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文章基本信息

  • 标题:Governance and cooperation in local productive arrangements (APLS): a study of multiple cases in Sergipe/Governanca e cooperacao em arranjos produtivos locais: um estudo de multiplos casos em Sergipe/Gobernabilidad y cooperacion en arreglos productivos locales: un estudio de multiples casos en Sergipe.
  • 作者:Zambrana, Aline de Aragao ; Teixeira, Rivanda Meira
  • 期刊名称:Revista de Gestao USP
  • 印刷版ISSN:1809-2276
  • 出版年度:2013
  • 期号:January
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade - FEA-USP
  • 摘要:O interesse em redes interorganizacionais tem crescido a medida que o velho modelo de organizacao vai dando lugar a novas configuracoes baseadas nas relacoes entre firmas. Castells (2000) cre que as empresas estao sendo obrigadas a se reinventar em decorrencia do aumento da competicao e do surgimento de novas tecnologias. As firmas, antes isoladas, estao unindo forcas e desenvolvendo estrategias conjuntas para sobreviver no mercado.
  • 关键词:Land mines;Small and medium sized companies;Unfair competition;Unfair competition (Commerce)

Governance and cooperation in local productive arrangements (APLS): a study of multiple cases in Sergipe/Governanca e cooperacao em arranjos produtivos locais: um estudo de multiplos casos em Sergipe/Gobernabilidad y cooperacion en arreglos productivos locales: un estudio de multiples casos en Sergipe.


Zambrana, Aline de Aragao ; Teixeira, Rivanda Meira


1. INTRODUCAO

O interesse em redes interorganizacionais tem crescido a medida que o velho modelo de organizacao vai dando lugar a novas configuracoes baseadas nas relacoes entre firmas. Castells (2000) cre que as empresas estao sendo obrigadas a se reinventar em decorrencia do aumento da competicao e do surgimento de novas tecnologias. As firmas, antes isoladas, estao unindo forcas e desenvolvendo estrategias conjuntas para sobreviver no mercado.

Os arranjos produtivos locais (APLs) surgem, de acordo com Lastres e Cassiolato (2005), como aglomeracoes territoriais de agentes economicos, politicos e sociais, as quais focam um conjunto especifico de atividades economicas e apresentam vinculos e interdependencia. Tem como proposta a formacao de redes que possibilitem maiores vantagens competitivas e sustentabilidade aos pequenos negocios, por meio de interacao, cooperacao e articulacao.

Os orgaos que trabalham a abordagem APLs defendem esse modelo organizacional como uma forma de promover crescimento economico e produzir bem-estar social aos seus participantes e a comunidade local inserida (BNDES, 2004). Isso porque, ao atrair investimentos para um dado local, o polo geralmente cria ou reforca aglomeracoes de empresas, as quais, a medida que exportam para outras regioes, reforcam o proprio desenvolvimento: elevam a renda, atraem pessoas e induzem investimentos publicos em infraestrutura (SANTOS; DINIZ; BARBOSA, 2004).

Dada a necessidade de articulacao entre os diversos atores, a coordenacao ou governanca dos processos entre organizacoes inseridas em APLs faz-se necessaria para facilitar sinergias e garantir o alcance dos objetivos desejados (AMORIM; MOREIRA; IPIRANGA, 2004).

Para Cassiolato e Szapiro (2003), a governanca e crucial porque as articulacoes entre atores locais dependem de outras articulacoes com agentes localizados fora do territorio do APL. Os autores defendem que e interessante buscar o entendimento do sistema de coordenacao por meio do qual se estabelecem as relacoes de carater local entre empresas e instituicoes.

Considerando-se a dinamica capitalista, na qual a forca motriz do sistema e dada pela concorrencia, uma discussao central se coloca, especificamente nos APLs: a cooperacao entre os agentes locais (SANTOS, 2005).

Na percepcao de Poletto (2009:70), quanto mais as empresas do APL se ajudarem, quanto maior for o fluxo de informacoes, quanto mais inovacoes surgirem em conjunto, maiores serao os ganhos coletivos dentro do territorio. E quanto maiores forem as vantagens e sinergias adquiridas pelas firmas, maiores serao a cooperacao, o aprendizado e a inovacao entre elas, caindo-se num "circulo virtuoso" de vantagens e beneficios.

O objetivo principal deste artigo e analisar como a governanca e a cooperacao entre os agentes institucionais e economicos podem influenciar o desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais no Estado de Sergipe.

O trabalho permitira aos gestores de APLs do Estado estabelecer estrategias de atuacao considerando as peculiaridades dos arranjos. Contribuira para que os agentes institucionais que atuam em programas de apoio a APLs no Estado entendam o papel crucial que desempenham por meio da governanca e possam atuar de maneira a aperfeicoar o monitoramento do APL, e assim contribuir para o ganho de competitividade do territorio onde este esta localizado.

Por fim, ainda sera possivel, a partir da analise das formas e dificuldades de cooperacao levantadas, identificar mecanismos para a criacao de um ambiente favoravel a relacoes cooperativas entre as empresas e entre as empresas e instituicoes.

Inicialmente, apresenta-se a revisao teorica alusiva aos temas identificados como relevantes para fundamentar o estudo; em seguida, e apresentada a metodologia da pesquisa, cuja unidade de analise e o APL, e, por ultimo, as consideracoes finais do estudo.

2. ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS--APLs

Os Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (SPILs), de acordo com Cassiolato e Lastres (2003), sao arranjos produtivos em que interdependencia, articulacao e vinculos consistentes resultam em interacao, cooperacao e aprendizagem, com potencial de gerar incremento da capacidade inovativa endogena, da competitividade e do desenvolvimento local.

Argumenta Cunha (2008) que, conceitualmente, a literatura estrangeira nao faz referencia ao termo Arranjo Produtivo Local. Essa terminologia foi assim alcunhada por um grupo de pesquisadores da Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais (REDESIST), e nao ha uma traducao ou conceituacao especifica em outros paises.

Na definicao de Cassiolato e Lastres (2003:27), APLs sao:
   Aglomeracoes territoriais de agentes
   economicos, politicos e sociais--com foco em
   um conjunto especifico de atividades
   economicas--que apresentam vinculos mesmo
   que incipientes. Geralmente envolvem a
   participacao e a interacao de empresas e suas
   variadas formas de representacao e associacao.
   Incluem tambem instituicoes publicas e privadas
   voltadas para a formacao e capacitacao de
   recursos humanos; pesquisa, desenvolvimento e
   engenharia; politica, promocao e financiamento.


Para Brasil (2010), o enfoque APLs enfatiza a necessidade de contemplar atores, atividades e regioes geralmente excluidos da agenda de politicas, e de superar politicas pontuais e unissetoriais, acompanhando o avanco da compreensao de que o desenvolvimento produtivo e inovativo depende da articulacao entre atores de uma mesma cadeia e complexo produtivo e entre estes e os demais atores economicos, politicos e sociais que compoem os diferentes sistemas e arranjos, incluindo-se aqueles responsaveis pela geracao de conhecimentos, pelo financiamento e pelo apoio.

Segundo Cassiolato e Lastres (2003), na abordagem de APLs o foco da analise passa a incidir sobre as relacoes entre as empresas e entre estas e as instituicoes, e nao mais sobre a empresa individual. Em outras palavras, sugere-se que o foco deve se voltar ao conjunto dos agentes e nao a um agente isoladamente.

Com propriedade, Amaral Filho (2008:3) adverte que a nocao de "arranjo" nao deve ser confundida com algum estado de precariedade ou com um estagio preliminar de um processo. Ao contrario, "um arranjo e por excelencia o desenho, a arrumacao, a ordem de um sistema, muitas vezes complexo".

Cassiolato e Szapiro (2003:40) destacam a importancia da localidade ao afirmarem que existe de fato um APL quando "a viabilidade economica esta enraizada em ativos (incluindo praticas e relacoes) que nao estao disponiveis em outros lugares e que nao podem ser facilmente ou rapidamente criados ou imitados em lugares que nao os tem". Conforme Lastres e Cassiolato (2003), o grau de enraizamento e um dos elementos identificadores de autenticos arranjos produtivos locais.

A nocao de territorio e importante para a atuacao em APL, de acordo com Amaral Filho (2008), nao apenas pelo fato de o territorio ser uma referencia de um local com concentracao de atividades economicas, mas tambem por ser tanto um reservatorio de valores e de instituicoes quanto portador de culturas.

Lastres e Cassiolato (2005) alertam, contudo, que a importancia dada ao territorio nao deve ser entendida como limitacao a dimensao local, tendo em vista que o desenvolvimento local esta condicionado e subordinado a sistemas exogenos que podem ter dimensao e controle nacional ou internacional.

Tapia (2005) acrescenta que a propria dinamica do desenvolvimento local implicaria progressivamente o estabelecimento e aprofundamento de relacoes com o exterior, com mercados de produtos, de conhecimento e de tecnologia.

Outra peculiaridade considerada no estudo de APLs e o conhecimento tacito, conhecimento nao codificado, que e implicito e incorporado em individuos, organizacoes e regioes (MENDES FILHO, 2009). De acordo com o autor, esse tipo de conhecimento tem sua origem nas caracteristicas locais de determinadas regioes, decorre da proximidade territorial e da assimilacao de identidades culturais, sociais e empresariais pelos agentes e representa uma vantagem competitiva. A esse respeito, Cassiolato e Lastres (2003:24) afirmam que o conhecimento tacito de carater localizado e especifico tem um papel primordial no sucesso inovativo do APL.

A inovacao e o aprendizado interativo sao, na visao de Mendes Filho (2009), mais uma dimensao a ser observada no ambito dos APLs, estao condicionados a interacoes e sao socialmente determinados e fortemente influenciados por formatos institucionais e organizacionais especificos.

Os APLs caracterizam-se ainda pela existencia de uma governanca, que e responsavel pela coordenacao entre os atores, bem como de atividades desempenhadas nesses arranjos (LASTRES; CASSIOLATO, 2003).

No que tange aos elementos distintivos entre a terminologia brasileira e a estrangeira, Amaral Filho (2008) observa que a associacao do termo "Arranjo Produtivo" a "tropicalizacao" ou "brasileirizacao" de nomenclaturas da literatura internacional, que tratam das aglomeracoes produtivas localizadas, e incorreta, e sugere que e possivel dotar o conceito de sistemas e arranjos produtivos locais de uma autonomia, ao menos relativa, em relacao a outros conceitos correlates.

Cunha (2008) assevera que a abordagem APLs da um carater social a analise dos aglomerados, nao se limitando a analise economica utilizada nos clusters. Acrescenta que o termo brasileiro tem caracteristicas peculiares relacionadas a confianca, cultura, solidariedade e desenvolvimento social e evolucao local. Spinola (1999 apud SGARBI, 2009:24) defende que os APLs tentam caracterizar os agentes nao necessariamente empresariais, destacando o papel das instituicoes, enquanto nos clusters e dada enfase as empresas.

Cassiolato e Szapiro (2003) afirmam que um dos objetivos dos clusters relaciona-se com a competitividade do ambiente e, por isso, estes tem maior ligacao com os paises desenvolvidos. No caso dos APLs, existem associacoes locais de organizacoes que nao buscam apenas a competitividade, mas tambem a geracao de capital social proveniente das relacoes interorganizacionais.

Por ultimo, Sampaio et al. (2008) esclarece que enquanto os APLs concentram micro e pequenas empresas, os clusters vislumbram agrupamentos predominantemente de grandes empresas em uma regiao com sucesso extraordinario em determinado setor da atividade economica.

Suzigan, Garcia e Furtado (2002:3) apresentam os APLs como resultantes de uma trajetoria historica que "molda fatores endogenos locais como a especializacao produtiva, as liderancas, a confianca entre os agentes, a criacao de instituicoes de apoio, a estrutura de governanca e o equilibrio entre cooperacao e competicao".

A despeito disso, grande numero de gestores publicos pauta sua gestao por construir, de cima para baixo, grandes complexos industriais em determinadas regioes, esquecendo-se de que um arranjo produtivo nao surge automaticamente por pressoes, uma vez que e gestado ao longo do tempo.

Para Amaral Filho (2008:18), um SPL e mesmo um APL nao sao criados pela vontade politica ou pela racionalidade do planejamento economico, dado que e um fenomeno complexo, conforme enfatiza na citacao a seguir:

Nao se pode definir local e data para a sua emergencia. Como tal, sua trajetoria evolui de acordo com o ritmo do processo gradual, numa evolucao cega, sem metas deliberadas (AMARAL FILHO, 2008:18).

3. COOPERACAO EM APLs

A cooperacao entre firmas tornou-se uma importante ferramenta em face das pressoes da crescente concorrencia mundial. A cooperacao tem lugar nao so em paises desenvolvidos, mas tambem entre empresas de paises em desenvolvimento, bem como entre aquelas localizadas em paises diferentes (UNCTAD, 1997).

O termo cooperacao e utilizado de diferentes formas e muitas vezes como sinonimo de colaboracao, parceria, alianca, cooperativismo. Para o SEBRAE (2003), o termo implica a existencia de iniciativas, acoes, atividades e projetos realizados em conjunto entre as empresas, entre empresas e instituicoes, alem de outras possiveis combinacoes entre os atores presentes no arranjo.

Britto (2004) ressalta a dimensao intertemporal do processo de cooperacao, que lhe confere um carater de "path dependence". De acordo com o autor, ao longo do tempo, a cooperacao ininterrupta facilita a comunicacao entre os agentes, possibilitando simultaneamente a consolidacao de principios de "confianca mutua", a integracao das respectivas competencias e maior sincronizacao das acoes e estrategias por eles adotadas.

Na busca de entendimento do papel que a cooperacao pode ter nos APLs, Santos, Diniz e Barbosa (2004) sugerem que pelo menos dois tipos de cooperacao sejam considerados:

a) a cooperacao multilateral, que ocorre quando um grupo de empresas se reune em um sindicato ou associacao de produtores com autonomia decisoria. Nesse tipo de cooperacao, um alto nivel de confianca, a proximidade local e um elevado senso de comunidade podem ser necessarios para seu funcionamento adequado; e

b) a cooperacao bilateral, que ocorre entre empresas individuais e e caracterizada pela colaboracao para solucionar objetivos especificos, limitados, e por nao ter autonomia decisoria. Pode ser exemplificada com as relacoes formais ou informais de troca de conhecimento, compra de tecnologia, joint ventures, desenvolvimento conjunto e relacoes de longo prazo cliente/fornecedor.

Alem de considerar a analise da acao conjunta segundo o numero de empresas que cooperam (cooperacao multilateral ou bilateral), Schmitz (1999) propoe uma analise sob a perspectiva da direcao da cooperacao, que pode ser horizontal, quando realizada entre empresas concorrentes, ou vertical, se ocorre entre produtor e fornecedor de insumos ou entre produtor e distribuidor.

Versando sobre os elementos necessarios ao estabelecimento da cooperacao entre agentes, Reis (2003) defende a necessidade de existencia de lacos de confianca:

A existencia de lacos de confianca mutua reforca os mecanismos de cooperacao entre os habitantes e favorece o desempenho das instituicoes; esse mesmo desempenho institucional eficiente atua positivamente sobre o contexto, reduzindo a incerteza e reforcando ainda mais o nivel de confianca e cooperacao (REIS, 2003:35).

Woolthuis, Hillebrand e Nooteboom (2002) recomendam, entretanto, que a existencia de confianca nas relacoes nao deve excluir a utilizacao de um controle formal com vistas na inibicao de comportamentos oportunistas. Os achados do estudo dos pesquisadores comprovaram que a confianca e os contratos formais nao sao substitutos um do outro, mas sim complementares (em outras palavras, e incorreta a interpretacao de que na presenca de alto grau de confianca e desnecessario o controle formal). Isso porque, de acordo com Wiliamson (1975 apud GRANOVETTER, 1985:487), os agentes economicos sao oportunistas e habilidosos na dissimulacao, para terem acesso a vantagens transacionais.

Outro aspecto responsavel pela consolidacao das relacoes e dos vinculos de cooperacao e confianca, segundo estudo de Mattioda (2008), e o capital social. A caracteristica fundamental do capital social e sua intangibilidade, tendo em vista que, diferentemente do capital fisico, que se desgasta com seu consumo e se deprecia ao longo do tempo, o capital social e valorizado mediante seu uso e alcancado por meio de interacoes repetidas (MCNAUGHTON, 2000 apud COSTA, A.; COSTA, B., 2005:6).

Ainda com relacao ao fomento da cooperacao, Lastres e Cassiolato (2003) asseveram que sao necessarias a definicao de objetivos comuns e a coordenacao das atividades de cooperacao. Para o SEBRAE (2003), sao os objetivos comuns que fazem com que a cooperacao finque as raizes de sua competitividade na multiplicidade de composicoes produtivas locais.

Em um plano mais amplo, a cultura de cooperacao surgira como produto de interdependencias materiais entre individuos ou de um historico de beneficios a partir da cooperacao nao planejada, quase espontanea, no sentido de que as iniciativas, redes e grupos agregados devem ser desenvolvidos em processo de ajuste mutuo (BRASIL, 2007).

Best (1990 apud BRASIL, 2007:13) defende que, no estabelecimento da cooperacao entre os agentes, as instituicoes representadas pelo governo e associacoes interfirmas apresentam papel importante. E funcao delas a consolidacao de uma identidade coletiva, capaz de prover a trama social que sustentara a cooperacao no aglomerado.

Sobre os beneficios advindos das relacoes de cooperacao, Suzigan, Garcia e Furtado (2002) acreditam que as relacoes cooperativas entre os agentes sao responsaveis por viabilizar a extracao de beneficios da aglomeracao, alem das economias externas incidentais, pois, por meio delas, estabelecem-se acoes conjuntas entre os agentes, as quais ocasionam o incremento da competitividade do conjunto dos produtores.

Britto (2004) credita as relacoes cooperativas ocorridas nos APLs os processos conjuntos de capacitacao e aprendizado, que resultam na aceleracao do ritmo de introducao de inovacoes e na geracao de ganhos de eficiencia, os quais reforcam o desempenho competitivo das empresas integradas a arranjos produtivos.

Acreditam Costa, A. e Costa, B. (2005) que a cooperacao permite as pequenas empresas atingir eficiencia e flexibilidade, por meio da especializacao em fases do processo de producao e pelo inter-relacionamento entre as unidades produtivas, e dessas com o ambiente local.

Por terem mais oportunidade de se tornar competitivos, os APLs cooperativos de PMEs tem mais condicoes de penetrarem no mercado global. Em seu estudo, Britto (2004) ainda apresenta a cooperacao como um importante instrumento que permite um melhor enfrentamento com a turbulencia ambiental.

No entanto, apesar dos numerosos beneficios advindos da cooperacao, a UNCTAD (1998) observa que clusters com cooperacao intensiva entre empresas e entre empresas e instituicoes sao muito raros, especialmente em paises em desenvolvimento e em economias em transicao.

Florian e De Lorenzo (2008) creem que, especificamente em aglomeracoes de empresas de um mesmo segmento caracterizado pelo uso intensivo de mao de obra pouco qualificada, baixo potencial de inovacoes e baixas barreiras a entrada de novos investimentos, a cooperacao tende a ser mais dificil.

Apesar da enfase dada, ate aqui, a cooperacao, nao se pode esquecer a existencia, nos APLs, de outra dimensao fundamental na busca da competitividade: a concorrencia. Para Santos (2005:89), "trabalhar com a nocao de APL significa assumir a existencia de um mix de cooperacao e concorrencia". Segundo o autor, a cooperacao se apresenta como uma fase precompetitiva, na qual a forca motriz e o processo de concorrencia, porque as empresas estao cooperando visando a obtencao de vantagens competitivas para concorrer com outras empresas fora do APL.

Na visao de Haddad (2004:32), um APL tem reduzidas chances de se estruturar e de se consolidar se nao vier a se instalar entre as empresas um ambiente de competicao cooperativa, se nao se eliminar o clima de desconfianca entre elas, se as empresas nao abandonarem atitudes defensivas quando ocorrerem resultados adversos.

4. GOVERNANCA EM APLs

Uma importante contribuicao ao entendimento das caracteristicas das estruturas de governanca locais e de sua dinamica, segundo Tapia (2005), observa-se na literatura produzida sobre concertacao social e pactos territoriais. Essas experiencias de concertacao caracterizam-se pelo envolvimento de um numero grande de atores, o que implica intenso processo de negociacao, e por novas modalidades de desenho e de implementacao de politicas e programas, em que o modelo baseado na parceria toma o lugar do planejamento induzido pelo governo (TAPIA, 2005).

Afirma Tapia (2005) que, diferentemente da mera alocacao de recursos financeiros pela instancia nacional, nos pactos territoriais a elaboracao e a implementacao dos programas de intervencao constituem o resultado de uma metodologia de tomada de decisao na qual diversos atores (representantes das forcas sociais), os entes locais e as empresas privadas pactuam e aderem a uma estrategia comum de desenvolvimento local. O pacto territorial apresenta-se, entao, como um instrumento seletivo de politica de desenvolvimento local, baseado num conjunto de compromissos negociados entre os atores sociais publicos e privados envolvidos nos programas aprovados.

Franco (2004) recomenda que a governanca seja entendida sob o foco da corresponsabilizacao, que se apresenta associada diretamente a cooperacao, a participacao ativa, a forma de tomada de decisao coletiva, ao fluxo de comunicacao (que gera o compartilhamento efetivo das informacoes) e conhecimentos, a correalizacao e ao desenvolvimento humano e social (de forma a proporcionar um ambiente facilitador ao empoderamento da rede) de todos os participantes.

Tratando especificamente da governanca de (em) APLs, Cassiolato e Szapiro (2003:42) explicam que se trata do estabelecimento de praticas democraticas locais por meio de intervencao e participacao de diferentes categorias de atores--Estado, em seus diferentes niveis, empresas privadas locais, cidadaos e trabalhadores, organizacoes nao governamentais, etc.--nos processos de decisao locais.

Para Lemos (2003), a coordenacao dos processos e a articulacao dos agentes, viabilizadas pela governanca, sao elementos importantes na evolucao de um simples aglomerado para um APL. Segundo Stamer (2001), a articulacao e a sinergia entre os mecanismos de desenvolvimento possibilitam que as acoes acontecam de forma orientada, conexa e complementar, contribuindo dessa forma para efetividade de todo o processo.

A respeito dos papeis inerentes a governanca, o SEBRAE (2003) assinala a funcao executiva de coordenar e alinhar as iniciativas, observando prazos, atividades, atribuicoes e responsabilidades, a motivacao e o comprometimento. Humphrey e Schmitz (2002) pensam a governanca como um importante instrumento de geracao, transferencia e difusao de conhecimento.

Sob a otica de Amaral Filho (2008), a governanca e de grande utilidade para a elaboracao de estrategias e de politicas publicas. Conforme o autor, essa importancia esta ligada ao papel de assegurar a estabilidade do arranjo e do sistema produtivo. O demasiado poder detido dentro do sistema por algum agente, ou por um numero reduzido de agentes, pode colocar o arranjo em risco de sobrevivencia.

Para Suzigan, Garcia e Furtado (2002), a existencia de formas de governanca local que estimulem a manutencao de relacoes cooperativas entre os agentes pode levar nao so a economias externas incidentais, mas tambem a economias externas geradas pela acao deliberada dos agentes locais no fomento as atividades produtivas e no estimulo a rapida difusao do conhecimento.

A governanca local e exercida pelo setor publico, por meio de acoes coordenadas pelos governos locais para a assistencia e promocao dos produtores aglomerados. Dentre as acoes, pode-se destacar a criacao e manutencao de organismos voltados a promocao do desenvolvimento dos produtores locais, como centros de treinamento de mao de obra, centros de prestacao de servicos tecnologicos e agencias governamentais de de senvolvimento.

A governanca local privada e exercida pelas associacoes de classe e agencias locais privadas de desenvolvimento. Essas instituicoes podem ser responsaveis pela provisao de infraestrutura e servicos aos produtores, pela criacao de programas de treinamento de mao de obra e de uma agencia provedora de informacoes tecnologicas e de mercado, ou ainda pela promocao de acoes cooperativas (SUZIGAN; GARCIA; FURTADO, 2002).

Diferentes formas pode assumir a governanca privada. A primeira delas, de acordo com Cassiolato e Szapiro (2003), e a governanca na forma de "redes", que se caracteriza pela existencia de aglomeracoes de micro, pequenas e medias empresas marcadas por fortes relacoes entre um amplo numero de agentes, nas quais nenhum deles e dominante.

A governanca hierarquica apresenta "ao menos uma grande empresa que funciona como ponto central ou eixo baseado localmente no aglomerado" (CASSIOLATO; SZAPIRO, 2003). Nesse tipo de governanca, uma empresa funciona como uma ancora regional que estabelece regras e define o produto e suas especificacoes, para que as empresas ao seu redor se organizem em funcao das demandas.

Jones, Hesterly e Borgatti (1997) sugeriram quatro "mecanismos sociais" para a governanca de redes. O primeiro mecanismo diz respeito ao numero de integrantes de uma rede. Quanto menor for esse numero, mais facil sera conter o oportunismo, fundamentalmente porque redes pequenas viabilizam mais interacoes entre seus membros. Quanto mais interacoes tiverem, mais rapido corre a informacao sobre o grau de fidedignidade dos membros. A diversidade de expectativas e habilidades tambem e menor em redes menores, fazendo com que o ajustamento mutuo e a busca de objetivos e estrategias comuns acontecam mais rapidamente e envolvendo menores custos de coordenacao. Interesses, objetivos e estrategias comuns reduzem os incentivos para o comportamento oportunista.

O segundo mecanismo se refere a criacao de um "sistema de valores e premissas amplamente compartilhadas" dentro da rede. Os autores recomendam fomentar a socializacao entre os membros para difundir normas e valores comuns. Entretanto, a criacao de uma cultura macro pode demorar muitos anos, ou ainda decadas, dependendo da diversidade das empresas associadas.

O terceiro mecanismo apontado esta relacionado a sancoes coletivas, por meio das quais membros do grupo punem outros membros que violam normas, valores e objetivos do grupo.

Finalmente, os autores fazem referencia a reputacao dos associados como o quarto mecanismo que permite aumentar a confiabilidade das trocas na rede. A reputacao define se um associado e suficientemente fiel ou confiavel para realizar uma troca de informacoes ou um projeto conjunto.

5. METODOLOGIA

A abordagem metodologica mais adequada aos objetivos do estudo e a indutiva, que considera que e a pesquisa de campo que permite conhecer verdadeiramente o fenomeno (SAUNDERS; LEWIS; THORNILL, 2000), e qualitativa, que, na otica de Creswell (2002), e fundamentalmente interpretativa e permite ao pesquisador ter uma visao holistica do fenomeno.

O estudo em questao e ainda caracterizado como exploratorio, descritivo e explicativo. Exploratorio, na medida em que reconhece o numero reduzido de estudos realizados em Sergipe sobre o foco do estudo; descritivo, pois descreve o perfil dos agentes institucionais e economicos; e explicativo, uma vez que busca esclarecer de que forma a governanca e a cooperacao influenciam no desenvolvimento dos APLs.

Utilizou-se o estudo de casos multiplos como estrategia de pesquisa, seguindo os preceitos metodologicos propostos por Yin (2005). A importancia de realizar estudo de casos multiplos deve-se ao fato de que: a) ha pouca informacao sobre o tema; consequentemente, a analise de mais de uma empresa pode trazer informacoes complementares sobre um assunto pouco explorado; e b) um estudo de caso unico poderia gerar distorcoes na analise devidas as peculiaridades do caso analisado. Por certo, o estudo de multiplos casos nao elimina essa possibilidade, mas ajuda a minimizar o problema. Yin (2005) destaca que os estudos de casos multiplos possibilitam a geracao de resultados similares ou contrastantes em relacao ao previsto no inicio do trabalho.

Alguns criterios foram utilizados na selecao dos casos analisados neste estudo: a) ser significativo para o municipio onde esta inserido; b) volume de recursos investidos no APL direta ou indiretamente; c) existencia de dados secundarios a respeito do APL. Em funcao desses criterios, foram escolhidos quatro APLs sergipanos: o APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco; o APL de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano, o APL de Confeccoes de Itabaianinha e o APL de Confeccoes de Tobias Barreto.

Foram utilizadas as fontes de evidencia mais adequadas para estudos de caso na perspectiva de Yin (2005): pesquisa bibliografica, analise documental e pesquisa de campo. Por meio da pesquisa bibliografica foram identificados e analisados estudos relacionados aos temas APLs, cooperacao e governanca em APLs, de modo a fundamentar o estudo e possibilitar a discussao dos achados e sua comparacao com a literatura. De forma a obter maiores informacoes sobre os APLs selecionados, foram analisados os documentos: o Plano de Desenvolvimento dos APLs escolhidos, que apresentam os desafios e oportunidades e indicam as acoes que devem ser prioritariamente desenvolvidas em prol do desenvolvimento da atividade produtiva, e materias de jornal arquivadas pela SEDETEC sobre os APLs selecionados para fins deste estudo, que serviram de complemento aquelas informacoes obtidas por meio das entrevistas semiestruturadas.

Na pesquisa de campo foram realizadas trinta e duas entrevistas semiestruturadas com agentes institucionais e economicos, entre os meses de setembro de 2010 e marco de 2011, com o objetivo de coletar dados primarios necessarios a compreensao da realidade dos APLs. Os entrevistados estao detalhados por APL no Quadro 1.

O nivel de analise foi o APL; a unidade de analise foram as instituicoes que desenvolvem acoes no arranjo; a governanca privada, representada pelos sindicatos, associacoes e cooperativas; e os agentes economicos, representados pelas empresas participantes dos APLs.

Para o aproveitamento mais eficiente das informacoes e para facilitar o processo de registro dos dados, todas as entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas, utilizando-se a tecnica de analise de conteudo (BARDIN, 2002). Para a analise dos casos, as informacoes foram organizadas a partir das categorias analiticas e dos elementos de analise definidos.

Nos estudos qualitativos, em que nao ha a preocupacao com a mensuracao de indicadores, sao utilizadas categorias analiticas que, de acordo com Laville e Dionne (1999), sao primordiais, visto que, a partir delas, organizar-se-ao os elementos de analise agrupados por parentesco de sentido. O Quadro 2 apresenta as categorias analiticas e os elementos de analise definidos em funcao dos objetivos do estudo.

6. ANALISE DOS CASOS

6.1. Perfil dos Agentes Institucionais

Os APLs sergipanos contam com o apoio de agentes financeiros, instituicoes de ensino e pesquisa, sistema S, IEL (vinculado a Federacao das Industrias do Estado de Sergipe--FIES), alem de prefeitura e orgaos e secretarias do governo do Estado. Esses agentes institucionais sao responsaveis por prover os APLs tanto de capacitacao profissional e tecnica em gestao e em organizacao de grupos (associativismo e cooperativismo), quanto de credito, infraestrutura (predios), equipamentos e instalacoes, alem de apoio a comercializacao.

Sao quinze os agentes institucionais que participam dos APLs de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco e do Sul Sergipano, doze do APL de Confeccoes de Itabaianinha e treze do arranjo de Tobias Barreto.

Dentre as instituicoes que participam do APL de Confeccoes de Tobias Barreto, e interessante destacar a prefeitura municipal, que, apesar de ter desenvolvido acoes timidas ate o momento, tem demonstrado interesse em contribuir cada vez mais para o desenvolvimento da atividade produtiva no municipio. O APL foi o unico arranjo em que foi identificada a participacao do poder publico municipal.

Conforme Andrade e Escrivao Filho (2003), a participacao do poder publico local e fundamental na motivacao para praticas de cooperacao entre as empresas situadas em regioes com caracteristicas de um cluster empresarial.

Nota-se que nos APLs de ceramica estudados participam as mesmas instituicoes, o que leva a crer que obtem maior proveito o APL que possui uma governanca privada estruturada e proativa que organiza suas demandas e as apresenta as instituicoes, a fim de obter acoes institucionais para o territorio onde esta localizado. O Quadro 3 apresenta o perfil dos agentes institucionais participantes de cada estudo de caso.

6.2. Perfil dos Agentes Economicos

A partir da analise comparativa, foi possivel perceber que o APL cujas empresas possuem menor tempo medio de existencia, quatro anos, e o de Confeccoes de Itabaianinha. Em sentido oposto, o APL de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano apresentou a media mais alta, 18 anos de existencia.

Com referencia ao numero medio de empregos gerados, percebeu-se que os APLs de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco e do Sul Sergipano sobressairam com media de 41 e 64 empregos, respectivamente, quando se consideram somente as empresas participantes da pesquisa.

No tocante aos principais produtos fabricados, notou-se que, enquanto o APL do Sul Sergipano produz sobretudo blocos, o APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco possui ceramistas que fabricam blocos e lajotas.

E interessante notar que os APLs de Ceramica Vermelha atendem mercados distintos. O APL do Sul Sergipano escoa sua producao, predominantemente, para o Estado da Bahia e o APL do Baixo Sao Francisco tem como principal destino de sua producao o Estado de Alagoas.

Os agentes economicos do APL de Confeccoes de Itabaianinha, por sua vez, vendem a maior parte de sua producao para as cidades de Sao Paulo (SP) e Belem (PA), enquanto o APL de Confeccoes de Tobias Barreto tem destinos bem diversificados, mas seu maior comprador e o Estado da Bahia. O Quadro 4 delineia o perfil dos agentes economicos entrevistados.

6.3. Cooperacao nos APLs de Sergipe

Florian e De Lorenzo (2008) acreditam que, especificamente em aglomeracoes de empresas de um segmento caracterizado por uso intensivo de mao de obra pouco qualificada, baixo potencial de inovacoes e baixas barreiras a entrada de novos investimentos, como e o caso do setor de confeccoes, a cooperacao tende a ser mais dificil.

Apesar disso, dentre os APLs estudados, cabe destacar o de Confeccoes de Itabaianinha, em que a interacao se mostrou mais intensa. Constatou-se, nesse arranjo, a cooperacao tanto entre empresas formais quanto entre empresas formais e unidades informais. Das acoes realizadas, enfatiza-se a intencao de reativar a cooperativa, a iniciativa de compra conjunta de um plotter de risco e a parceria para ajudar as costureiras locais a montar suas oficinas de costura.

O segundo APL que se destacou em relacao a cooperacao foi o APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco, no qual todas as empresas estabeleceram algum tipo de relacao umas com as outras. A principal acao de cooperacao identificada foi o emprestimo de materia-prima, maquinas e equipamentos. Os empresarios costumam trocar ideias e discutir estrategias nas reunioes do Instituto Pro-Ceramica (IPC), mas sao resistentes a abrir suas industrias ou a visitar outros industriarios da regiao.

Entre os APLs que apresentaram cooperacao reduzida encontram-se o APL de Confeccoes de Tobias Barreto e o de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano. Verificou-se, no APL de Confeccoes de Tobias Barreto, um numero reduzido de empresas que realizam algum tipo de acao cooperativa, o que leva a crer que os empresarios nao estao explorando as vantagens advindas das aglomeracoes, como o poder de barganha com os fornecedores e a criacao de canal de comunicacao com instituicoes visando negociacao de acoes para o conjunto das confeccoes, entre outras.

No APL de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano foi observado que as raras acoes conjuntas partiram da iniciativa do presidente do sindicato, mas envolveram somente seus parentes ou amigos proximos e nao todos os filiados ao sindicato. Em relacao as parcerias com as instituicoes, a maioria dos empresarios entrevistados alegou que o presidente do sindicato se beneficia mais das acoes desenvolvidas, que sempre recebe um plus das instituicoes parceiras, ao qual os demais ceramistas nao tem acesso.

Segundo Santos, Diniz e Barbosa (2004), a cooperacao multilateral ocorre quando um grupo de empresas se reune em um sindicato ou associacao de produtores que tem autonomia decisoria. Nesse tipo de cooperacao, um alto nivel de confianca, a proximidade local e um elevado senso de comunidade podem ser necessarios para um funcionamento adequado.

A cooperacao multilateral foi identificada em todos os APLs, exceto no APL de Confeccoes de Tobias Barreto, em que as atividades da cooperativa encontram-se paralisadas. Verificouse no APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco que as empresas, sob a lideranca do IPC, tem feito um esforco coletivo de responder as exigencias da legislacao ambiental (estadual ou federal) que provoquem impacto nos processos produtivos das empresas como um todo. Esse tipo de cooperacao tambem foi observado na decisao dos empresarios ligados a Associacao das Confeccoes de Itabaianinha (ASK) de captar recursos para a implantacao de um centro de desenvolvimento e criacao de pecas de confeccoes que serviria ao APL de Confeccoes.

Outro exemplo de esforco coletivo, desta vez do grupo de ceramicas do APL de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano, filiado ao SINDICER/SE, diz respeito a um acordo com o BANESE, que disponibilizou uma linha de financiamento para pequenas industrias ceramicas implantarem filtros de lavagem de gases, visando reducao na emissao de particulados.

Em relacao a cooperacao entre os agentes economicos e institucionais, merece destaque a acao formal de cooperacao tecnica entre o IPC, entidade que representa ceramistas do APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco, e a Universidade Federal de Sergipe, que viabilizara, a priori, o desenvolvimento de experimentos que visem prestar assessoria no plantio e manejo de eucalipto em area cedida pelo governo do Estado aos ceramistas do arranjo. Nota-se, entretanto, que a cooperacao entre o conjunto das ceramicas e a universidade e um caso isolado, restrito ao APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco.

Foi identificada a cooperacao com uma instituicao de ensino e pesquisa no APL de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano, com a aprovacao de projeto em edital, contudo essa cooperacao se deu apenas entre uma ceramica e a universidade. Ja nos dois APLs de confeccoes nao foi observada qualquer interacao com as instituicoes de ensino e pesquisa, o que revela uma fragilidade dos arranjos, uma vez que essas instituicoes sao fonte importante de informacao para a inovacao, alem de serem potenciais promotoras de acoes de cooperacao.

No caso do SENAI, instituicao de qualificacao tecnica, as acoes sao esporadicas com os dois APLs de Ceramica Vermelha e com o APL de Confeccoes de Itabaianinha. A situacao e preocupante em Tobias Barreto, onde parecem chegar somente cursos pagos para uma parcela reduzida de empresarios.

A respeito da cooperacao com o SEBRAE, a atuacao tem sido constante e frequente nos APLs de Confeccoes de Itabaianinha e de Tobias Barreto, mas tem deixado a desejar nos dois APLs de Ceramica Vermelha. As governancas privadas dos APLs atualmente desfavorecidos alegam que, no passado, o SEBRAE era muito ativo, mas aos poucos foi reduzindo sua participacao no arranjo. Notou-se no APL de Confeccoes de Itabaianinha que o levantamento de necessidades de cursos e a forte articulacao da associacao com instituicoes de capacitacao e treinamento tem ampliado sua capacidade de aprendizado.

Em todos os APLs estudados os empresarios se mostraram insatisfeitos com o servico prestado pelos agentes financeiros que atuam como financiadores. Os empresarios declararam que as exigencias sao grandes e nao sao proporcionais ao credito solicitado, o que tem levado alguns empresarios dos APLs de Ceramica do Sul Sergipano e de Confeccoes de Itabaianinha a recorrerem a agiotas.

Motivos diversos para a cooperacao entre empresas e entre empresas e instituicoes foram apontados. Os empresarios visualizaram a cooperacao como condicao para se manterem no mercado, como meio de superar a falta de conhecimento do setor em que estavam ingressando, de acessar incentivos fiscais por meio da participacao na cooperativa, de aumentar o poder de negociacao de acoes com as instituicoes. Os agentes economicos ainda mencionaram o acesso a cursos, palestras, consultorias, feiras e visitas tecnicas como motivadores para a cooperacao.

Ambientes propicios a processos interativos e cooperativos oferecem melhores condicoes de competitividade e de desenvolvimento economico-social (ALBAGLI; MACIEL, 2003:423). Por essa razao, buscou-se identificar quais aspectos tem inibido a cooperacao como forma de contribuir para a discussao de acoes de melhoria dos cenarios em tela.

O fator inibidor da cooperacao que perpassou todos os APLs estudados foi o individualismo dos empresarios. O fato de nao considerarem o outro como parceiro e a falta de informacao sobre os beneficios e as possibilidades de parceria com outras empresas tambem foram apontados.

A falta de confianca nos colegas do setor, o receio de comportamentos oportunistas em acoes conjuntas, alem de outros fatores, como a falta de honestidade e o medo de assumir a responsabilidade de comprar em nome de outros, que estao relacionados ao tema confianca, foram listados.

A ausencia de uma lideranca que assuma o papel de estimular a aproximacao dos agentes com vistas a cooperacao, alem do fato de as empresas trabalharem produtos com linhas diferentes e terem condicoes de pagamento distintas, nao favorece o estabelecimento de parcerias, sobretudo entre as empresas dos dois APLs de confeccoes.

De acordo com Santos (2005:120), a ideia de cooperacao entre os agentes locais ao longo da cadeia produtiva vem sendo cada vez mais destacada como elemento fundamental da competitividade. Entretanto, para entender o processo de formacao e as bases da competitividade das empresas, deve-se, ao se trabalhar com a nocao de APL, assumir a existencia tanto da cooperacao quanto da concorrencia.

Foi identificada, nos dois APLs de Confeccoes, uma competicao baseada no preco, em detrimento da qualidade e da padronizacao das pecas. A estrategia adotada pelas empresas, sobretudo do APL de Tobias Barreto, nao e a de eficiencia produtiva, com medidas que reduzam custos e desperdicio e aumentem a produtividade, mas a de concorrencia desleal, com a reducao de medidas em relacao ao padrao informado nas embalagens e o emprego de mao de obra sobretudo informal.

Os empresarios do APL de Confeccoes de Tobias Barreto demonstraram grande preocupacao com a pratica de concorrencia desleal no municipio. Esse fato tem provocado o isolamento dos confeccionistas e reduzido a probabilidade de ocorrencia de acoes conjuntas.

Nos dois APLs de ceramica vermelha a concorrencia se da com base no preco e na qualidade, pois, segundo os ceramistas, o produto de ma qualidade nem chega ao seu destino, esfarelando com o transporte. O Quadro 5 apresenta o resumo dos aspectos da cooperacao analisados nos APLs de Sergipe selecionados para a pesquisa.

6.4. Governanca dos APLs de Sergipe

A extracao de beneficios da aglomeracao, alem das economias externas incidentais, depende da existencia de formas de governanca que estimulem a manutencao de relacoes cooperativas entre os agentes, levando ao estabelecimento de acoes conjuntas entre eles e ao incremento da competitividade do conjunto de produtores (SUZIGAN; GARCIA; FURTADO, 2002:11).

Do ponto de vista da tipologia da governanca, de acordo com Cassiolato e Szapiro (2003), ou as empresas locais se organizam em forma de "redes", ou a governanca se daria por meio de formas "hierarquicas". Nos APLs de Sergipe, a forma de governanca mais comum assumiu a configuracao de "redes", em que existe uma coordenacao na qual as empresas possuem poder em niveis similares, ou seja, nao existe uma empresa dominante.

Foi constatada, entretanto, uma governanca hierarquica no APL de Confeccoes de Itabaianinha, na qual, apesar de a empresa ancora ter transferido suas instalacoes para o municipio de Umbauba, ainda exerce poder sobre as confeccoes, fazendo delas prestadoras exclusivas de servicos e sendo responsavel pela definicao das caracteristicas dos produtos.

Sob a otica dos agentes institucionais, as governancas privadas tem assumido, de modo geral, uma postura reativa, que se mobiliza sobretudo em situacoes de emergencia, como quando de adequacoes as exigencias da Secretaria da Fazenda ou dos orgaos ambientais. O interesse em acoes conjuntas e de longo prazo, que denota uma postura mais ampla e proativa com o objetivo de obter vantagens competitivas, parece estar surgindo no APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco e no APL de Confeccoes de Itabaianinha.

Ainda que os entrevistados de todos os APLs tenham afirmado que a articulacao entre os agentes institucionais e melhor que no passado e que nao existe sobreposicao de acoes, o estudo apontou que os agentes institucionais dos APLs sergipanos carecem de maior articulacao entre si, uma vez que ainda existem acoes sendo realizadas isoladamente, indicando ineficiencia na utilizacao dos recursos pelos parceiros. O caso mais critico e o do APL de Tobias Barreto, em que as instituicoes atuam de forma desarticulada, em decorrencia, dentre outros motivos, de uma governanca privada desestruturada.

Outro aspecto analisado diz respeito ao alinhamento das acoes institucionais as necessidades locais. Observou-se em todos os APLs que as instituicoes tem buscado conhecer as necessidades dos agentes economicos antes de realizar acoes, o que tem contribuido para a eficacia no atendimento aos agentes. Contudo, os empresarios alegaram que as acoes sao poucas diante das necessidades das atividades e que o quadro de profissionais das instituicoes deveria ser mais qualificado para ajudar a solucionar os problemas das empresas, e defenderam mudancas nas exigencias dos orgaos ambientais. Para os empresarios dos arranjos de ceramica vermelha, as exigencias dos orgaos ambientais deveriam ser compativeis com o porte das empresas. A falta de continuidade das acoes e de comprometimento dos agentes institucionais com os resultados e outra falha apontada pelos empresarios dos APLs estudados que tem comprometido o sucesso das acoes.

A frequencia de reunioes realizadas pelas entidades de classe do APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco e do APL de Confeccoes de Itabaianinha revela uma constancia no encontro dos agentes economicos com vistas na discussao de assuntos de interesse da atividade. A realizacao desses encontros se apresenta como importante ferramenta de promocao de interacao entre os empresarios e de troca de informacoes sobre a atividade e o negocio propriamente dito. Alem disso, Jones, Hesterly e Borgatti (1997) recomendam fomentar a socializacao entre os membros de uma rede com o objetivo de difundir normas e valores comuns.

No caso do APL de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano, nao existe periodicidade na realizacao de reunioes do sindicato, e no APL de Confeccoes de Tobias Barreto as reunioes nao estao ocorrendo pelo fato de as atividades da Cooperativa de Negocios de Sergipe (COOPNE) estarem paralisadas.

Verificou-se que o APL de Confeccoes de Itabaianinha se destaca pelo numero crescente de associados e pelo aumento da participacao dos empresarios nas reunioes da associacao nos ultimos anos. Por sua vez, a participacao dos empresarios do APL de Confeccoes de Tobias Barreto vinha diminuindo na epoca em que ainda ocorriam as reunioes da cooperativa, em decorrencia provavelmente de seu estado de inercia diante dos problemas do arranjo. No APL de Ceramica do Baixo Sao Francisco, o numero de participantes tem se mantido constante, o que e explicado pela inexistencia de novas ceramicas na regiao e pelo fato de os poucos ceramistas nao associados nao terem interesse em se associar. No APL de Ceramica do Sul Sergipano foi constatada pequena participacao dos empresarios em acoes promovidas pelos agentes institucionais.

As liderancas locais, segundo agentes economicos dos APLs de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco e do Sul Sergipano, sao legitimas; entretanto, notou-se um verdadeiro reconhecimento no Baixo Sao Francisco, uma vez que os entrevistados declararam que veem no presidente do IPC o verdadeiro lider dos ceramistas da regiao.

No caso do APL de Confeccoes de Itabaianinha, apesar de o atual presidente ter sido eleito pela maioria dos associados, grande parte dos entrevistados declarou que, assim como atualmente o presidente e ele, poderia ser outro. A legitimidade da governanca do APL de Confeccoes de Tobias Barreto nao foi avaliada porque a maioria dos entrevistados nao esta inserida em nenhuma associacao de classe.

A governanca local privada que se apresentou mais energica foi a do APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco, apontada como grande responsavel pela concessao de area para manejo de eucalipto no Plato de Neopolis, pela celebracao de convenio de cooperacao tecnica com a UFS, pela aproximacao entre o setor e o orgao estadual do meio ambiente, dentre outras acoes.

Em Sergipe, as associacoes de classe e de representacao do setor tem exercido a governanca local privada e assumido o papel, conforme sugerido por Suzigan, Garcia e Furtado (2002), de provedoras de servicos e de informacoes tecnologicas e de mercado aos produtores, de criadoras de programas de treinamento de mao de obra e, ainda, de promotoras de acoes cooperativas, todas acoes desenvolvidas em conjunto com as instituicoes parceiras.

No Quadro 6 encontra-se o resumo das caracteristicas das governancas dos APLs sergipanos que participaram da pesquisa.

7. CONSIDERACOES FINAIS

O objetivo principal deste artigo foi analisar como a governanca e a cooperacao entre os agentes institucionais e economicos podem influenciar o desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais no Estado de Sergipe.

A abordagem APL propoe um novo papel para as agencias de fomento, muito alem do de agente financiador. A atuacao desses agentes na articulacao, elaboracao e implantacao de um conjunto de iniciativas, inclusive financeiras, para acelerar a competitividade de economias setoriais e regionais com o proposito de seu ingresso e manutencao sustentada no mercado, e de extrema importancia para o desenvolvimento dos APLs.

Em Sergipe, os agentes financeiros nao tem assumido o seu papel. Eles ainda necessitam aprimorar os mecanismos basicos de apoio as micros e pequenas empresas inseridas em APLs, de modo a preencher as lacunas ocupadas atualmente por agiotas. Contudo, cabe destacar a estrategia Desenvolvimento Regional Sustentavel (DRS) do Banco do Brasil, que tem dado contribuicao importante para o desenvolvimento da atividade de confeccoes nos municipios de Itabaianinha e Tobias Barreto.

O baixo nivel de participacao das prefeituras e preocupante, pois revela a ausencia de politicas publicas municipais com foco na geracao de emprego e renda voltadas as micros e pequenas empresas. Em apenas um APL, o de Confeccoes de Tobias Barreto, foi notada uma articulacao ainda incipiente. Recomenda-se agregar as prefeituras municipais aos grupos de trabalho dos APLs, de modo que contribuam efetivamente para o desenvolvimento das atividades produtivas.

As entidades sindicais, associacoes e cooperativas precisam tomar consciencia de seu papel como protagonistas do desenvolvimento da atividade produtiva que representam. Foi constatado no estudo que as governancas locais privadas mais organizadas estao articuladas com as instituicoes participantes do APL e possuem maiores condicoes de viabilizar acoes cooperativas.

A continuidade das acoes foi apontada em todos os APLs como condicao fundamental para o estabelecimento de confianca e credito nas acoes propostas pelos agentes institucionais. Por outro lado, e importante destacar que a intensidade de participacao de cada instituicao parceira nos APLs aumentara a medida que a atividade se organizar e as entidades de classe (governancas privadas) se fortalecerem.

Como visto, a governanca estruturada e condicao para o sucesso de um APL, mas sua estruturacao onde inexiste um ambiente favoravel a cooperacao, como e o caso do APL de Tobias Barreto, e de dificil execucao. Para Aquino (2006), a existencia de cooperacao entre as empresas de um arranjo e fundamental para o estabelecimento de uma governanca estruturada e elemento decisivo para a superacao das principais dificuldades encontradas em um APL.

8. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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DOI: 10.5700/rege485

Recebido em: 27/6/2011

Aprovado em: 23/8/2012

Aline de Aragao Zambrana

Mestre em Desenvolvimento Regional e Gestao de Empreendimentos Locais pela

UFS--Sao Cristovao-SE, Brasil

Graduada em Administracao pela Universidade Federal de Sergipe

E-mail: [email protected]

Rivanda Meira Teixeira

Professora do Departamento de Administracao e dos Mestrados em Administracao

(PROPADM) e Economia (NUPEC) da Universidade Federal de Sergipe

Pos-Doutora em Gestao do Turismo na Bournemouth University, Inglaterra, e na Strathclyde University, Escocia

Pos-Doutora em Empreendedorismo em Turismo na HEC, em Montreal, Canada

Doutora em Administracao pela Cranfield University, Inglaterra. Mestre em

Administracao pela COPPEAD/UFRJ

E-mail: [email protected]
Quadro 1--Entrevistados por APL

APL                  Agentes Entrevistados

APL de Ceramica      Agentes                  Governanca
Vermelha do Baixo    Institucionais           Privada--GP
Sao Francisco        * BMS Consultores        * Instituto Pro-
                     * SEDETEC                Ceramica (IPC)
                     * UFS

APL de Ceramica      Agentes                  Governanca
Vermelha do Sul      Institucionais           Privada--GP
Sergipano            * CODISE                 * Sindicato de
                     * IEL                    Ceramicas e Olarias
                                              de Sergipe--SINDICER

APL de Confeccoes    Agentes Institucionais   Governanca
de Itabaianinha      * Banco do Brasil        Privada--GP
                     * IEL                    * Associacao de
                                              Confeccionistas de
                                              Itabaianinha (ASK)

APL de Confeccoes    Agentes Institucionais   Governanca
de Tobias Barreto    * SEBRAE                 Privada--GP
                     * Banco do Brasil        * Cooperativa de
                                              Negocios de Sergipe
                                              (COOPNE)

APL                  Agentes Entrevistados

APL de Ceramica      Agentes Economicos
Vermelha do Baixo    * Ceramica Santa Luzia
Sao Francisco        * Ceramica Fenix
                     * Ceramica Paraiso
                     * Ceramica
                     Amorim/Rogi

APL de Ceramica      Agentes Economicos
Vermelha do Sul      * Ceramica Jacare
Sergipano            * Ceramica Borges
                     * Ceramica Uniao
                     * Ceramica Santana
                     * Ceramica Sao Luiz
                     Gonzaga

APL de Confeccoes    Agentes Economicos
de Itabaianinha      * Linda Confeccoes
                     * Bem Kerer
                     * Mimos
                     * Immersion
                     * Fifty Four

APL de Confeccoes    Agentes Economicos
de Tobias Barreto    * Gabriela
                     * Esquina do
                     Bebe/Pirralinho Baby
                     * D'Luche
                     * D'Laine
                     * Mimo do Ceu

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Quadro 2--Questoes de pesquisa, categorias
analiticas e elementos de analise

Questoes de         Categorias     Elementos de Analise
Pesquisa            Analiticas

Qual o perfil       Perfil dos     * Funcoes/objetivos gerais das
dos agentes          Agentes         instituicoes;
institucionais    Institucionais   * Papel da instituicao no APL;
e economicos                       * Formas de apoio.
dos APLs de
Sergipe?
                    Perfil dos     * Ano de fundacao;
                     Agentes       * Numero de empregados;
                    Economicos     * Produtos;
                                   * Mercados atendidos.

Como ocorre         Cooperacao     * Formas de cooperacao;
a cooperacao                       * Razoes que levaram a
entre esses                          empresa a cooperar;
agentes nos                        * Fatores inibidores;
APLs de                            * Concorrencia entre os
Sergipe?                             agentes economicos.

Como e              Governanca     * Configuracao da governanca;
exercida a                         * Caracteristicas da governanca;
governanca                         * Papel assumido pela governanca
nos APLs                             privada.
sergipanos?

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Quadro 3--Perfil dos agentes institucionais dos APLs
de Sergipe participantes da pesquisa

Elementos de Analise    Perfil dos Agentes Institucionais

APL de Ceramica         Empresa privada de consultoria,
Vermelha do Baixo       secretaria de governo e instituicao de
Sao Francisco           ensino e pesquisa que sao responsaveis
                        pelas consultorias, elaboracao do plano
                        de desenvolvimento do APL, articulacao
                        com instituicoes, acompanhamento das acoes,
                        acoes de capacitacao e desenvolvimento de
                        projetos de pesquisa.

APL de Ceramica         Orgao de governo e entidade do sistema
Vermelha do Sul         industria que sao responsaveis por fomentar
Sergipano               a geracao de industrias, dando conhecimento
                        aos empresarios dos incentivos dados pelo
                        Estado e apoio tecnico na elaboracao de
                        planos de acao, e pela capacitacao
                        empresarial e interacao entre empresas
                        e centros de conhecimento.

APL de Confeccoes       Entidade do sistema industria e agente
de Itabaianinha         financeiro, responsaveis pela capacitacao
                        empresarial e interacao entre empresas e
                        centros de conhecimento e pelo fornecimento
                        de linhas de credito.

APL de Confeccoes de    Instituicao do Sistema S e agente financeiro,
Tobias Barreto          responsaveis pela capacitacao empresarial,
                        pelo suporte tecnico, de gestao, de
                        tecnologia e de mercado e pelo fornecimento
                        de linhas de credito.

Fonte: Pesquisa de Campo.

Quadro 4--Perfil dos agentes economicos dos APLs
de Sergipe participantes da pesquisa

Elementos de         Perfil dos Agentes Economicos
Analise

APL de Ceramica      --Tempo medio de existencia das empresas: 9 anos
Vermelha do Baixo    --Numero medio de empregos gerados: 41 empregos
Sao Francisco        --Principais produtos: Blocos e lajotas
                     --Principais mercados: Sergipe e Alagoas

APL de Ceramica      --Tempo medio de existencia das empresas: 18 anos
Vermelha do Sul      --Numero medio de empregos gerados: 64 empregos
Sergipano            --Principais produtos: Blocos
                     --Principais mercados: Sergipe e Bahia

APL de Confeccoes    --Tempo medio de existencia das empresas: 4 anos
de Itabaianinha      --Numero medio de empregos gerados: 21 empregos
                     --Principais produtos: pecas do vestuario
                       masculino, feminino e infantil, alem de
                       moda intima.
                     --Principais mercados: Nordeste,
                       Sao Paulo e Belem.

APL de Confeccoes    --Tempo medio de existencia
de Tobias Barreto      das empresas: 7,5 anos
                     --Numero medio de empregos gerados: 26 empregos
                     --Principais produtos: pecas de cama, mesa e banho
                     --Principais mercados: Nordeste e Sudeste
                       (Minas Gerais e Sao Paulo)

Fonte: Pesquisa de Campo.

Quadro 5--Aspectos da cooperacao analisados nos APLs de Sergipe

Elemento de          Cooperacao
Analise

APL de Ceramica      --Formas de cooperacao horizontal bilateral:
Vermelha do Baixo      emprestimo de equipamentos, veiculos
Sao Francisco          (tratores), argila e lenha
                     --Cooperacao horizontal multilateral:
                       organizacao de ceramistas em torno do IPC
                     --Resultados da cooperacao multilateral:
                       negociacao com orgaos, por exemplo, sobre
                       exigencias da legislacao ambiental; busca de
                       fontes alternativas de energia e de novos
                       depositos de argila, com o objetivo de dar
                       continuidade a atividade ceramica na regiao;
                       acordo de cooperacao tecnica com a UFS;
                       cessao de area para manejo de eucalipto
                       por meio de parceria com o governo
                     --Razoes para cooperar com agentes economicos
                       e institucionais: permanencia da empresa no
                       mercado, falta de conhecimento sobre o setor,
                       desejo de romper com o isolamento da regiao
                       e de dar conhecimento as instituicoes da
                       existencia de ceramicas no Baixo
                       Sao Francisco
                     --Fatores inibidores da cooperacao: um
                       ceramista ve o outro como adversario;
                       individualismo; oportunismo; o fato de as
                       industrias maiores quererem vender por um
                       preco muito baixo
                     --Concorrencia entre agentes economicos:
                       baseada no preco e na qualidade

APL de Ceramica      --Formas de cooperacao horizontal bilateral:
Vermelha do Sul        emprestimo de equipamentos e de
Sergipano              materia-prima e compra conjunta
                     --Cooperacao horizontal multilateral:
                       organizacao de ceramistas em torno
                       do SINDICER/SE
                     --Resultados da cooperacao multilateral: linha
                       de financiamento especial do BANESE para
                       instalacao de filtros de lavagem de gases,
                       Programa de apoio a competitividade das
                       micro e pequenas industrias com SEBRAE e
                       IEL e Programa Setorial da Qualidade
                       com o SENAI
                     --Razoes para cooperar com agentes economicos
                       e institucionais: vontade de ajudar os
                       parentes, acesso a novos conhecimentos,
                       melhores condicoes de pagamento,
                       oportunidade de melhoria nos
                       processos da empresa
                     --Fatores inibidores da cooperacao: falta de
                       honestidade e confianca; individualismo
                     --Concorrencia entre agentes economicos:
                       baseada no preco e na qualidade

APL de Confeccoes    --Formas de cooperacao horizontal bilateral:
de Itabaianinha        emprestimo e compra conjunta de maquinas,
                       equipamentos e insumos, producao conjunta e
                       parceria entre empresas e costureiras
                       locais para equipar oficinas de costura
                     --Cooperacao horizontal multilateral:
                       organizacao de confeccionistas
                       em torno da ASK
                     --Resultados da cooperacao multilateral:
                       pleitearam, no edital para APLs de baixa
                       renda 2010, a estruturacao de um centro de
                       criacao e desenvolvimento de pecas para o
                       conjunto das confeccoes do municipio, do
                       projeto Agente Local de Inovacao (ALI)
                       executado pelo SEBRAE e do Projeto de
                       Extensao Industrial Exportadora (PEIEx)
                       por meio de parceria com
                       SEDETEC/IEL/APEX-Brasil
                     --Razoes para cooperar com agentes economicos
                       e institucionais: poder de negociacao de
                       acoes maiores junto as instituicoes,
                       capacidade para atender a um pedido maior,
                       acesso ao incentivo fiscal por meio da
                       cooperativa, emprestimo de maquinas,
                       participacao em feiras, missoes,
                       palestras e cursos
                     --Fatores inibidores da cooperacao: falta de
                       confianca no concorrente, o fato de as
                       empresas possuirem linhas de produtos e
                       condicoes de pagamento diferentes e receio
                       de assumir a responsabilidade de comprar
                       pelos outros
                     --Concorrencia entre agentes economicos:
                       baseada no preco

APL de Confeccoes    --Formas de cooperacao horizontal bilateral:
de Tobias Barreto      emprestimo de maquinas e producao conjunta
                       para atendimento de um grande pedido
                     --Cooperacao horizontal multilateral: as
                       atividades da cooperativa (COOPNE)
                       estao paralisadas
                     --Resultados da cooperacao multilateral:
                       nao se aplica
                     --Razoes para cooperar com agentes economicos
                       e institucionais: possibilidade de atender
                       a um pedido maior, oportunidade de ter acesso
                       a cursos, palestras, consultorias e
                       participacao em feiras gratuitamente ou
                       a precos subsidiados
                     --Fatores inibidores da cooperacao: ausencia
                       de lideranca, individualismo, concorrencia
                       desleal, medo de comportamentos oportunistas,
                       anseio de resguardar informacoes do negocio
                       e falta de conhecimento sobre como fazer
                       uma parceria
                     --Concorrencia entre agentes economicos:
                       baseada no preco

Fonte: Pesquisa de Campo.

Quadro 6--Caracteristicas das governancas dos APLs de Sergipe

Elementos de       Configuracao    Caracteristicas
analise da
Governanca

APL de Cer.           Redes        Governanca privada, sobretudo
Vermelha do                        reativa; nao ha sobreposicao de
Baixo Sao                          acoes, mas acoes inconclusas, e
Francisco                          a articulacao entre as
                                   instituicoes necessita de
                                   melhoras; acoes alinhadas as
                                   necessidades locais, entretanto
                                   existem poucas acoes em vista
                                   do que a atividade precisa;
                                   reunioes do IPC ocorrem uma
                                   vez por mes; lideranca legitima;
                                   a governanca tem viabilizado
                                   acesso a informacoes,
                                   conscientizacao para reducao
                                   de custos e cumprimento de
                                   normas tecnicas, articulacao
                                   com instituicoes parceiras,
                                   aproximacao dos ceramistas
                                   com orgaos ambientais, manejo
                                   de eucalipto em area
                                   disponibilizada pelo governo,
                                   convenio de cooperacao tecnica
                                   com a UFS.

APL de Cer.           Redes        Governanca reativa; nao ha
Vermelha do                        sobreposicao de acoes, mas a
Sul Sergipano                      articulacao entre agentes
                                   institucionais precisa ser
                                   aprimorada; as acoes estao
                                   alinhadas as necessidades
                                   locais, contudo os empresarios
                                   defendem que as exigencias dos
                                   orgaos ambientais devem ser
                                   compativeis com o porte da
                                   empresa e que o quadro de
                                   profissionais das instituicoes
                                   deveria ser mais qualificado
                                   para ajudar a solucionar os
                                   problemas das empresas; nao
                                   existe periodicidade na
                                   realizacao de reunioes do
                                   sindicato; lideranca legitima,
                                   entretanto foi percebida uma
                                   preocupacao com o fato de o
                                   presidente do sindicato ser o
                                   mesmo desde a criacao da
                                   entidade. Resultados obtidos
                                   pela governanca: o apoio na
                                   liberacao de jazidas e parceria
                                   com o BANESE para financiamento
                                   de filtro de lavagem de gases.

APL de             Hierarquica     Governanca reativa; as acoes
Confeccoes de                      das instituicoes sao
Itabaianinha                       complementares, nao ha
                                   sobreposicao; as acoes sao
                                   alinhadas as necessidades
                                   locais, mas os empresarios
                                   alegam a falta de continuidade
                                   das acoes e de comprometimento
                                   dos profissionais que as
                                   executam. Defendem que as
                                   oficinas de costura tambem
                                   devem ser alvo das acoes e nao
                                   somente as confeccoes; reunioes
                                   da associacao ocorrem
                                   mensalmente, com participacao
                                   crescente dos empresarios; a
                                   lideranca nao e legitima; a
                                   governanca tem viabilizado,
                                   sobretudo, a realizacao de
                                   cursos e emprestimo de
                                   maquinas.

APL de              Governanca     Governanca nao e nem proativa
Confeccoes de     desestruturada   nem reativa, esta em estado de
Tobias Barreto                     inercia; articulacao e melhor
                                   que no passado, mas precisa
                                   melhorar; acoes do SEBRAE
                                   alinhadas, mas precisa existir
                                   o comprometimento das demais
                                   instituicoes com outras acoes;
                                   reunioes nao estao ocorrendo;
                                   governanca viabilizou no
                                   passado o emprestimo de
                                   maquinas e a realizacao
                                   de cursos.

Elementos de      Papel Governanca Privada
analise da
Governanca

APL de Cer.       --Estimula a pensar no futuro;
Vermelha do       --Disponibiliza informacoes tecnicas;
Baixo Sao         --Divulga fontes e formas de financiamento;
Francisco         --Promove acoes cooperativas.

APL de Cer.       --Promove capacitacoes;
Vermelha do       --Organiza eventos tecnicos e comerciais.
Sul Sergipano

APL de            --Divulga fontes e formas de financiamento;
Confeccoes de     --Auxilia na definicao de objetivos
Itabaianinha        comuns da atividade;
                  --Promove capacitacoes;
                  --Organiza eventos tecnicos e comerciais.

APL de            Nao houve condicoes de avaliar
Confeccoes de
Tobias Barreto

Fonte: Pesquisa de Campo.
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