sicoob-Crediminas e a primeira experiencia de adocao de seguro-deposito dentro do Sistema de Cooperativas de Credito do Brasil (Sicoob) (2), que e o maior e o mais representativo sistema de cooperativas do Brasil, pois congrega 46,32% das cooperativas de credito singulares brasileiras (SOARES; MELO SOBRINHO, 2007). O Sicoob-Crediminas e parte integrante do Sicoob e congregava 117 cooperativas singulares, entre janeiro de 1998 e maio de 2008. Desse universo de cooperativas, apenas 97 ainda estavam operando em maio de 2008, mas, mesmo assim, representavam cerca de 50% das cooperativas de credito do Estado de Minas filiadas ao Sicoob-Brasil.

As cooperativas filiadas ao Sicoob-Crediminas comecaram a contribuir para o FGD do Sicoob-Crediminas em janeiro de 1999, mas apenas em julho de 2003 o FGD passou a possuir personalidade juridica. O FGD do Sicoob-Crediminas e alias mais antigo que o proprio Fundo Garantidor do Sicoob (FGS), criado somente em 2005.

O presente artigo utiliza o caso do Fundo Garantidor de Depositos (FGD) do Sicoob-Crediminas para testar a hipotese de que a instauracao desse sistema de seguro-deposito nao suscitou o problema de risco moral. A implicacao direta da rejeicao de tal hipotese e que a instauracao do FGD do Sicoob-Crediminas pode ter reduzido a estabilidade do sistema de cooperativismo de credito brasileiro.

O presente estudo e, pelo que nos consta, o primeiro a avaliar o problema de risco moral em cooperativas de credito do Estado de Minas Gerais, utilizando proxies de risco recomendadas pela literatura internacional. O artigo, alem da presente introducao, compreende quatro secoes. A proxima secao descreve as caracteristicas do sistema de seguro-deposito do Sicoob-Crediminas e o contexto em que ele foi instaurado. A terceira secao apresenta uma revisao da literatura sobre a relacao entre o seguro-deposito e o problema de risco moral. A quarta especifica a metodologia seguida e descreve a amostra e a fonte dos dados. A quinta secao discute os resultados obtidos, e a sexta expoe as conclusoes do trabalho.

2. O FUNDO GARANTIDOR DE DEPOSITOS DO SICOOB-CREDIMINAS

O Fundo Garantidor de Depositos (FGD) do Sicoob-Crediminas (3) visa garantir creditos as cooperativas de credito singulares integradas ao Sicoob Central Crediminas, localizadas no Estado de Minas Gerais, nas seguintes condicoes: incorporacao da cooperativa participante, exclusivamente por motivo de insolvencia confirmada pelo Sicoob Central Crediminas, quando incorporadora e incorporada foram participantes do fundo; descentralizacao de cooperativa participante, por motivo de insolvencia, confirmada pelo Sicoob Central Crediminas; decretacao de liquidacao extrajudicial da cooperativa participante pelo Banco Central do Brasil; decretacao de liquidacao ordinaria da cooperativa participante por insolvencia, decidida em assembleia geral, que devera ser confirmada pelo Sicoob Central Crediminas. As diligencias do FGD abarcam ainda as cooperativas que pertencam ao Sicoob Central Crediminas, mas que nao participem do Fundo Garantidor do Sicoob (FGS) (4) (SICOOB-CREDIMINAS, 2007).

Os principais objetos de garantia do FGD sao os depositos a vista e os depositos a prazo. No entanto, no caso de incorporacao, o valor das perdas decorrentes do processo de incorporacao tambem se torna objeto de garantia. No caso de liquidacao da cooperativa participante, alem dos depositos, o FGD garante as operacoes de emprestimos ou repasses e as operacoes de financiamento contraidas pela cooperativa participante e pelos cooperados da cooperativa participante junto a instituicoes oficiais e privadas. No caso de coberturas que nao sejam para os depositos a vista e a prazo, sao condicoes para a efetivacao da garantia a apuracao e o parecer favoravel do Sicoob Central Crediminas (SICOOB-CREDIMINAS, 2007). Alem disso, conforme o regulamento do FGD e por proposta do conselho de administracao do Sicoob Central Crediminas, outras garantias poderao, a criterio do conselho de administracao do FGD, ser proporcionadas pelo fundo, desde que sejam necessarias a preservacao da imagem do Sistema Crediminas. O Quadro 1 sintetiza as principais caracteristicas do FGD do Sicoob-Crediminas.

3. REVISAO DE LITERATURA

As cooperativas de credito sao instituicoes financeiras sui generis, pois sao os seus proprios membros (donos) que proveem (via depositos) e consomem (via emprestimos) os seus recursos. O papel da cooperativa de credito e intermediar o conflito de interesses entre os cooperados aplicadores e tomadores de recursos, provendo taxas mais elevadas para as aplicacoes e taxas mais baixas para os emprestimos do que aquelas praticadas pelo sistema financeiro tradicional. Por isso mesmo, tem sido amplamente reconhecido que as cooperativas de credito podem aumentar o acesso dos mais pobres ao credito e, dessa forma, contribuir para a reducao da pobreza e o desenvolvimento (NAIR; KLOEPPINGER-TODD, 2007).

O interesse dos cooperados em preservar a cooperativa de credito, visto que a mesma oferece taxas para emprestimos e aplicacoes notadamente mais atrativas do que as praticadas pelo mercado financeiro, pode fazer com que o problema de risco moral, apos a criacao do seguro-deposito, seja menor para as cooperativas de credito do que para outras instituicoes financeiras, como os bancos. Em outras palavras, e possivel que as cooperativas de credito sejam, naturalmente, menos propensas ao risco do que os bancos, em razao do interesse de seus membros (donos) em preserva-las. De toda forma, ainda e possivel que a instauracao do seguro-deposito leve as cooperativa de credito, a custa do fundo de seguro-deposito, a se envolverem em transacoes que impliquem um nivel de risco maior que o preconizado pelo fundo garantidor (HANNAFIN; McKILLOP, 2007).

Black e Dugger (1981) e Clair (1984) obtiveram evidencias empiricas de que cooperativas de credito dos EUA passaram a assumir maiores riscos apos a instauracao do seguro-deposito, fato que consideraram indicativo do problema de risco moral. Por outro lado, Karels e McClatchey (1999) avaliaram as cooperativas de credito do EUA de 1970 a 1977 e nao encontraram evidencias empiricas de que a adocao do seguro-deposito tenha aumentado o comportamento pro-risco dessas cooperativas. Resultados similares a esse foram obtidos tambem por Kane e Hendershott (1996) e Hannafin e McKillop (2007).

Os resultados conflitantes na literatura indicam que o efeito da instauracao do seguro-deposito sobre o problema de risco moral em cooperativas ainda nao e claro. Desse modo, deve-se estudar caso a caso, o que reforca a importancia de verificar se a instauracao do Fundo Garantidor de Depositos (FGD) nao induziu ao problema de risco moral.

Demirguc-Kunt e Detragiache (2002) investigaram os efeitos do seguro-deposito sobre a estabilidade bancaria de 61 paises no periodo entre 1980 e 1997, e descobriram que o segurodeposito tende, em geral, a aumentar a probabilidade de ocorrencia de crises bancarias, especialmente em paises onde as taxas de juros bancarias sao desreguladas e o ambiente institucional e fraco. Observaram ainda que o efeito negativo do sistema de seguro-deposito sobre a estabilidade bancaria tende a ser maior quando o seguro-deposito e financiado e fortemente administrado, e que tanto mais grave sera quanto maior for a cobertura dada pelo seguro-deposito aos depositantes.

Grossman (1992) comparou o risk-taking das instituicoes de poupanca e emprestimo, com e sem seguro-deposito, que operavam em regimes regulatorios mais e menos rigorosos durante a decada de 30 nos Estados Unidos. As analises dos balancos patrimoniais indicaram que instituicoes recem-asseguradas estavam em posicao de menor risco do que as suas contrapartes nao asseguradas. Entretanto, Grossman (1992) argumenta que, possivelmente, em razao do acompanhamento das autoridades de seguro-deposito, o problema de risco moral emergiu de modo gradual.

Chan, Greenbaum e Thakor (1992) analisaram o efeito do seguro-deposito sobre o problema de risco moral, no tocante a sensibilidade ao risco e a compatibilidade de incentivos. Os autores demonstram que, se as instituicoes depositarias sao perfeitamente competitivas, ou seja, se o lucro medio no setor e zero, entao seria impossivel introduzir um mecanismo incentivo-compativel que contemplasse a sensibilidade ao risco na precificacao do seguro-deposito. Chan, Greenbaum e Thakor (1992) acreditam que a estrutura de premio insensivel ao risco do seguro-deposito encoraja as instituicoes depositarias a escolher ativos excessivamente arriscados. Contudo, Pyle (1984) afirma que a precificacao do seguro-deposito sensivel ao risco demandaria mais informacoes acerca do depositante assegurado. Seria necessario, por exemplo, conhecer o grau de aversao ao risco e a funcao utilidade dos segurados, o que traz dificuldades a operacionalizacao desse tipo de precificacao.

Gropp e Vesala (2004) analisaram a relacao entre o seguro-deposito, o monitoramento dos devedores e o risk-taking nos bancos europeus na decada de 90. A partir da analise do setor bancario europeu, os autores mostraram que o seguro-deposito pode reduzir o risco moral, se o mesmo exclui credores nao-depositantes. Essa posicao contrasta com o argumento frequentemente encontrado na literatura de que o seguro-deposito gera o problema de risco moral e incentiva o excessivo comportamento risk-taking dos bancos (GROPP; VESALA, 2004).

Clair (1984) examinou indicadores financeiros das cooperativas de credito federais americanas antes e depois da introducao do seguro-deposito, no periodo de 1948 a 1980, que foi subdividido em tres: pre-seguro-deposito (1948-1970), transicao (1971-1973) e periodo do seguro-deposito (1974-1980). De acordo com o autor, espera-se que as cooperativas de credito iniciem o periodo do seguro-deposito em condicao financeira superior a dos periodos pre-seguro-deposito e transicao. Assim, a confirmacao da hipotese de existencia do problema de risco moral implica o aumento progressivo do comportamento risk-taking apos a instauracao do seguro-deposito, ou seja, o problema de risco moral surge no terceiro periodo do periodo do seguro-deposito (CLAIR, 1984). Clair (1984) concluiu que a exposicao ao risco de credito cresceu significativamente depois da instauracao do seguro. Essa mesma conclusao e defendida por Fischer e Fournier (2002), que desenvolveram um modelo teorico e, por meio de simulacoes com esse modelo, demonstraram que o seguro-deposito nas cooperativas de credito induz ao problema de risco moral.

Conquanto o problema de risco moral exista, varios outros fatores irao contribuir para determinar quao grave esse problema sera ou, em outras palavras, quao maior sera o grau de exposicao ao risco em relacao ao nivel eficiente. Exemplos desses fatores sao: o tipo de dominacao por membros tomadores ou aplicadores de recursos; a extensao da cobertura prometida pelo seguro-deposito; a disponibilidade no mercado financeiro de ativos com elevado retorno e risco; e a intensidade com qual as cooperativas de credito buscam maximizar seus resultados ou sobras.

Fischer e Fournier (2002) detectaram que a criacao do seguro-deposito induz as cooperativas de credito ao problema de risco moral, e que esse problema e mais grave para cooperativas dominadas por membros tomadores de recursos do que para aquelas dominadas por membros aplicadores de recursos.

Se existe incentivo para que as cooperativas de credito aumentem as sobras, as receitas e a disponibilidade de credito, entao, por conta do problema de risco moral, ha consideravel aumento da exposicao ao risco das mesmas. Nesse sentido, Keating (1979) obteve resultados empiricos sugerindo que os gestores das cooperativas de credito maximizam as funcoes utilidade destas, condicionadas a restricao de beneficios minimos para os seus membros. Esse resultado alinha-se com a hipotese de que o gestor poderia ser recompensado individualmente por meio de honorarios, em funcao do aumento dos retornos da cooperativa de credito (KEATING, 1979).

Kane e Hendershott (1996) analisaram a maneira pela qual as diferencas na estrutura de incentivos restringem a atratividade de especuladores e as oportunidades de tomadores de risco para a administracao e regulamentacao das cooperativas de credito. Os autores encontraram pouco suporte para o risco moral quando estimaram a solvencia do National Credit Union Share Insurance Fund (NCUSIF) e constataram que ela superou consideravelmente o desempenho dos bancos e associacoes de poupanca e emprestimo ao longo da decada de 1980.

Karels e McClatchey (1999) avaliaram as cooperativas de credito americanas no periodo de 1970 a 1977 e nao encontraram evidencias de que a adocao do seguro-deposito aumentou o comportamento risk-taking nessas cooperativas. Essa mesma constatacao e verificada no estudo de Hannafin e McKillop (2007), que avaliaram o periodo de 1991 a 2005 e concluiram que o mecanismo de seguro-deposito para as cooperativas de credito irlandesas nao causou o engajamento dos membros em comportamentos marcados pelo aumento de risco.

O Quadro 2 faz um sumario dos principais estudos que avaliaram o impacto do seguro-deposito sobre o comportamento de risco das instituicoes financeiras na literatura internacional.

Nota-se, pelo Quadro 2, que a maioria dos trabalhos empiricos indica que o seguro-deposito induz ao problema de risco moral no setor bancario, mas nao no setor de cooperativas de credito. Um ponto adicional e, como destacam Hannafin e McKillop (2007), que poucos paises fora da Europa e da America do Norte adotam o seguro-deposito em seus sistemas de cooperativas de credito.

4. METODOLOGIA

O procedimento adotado para testar a hipotese de que a instauracao do FGD do Sicoob-Crediminas nao induziu ao problema de risco moral nas cooperativas de credito de Minas Gerais consiste em investigar se houve uma tendencia progressiva de aumento na exposicao ao risco dessas cooperativas apos a instauracao do FGD do Sicoob-Crediminas, em janeiro de 1999. Assim, caso seja detectada qualquer tendencia, concluirse-a se que a instauracao do sistema de seguro-deposito pelo Sicoob-Crediminas induziu ao problema de risco moral.

A amostra utilizada na pesquisa e constituida por setenta e duas cooperativas de credito participantes do FGD do Sicoob-Crediminas, que tiveram os seus balancos disponibilizados (7) para todo o periodo de janeiro de 1995 a maio de 2008 (161 observacoes por cooperativa). Vale mencionar que as setenta e duas cooperativas da amostra correspondem a 62% do universo de cooperativas de credito filiadas ao Sicoob-Crediminas no periodo de janeiro de 1995 a maio de 2008. Dessa forma, a principio os paineis seriam constituidos por um total de 11.592 observacoes, mas, em razao da indisponibilidade de dados nao disponiveis para algumas variaveis e cooperativas, foi necessario trabalhar com paineis de dados nao balanceados, como ficara evidente adiante.

O modelo econometrico basico utilizado e formalizado pela equacao (1) e e fundamentado nos estudos empiricos de Clair (1984), Karels e McClatchey (1999) e Hannafin e McKillop (2007) e no modelo teorico de Fischer e Fournier (2002).

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em que i = 1,..., 72 indexa a i-esima cooperativa de credito da amostra; t = 1, ..., 161 indexa o t-esimo mes entre janeiro de 1995 e maio de 2008; [ir.sup.j.sub.it] denota o j-esimo indicador de risco utilizado como variavel dependente, com j = 1, ..., 6 (vide detalhes no Quadro 3); [[beta].sub.0] e o intercepto do modelo; [[beta].sub.k] e o coeficiente da k-esima variavel explicativa; [v.sub.i] denota os efeitos fixos nao observaveis e invariantes no tempo da i-esima cooperativa de credito. No modelo de efeitos aleatorios, [v.sub.i] sao erros aleatorios identicamente e independentemente distribuidos, com media zero e variancia constante; [e.sub.it] e o erro aleatorio que varia com as unidades e com o tempo, denominado erro usual da regressao (BALTAGI, 2005). As variaveis explicativas do modelo e os sinais esperados de seus coeficientes sao apresentados no Quadro 3.

Pelo Quadro 3, deve ser possivel notar que o modelo econometrico (1) foi estimado, ao todo, para seis proxies diferentes da variavel dependente [ir.sup.j.sub.it], de modo que o j-esimo modelo deve ser entendido como o modelo (1) estimado para o j-esimo indicador de risco apresentado no Quadro 3. Dessa forma, o Modelo 1 utiliza o Risco de Liquidez como variavel dependente, o Modelo 2 utiliza o Risco de Inadimplencia, o Modelo 3 emprega a variavel Taxa de Capital, e assim sucessivamente, ate o Modelo 6, que utiliza como medida de Adequacao do Capital o Indice de Basileia.

Optou-se por estimar os modelos tomando-se seis proxies diferentes para a variavel dependente, porque e crucial a escolha da variavel proxy de medida de exposicao ao risco na deteccao ou nao do efeito da instauracao do seguro-deposito sobre o problema de risco moral, ao mesmo tempo em que nao ha na literatura consenso sobre qual variavel proxy utilizar (LEE; KWOK, 2000). O Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, 1983 a, b apud LEE; KWOK, 2000), por exemplo, sugere estimar o risco especifico de cada banco com base na utilizacao das variaveis: risco de credito, taxa de juros de risco e risco de liquidez. Ja com relacao as medidas de risco para cooperativas de credito, os trabalhos de Black e Dugger (1981), Clair (1984), Kane e Hendershott (1996), Fischer e Fournier (2002) e Hannafin e McKillop (2007) sugerem estimar o risco especifico de cada cooperativa de credito por meio dos indicadores: Adequacao do Capital, Taxa de Inadimplencia e Liquidez, como no presente artigo.

4.1. Procedimentos para a Estimacao dos Modelos Econometricos

Em razao da indisponibilidade de dados, a dimensao temporal dos dados por cooperativa foi, com frequencia, diferente entre as cooperativas da amostra. Por isso, cada painel de dados utilizado no presente estudo e nao balanceado.

A estrategia geral utilizada no processo de selecao da melhor especificacao, dentre os modelos estimados, consistiu em estimar, primeiro, os modelos agrupados (pooled) e os efeitos fixos e verificar, utilizando-se o teste Chow (teste F), se o modelo agrupado e preferivel ao de efeitos fixos. No segundo passo, estima-se o modelo com efeitos aleatorios e, utilizando-se o teste Breusch-Pagan (teste do tipo multiplicador de Lagrange), verifica-se se o modelo agrupado e preferivel ao modelo com efeitos aleatorios. O terceiro passo consiste em averiguar se o modelo com efeitos aleatorios e preferivel ao modelo com efeitos fixos, o que se fara por meio do teste de Hausman. Quando dos passos anteriores se conclui que o modelo de efeitos fixos e o melhor, executa-se o quarto passo, que consiste em testar a autocorrelacao via teste proposto por Wooldridge (2002) e testar a heterocedasticidade de grupo via teste de Wald. Finalmente, se a autocorrelacao e a heterocedasticidade forem confirmadas, o que e, segundo Gujarati (2006), o mais comum, o modelo com efeitos fixos e reestimado com a utilizacao de estimadores Minimos Quadrados Generalizados Factiveis (Feasible Generalized Least Squares--FGLS), como sugerido por Judge et al. (1985) e Davidson e MacKinnon (1993). Note-se que Baltagi e Wu (1999) e Hansen (2007) tambem utilizaram estimadores FGLS quando detectaram que os erros dos seus modelos de dados em painel nao balanceados apresentavam autocorrelacao.

5. RESULTADOS E DISCUSSAO

A Tabela 1 apresenta as variaveis utilizadas nas estimacoes do modelo econometrico (1) e suas estatisticas descritivas.

Os resultados dos testes Chow, Breusch-Pagan e Hausman indicaram que os modelos com efeitos fixos eram preferiveis aos modelos agrupados (pooled) e aos modelos com efeitos aleatorios. Tais resultados nao foram aqui apresentados por questoes de espaco e objetividade, de modo que o leitor interessado deve requisita-los diretamente aos autores. O mesmo pode ser dito para os resultados dos testes de Wooldridge (2002) e linha da Tabela 2.

Wald, que nao rejeitaram as hipoteses de autocorrelacao e heterocedasticidade de grupo. Dito isso, a Tabela 2 apresenta apenas os resultados das estimacoes FGLS dos seis modelos com efeitos fixos, com destaque, em cinza, para as linhas referentes as tres variaveis do modelo (1): [dtsd.sub.it]*[t.sub.it], [dpsd.sub.it] e [dpsd.sub.it]*[t.sub.it]. Note-se que todos os modelos sao globalmente significantes pelos testes de Wald, como apresentado na penultima

A significancia individual das variaveis [dpsd.sub.it], [dpsd.sub.it]*[t.sub.it] e [dtsd.sub.it]*[t.sub.it] e crucial para que se possa testar a hipotese de risco moral nas cooperativas de credito filiadas ao Sicoob-Crediminas apos a implantacao do FGD. Por isso, certos modelos serao preferidos a outros quando apresentarem coeficientes estatistica e individualmente significantes com respeito a essas tres variave Reconhece-se que esse e um criterio ad hoc, m que se faz necessario diante de uma cla indefinicao na literatura a respeito da melh variavel proxy a ser utilizada para a varia dependente.

Os resultados na Tabela 2 para os modelos 1, 2 e 6 mostram que as variaveis [dpsd.sub.it], [dpsd.sub.it]*[t.sub.it] e [dtsd.sub.it]*[t.sub.it] nao foram, ao mesmo tempo, estatisticamente e individualmente significantes, o que e um indicio de que o Indice de Liquidez, o Indice de Inadimplencia e o Indice de Basileia nao foram boas proxies de medidas de risco para esse grupo de cooperativas de credito. Destaque-se ainda que, para os modelos com o Indice de Inadimplencia (modelo 2) e Indice de Basileia (modelo 6), houve uma reducao significativa do numero de observacoes em razao da nao disponibilidade das mesmas contas COSIF (12) para todo o periodo estudado.

Os resultados na Tabela 2 para os modelos 3, 4 e 5 mostram que as variaveis [dtsd.sub.it]*[t.sub.it], [dpsd.sub.it] e [dpsd.sub.it]*[t.sub.it] foram todas estatisticamente e individualmente significativas, ao nivel de 1% de probabilidade, demonstrando que os indicadores de Adequacao do Capital--Taxa de Capital, quotas-partes sobre o total de emprestimos e patrimonio liquido sobre o total dos emprestimos--revelaram-se boas proxies da medida do risco assumido pelas cooperativas. Por esse motivo, as analises a seguir sao baseadas nos resultados obtidos para os modelos 3, 4 e 5.

As variaveis dummies que captam o tamanho da cooperativa ([dtamm.sub.it] e [dtamg.sub.it]) foram, em geral, estatisticamente e individualmente significativas para explicar os indicadores de adequacao do capital (Modelos 3, 4 e 5). Contudo, a dummy para cooperativa de tamanho medio ([dtamm.sub.it]) nao foi estatisticamente significativa no modelo 3 e apresentou os sinais negativo no modelo 4 e o positivo no modelo 5. Com base nesses resultados, nao foi possivel chegar a uma conclusao acerca do efeito do tamanho medio da cooperativa sobre o indice de Adequacao do Capital. Ja a dummy para cooperativa de tamanho grande ([dtamg.sub.it]) apresenta coeficientes negativos, como esperado, e individualmente significantes nos modelos 3, 4 e 5. Diante disso, espera-se que cooperativas de tamanho grande apresentem menores indicadores de Adequacao do Capital em comparacao com as cooperativas de tamanho medio e pequeno, ou seja, espera-se que cooperativas de tamanho grande assumam maior risco que as demais. Este resultado esta de acordo com o trabalho de Karels e McClatchey (1999), que defendem que quanto maior for a cooperativa, maior sera a sua experiencia e, assim, maior a chance de que assuma maiores riscos.

A variavel [idade.sub.it] nao foi estatisticamente significativa nos modelos 4 e 5 (vide Tabela 2). No entanto, o coeficiente de [idade.sub.it] foi positivo e individual e estatisticamente significativo no modelo 3. Seu sinal positivo indica que quanto mais antiga for a cooperativa, melhor sera o indice de adequacao do capital, ou seja, menor o risco assumido. Note-se que Melvin, Davis e Fischer (1977 apud CLAIR, 1984) concordam que cooperativas mais antigas devem apresentar menor propensao ao risco. Uma hipotese para justificar isso seria a de que o desejo que impele os membros de uma cooperativa de credito a mante-la operante, ou seja, a preserva-la, torna-se tanto maior quanto maior for seu tempo de existencia.

A variavel dummy [ddomi.sub.it] para dominacao da cooperativa por membros tomadores de recursos foi estatistica e individualmente significante nos modelos 3, 4 e 5, mas, por apresentarar sinais conflitantes, nao levarou a resultados conclusivos. Nos modelos 3 e 5 o coeficiente estimado apresentou sinal positivo, indicando ser mais provavel que cooperativas dominadas por membros tomadores possuam melhores indicadores de Adequacao do Capital, ou seja, exponham se menos ao risco. O fato de esses resultados serem contrarios ao preconizado por Fischer e Fournier (2002) pode estar apenas refletindo uma caracteristica peculiar das cooperativas de credito filiadas ao Sicoob-Crediminas, as quais sao essencialmente dominadas por membros tomadores. Por outro lado, o sinal negativo para a [ddomi.sub.it] no modelo 4 indica que cooperativas de credito dominadas por membros tomadores tendem a possuir indicadores de Adequacao de Capital menores que os das cooperativas dominadas por aplicadores/poupadores. Esses resultados conflitantes nao indicam exatamente o efeito da dominacao por membros tomadores sobre a posicao de risco da cooperativa, e demonstram a relevancia e a dificuldade que envolvem a escolha das proxies para o risco, como ressaltado por Lee e Kwok (2000).

A variavel tendencia [t.sub.it], considerando-se os modelos 3, 4 e 5, apresentou coeficiente negativo e estatistica e individualmente significante apenas no modelo 3. Assim, com base na estimativa obtida para o modelo 3, pode-se concluir que ha uma tendencia de aumento no nivel de risco assumido pelas cooperativas ao longo do tempo.

O efeito da taxa de crescimento do ativo sobre o nivel de risco assumido pelas cooperativas filiadas ao Sicoob-Crediminas e captado pelas variaveis [Y.sub.it (AT)] e [Y.sub.it-1 (AT)]. Nos modelos 3, 4 e 5, seus coeficientes sao positivos e significativos, exceto o coeficiente de [Y.sub.it (AT)] no modelo 3, que foi negativo. Os coeficientes positivos das variaveis [Y.sub.it (AT)] e [Y.sub.it-1 (AT)] sao justificaveis, uma vez que, segundo Clair (1984), e provavel que choques exogenos promovam um declinio na taxa de capital na maioria das instituicoes financeiras, mas nao nas cooperativas, o que justifica uma relacao positiva entre o crescimento do ativo e os indicadores de adequacao do capital das cooperativas de credito.

O coeficiente [[beta].sub.10] da variavel [dtsd.sub.it]*[t.sub.it] foi estatisticamente e individualmente significante nos modelos 3, 4 e 5. Note-se que esse coeficiente e especialmente importante, pois a derivada parcial do modelo (1) com respeito a [dtsd.sub.it] e [[beta].sub.10][t.sub.it], o que faz com que o sinal de [[beta].sub.10] determine o sentido do efeito do periodo de transicao do FGD sobre o indice de Adequacao do Capital. Note-se pela Tabela 2 que as estimativas de [[beta].sub.10] apresentaram sinal positivo apenas nos modelos 3 e 5, mostrando que os indicadores de adequacao do capital melhoraram progressivamente no periodo de transicao para o FGD, ou seja, que ha uma tendencia de reducao gradual da exposicao das cooperativas ao risco nesse periodo (Tabela 2). Tais resultados sao coerentes com o trabalho de Clair (1984), que afirma que as cooperativas deveriam cumprir altos padroes financeiros durante o periodo de transicao, razao pela qual se espera uma melhoria da condicao financeira das mesmas no periodo denominado de transicao.

As variaveis [dpsd.sub.it] e [dpsd.sub.it]*[t.sub.it] captam o efeito sobre o nivel de exposicao das cooperativas ao risco apos a instauracao do seguro-deposito, pois a derivada parcial do modelo (1), [ir.sup.j.sub.it]/[dpsd.sub.it], e [[beta].sub.6] + [[beta].sub.7][t.sub.it]. Dessa forma, [[beta].sub.6] + [[beta].sub.7][t.sub.it] quantifica o efeito total do FGD sobre o valor esperado do indicador de risco das cooperativas, onde [[beta].sub.6] e o coeficiente da variavel [dpsd.sub.it] e [[beta].sub.7] e o coeficiente da variavel [dpsd.sub.it]*[t.sub.it]. Assim, por exemplo, se nos modelos 3, 4 e 5 o coeficiente [[beta].sub.7] for negativo, mesmo se [[beta].sub.6] for positivo, com o tempo o nivel de exposicao ao risco das cooperativas passara a um patamar superior ao que existia antes da instauracao do seguro-deposito.

Os resultados na Tabela 2 mostram o sinal negativo e positivo para as estimativas dos coeficientes [[beta].sub.6] e [[beta].sub.7] nos modelos 3 e 5, e o padrao oposto (positivo e negativo) de sinais no modelo 4. Note-se que um sinal negativo (positivo) de [[beta].sub.6] indica piora (melhora) da Adequacao do Capital apos a implantacao do FGD do Sicoob-Crediminas ou aumento da exposicao ao risco, e um sinal positivo (negativo) para [[beta].sub.7] indica uma tendencia de melhora (piora) progressiva da Adequacao do Capital apos a instauracao do FGD. Dessa forma, sera o sinal negativo e significante de [[beta].sub.7] que permitira rejeitar a hipotese de que a instauracao do FGD do Sicoob-Crediminas nao induziu ao problema de risco moral, o que e verificado para o modelo 4. Contudo, nos modelos 3 e 5, o sinal de [[beta].sub.7] e positivo, o que nao permite rejeitar a hipotese de que a instauracao do FGD do Sicoob-Crediminas nao induziu ao problema de risco moral. Diante desses resultados conflitantes, nao foi possivel rejeitar conclusivamente a hipotese de que a instauracao do FGD do Sicoob-Crediminas nao induziu ao problema de risco moral.

5. CONCLUSOES

Em principio, a instauracao de um sistema de seguro-deposito deve trazer maior estabilidade ao sistema financeiro, por desestimular a retirada de depositos das instituicoes financeiras. Contudo, o seguro-deposito pode, paradoxalmente, acabar reduzindo a estabilidade do sistema financeiro por conta do problema do risco moral. Ou seja, a impossibilidade de o fundo gestor do seguro-deposito monitorar perfeitamente as acoes das instituicoes financeiras, somada aos interesses conflitantes das partes envolvidas, pode induzir as instituicoes financeiras a se expor a um risco maior do que o preconizado pelo fundo gestor.

Em razao da ausencia de consenso na literatura sobre o efeito da instauracao de sistemas de seguro-deposito sobre o nivel de exposicao ao risco das instituicoes financeiras, o presente estudo buscou gerar evidencias empiricas sobre esta tematica, aplicada ao Brasil. Em particular, o estudo buscou obter evidencias sobre o efeito da instauracao de um sistema de seguro-deposito sobre o nivel de exposicao ao risco das cooperativas de credito do Estado de Minas Gerais. Assim, testou-se a hipotese de que a introducao, a partir de janeiro de 1999, do Fundo Garantidor de Depositos (FGD) no sistema Sicoob-Crediminas nao induziu ao problema de risco moral nas cooperativas de credito filiadas ao sistema. Para tanto, foram utilizados paineis de dados construidos para uma amostra de 62% das cooperativas filiadas ao Sicoob-Crediminas entre janeiro de 1995 e maio de 2008.

Por falta de uma direcao clara na literatura sobre qual variavel proxy utilizar como indicador de exposicao ao risco das cooperativas, foram estimados seis modelos de regressao com dados de painel e com a mesma especificacao funcional, utilizando-se como variavel dependente seis diferentes indicadores do nivel de exposicao ao risco das cooperativas. Em apenas tres dos seis modelos estimulados as variaveis relacionadas a medicao do impacto do deposito sobre o nivel de exposicao ao risco das cooperativas revelaram-se estatistica e individualmente significantes. Os tres modelos preferidos possuiam como variavel dependente indicadores dentro da classe de indices de Adequacao do Capital.

As principais conclusoes obtidas a partir das estimativas dos tres modelos preferidos indicaram que, as cooperativas de credito de maior porte tendem a se expor mais ao risco do que as de tamanho medio e pequeno; quanto maior for o tempo de existencia da cooperativa, maior sera, possivelmente, o seu nivel de exposicao ao risco; a dominacao de uma cooperativa por membros tomadores de recursos nao impacta necessariamente seu nivel de exposicao ao risco; e provavel que cooperativas com taxas positivas de crescimento dos ativos assumam menores riscos que as demais. Finalmente, as estimativas dos tres modelos apresentaram resultados conflitantes, ou seja, os modelos 3 e 5 indicaram que o Fundo Garantidor de Depositos do Sicoob-Crediminas nao induziu ao problema de risco moral, o que vai ao encontro dos resultados dos estudos de cooperativas de credito americanas realizados por Kane e Hendershott (1996) e Karels e McClatchey (1999), e de cooperativas de credito irlandesas levados a efeito por Hannafin e McKillop (2007). Ja o modelo 4 indicou que o Fundo Garantidor de Depositos do Sicoob-Crediminas induziu ao problema de risco moral, resultado este coerente com aqueles obtidos pelos estudos de Black e Dugger (1981) e Clair (1984), relativos a cooperativas americanas.

Em razao dos resultados conflitantes das analises empiricas, nao se pode afirmar que a instauracao do FGD do Sicoob-Crediminas tenha induzido ao problema de risco moral. Diante disso, trabalhos futuros devem investigar a utilizacao de procedimentos econometricos alternativos, de modo que se possa chegar a resultados conclusivos sobre a validade ou rejeicao da hipotese testada no presente estudo.

Uma sugestao para pesquisas futuras consiste em testar se a metodologia utilizada no presente artigo pode aplicar-se a outros sistemas de cooperativismo de credito existentes no Brasil, como: Sicredi, Unicredi, Ancosol, cooperativas independentes e outros sistemas. Outros metodos para avaliar a presenca de risco moral tambem podem ser testados, envolvendo abordagens relacionadas a modelos de series temporais, modelos com variavel dependente binaria e analises qualitativas, e nao apenas no cooperativismo de credito, pois a questao do risco moral em instituicoes financeiras, evidenciado pela crise do sub-prime nos EUA, constitui um amplo campo de pesquisas relacionadas as tematicas de gestao do risco corporativo no segmento bancario e nao bancario.

DOI: 10.5700/rege430

Artigo--Economia das Organizacoes

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Valeria Gama Fully Bressan Professora do Programa de Pos-Graduacao em Contabilidade e Controladoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)--Belo Horizonte-Minas Gerais, Brasil Pos-Doutora pela Universidade Federal de Vicosa (UFV) Doutora em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Vicosa (UFV) E-mail: [email protected]

Marcelo Jose Braga Professor do Programa de Pos-Graduacao em Economia Aplicada, Universidade Federal de Vicosa (UFV)--Vicosa-Minas Gerais, Brasil Pos-Doutorado pela University of California at Davis (UCD) Estados Unidos Doutor em Economia Rural pela Universidade Federal de Vicosa (UFV) E-mail: [email protected]

Moises de Andrade Resende Filho Professor do Programa de Pos-Graduacao em Economia, Departamento de Economia da Universidade de Brasilia (UnB)--Brasilia-Distrito Federal, Brasil Ph.D. em Economia Aplicada pela University of Minnesota, Estados Unidos E-mail: [email protected]

Aureliano Angel Bressan Professor do Centro de Pos-Graduacao e Pesquisas em Administracao da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)--Belo Horizonte-Minas Gerais, Brasil Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Vicosa (UFV) E-mail: [email protected]

* Os autores agradecem o financiamento do CNPq e da CAPES.

(1) As cooperativas singulares ou de primeiro grau sao aquelas constituidas por pelo menos vinte pessoas fisicas.

(2) Para maiores detalhes sobre o Sicoob, consulte <http ://www. sicoob. com.br/site/conteudo/sistema_sicoob/>.

(3) Para maiores detalhes sobre as atribuicoes das cooperativas centrais de credito, como e o caso do Sicoob-Crediminas, veja a Resolucao no 3.321 de 2005 do Banco Central do Brasil.

(4) O FGS e o sistema de seguro deposito das cooperativas de credito filiadas ao Sistema das Cooperativas de Credito do Brasil (Sicoob), criado em 2005.

(7) Os dados foram fornecidos pelo SicoobCrediminas e sao de carater confidencial.

(8) Para maiores detalhes sobre o indice de Basileia, ver www.bcb.gov.br.

(9) Optou-se por trabalhar com a variavel "tamanho", utilizando-se variaveis dummies, pois o valor do ativo total foi utilizado (por meio da taxa de crescimento dos ativos) como alternativa para avaliar choques exogenos, conforme descrito na ultima linha do Quadro 3.

(10) A metodologia e os resultados dos Indices de Dominacao das cooperativas de credito mineiras nao sao aqui apresentados por questoes de espaco e objetividade. Assim, o leitor interessado deve requisita -los diretamente dos autores.

(11) Note-se que a derivada parcial do modelo (1) [ir.sup.j.sub.it]/[dtsd.sub.it] = [[beta].sub.10][t.sub.it]. Como a variavel tendencia apresenta apenas valores positivos, o sinal de [[beta].sub.10] determina o efeito do periodo de transicao ate o FGD.

(12) COSIF = Plano Contabil das Instituicoes do Sistema Financeiro Nacional.
Tabela 1: Variaveis com medias e desvios-padrao (entre parenteses)
por ano, de 1995 a 2008.

                         De 1995 a
                         2008        1995      1996      1997

[ir.sup.1.sub.it]:       1,317       1,800     1,513     1,471
  Risco de Liquidez      (1,100)     (2,178)   (1,687)   (1,837)

[ir.sup.2.sub.it]:       0,045       nd        nd        nd
  Risco de               (0,061)
  Inadimplencia

[ir.sup.3.sub.it]:       0,174       0,294     0,243     0,194
  Adequacao do Capital   (0,208)     (0,550)   (0,193)   (0,159)
  (taxa de capital)

[ir.sup.4.sub.it]:       0,290       0,262     0,443     0,352
  Adequacao do Capital   (0,791)     (0,714)   (2,756)   (0,215)
  (quotas-partes/total
  de emprestimos)

[ir.sup.5.sub.it]:       0,483       0,582     0,715     0,578
  Adequacao do Capital   (0,724)     (0,333)   (2,522)   (0,283)
  (patrimonio liquido/
  total dos
  emprestimos)

[ir.sup.6.sub.it]:       24,618      nd        nd        nd
  Adequacao do Capital   (25,151)
  (indice de Basileia)

idadeit                  11,621      5,418     6,408     7,408
                         (5,212)     (3,496)   (3,502)   (3,502)

Yit (Taxa de             0,040       0,095     0,182     0,023
  Crescimento            (1,154)     (0,787    (4,137)   (0,102)
  do Ativo)

Yit (Taxa de             0,034       0,075     0,122     0,034
  Crescimento            (0,674)     (0,304)   (2,429)   (0,115)
  do Emprestimo)

                         1998      1999      2000      2001

[ir.sup.1.sub.it]:       1,293     1,128     1,282     1,268
  Risco de Liquidez      (0,954)   (0,729)   (0,882)   (0,699)

[ir.sup.2.sub.it]:       Nd        nd        0,067     0,050
  Risco de                                   (0,128)   (0,048)
  Inadimplencia

[ir.sup.3.sub.it]:       0,174     0,156     0,146     0,152
  Adequacao do Capital   (0,172)   (0,132)   (0,208)   (0,119)
  (taxa de capital)

[ir.sup.4.sub.it]:       0,344     0,362     0,325     0,304
  Adequacao do Capital   (0,191)   (0,206)   (0,158)   (0,137)
  (quotas-partes/total
  de emprestimos)

[ir.sup.5.sub.it]:       0,551     0,547     0,489     0,476
  Adequacao do Capital   (0,258)   (0,251)   (0,258)   (0,167)
  (patrimonio liquido/
  total dos
  emprestimos)

[ir.sup.6.sub.it]:       Nd        Nd        Nd        2,302
  Adequacao do Capital                                 (8,093)
  (indice de Basileia)

idadeit                  8,408     9,408     10,410    11,411
                         (3,502)   (3,502)   (3,502)   (3,502)

Yit (Taxa de             0,022     0,038     0,016     0,013
  Crescimento            (0,093)   (0,118    (0,084)   (0,070)
  do Ativo)

Yit (Taxa de             0,024     0,030     0,021     0,012
  Crescimento            (0,098)   (0,111)   (0,092)   (0,073)
  do Emprestimo)

                         2002      2003      2004      2005

[ir.sup.1.sub.it]:       1,314     1,326     1,169     1,155
  Risco de Liquidez      (0,721)   (0,748)   (0,527)   (0,518)

[ir.sup.2.sub.it]:       0,050     0,047     0,048     0,038
  Risco de               (0,054)   (0,061)   (0,067)   (0,038)
  Inadimplencia

[ir.sup.3.sub.it]:       0,141     0,141     0,141     0,157
  Adequacao do Capital   (0,119)   (0,123)   (0,177)   (0,100)
  (taxa de capital)

[ir.sup.4.sub.it]:       0,270     0,254     0,248     0,229
  Adequacao do Capital   (0,111)   (0,115)   (0,109)   (0,095)
  (quotas-partes/total
  de emprestimos)

[ir.sup.5.sub.it]:       0,426     0,409     0,404     0,396
  Adequacao do Capital   (0,145)   (0,150)   (0,150)   (0,142)
  (patrimonio liquido/
  total dos
  emprestimos)

[ir.sup.6.sub.it]:       24,256    26,652    30,862    30,128
  Adequacao do Capital   (7,607)   (8,394)   (13,630)  (9,248)
  (indice de Basileia)

idadeit                  12,411    13,411    14,413    15,413
                         (3,502)   (3,502)   (3,502)   (3,502)

Yit (Taxa de             0,030     0,021     0,021     0,019
  Crescimento            (0,097)   (0,065)   (0,071)   (0,067)
  do Ativo)

Yit (Taxa de             0,026     0,023     0,017     0,026
  Crescimento            (0,081)   (0,070)   (0,067)   (0,070)
  do Emprestimo)

                         2006      2007      2008

[ir.sup.1.sub.it]:       1,264     1,220     1,145
  Risco de Liquidez      (0,542)   (0,485)   (0,449)

[ir.sup.2.sub.it]:       0,035     0,034     0,032
  Risco de               (0,032)   (0,028)   (0,023)
  Inadimplencia

[ir.sup.3.sub.it]:       0,167     0,165     0,165
  Adequacao do Capital   (0,096)   (0,084)   (0,088)
  (taxa de capital)

[ir.sup.4.sub.it]:       0,212     0,205     0,204
  Adequacao do Capital   (0,090)   (0,085)   (0,091)
  (quotas-partes/total
  de emprestimos)

[ir.sup.5.sub.it]:       0,383     0,370     0,364
  Adequacao do Capital   (0,147)   (0,127)   (0,124)
  (patrimonio liquido/
  total dos
  emprestimos)

[ir.sup.6.sub.it]:       30,639    26,921    25,970
  Adequacao do Capital   (59,230)  (8,764)   (8,702)
  (indice de Basileia)

idadeit                  16,413    17,413    18,123
                         (3,502)   (3,502)   (3,495)

Yit (Taxa de             0,028     0,025     0,013
  Crescimento            (0,072)   (0,061)   (0,050)
  do Ativo)

Yit (Taxa de             0,026     0,023     0,012
  Crescimento            (0,063)   (0,055)   (0,048)
  do Emprestimo)

Obs.: nd denota dados nao disponiveis.

Tabela 2: Estimativas FGLS do modelo (1) com efeitos fixos para
as cooperativas de credito filiadas ao Sicoob-Crediminas,
no periodo de janeiro de 1995 a maio de 2008

Variavel                    Variavel Dependente
Explicativa       [ir.sup.1.sub.it]   [ir.sup.2.sub.it]

[dtamm.sub.it]       -0,0703 ***          -0,0011 *
                      (0,0092)            (0,0006)

[dtamg.sub.it]       -0,1238 ***           -0,0009
                      (0,0136)            (0,0007)

[idade.sub.it]       -0,0161 ***           0,0160
                      (0,0045)            (0,0213)

[ddomi.sub.it]       0,0260 ***           -0,0011 *
                      (0,0068)            (0,0006)

[t.sub.it]           0,0029 ***            -0,0012
                      (0,0007)            (0,0017)

[dpsd.sub.it]        -0,3441 ***           0,0054
                      (0,1213)            (0,0033)

[dpsd.sub.it]          0,0005            -5,6E-05 *
  * [t.sub.it]        (0,0012)           (3,04E-05)

[Y.sub.it-1]         -0,0055 ***         -0,0013 **
  (AT) ou (ET)      (0,0013)(AT)        (0,0006)(ET)

[Y.sub.it]           -0,0113 ***         -0,0047***
  (AT) ou (ET)      (0,0018)(AT)        (0,0006)(et)

[dtsd.sub.it]        -0,0021***         Retirada [??]
  * [t.sub.it]        (0,0003)

Constante            1,1646 ***            -0,0935
                      (0,0375)            (0,1401)
N de
observa-               11.363               7.047
coes

N de                     72                  72
Grupos

NB minimo
de obs. por              131                 92
Grupo

[Wald.sup.2] =          (80)=               (80)=
                       257,29              2817,88
[Prob>.sup.2] =         0,000               0,000

Variavel                   Variavel Dependente
Explicativa       [ir.sup.3.sub.it]   [ir.sup.4.sub.it]

[dtamm.sub.it]         -0,0042           -0,0235 ***
                      (0,0026)            (0,0023)

[dtamg.sub.it]       -0,0079 **          -0,0527 ***
                      (0,0036)            (0,0031)

[idade.sub.it]       1,0695 ***            -0,2372
                      (0,1695)            (0,1607)

[ddomi.sub.it]       0,0371 ***          -0,0179 ***
                      (0,0017)            (0,0016)

[t.sub.it]           -0,0909 ***           0,0204
                      (0,0141)            (0,0134)

[dpsd.sub.it]        -0,1278 ***         0,0660 ***
                      (0,0190)            (0,0121)

[dpsd.sub.it]        0,0022 ***          -0,0011 ***
  * [t.sub.it]        (0,0002)            (0,0001)

[Y.sub.it-1]         -0,0020 ***         0,0180 ***
  (AT) ou (ET)      (0,0005)(AT)        (0,0019)(AT)

[Y.sub.it]           0,0081 ***           0,0051 *
  (AT) ou (ET)      (0,0007)(AT)        (0,0031)(AT)

[dtsd.sub.it]        0,0008 ***         -0,0004 ***
  * [t.sub.it]        (0,0000)            (0,0000)

Constante              -6,6973             1,9495
                      (1,1131)            (1,0554)
N de
observa-               11.352              11.363
coes

N de                     72                  72
Grupos

NB minimo
de obs. por               3                  131
Grupo

[Wald.sup.2] =          (81)=               (81)=
                       2798,85            13862,47
[Prob>.sup.2] =         0,000               0,000

Variavel                   Variavel Dependente
Explicativa       [ir.sup.5.sub.it]   [ir.sup.6.sub.it]

[dtamm.sub.it]       0,0035 ***          1,8311 ***
                      (0,0035)            (0,7152)

[dtamg.sub.it]       -0,0327 ***           1,2048
                      (0,0051)            (0,7965)

[idade.sub.it]         0,3024              -8,1226
                      (0,2436)            (44,0371)

[ddomi.sub.it]        0,0067 **          3,2863 ***
                      (0,0026)            (0,3687)

[t.sub.it]             -0,0273             0,5989
                      (0,0203)            (3,6710)

[dpsd.sub.it]        -0,1234 ***         98,5910 ***
                      (0,0221)            (1,4905)

[dpsd.sub.it]        0,0016 ***         Retirada [??]
  * [t.sub.it]        (0,0002)

[Y.sub.it-1]         0,0079 ***            1,3164
  (AT) ou (ET)      (0,0022)(AT)        (1,1733)(AT)

[Y.sub.it]           0,0118 ***            1,3046
  (AT) ou (ET)      (0,0045)(AT)        (1,2060)(AT)

[dtsd.sub.it]        0,004 ***           0,9343 ***
  * [t.sub.it]        (0,0001)            (0,0144)

Constante              -1,1798             -6,0797
                      (1,5996)           (189,4217)
N de
observa-               11.363               6.408
coes

N de                     72                  72
Grupos

NB minimo
de obs. por              131                 89
Grupo

[Wald.sup.2] =          (81)=               (80)=
                       7795,85            12864,98
[Prob>.sup.2] =         0,000               0,000

[ir.sup.1.sub.it]: Risco de Liquidez ou indice emprestimos/depositos =
total dos emprestimos/total dos depositos; Obs.:

[ir.sup.2.sub.it]: Risco de Inadimplencia ou taxa de inadimplencia =
provisao para liquidacao duvidosa sob operacoes de credito/carteira
classificada total;

[ir.sup.3.sub.it]: Adequacao do capital (taxa de capital) =
(sobras indivisiveis + reservas)/total dos emprestimos;

[ir.sup.4.sub.it]: Adequacao do capital = quotas-partes/emprestimos;

[ir.sup.5.sub.it]: Adequacao do capital = patrimonio liquido/total
dos emprestimos;

[ir.sup.6.sub.it]: Adequacao do capital = Indice de Basileia;

[Y.sub.it] (AT) denota a taxa de crescimento dos ativos (AT);

[Y.sub.it] (ET) denota a taxa de crescimento dos emprestimos (ET);

*** denota significante a 1%; ** denota significante a 5%; *
denota significante a 10%

[??] Estas variaveis geravam colineariedade perfeita e, por isso,
foram retiradas para a estimacao do modelo FGLS.

Quadro 1: Resumo das caracteristicas do FGD do Sicoob-Crediminas

Caracteristicas              FGD

Seguro deposito              Explicito
Ano da legalizacao/revisao   1999/2003 (5)
Cobertura de deposito em     Nao
  moeda no exterior
Limite de cobertura          R$ 60.000,00 (6)
Existencia de cosseguro      Sim (com o FGS)
Pagamento por depositante    Sim
Sistema e permanentemente    Sim
  financiado
                             Contribuicao das cooperativas
                             participantes: 0,3% sobre a media mensal
Contribuicao fixa            registrada na rubrica contabil de
                             adiantamento a depositantes. 0,1% sobre
                             a media mensal registrada na rubrica
                             contabil dos demais emprestimos das
                             cooperativas participantes.
Premio ajustado ao risco     Nao
Associacao compulsoria       Sim
Fonte dos fundos             Contribuicao das singulares
                             associadas (Privado)
Administracao                Conselho de Administracao formado por
                             Membros do Conselho de Administracao do
                             Sicoob Central Crediminas (Privado)

Fonte: Adaptado do Sicoob-Crediminas (2007).

Quadro 2: Estudos que avaliaram o impacto do seguro-deposito sobre
o comportamento de risco das instituicoes financeiras

Autores                       Analisam/
                              Metodos utilizados

Keeley (1990); Brewer III e   Bancos/
Mondschean (1994); Dreyfus,   Regressao Cross-Section e
Saunders e Allen (1994);      Serie temporal Pooled; modelo de
Hassan, Karels e Peterson     otimizacao; Regressao Cross-Section
(1994); Kopcke (2000);        e Serie temporal Pooled utilizando
Milhaupt (1999); Brewer III   o metodo de minimos quadrados
(1995); Carr, Mathemsson e    generalizados; analise teorica
Quigley (1995)                qualitativa; analise teorica
                              descritiva.

Wheelock e Wilson (1994       Bancos/
apud Gropp e Vesala, 2004);   Modelo de Regressao linear e
Alston, Grove e Wheelock      Modelo de Regressao Log-Lin.
(1994)

Grossman (1992), Wheelock     Bancos/
(1992); Thies e Gerlowski     Regressao por Minimos Quadrados
(1989 apud Gropp e Vesala,    Ordinarios (MQO) com dados
2004)                         pooled, Probit, Regressao por
                              MQO em dois estagios com dados
                              pooled.

Demirguc-Kunt e               Bancos/
Detragiache (2002)            Probit, Logit, Logit em dois
                              estagios, Modelo de probabilidade
                              linear em dois estagios.

Gropp e Vesala                Bancos/
(2004)                        Modelo de regressao com dados
                              painel utilizando efeitos fixos.

Ioannidou e Penas             Bancos/
(2010)                        Regressao por MQO e Probit.

Chu (2011)                    Bancos/
                              Analise de tabela de
                              contingencias.

Black e Dugger                Cooperativas de credito/
(1981)                        Analise teorica e qualitativa.

Clair (1984)                  Cooperativas de credito/
                              Modelo de Regressao Linear.

Kane e Hendershott            Cooperativas de credito/
(1996)                        Modelo de regressao
                              logistica e Modelo de
                              Regressao por MQO.

Karels e McClatchey           Cooperativas de credito/
(1999)                        Modelo de series temporais
                              AR1 e Modelo de Regressao
                              Linear estimado por MQO.

Fischer e Fournier            Cooperativas de credito/
(2002)                        Modelo economico e matematico
                              com aplicacao de simulacao.

Hannafin e McKillop           Cooperativas de credito/
(2007)                        Analise descritiva e qualitativa.

Autores                       Resultados

Keeley (1990); Brewer III e   Constataram que a presenca do
Mondschean (1994); Dreyfus,   seguro-deposito encoraja os
Saunders e Allen (1994);      acionistas dos bancos a adotar
Hassan, Karels e Peterson     politicas mais arriscadas.
(1994); Kopcke (2000);
Milhaupt (1999); Brewer III
(1995); Carr, Mathemsson e
Quigley (1995)

Wheelock e Wilson (1994       Nao encontraram relacao entre
apud Gropp e Vesala, 2004);   as taxas de falencia nos EUA
Alston, Grove e Wheelock      e o seguro-deposito.
(1994)

Grossman (1992), Wheelock     Encontraram relacao positiva e
(1992); Thies e Gerlowski     significativa entre o seguro-
(1989 apud Gropp e Vesala,    deposito e o comportamento
2004)                         pro-risco nos bancos.

Demirguc-Kunt e               Constataram que o seguro-
Detragiache (2002)            deposito aumenta
                              significativamente a
                              probabilidade de crises
                              bancarias.

Gropp e Vesala                Averiguaram que nos bancos
(2004)                        europeus o seguro-deposito
                              explicito reduziu
                              significativamente o
                              problema do risco moral.

Ioannidou e Penas             Inferiram que, no periodo pos-
(2010)                        seguro-deposito, os bancos
                              bolivianos estao mais
                              propensos a iniciar
                              emprestimos mais arriscados.

Chu (2011)                    Verificaram que, em 52 paises,
                              ao longo do periodo 1996-2007,
                              quanto maior a cobertura do
                              seguro-deposito, mais grave e
                              a crise bancaria e que esta
                              maior cobertura tende a
                              agravar o problema de risco
                              moral associado ao
                              seguro-deposito.

Black e Dugger                Constataram aumento do
(1981)                        comportamento pro-risco apos
                              a instauracao do seguro-
                              deposito nas cooperativas de
                              credito americanas.

Clair (1984)                  Concluiram que aumentou o
                              comportamento de risco apos a
                              introducao do seguro-deposito
                              nas cooperativas de credito
                              americanas.

Kane e Hendershott            Encontraram pouco suporte
(1996)                        para o risco moral quando
                              estimaram a solvencia das
                              cooperativas de credito
                              americanas.

Karels e McClatchey           Nao verificaram evidencias de
(1999)                        que o seguro-deposito aumenta
                              o comportamento pro-risco nas
                              cooperativas de credito
                              americanas.

Fischer e Fournier            Certificaram, via simulacoes,
(2002)                        que a introducao do seguro-
                              deposito aumenta o nivel de
                              risco nas cooperativas de
                              credito, porem em menor
                              intensidade, comparativamente
                              ao aumento de risco do sistema
                              bancario.

Hannafin e McKillop           Nao verificaram aumento do
(2007)                        risco nas cooperativas de
                              credito irlandesas apos a
                              introducao do seguro deposito.

Fonte: Adaptado pelos autores com base nos trabalhos citados
no quadro.

Quadro 3: Descricao das variaveis do modelo econometrico (1)

Variavel                              Descricao

[ir.sup.j.sub.it]   Denota o j-esimo indicador de risco utilizado
                    como variavel dependente, tal que se:

                    j = 1, o indicador de risco e a variavel
                    Risco de Liquidez, mensurada pelo Indice
                    Emprestimos/Depositos = total dos emprestimos
                    sobre o total dos depositos;

                    j = 2, o indicador de risco e a variavel
                    Risco de Inadimplencia, mensurada pela Taxa
                    de Inadimplencia = provisao para liquidacao
                    duvidosa sob operacaes de credito sobre a
                    carteira classificada total. Foram utilizadas
                    quatro maneiras alternativas de calcular a
                    Adequacao do Capital como indicador de risco,
                    tal que se:

                    j = 3, o indicador de risco e a Taxa de
                    Capital = soma das sobras indivisiveis e
                    reservas sobre o total dos emprestimos;

                    j = 4, o indicador de risco sao quotas-
                    partes sobre o total de emprestimos;

                    j = 5, o indicador de risco e o patrimonio
                    liquido sobre o total dos emprestimos;

                    j = 6, o indicador de risco e o Indice de
                    Basileia (8).

[dtamm.sub.it] e    Denotam as variaveis dummy para o tamanho da
[dtamg.sub.it.      cooperativa, tal que:

sup.9]              [dtamm.sub.it] recebe o valor 1 quando o
                    ativo total da cooperativa de credito esta
                    dentro da faixa de 33% a 66% do ativo total
                    da amostra; caso contrario, recebera
                    o valor 0.

                    dtamg recebe o valor 1 quando o ativo total
                    da cooperativa de credito e superior a 66%
                    do ativo total da amostra; caso contrario,
                    recebera valor 0.

[idade.sub.it]      Corresponde ao tempo de existencia da
                    cooperativa em anos.

[ddomi.sub.it]      Variavel dummy para o indice de dominacao,
                    tal que:

                    [ddomi.sub.it] recebe o valor 1 se a
                    cooperativa e dominada por membros tomadores
                    de recursos; se a cooperativa e dominada por
                    membros aplicadores ou poupadores, recebe o
                    valor 0. Essa classificacao das  cooperativas
                    foi realizada com base na metodologia
                    proposta por Patin e McNiel (1991) (10).

[t.sub.it]          Variavel tendencia.

[dpsd.sub.it] e     Variaveis dummy para os periodos de
[dtsd.sub.it]       transicao (dtsd) e pos-instauracao (dpsd) do
                    FGD do Sicoob-Crediminas, tal que:

                    [dtsd.sub.it] recebe o valor 1 para o
                    periodo entre janeiro de 1999 e dezembro de
                    2003; caso contrario, recebera o valor zero.

                    [dpsd.sub.it] recebe o valor 1 para o
                    periodo entre janeiro de 2004 e maio de 2008;
                    caso contrario, recebera o valor zero.

[Y.sub.it] e        Taxa de Crescimento do Ativo = (ativo
[Y.sub.it-1]        [total.sub.t]--ativo [total.sub.t-1])/ativo
                    [total.sub.t-1] para a regressao referente
                    ao indicador Risco de Liquidez (j = 1) e
                    para as regressoes com indicadores de
                    Adequacao do Capital (j = 3, ...,6).

                    Taxa de Crescimento do Emprestimo = (total
                    dos emprestimos--total dos [emprestimos.
                    sub.t-1])/total dos [emprestimos.sub.t-1]
                    para a regressao com o indicador Risco de
                    Inadimplencia (j = 2), como adotado por
                    Clair (1984).

Variavel            Relacao Esperada

[ir.sup.j.sub.it]   Maiores indicadores de Risco de Liquidez e
                    Risco de Inadimplencia indicam aumento de
                    risco; e menores indicadores de Adequacao
                    do Capital indicam reducao de risco.

[dtamm.sub.it] e    Karels e McClatchey (1999) sugerem que o
[dtamg.sub.it.      tamanho da cooperativa de credito reflete
                    a experiencia de seus gestores. Assim,
sup.9]              quanto maior for a cooperativa mais
                    sofisticado sera seu gerenciamento, o que
                    a torna capaz de operar com menor
                    liquidez e capital do que outra
                    instituicao similar de menor tamanho.

[idade.sub.it]      Melvin, Davis e Fischer (1977 apud CLAIR,
                    1984) sugerem que a idade da cooperativa
                    de credito pode ser usada para precificar
                    o premio do seguro ao risco, pois a
                    cooperativas de credito recem-criadas
                    fracassarem e aproximadamente de 40%, mas
                    declina com o tempo, e e praticamente zero
                    depois de 16 anos de operacao. Dessa
                    forma, espera-se que cooperativas mais
                    antigas assumam menor risco.

                    Contudo,  Karels  e McClatchey (1999)
                    acreditam que a idade deva ter uma relacao
                    negativa nos modelos em que a variavel
                    dependente e um indicador de Adequacao do
                    Capital. Dada a sua natureza, as
                    cooperativas de credito podem aumentar
                    seu capital via incremento das reservas.
                    Assim, cooperativas mais antigas teriam
                    um provavel aumento da base de capital, o
                    que propiciaria um comportamento de maior
                    risco.

[ddomi.sub.it]      De acordo com Fischer e Fournier (2002),
                    cooperativas dominadas por tomadores
                    tendem a operar com maior nivel de risco.
                    Dessa forma, se o seu coeficiente for
                    significativo, espera-se sinal positivo
                    para os modelos com Risco de Liquidez e
                    Risco de Inadimplencia e sinal negativo
                    para os indicadores de
                    Adequacao do Capital.

[t.sub.it]          Nao ha sinal esperado.

[dpsd.sub.it] e     O cumprimento de altos padroes financeiros
[dtsd.sub.it]       durante o periodo de transicao teria dois
                    efeitos:

                    a melhoria da condicao financeira das
                    cooperativas, o que implica
                    [[beta].sub.10] positivo nas regressoes
                    com Adequacao do Capital e [[beta].sub.10]
                    negativo nas regressoes com Risco de
                    Inadimplencia e Risco de Liquidez (11);

                    as cooperativas de credito iniciarao o
                    periodo sob seguro-deposito em condicoes
                    financeiras melhores que as do periodo
                    anterior. Assim, espera-se que o
                    coeficiente [[beta].sub.6] seja positivo
                    nas regressoes com Adequacao do Capital e
                    negativo nas regressoes com Risco de
                    Inadimplencia e Risco de Liquidez
                    (CLAIR, 1984).

                    a rejeicao da hipotese de nao inducao
                    do problema de risco moral implica que se
                    encontrara um [[beta].sub.7]
                    estatisticamente significativo com sinal
                    negativo nas regressoes com Adequacao do
                    Capital e sinal positivo nas regressoes
                    com Risco de Inadimplencia e Risco de
                    Liquidez, o que indicaria haver um aumento
                    progressivo no comportamento pro-risco
                    apos a instauracao do seguro-deposito
                    (CLAIR, 1984).

[Y.sub.it] e        Estas variaveis irao captar choques
[Y.sub.it-1]        exogenos e movimentos ciclicos nos
                    indicadores de risco (CLAIR, 1984). Na
                    regressao com indices de Adequacao do
                    Capital, espera-se que [[beta].sub.9]
                    seja negativo (CLAIR, 1984). Como
                    [Y.sub.t] e a taxa de crescimento do
                    ativo, um choque exogeno que aumente o
                    ativo provavelmente ocorrera a custa da
                    reducao na taxa de capital, ou seja, da
                    reducao nas sobras indivisiveis e
                    reservas, e/ou aumento dos emprestimos. O
                    intervalo de tempo entre o crescimento do
                    ativo e o crescimento do capital provoca
                    declinio na "adequacao do capital", por
                    isso espera-se que [[beta].sub.9]
                    seja negativo.

                    Na regressao com o Risco de Inadimplencia,
                    espera-se que o [[beta].sub.9] seja
                    negativo, pois Y, e o crescimento dos
                    emprestimos. Dessa forma, um choque
                    exogeno que aumentasse o crescimento dos
                    emprestimos aumentaria o denominador da
                    Taxa de Inadimplencia. Alem disso,
                    condicoes economicas que encorajam o
                    crescimento dos emprestimos, como o
                    aumento do emprego e o crescimento da
                    renda, sao tambem condicoes que tornam os
                    consumidores menos propensos a deixar seus
                    pagamentos em atraso. Consequentemente, e
                    provavel que o numerador da Taxa de
                    Inadimplencia aumente. Positivos
                    crescimentos de emprestimos seriam
                    associados com o declinio da Taxa de
                    Inadimplencia (CLAIR, 1984).

                    Nao ha expectativa a priori sobre o sinal
                    de [[beta].sub.9] na regressao com a razao
                    emprestimos/depositos. Neste caso, Y e o
                    crescimento do ativo, o que torna
                    impossivel determinar se o crescimento do
                    ativo total seria devido ao crescimento
                    dos emprestimos ou dos depositos, ou de
                    ambos (CLAIR, 1984).

Fonte: Elaborado pelos autores.
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