Governance and cooperation in local productive arrangements (APLS): a study of multiple cases in Sergipe/Governanca e cooperacao em arranjos produtivos locais: um estudo de multiplos casos em Sergipe/Gobernabilidad y cooperacion en arreglos productivos locales: un estudio de multiples casos en Sergipe.
Zambrana, Aline de Aragao ; Teixeira, Rivanda Meira
1. INTRODUCAO
O interesse em redes interorganizacionais tem crescido a medida que
o velho modelo de organizacao vai dando lugar a novas configuracoes
baseadas nas relacoes entre firmas. Castells (2000) cre que as empresas
estao sendo obrigadas a se reinventar em decorrencia do aumento da
competicao e do surgimento de novas tecnologias. As firmas, antes
isoladas, estao unindo forcas e desenvolvendo estrategias conjuntas para
sobreviver no mercado.
Os arranjos produtivos locais (APLs) surgem, de acordo com Lastres
e Cassiolato (2005), como aglomeracoes territoriais de agentes
economicos, politicos e sociais, as quais focam um conjunto especifico
de atividades economicas e apresentam vinculos e interdependencia. Tem
como proposta a formacao de redes que possibilitem maiores vantagens
competitivas e sustentabilidade aos pequenos negocios, por meio de
interacao, cooperacao e articulacao.
Os orgaos que trabalham a abordagem APLs defendem esse modelo
organizacional como uma forma de promover crescimento economico e
produzir bem-estar social aos seus participantes e a comunidade local
inserida (BNDES, 2004). Isso porque, ao atrair investimentos para um
dado local, o polo geralmente cria ou reforca aglomeracoes de empresas,
as quais, a medida que exportam para outras regioes, reforcam o proprio
desenvolvimento: elevam a renda, atraem pessoas e induzem investimentos
publicos em infraestrutura (SANTOS; DINIZ; BARBOSA, 2004).
Dada a necessidade de articulacao entre os diversos atores, a
coordenacao ou governanca dos processos entre organizacoes inseridas em
APLs faz-se necessaria para facilitar sinergias e garantir o alcance dos
objetivos desejados (AMORIM; MOREIRA; IPIRANGA, 2004).
Para Cassiolato e Szapiro (2003), a governanca e crucial porque as
articulacoes entre atores locais dependem de outras articulacoes com
agentes localizados fora do territorio do APL. Os autores defendem que e
interessante buscar o entendimento do sistema de coordenacao por meio do
qual se estabelecem as relacoes de carater local entre empresas e
instituicoes.
Considerando-se a dinamica capitalista, na qual a forca motriz do
sistema e dada pela concorrencia, uma discussao central se coloca,
especificamente nos APLs: a cooperacao entre os agentes locais (SANTOS,
2005).
Na percepcao de Poletto (2009:70), quanto mais as empresas do APL
se ajudarem, quanto maior for o fluxo de informacoes, quanto mais
inovacoes surgirem em conjunto, maiores serao os ganhos coletivos dentro
do territorio. E quanto maiores forem as vantagens e sinergias
adquiridas pelas firmas, maiores serao a cooperacao, o aprendizado e a
inovacao entre elas, caindo-se num "circulo virtuoso" de
vantagens e beneficios.
O objetivo principal deste artigo e analisar como a governanca e a
cooperacao entre os agentes institucionais e economicos podem
influenciar o desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais no Estado de
Sergipe.
O trabalho permitira aos gestores de APLs do Estado estabelecer
estrategias de atuacao considerando as peculiaridades dos arranjos.
Contribuira para que os agentes institucionais que atuam em programas de
apoio a APLs no Estado entendam o papel crucial que desempenham por meio
da governanca e possam atuar de maneira a aperfeicoar o monitoramento do
APL, e assim contribuir para o ganho de competitividade do territorio
onde este esta localizado.
Por fim, ainda sera possivel, a partir da analise das formas e
dificuldades de cooperacao levantadas, identificar mecanismos para a
criacao de um ambiente favoravel a relacoes cooperativas entre as
empresas e entre as empresas e instituicoes.
Inicialmente, apresenta-se a revisao teorica alusiva aos temas
identificados como relevantes para fundamentar o estudo; em seguida, e
apresentada a metodologia da pesquisa, cuja unidade de analise e o APL,
e, por ultimo, as consideracoes finais do estudo.
2. ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS--APLs
Os Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (SPILs), de acordo com
Cassiolato e Lastres (2003), sao arranjos produtivos em que
interdependencia, articulacao e vinculos consistentes resultam em
interacao, cooperacao e aprendizagem, com potencial de gerar incremento
da capacidade inovativa endogena, da competitividade e do
desenvolvimento local.
Argumenta Cunha (2008) que, conceitualmente, a literatura
estrangeira nao faz referencia ao termo Arranjo Produtivo Local. Essa
terminologia foi assim alcunhada por um grupo de pesquisadores da Rede
de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais
(REDESIST), e nao ha uma traducao ou conceituacao especifica em outros
paises.
Na definicao de Cassiolato e Lastres (2003:27), APLs sao:
Aglomeracoes territoriais de agentes
economicos, politicos e sociais--com foco em
um conjunto especifico de atividades
economicas--que apresentam vinculos mesmo
que incipientes. Geralmente envolvem a
participacao e a interacao de empresas e suas
variadas formas de representacao e associacao.
Incluem tambem instituicoes publicas e privadas
voltadas para a formacao e capacitacao de
recursos humanos; pesquisa, desenvolvimento e
engenharia; politica, promocao e financiamento.
Para Brasil (2010), o enfoque APLs enfatiza a necessidade de
contemplar atores, atividades e regioes geralmente excluidos da agenda
de politicas, e de superar politicas pontuais e unissetoriais,
acompanhando o avanco da compreensao de que o desenvolvimento produtivo
e inovativo depende da articulacao entre atores de uma mesma cadeia e
complexo produtivo e entre estes e os demais atores economicos,
politicos e sociais que compoem os diferentes sistemas e arranjos,
incluindo-se aqueles responsaveis pela geracao de conhecimentos, pelo
financiamento e pelo apoio.
Segundo Cassiolato e Lastres (2003), na abordagem de APLs o foco da
analise passa a incidir sobre as relacoes entre as empresas e entre
estas e as instituicoes, e nao mais sobre a empresa individual. Em
outras palavras, sugere-se que o foco deve se voltar ao conjunto dos
agentes e nao a um agente isoladamente.
Com propriedade, Amaral Filho (2008:3) adverte que a nocao de
"arranjo" nao deve ser confundida com algum estado de
precariedade ou com um estagio preliminar de um processo. Ao contrario,
"um arranjo e por excelencia o desenho, a arrumacao, a ordem de um
sistema, muitas vezes complexo".
Cassiolato e Szapiro (2003:40) destacam a importancia da localidade
ao afirmarem que existe de fato um APL quando "a viabilidade
economica esta enraizada em ativos (incluindo praticas e relacoes) que
nao estao disponiveis em outros lugares e que nao podem ser facilmente
ou rapidamente criados ou imitados em lugares que nao os tem".
Conforme Lastres e Cassiolato (2003), o grau de enraizamento e um dos
elementos identificadores de autenticos arranjos produtivos locais.
A nocao de territorio e importante para a atuacao em APL, de acordo
com Amaral Filho (2008), nao apenas pelo fato de o territorio ser uma
referencia de um local com concentracao de atividades economicas, mas
tambem por ser tanto um reservatorio de valores e de instituicoes quanto
portador de culturas.
Lastres e Cassiolato (2005) alertam, contudo, que a importancia
dada ao territorio nao deve ser entendida como limitacao a dimensao
local, tendo em vista que o desenvolvimento local esta condicionado e
subordinado a sistemas exogenos que podem ter dimensao e controle
nacional ou internacional.
Tapia (2005) acrescenta que a propria dinamica do desenvolvimento
local implicaria progressivamente o estabelecimento e aprofundamento de
relacoes com o exterior, com mercados de produtos, de conhecimento e de
tecnologia.
Outra peculiaridade considerada no estudo de APLs e o conhecimento
tacito, conhecimento nao codificado, que e implicito e incorporado em
individuos, organizacoes e regioes (MENDES FILHO, 2009). De acordo com o
autor, esse tipo de conhecimento tem sua origem nas caracteristicas
locais de determinadas regioes, decorre da proximidade territorial e da
assimilacao de identidades culturais, sociais e empresariais pelos
agentes e representa uma vantagem competitiva. A esse respeito,
Cassiolato e Lastres (2003:24) afirmam que o conhecimento tacito de
carater localizado e especifico tem um papel primordial no sucesso
inovativo do APL.
A inovacao e o aprendizado interativo sao, na visao de Mendes Filho
(2009), mais uma dimensao a ser observada no ambito dos APLs, estao
condicionados a interacoes e sao socialmente determinados e fortemente
influenciados por formatos institucionais e organizacionais especificos.
Os APLs caracterizam-se ainda pela existencia de uma governanca,
que e responsavel pela coordenacao entre os atores, bem como de
atividades desempenhadas nesses arranjos (LASTRES; CASSIOLATO, 2003).
No que tange aos elementos distintivos entre a terminologia
brasileira e a estrangeira, Amaral Filho (2008) observa que a associacao
do termo "Arranjo Produtivo" a "tropicalizacao" ou
"brasileirizacao" de nomenclaturas da literatura
internacional, que tratam das aglomeracoes produtivas localizadas, e
incorreta, e sugere que e possivel dotar o conceito de sistemas e
arranjos produtivos locais de uma autonomia, ao menos relativa, em
relacao a outros conceitos correlates.
Cunha (2008) assevera que a abordagem APLs da um carater social a
analise dos aglomerados, nao se limitando a analise economica utilizada
nos clusters. Acrescenta que o termo brasileiro tem caracteristicas
peculiares relacionadas a confianca, cultura, solidariedade e
desenvolvimento social e evolucao local. Spinola (1999 apud SGARBI,
2009:24) defende que os APLs tentam caracterizar os agentes nao
necessariamente empresariais, destacando o papel das instituicoes,
enquanto nos clusters e dada enfase as empresas.
Cassiolato e Szapiro (2003) afirmam que um dos objetivos dos
clusters relaciona-se com a competitividade do ambiente e, por isso,
estes tem maior ligacao com os paises desenvolvidos. No caso dos APLs,
existem associacoes locais de organizacoes que nao buscam apenas a
competitividade, mas tambem a geracao de capital social proveniente das
relacoes interorganizacionais.
Por ultimo, Sampaio et al. (2008) esclarece que enquanto os APLs
concentram micro e pequenas empresas, os clusters vislumbram
agrupamentos predominantemente de grandes empresas em uma regiao com
sucesso extraordinario em determinado setor da atividade economica.
Suzigan, Garcia e Furtado (2002:3) apresentam os APLs como
resultantes de uma trajetoria historica que "molda fatores
endogenos locais como a especializacao produtiva, as liderancas, a
confianca entre os agentes, a criacao de instituicoes de apoio, a
estrutura de governanca e o equilibrio entre cooperacao e
competicao".
A despeito disso, grande numero de gestores publicos pauta sua
gestao por construir, de cima para baixo, grandes complexos industriais
em determinadas regioes, esquecendo-se de que um arranjo produtivo nao
surge automaticamente por pressoes, uma vez que e gestado ao longo do
tempo.
Para Amaral Filho (2008:18), um SPL e mesmo um APL nao sao criados
pela vontade politica ou pela racionalidade do planejamento economico,
dado que e um fenomeno complexo, conforme enfatiza na citacao a seguir:
Nao se pode definir local e data para a sua emergencia. Como tal,
sua trajetoria evolui de acordo com o ritmo do processo gradual, numa
evolucao cega, sem metas deliberadas (AMARAL FILHO, 2008:18).
3. COOPERACAO EM APLs
A cooperacao entre firmas tornou-se uma importante ferramenta em
face das pressoes da crescente concorrencia mundial. A cooperacao tem
lugar nao so em paises desenvolvidos, mas tambem entre empresas de
paises em desenvolvimento, bem como entre aquelas localizadas em paises
diferentes (UNCTAD, 1997).
O termo cooperacao e utilizado de diferentes formas e muitas vezes
como sinonimo de colaboracao, parceria, alianca, cooperativismo. Para o
SEBRAE (2003), o termo implica a existencia de iniciativas, acoes,
atividades e projetos realizados em conjunto entre as empresas, entre
empresas e instituicoes, alem de outras possiveis combinacoes entre os
atores presentes no arranjo.
Britto (2004) ressalta a dimensao intertemporal do processo de
cooperacao, que lhe confere um carater de "path dependence".
De acordo com o autor, ao longo do tempo, a cooperacao ininterrupta
facilita a comunicacao entre os agentes, possibilitando simultaneamente
a consolidacao de principios de "confianca mutua", a
integracao das respectivas competencias e maior sincronizacao das acoes
e estrategias por eles adotadas.
Na busca de entendimento do papel que a cooperacao pode ter nos
APLs, Santos, Diniz e Barbosa (2004) sugerem que pelo menos dois tipos
de cooperacao sejam considerados:
a) a cooperacao multilateral, que ocorre quando um grupo de
empresas se reune em um sindicato ou associacao de produtores com
autonomia decisoria. Nesse tipo de cooperacao, um alto nivel de
confianca, a proximidade local e um elevado senso de comunidade podem
ser necessarios para seu funcionamento adequado; e
b) a cooperacao bilateral, que ocorre entre empresas individuais e
e caracterizada pela colaboracao para solucionar objetivos especificos,
limitados, e por nao ter autonomia decisoria. Pode ser exemplificada com
as relacoes formais ou informais de troca de conhecimento, compra de
tecnologia, joint ventures, desenvolvimento conjunto e relacoes de longo
prazo cliente/fornecedor.
Alem de considerar a analise da acao conjunta segundo o numero de
empresas que cooperam (cooperacao multilateral ou bilateral), Schmitz
(1999) propoe uma analise sob a perspectiva da direcao da cooperacao,
que pode ser horizontal, quando realizada entre empresas concorrentes,
ou vertical, se ocorre entre produtor e fornecedor de insumos ou entre
produtor e distribuidor.
Versando sobre os elementos necessarios ao estabelecimento da
cooperacao entre agentes, Reis (2003) defende a necessidade de
existencia de lacos de confianca:
A existencia de lacos de confianca mutua reforca os mecanismos de
cooperacao entre os habitantes e favorece o desempenho das instituicoes;
esse mesmo desempenho institucional eficiente atua positivamente sobre o
contexto, reduzindo a incerteza e reforcando ainda mais o nivel de
confianca e cooperacao (REIS, 2003:35).
Woolthuis, Hillebrand e Nooteboom (2002) recomendam, entretanto,
que a existencia de confianca nas relacoes nao deve excluir a utilizacao
de um controle formal com vistas na inibicao de comportamentos
oportunistas. Os achados do estudo dos pesquisadores comprovaram que a
confianca e os contratos formais nao sao substitutos um do outro, mas
sim complementares (em outras palavras, e incorreta a interpretacao de
que na presenca de alto grau de confianca e desnecessario o controle
formal). Isso porque, de acordo com Wiliamson (1975 apud GRANOVETTER,
1985:487), os agentes economicos sao oportunistas e habilidosos na
dissimulacao, para terem acesso a vantagens transacionais.
Outro aspecto responsavel pela consolidacao das relacoes e dos
vinculos de cooperacao e confianca, segundo estudo de Mattioda (2008), e
o capital social. A caracteristica fundamental do capital social e sua
intangibilidade, tendo em vista que, diferentemente do capital fisico,
que se desgasta com seu consumo e se deprecia ao longo do tempo, o
capital social e valorizado mediante seu uso e alcancado por meio de
interacoes repetidas (MCNAUGHTON, 2000 apud COSTA, A.; COSTA, B.,
2005:6).
Ainda com relacao ao fomento da cooperacao, Lastres e Cassiolato
(2003) asseveram que sao necessarias a definicao de objetivos comuns e a
coordenacao das atividades de cooperacao. Para o SEBRAE (2003), sao os
objetivos comuns que fazem com que a cooperacao finque as raizes de sua
competitividade na multiplicidade de composicoes produtivas locais.
Em um plano mais amplo, a cultura de cooperacao surgira como
produto de interdependencias materiais entre individuos ou de um
historico de beneficios a partir da cooperacao nao planejada, quase
espontanea, no sentido de que as iniciativas, redes e grupos agregados
devem ser desenvolvidos em processo de ajuste mutuo (BRASIL, 2007).
Best (1990 apud BRASIL, 2007:13) defende que, no estabelecimento da
cooperacao entre os agentes, as instituicoes representadas pelo governo
e associacoes interfirmas apresentam papel importante. E funcao delas a
consolidacao de uma identidade coletiva, capaz de prover a trama social
que sustentara a cooperacao no aglomerado.
Sobre os beneficios advindos das relacoes de cooperacao, Suzigan,
Garcia e Furtado (2002) acreditam que as relacoes cooperativas entre os
agentes sao responsaveis por viabilizar a extracao de beneficios da
aglomeracao, alem das economias externas incidentais, pois, por meio
delas, estabelecem-se acoes conjuntas entre os agentes, as quais
ocasionam o incremento da competitividade do conjunto dos produtores.
Britto (2004) credita as relacoes cooperativas ocorridas nos APLs
os processos conjuntos de capacitacao e aprendizado, que resultam na
aceleracao do ritmo de introducao de inovacoes e na geracao de ganhos de
eficiencia, os quais reforcam o desempenho competitivo das empresas
integradas a arranjos produtivos.
Acreditam Costa, A. e Costa, B. (2005) que a cooperacao permite as
pequenas empresas atingir eficiencia e flexibilidade, por meio da
especializacao em fases do processo de producao e pelo
inter-relacionamento entre as unidades produtivas, e dessas com o
ambiente local.
Por terem mais oportunidade de se tornar competitivos, os APLs
cooperativos de PMEs tem mais condicoes de penetrarem no mercado global.
Em seu estudo, Britto (2004) ainda apresenta a cooperacao como um
importante instrumento que permite um melhor enfrentamento com a
turbulencia ambiental.
No entanto, apesar dos numerosos beneficios advindos da cooperacao,
a UNCTAD (1998) observa que clusters com cooperacao intensiva entre
empresas e entre empresas e instituicoes sao muito raros, especialmente
em paises em desenvolvimento e em economias em transicao.
Florian e De Lorenzo (2008) creem que, especificamente em
aglomeracoes de empresas de um mesmo segmento caracterizado pelo uso
intensivo de mao de obra pouco qualificada, baixo potencial de inovacoes
e baixas barreiras a entrada de novos investimentos, a cooperacao tende
a ser mais dificil.
Apesar da enfase dada, ate aqui, a cooperacao, nao se pode esquecer
a existencia, nos APLs, de outra dimensao fundamental na busca da
competitividade: a concorrencia. Para Santos (2005:89), "trabalhar
com a nocao de APL significa assumir a existencia de um mix de
cooperacao e concorrencia". Segundo o autor, a cooperacao se
apresenta como uma fase precompetitiva, na qual a forca motriz e o
processo de concorrencia, porque as empresas estao cooperando visando a
obtencao de vantagens competitivas para concorrer com outras empresas
fora do APL.
Na visao de Haddad (2004:32), um APL tem reduzidas chances de se
estruturar e de se consolidar se nao vier a se instalar entre as
empresas um ambiente de competicao cooperativa, se nao se eliminar o
clima de desconfianca entre elas, se as empresas nao abandonarem
atitudes defensivas quando ocorrerem resultados adversos.
4. GOVERNANCA EM APLs
Uma importante contribuicao ao entendimento das caracteristicas das
estruturas de governanca locais e de sua dinamica, segundo Tapia (2005),
observa-se na literatura produzida sobre concertacao social e pactos
territoriais. Essas experiencias de concertacao caracterizam-se pelo
envolvimento de um numero grande de atores, o que implica intenso
processo de negociacao, e por novas modalidades de desenho e de
implementacao de politicas e programas, em que o modelo baseado na
parceria toma o lugar do planejamento induzido pelo governo (TAPIA,
2005).
Afirma Tapia (2005) que, diferentemente da mera alocacao de
recursos financeiros pela instancia nacional, nos pactos territoriais a
elaboracao e a implementacao dos programas de intervencao constituem o
resultado de uma metodologia de tomada de decisao na qual diversos
atores (representantes das forcas sociais), os entes locais e as
empresas privadas pactuam e aderem a uma estrategia comum de
desenvolvimento local. O pacto territorial apresenta-se, entao, como um
instrumento seletivo de politica de desenvolvimento local, baseado num
conjunto de compromissos negociados entre os atores sociais publicos e
privados envolvidos nos programas aprovados.
Franco (2004) recomenda que a governanca seja entendida sob o foco
da corresponsabilizacao, que se apresenta associada diretamente a
cooperacao, a participacao ativa, a forma de tomada de decisao coletiva,
ao fluxo de comunicacao (que gera o compartilhamento efetivo das
informacoes) e conhecimentos, a correalizacao e ao desenvolvimento
humano e social (de forma a proporcionar um ambiente facilitador ao
empoderamento da rede) de todos os participantes.
Tratando especificamente da governanca de (em) APLs, Cassiolato e
Szapiro (2003:42) explicam que se trata do estabelecimento de praticas
democraticas locais por meio de intervencao e participacao de diferentes
categorias de atores--Estado, em seus diferentes niveis, empresas
privadas locais, cidadaos e trabalhadores, organizacoes nao
governamentais, etc.--nos processos de decisao locais.
Para Lemos (2003), a coordenacao dos processos e a articulacao dos
agentes, viabilizadas pela governanca, sao elementos importantes na
evolucao de um simples aglomerado para um APL. Segundo Stamer (2001), a
articulacao e a sinergia entre os mecanismos de desenvolvimento
possibilitam que as acoes acontecam de forma orientada, conexa e
complementar, contribuindo dessa forma para efetividade de todo o
processo.
A respeito dos papeis inerentes a governanca, o SEBRAE (2003)
assinala a funcao executiva de coordenar e alinhar as iniciativas,
observando prazos, atividades, atribuicoes e responsabilidades, a
motivacao e o comprometimento. Humphrey e Schmitz (2002) pensam a
governanca como um importante instrumento de geracao, transferencia e
difusao de conhecimento.
Sob a otica de Amaral Filho (2008), a governanca e de grande
utilidade para a elaboracao de estrategias e de politicas publicas.
Conforme o autor, essa importancia esta ligada ao papel de assegurar a
estabilidade do arranjo e do sistema produtivo. O demasiado poder detido
dentro do sistema por algum agente, ou por um numero reduzido de
agentes, pode colocar o arranjo em risco de sobrevivencia.
Para Suzigan, Garcia e Furtado (2002), a existencia de formas de
governanca local que estimulem a manutencao de relacoes cooperativas
entre os agentes pode levar nao so a economias externas incidentais, mas
tambem a economias externas geradas pela acao deliberada dos agentes
locais no fomento as atividades produtivas e no estimulo a rapida
difusao do conhecimento.
A governanca local e exercida pelo setor publico, por meio de acoes
coordenadas pelos governos locais para a assistencia e promocao dos
produtores aglomerados. Dentre as acoes, pode-se destacar a criacao e
manutencao de organismos voltados a promocao do desenvolvimento dos
produtores locais, como centros de treinamento de mao de obra, centros
de prestacao de servicos tecnologicos e agencias governamentais de de
senvolvimento.
A governanca local privada e exercida pelas associacoes de classe e
agencias locais privadas de desenvolvimento. Essas instituicoes podem
ser responsaveis pela provisao de infraestrutura e servicos aos
produtores, pela criacao de programas de treinamento de mao de obra e de
uma agencia provedora de informacoes tecnologicas e de mercado, ou ainda
pela promocao de acoes cooperativas (SUZIGAN; GARCIA; FURTADO, 2002).
Diferentes formas pode assumir a governanca privada. A primeira
delas, de acordo com Cassiolato e Szapiro (2003), e a governanca na
forma de "redes", que se caracteriza pela existencia de
aglomeracoes de micro, pequenas e medias empresas marcadas por fortes
relacoes entre um amplo numero de agentes, nas quais nenhum deles e
dominante.
A governanca hierarquica apresenta "ao menos uma grande
empresa que funciona como ponto central ou eixo baseado localmente no
aglomerado" (CASSIOLATO; SZAPIRO, 2003). Nesse tipo de governanca,
uma empresa funciona como uma ancora regional que estabelece regras e
define o produto e suas especificacoes, para que as empresas ao seu
redor se organizem em funcao das demandas.
Jones, Hesterly e Borgatti (1997) sugeriram quatro "mecanismos
sociais" para a governanca de redes. O primeiro mecanismo diz
respeito ao numero de integrantes de uma rede. Quanto menor for esse
numero, mais facil sera conter o oportunismo, fundamentalmente porque
redes pequenas viabilizam mais interacoes entre seus membros. Quanto
mais interacoes tiverem, mais rapido corre a informacao sobre o grau de
fidedignidade dos membros. A diversidade de expectativas e habilidades
tambem e menor em redes menores, fazendo com que o ajustamento mutuo e a
busca de objetivos e estrategias comuns acontecam mais rapidamente e
envolvendo menores custos de coordenacao. Interesses, objetivos e
estrategias comuns reduzem os incentivos para o comportamento
oportunista.
O segundo mecanismo se refere a criacao de um "sistema de
valores e premissas amplamente compartilhadas" dentro da rede. Os
autores recomendam fomentar a socializacao entre os membros para
difundir normas e valores comuns. Entretanto, a criacao de uma cultura
macro pode demorar muitos anos, ou ainda decadas, dependendo da
diversidade das empresas associadas.
O terceiro mecanismo apontado esta relacionado a sancoes coletivas,
por meio das quais membros do grupo punem outros membros que violam
normas, valores e objetivos do grupo.
Finalmente, os autores fazem referencia a reputacao dos associados
como o quarto mecanismo que permite aumentar a confiabilidade das trocas
na rede. A reputacao define se um associado e suficientemente fiel ou
confiavel para realizar uma troca de informacoes ou um projeto conjunto.
5. METODOLOGIA
A abordagem metodologica mais adequada aos objetivos do estudo e a
indutiva, que considera que e a pesquisa de campo que permite conhecer
verdadeiramente o fenomeno (SAUNDERS; LEWIS; THORNILL, 2000), e
qualitativa, que, na otica de Creswell (2002), e fundamentalmente
interpretativa e permite ao pesquisador ter uma visao holistica do
fenomeno.
O estudo em questao e ainda caracterizado como exploratorio,
descritivo e explicativo. Exploratorio, na medida em que reconhece o
numero reduzido de estudos realizados em Sergipe sobre o foco do estudo;
descritivo, pois descreve o perfil dos agentes institucionais e
economicos; e explicativo, uma vez que busca esclarecer de que forma a
governanca e a cooperacao influenciam no desenvolvimento dos APLs.
Utilizou-se o estudo de casos multiplos como estrategia de
pesquisa, seguindo os preceitos metodologicos propostos por Yin (2005).
A importancia de realizar estudo de casos multiplos deve-se ao fato de
que: a) ha pouca informacao sobre o tema; consequentemente, a analise de
mais de uma empresa pode trazer informacoes complementares sobre um
assunto pouco explorado; e b) um estudo de caso unico poderia gerar
distorcoes na analise devidas as peculiaridades do caso analisado. Por
certo, o estudo de multiplos casos nao elimina essa possibilidade, mas
ajuda a minimizar o problema. Yin (2005) destaca que os estudos de casos
multiplos possibilitam a geracao de resultados similares ou
contrastantes em relacao ao previsto no inicio do trabalho.
Alguns criterios foram utilizados na selecao dos casos analisados
neste estudo: a) ser significativo para o municipio onde esta inserido;
b) volume de recursos investidos no APL direta ou indiretamente; c)
existencia de dados secundarios a respeito do APL. Em funcao desses
criterios, foram escolhidos quatro APLs sergipanos: o APL de Ceramica
Vermelha do Baixo Sao Francisco; o APL de Ceramica Vermelha do Sul
Sergipano, o APL de Confeccoes de Itabaianinha e o APL de Confeccoes de
Tobias Barreto.
Foram utilizadas as fontes de evidencia mais adequadas para estudos
de caso na perspectiva de Yin (2005): pesquisa bibliografica, analise
documental e pesquisa de campo. Por meio da pesquisa bibliografica foram
identificados e analisados estudos relacionados aos temas APLs,
cooperacao e governanca em APLs, de modo a fundamentar o estudo e
possibilitar a discussao dos achados e sua comparacao com a literatura.
De forma a obter maiores informacoes sobre os APLs selecionados, foram
analisados os documentos: o Plano de Desenvolvimento dos APLs
escolhidos, que apresentam os desafios e oportunidades e indicam as
acoes que devem ser prioritariamente desenvolvidas em prol do
desenvolvimento da atividade produtiva, e materias de jornal arquivadas
pela SEDETEC sobre os APLs selecionados para fins deste estudo, que
serviram de complemento aquelas informacoes obtidas por meio das
entrevistas semiestruturadas.
Na pesquisa de campo foram realizadas trinta e duas entrevistas
semiestruturadas com agentes institucionais e economicos, entre os meses
de setembro de 2010 e marco de 2011, com o objetivo de coletar dados
primarios necessarios a compreensao da realidade dos APLs. Os
entrevistados estao detalhados por APL no Quadro 1.
O nivel de analise foi o APL; a unidade de analise foram as
instituicoes que desenvolvem acoes no arranjo; a governanca privada,
representada pelos sindicatos, associacoes e cooperativas; e os agentes
economicos, representados pelas empresas participantes dos APLs.
Para o aproveitamento mais eficiente das informacoes e para
facilitar o processo de registro dos dados, todas as entrevistas foram
gravadas e posteriormente transcritas, utilizando-se a tecnica de
analise de conteudo (BARDIN, 2002). Para a analise dos casos, as
informacoes foram organizadas a partir das categorias analiticas e dos
elementos de analise definidos.
Nos estudos qualitativos, em que nao ha a preocupacao com a
mensuracao de indicadores, sao utilizadas categorias analiticas que, de
acordo com Laville e Dionne (1999), sao primordiais, visto que, a partir
delas, organizar-se-ao os elementos de analise agrupados por parentesco
de sentido. O Quadro 2 apresenta as categorias analiticas e os elementos
de analise definidos em funcao dos objetivos do estudo.
6. ANALISE DOS CASOS
6.1. Perfil dos Agentes Institucionais
Os APLs sergipanos contam com o apoio de agentes financeiros,
instituicoes de ensino e pesquisa, sistema S, IEL (vinculado a Federacao
das Industrias do Estado de Sergipe--FIES), alem de prefeitura e orgaos
e secretarias do governo do Estado. Esses agentes institucionais sao
responsaveis por prover os APLs tanto de capacitacao profissional e
tecnica em gestao e em organizacao de grupos (associativismo e
cooperativismo), quanto de credito, infraestrutura (predios),
equipamentos e instalacoes, alem de apoio a comercializacao.
Sao quinze os agentes institucionais que participam dos APLs de
Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco e do Sul Sergipano, doze do APL
de Confeccoes de Itabaianinha e treze do arranjo de Tobias Barreto.
Dentre as instituicoes que participam do APL de Confeccoes de
Tobias Barreto, e interessante destacar a prefeitura municipal, que,
apesar de ter desenvolvido acoes timidas ate o momento, tem demonstrado
interesse em contribuir cada vez mais para o desenvolvimento da
atividade produtiva no municipio. O APL foi o unico arranjo em que foi
identificada a participacao do poder publico municipal.
Conforme Andrade e Escrivao Filho (2003), a participacao do poder
publico local e fundamental na motivacao para praticas de cooperacao
entre as empresas situadas em regioes com caracteristicas de um cluster
empresarial.
Nota-se que nos APLs de ceramica estudados participam as mesmas
instituicoes, o que leva a crer que obtem maior proveito o APL que
possui uma governanca privada estruturada e proativa que organiza suas
demandas e as apresenta as instituicoes, a fim de obter acoes
institucionais para o territorio onde esta localizado. O Quadro 3
apresenta o perfil dos agentes institucionais participantes de cada
estudo de caso.
6.2. Perfil dos Agentes Economicos
A partir da analise comparativa, foi possivel perceber que o APL
cujas empresas possuem menor tempo medio de existencia, quatro anos, e o
de Confeccoes de Itabaianinha. Em sentido oposto, o APL de Ceramica
Vermelha do Sul Sergipano apresentou a media mais alta, 18 anos de
existencia.
Com referencia ao numero medio de empregos gerados, percebeu-se que
os APLs de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco e do Sul Sergipano
sobressairam com media de 41 e 64 empregos, respectivamente, quando se
consideram somente as empresas participantes da pesquisa.
No tocante aos principais produtos fabricados, notou-se que,
enquanto o APL do Sul Sergipano produz sobretudo blocos, o APL de
Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco possui ceramistas que fabricam
blocos e lajotas.
E interessante notar que os APLs de Ceramica Vermelha atendem
mercados distintos. O APL do Sul Sergipano escoa sua producao,
predominantemente, para o Estado da Bahia e o APL do Baixo Sao Francisco
tem como principal destino de sua producao o Estado de Alagoas.
Os agentes economicos do APL de Confeccoes de Itabaianinha, por sua
vez, vendem a maior parte de sua producao para as cidades de Sao Paulo
(SP) e Belem (PA), enquanto o APL de Confeccoes de Tobias Barreto tem
destinos bem diversificados, mas seu maior comprador e o Estado da
Bahia. O Quadro 4 delineia o perfil dos agentes economicos
entrevistados.
6.3. Cooperacao nos APLs de Sergipe
Florian e De Lorenzo (2008) acreditam que, especificamente em
aglomeracoes de empresas de um segmento caracterizado por uso intensivo
de mao de obra pouco qualificada, baixo potencial de inovacoes e baixas
barreiras a entrada de novos investimentos, como e o caso do setor de
confeccoes, a cooperacao tende a ser mais dificil.
Apesar disso, dentre os APLs estudados, cabe destacar o de
Confeccoes de Itabaianinha, em que a interacao se mostrou mais intensa.
Constatou-se, nesse arranjo, a cooperacao tanto entre empresas formais
quanto entre empresas formais e unidades informais. Das acoes
realizadas, enfatiza-se a intencao de reativar a cooperativa, a
iniciativa de compra conjunta de um plotter de risco e a parceria para
ajudar as costureiras locais a montar suas oficinas de costura.
O segundo APL que se destacou em relacao a cooperacao foi o APL de
Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco, no qual todas as empresas
estabeleceram algum tipo de relacao umas com as outras. A principal acao
de cooperacao identificada foi o emprestimo de materia-prima, maquinas e
equipamentos. Os empresarios costumam trocar ideias e discutir
estrategias nas reunioes do Instituto Pro-Ceramica (IPC), mas sao
resistentes a abrir suas industrias ou a visitar outros industriarios da
regiao.
Entre os APLs que apresentaram cooperacao reduzida encontram-se o
APL de Confeccoes de Tobias Barreto e o de Ceramica Vermelha do Sul
Sergipano. Verificou-se, no APL de Confeccoes de Tobias Barreto, um
numero reduzido de empresas que realizam algum tipo de acao cooperativa,
o que leva a crer que os empresarios nao estao explorando as vantagens
advindas das aglomeracoes, como o poder de barganha com os fornecedores
e a criacao de canal de comunicacao com instituicoes visando negociacao
de acoes para o conjunto das confeccoes, entre outras.
No APL de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano foi observado que as
raras acoes conjuntas partiram da iniciativa do presidente do sindicato,
mas envolveram somente seus parentes ou amigos proximos e nao todos os
filiados ao sindicato. Em relacao as parcerias com as instituicoes, a
maioria dos empresarios entrevistados alegou que o presidente do
sindicato se beneficia mais das acoes desenvolvidas, que sempre recebe
um plus das instituicoes parceiras, ao qual os demais ceramistas nao tem
acesso.
Segundo Santos, Diniz e Barbosa (2004), a cooperacao multilateral
ocorre quando um grupo de empresas se reune em um sindicato ou
associacao de produtores que tem autonomia decisoria. Nesse tipo de
cooperacao, um alto nivel de confianca, a proximidade local e um elevado
senso de comunidade podem ser necessarios para um funcionamento
adequado.
A cooperacao multilateral foi identificada em todos os APLs, exceto
no APL de Confeccoes de Tobias Barreto, em que as atividades da
cooperativa encontram-se paralisadas. Verificouse no APL de Ceramica
Vermelha do Baixo Sao Francisco que as empresas, sob a lideranca do IPC,
tem feito um esforco coletivo de responder as exigencias da legislacao
ambiental (estadual ou federal) que provoquem impacto nos processos
produtivos das empresas como um todo. Esse tipo de cooperacao tambem foi
observado na decisao dos empresarios ligados a Associacao das Confeccoes
de Itabaianinha (ASK) de captar recursos para a implantacao de um centro
de desenvolvimento e criacao de pecas de confeccoes que serviria ao APL
de Confeccoes.
Outro exemplo de esforco coletivo, desta vez do grupo de ceramicas
do APL de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano, filiado ao SINDICER/SE,
diz respeito a um acordo com o BANESE, que disponibilizou uma linha de
financiamento para pequenas industrias ceramicas implantarem filtros de
lavagem de gases, visando reducao na emissao de particulados.
Em relacao a cooperacao entre os agentes economicos e
institucionais, merece destaque a acao formal de cooperacao tecnica
entre o IPC, entidade que representa ceramistas do APL de Ceramica
Vermelha do Baixo Sao Francisco, e a Universidade Federal de Sergipe,
que viabilizara, a priori, o desenvolvimento de experimentos que visem
prestar assessoria no plantio e manejo de eucalipto em area cedida pelo
governo do Estado aos ceramistas do arranjo. Nota-se, entretanto, que a
cooperacao entre o conjunto das ceramicas e a universidade e um caso
isolado, restrito ao APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco.
Foi identificada a cooperacao com uma instituicao de ensino e
pesquisa no APL de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano, com a aprovacao
de projeto em edital, contudo essa cooperacao se deu apenas entre uma
ceramica e a universidade. Ja nos dois APLs de confeccoes nao foi
observada qualquer interacao com as instituicoes de ensino e pesquisa, o
que revela uma fragilidade dos arranjos, uma vez que essas instituicoes
sao fonte importante de informacao para a inovacao, alem de serem
potenciais promotoras de acoes de cooperacao.
No caso do SENAI, instituicao de qualificacao tecnica, as acoes sao
esporadicas com os dois APLs de Ceramica Vermelha e com o APL de
Confeccoes de Itabaianinha. A situacao e preocupante em Tobias Barreto,
onde parecem chegar somente cursos pagos para uma parcela reduzida de
empresarios.
A respeito da cooperacao com o SEBRAE, a atuacao tem sido constante
e frequente nos APLs de Confeccoes de Itabaianinha e de Tobias Barreto,
mas tem deixado a desejar nos dois APLs de Ceramica Vermelha. As
governancas privadas dos APLs atualmente desfavorecidos alegam que, no
passado, o SEBRAE era muito ativo, mas aos poucos foi reduzindo sua
participacao no arranjo. Notou-se no APL de Confeccoes de Itabaianinha
que o levantamento de necessidades de cursos e a forte articulacao da
associacao com instituicoes de capacitacao e treinamento tem ampliado
sua capacidade de aprendizado.
Em todos os APLs estudados os empresarios se mostraram
insatisfeitos com o servico prestado pelos agentes financeiros que atuam
como financiadores. Os empresarios declararam que as exigencias sao
grandes e nao sao proporcionais ao credito solicitado, o que tem levado
alguns empresarios dos APLs de Ceramica do Sul Sergipano e de Confeccoes
de Itabaianinha a recorrerem a agiotas.
Motivos diversos para a cooperacao entre empresas e entre empresas
e instituicoes foram apontados. Os empresarios visualizaram a cooperacao
como condicao para se manterem no mercado, como meio de superar a falta
de conhecimento do setor em que estavam ingressando, de acessar
incentivos fiscais por meio da participacao na cooperativa, de aumentar
o poder de negociacao de acoes com as instituicoes. Os agentes
economicos ainda mencionaram o acesso a cursos, palestras, consultorias,
feiras e visitas tecnicas como motivadores para a cooperacao.
Ambientes propicios a processos interativos e cooperativos oferecem
melhores condicoes de competitividade e de desenvolvimento
economico-social (ALBAGLI; MACIEL, 2003:423). Por essa razao, buscou-se
identificar quais aspectos tem inibido a cooperacao como forma de
contribuir para a discussao de acoes de melhoria dos cenarios em tela.
O fator inibidor da cooperacao que perpassou todos os APLs
estudados foi o individualismo dos empresarios. O fato de nao
considerarem o outro como parceiro e a falta de informacao sobre os
beneficios e as possibilidades de parceria com outras empresas tambem
foram apontados.
A falta de confianca nos colegas do setor, o receio de
comportamentos oportunistas em acoes conjuntas, alem de outros fatores,
como a falta de honestidade e o medo de assumir a responsabilidade de
comprar em nome de outros, que estao relacionados ao tema confianca,
foram listados.
A ausencia de uma lideranca que assuma o papel de estimular a
aproximacao dos agentes com vistas a cooperacao, alem do fato de as
empresas trabalharem produtos com linhas diferentes e terem condicoes de
pagamento distintas, nao favorece o estabelecimento de parcerias,
sobretudo entre as empresas dos dois APLs de confeccoes.
De acordo com Santos (2005:120), a ideia de cooperacao entre os
agentes locais ao longo da cadeia produtiva vem sendo cada vez mais
destacada como elemento fundamental da competitividade. Entretanto, para
entender o processo de formacao e as bases da competitividade das
empresas, deve-se, ao se trabalhar com a nocao de APL, assumir a
existencia tanto da cooperacao quanto da concorrencia.
Foi identificada, nos dois APLs de Confeccoes, uma competicao
baseada no preco, em detrimento da qualidade e da padronizacao das
pecas. A estrategia adotada pelas empresas, sobretudo do APL de Tobias
Barreto, nao e a de eficiencia produtiva, com medidas que reduzam custos
e desperdicio e aumentem a produtividade, mas a de concorrencia desleal,
com a reducao de medidas em relacao ao padrao informado nas embalagens e
o emprego de mao de obra sobretudo informal.
Os empresarios do APL de Confeccoes de Tobias Barreto demonstraram
grande preocupacao com a pratica de concorrencia desleal no municipio.
Esse fato tem provocado o isolamento dos confeccionistas e reduzido a
probabilidade de ocorrencia de acoes conjuntas.
Nos dois APLs de ceramica vermelha a concorrencia se da com base no
preco e na qualidade, pois, segundo os ceramistas, o produto de ma
qualidade nem chega ao seu destino, esfarelando com o transporte. O
Quadro 5 apresenta o resumo dos aspectos da cooperacao analisados nos
APLs de Sergipe selecionados para a pesquisa.
6.4. Governanca dos APLs de Sergipe
A extracao de beneficios da aglomeracao, alem das economias
externas incidentais, depende da existencia de formas de governanca que
estimulem a manutencao de relacoes cooperativas entre os agentes,
levando ao estabelecimento de acoes conjuntas entre eles e ao incremento
da competitividade do conjunto de produtores (SUZIGAN; GARCIA; FURTADO,
2002:11).
Do ponto de vista da tipologia da governanca, de acordo com
Cassiolato e Szapiro (2003), ou as empresas locais se organizam em forma
de "redes", ou a governanca se daria por meio de formas
"hierarquicas". Nos APLs de Sergipe, a forma de governanca
mais comum assumiu a configuracao de "redes", em que existe
uma coordenacao na qual as empresas possuem poder em niveis similares,
ou seja, nao existe uma empresa dominante.
Foi constatada, entretanto, uma governanca hierarquica no APL de
Confeccoes de Itabaianinha, na qual, apesar de a empresa ancora ter
transferido suas instalacoes para o municipio de Umbauba, ainda exerce
poder sobre as confeccoes, fazendo delas prestadoras exclusivas de
servicos e sendo responsavel pela definicao das caracteristicas dos
produtos.
Sob a otica dos agentes institucionais, as governancas privadas tem
assumido, de modo geral, uma postura reativa, que se mobiliza sobretudo
em situacoes de emergencia, como quando de adequacoes as exigencias da
Secretaria da Fazenda ou dos orgaos ambientais. O interesse em acoes
conjuntas e de longo prazo, que denota uma postura mais ampla e proativa
com o objetivo de obter vantagens competitivas, parece estar surgindo no
APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco e no APL de Confeccoes
de Itabaianinha.
Ainda que os entrevistados de todos os APLs tenham afirmado que a
articulacao entre os agentes institucionais e melhor que no passado e
que nao existe sobreposicao de acoes, o estudo apontou que os agentes
institucionais dos APLs sergipanos carecem de maior articulacao entre
si, uma vez que ainda existem acoes sendo realizadas isoladamente,
indicando ineficiencia na utilizacao dos recursos pelos parceiros. O
caso mais critico e o do APL de Tobias Barreto, em que as instituicoes
atuam de forma desarticulada, em decorrencia, dentre outros motivos, de
uma governanca privada desestruturada.
Outro aspecto analisado diz respeito ao alinhamento das acoes
institucionais as necessidades locais. Observou-se em todos os APLs que
as instituicoes tem buscado conhecer as necessidades dos agentes
economicos antes de realizar acoes, o que tem contribuido para a
eficacia no atendimento aos agentes. Contudo, os empresarios alegaram
que as acoes sao poucas diante das necessidades das atividades e que o
quadro de profissionais das instituicoes deveria ser mais qualificado
para ajudar a solucionar os problemas das empresas, e defenderam
mudancas nas exigencias dos orgaos ambientais. Para os empresarios dos
arranjos de ceramica vermelha, as exigencias dos orgaos ambientais
deveriam ser compativeis com o porte das empresas. A falta de
continuidade das acoes e de comprometimento dos agentes institucionais
com os resultados e outra falha apontada pelos empresarios dos APLs
estudados que tem comprometido o sucesso das acoes.
A frequencia de reunioes realizadas pelas entidades de classe do
APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco e do APL de Confeccoes
de Itabaianinha revela uma constancia no encontro dos agentes economicos
com vistas na discussao de assuntos de interesse da atividade. A
realizacao desses encontros se apresenta como importante ferramenta de
promocao de interacao entre os empresarios e de troca de informacoes
sobre a atividade e o negocio propriamente dito. Alem disso, Jones,
Hesterly e Borgatti (1997) recomendam fomentar a socializacao entre os
membros de uma rede com o objetivo de difundir normas e valores comuns.
No caso do APL de Ceramica Vermelha do Sul Sergipano, nao existe
periodicidade na realizacao de reunioes do sindicato, e no APL de
Confeccoes de Tobias Barreto as reunioes nao estao ocorrendo pelo fato
de as atividades da Cooperativa de Negocios de Sergipe (COOPNE) estarem
paralisadas.
Verificou-se que o APL de Confeccoes de Itabaianinha se destaca
pelo numero crescente de associados e pelo aumento da participacao dos
empresarios nas reunioes da associacao nos ultimos anos. Por sua vez, a
participacao dos empresarios do APL de Confeccoes de Tobias Barreto
vinha diminuindo na epoca em que ainda ocorriam as reunioes da
cooperativa, em decorrencia provavelmente de seu estado de inercia
diante dos problemas do arranjo. No APL de Ceramica do Baixo Sao
Francisco, o numero de participantes tem se mantido constante, o que e
explicado pela inexistencia de novas ceramicas na regiao e pelo fato de
os poucos ceramistas nao associados nao terem interesse em se associar.
No APL de Ceramica do Sul Sergipano foi constatada pequena participacao
dos empresarios em acoes promovidas pelos agentes institucionais.
As liderancas locais, segundo agentes economicos dos APLs de
Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco e do Sul Sergipano, sao
legitimas; entretanto, notou-se um verdadeiro reconhecimento no Baixo
Sao Francisco, uma vez que os entrevistados declararam que veem no
presidente do IPC o verdadeiro lider dos ceramistas da regiao.
No caso do APL de Confeccoes de Itabaianinha, apesar de o atual
presidente ter sido eleito pela maioria dos associados, grande parte dos
entrevistados declarou que, assim como atualmente o presidente e ele,
poderia ser outro. A legitimidade da governanca do APL de Confeccoes de
Tobias Barreto nao foi avaliada porque a maioria dos entrevistados nao
esta inserida em nenhuma associacao de classe.
A governanca local privada que se apresentou mais energica foi a do
APL de Ceramica Vermelha do Baixo Sao Francisco, apontada como grande
responsavel pela concessao de area para manejo de eucalipto no Plato de
Neopolis, pela celebracao de convenio de cooperacao tecnica com a UFS,
pela aproximacao entre o setor e o orgao estadual do meio ambiente,
dentre outras acoes.
Em Sergipe, as associacoes de classe e de representacao do setor
tem exercido a governanca local privada e assumido o papel, conforme
sugerido por Suzigan, Garcia e Furtado (2002), de provedoras de servicos
e de informacoes tecnologicas e de mercado aos produtores, de criadoras
de programas de treinamento de mao de obra e, ainda, de promotoras de
acoes cooperativas, todas acoes desenvolvidas em conjunto com as
instituicoes parceiras.
No Quadro 6 encontra-se o resumo das caracteristicas das
governancas dos APLs sergipanos que participaram da pesquisa.
7. CONSIDERACOES FINAIS
O objetivo principal deste artigo foi analisar como a governanca e
a cooperacao entre os agentes institucionais e economicos podem
influenciar o desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais no Estado de
Sergipe.
A abordagem APL propoe um novo papel para as agencias de fomento,
muito alem do de agente financiador. A atuacao desses agentes na
articulacao, elaboracao e implantacao de um conjunto de iniciativas,
inclusive financeiras, para acelerar a competitividade de economias
setoriais e regionais com o proposito de seu ingresso e manutencao
sustentada no mercado, e de extrema importancia para o desenvolvimento
dos APLs.
Em Sergipe, os agentes financeiros nao tem assumido o seu papel.
Eles ainda necessitam aprimorar os mecanismos basicos de apoio as micros
e pequenas empresas inseridas em APLs, de modo a preencher as lacunas
ocupadas atualmente por agiotas. Contudo, cabe destacar a estrategia
Desenvolvimento Regional Sustentavel (DRS) do Banco do Brasil, que tem
dado contribuicao importante para o desenvolvimento da atividade de
confeccoes nos municipios de Itabaianinha e Tobias Barreto.
O baixo nivel de participacao das prefeituras e preocupante, pois
revela a ausencia de politicas publicas municipais com foco na geracao
de emprego e renda voltadas as micros e pequenas empresas. Em apenas um
APL, o de Confeccoes de Tobias Barreto, foi notada uma articulacao ainda
incipiente. Recomenda-se agregar as prefeituras municipais aos grupos de
trabalho dos APLs, de modo que contribuam efetivamente para o
desenvolvimento das atividades produtivas.
As entidades sindicais, associacoes e cooperativas precisam tomar
consciencia de seu papel como protagonistas do desenvolvimento da
atividade produtiva que representam. Foi constatado no estudo que as
governancas locais privadas mais organizadas estao articuladas com as
instituicoes participantes do APL e possuem maiores condicoes de
viabilizar acoes cooperativas.
A continuidade das acoes foi apontada em todos os APLs como
condicao fundamental para o estabelecimento de confianca e credito nas
acoes propostas pelos agentes institucionais. Por outro lado, e
importante destacar que a intensidade de participacao de cada
instituicao parceira nos APLs aumentara a medida que a atividade se
organizar e as entidades de classe (governancas privadas) se
fortalecerem.
Como visto, a governanca estruturada e condicao para o sucesso de
um APL, mas sua estruturacao onde inexiste um ambiente favoravel a
cooperacao, como e o caso do APL de Tobias Barreto, e de dificil
execucao. Para Aquino (2006), a existencia de cooperacao entre as
empresas de um arranjo e fundamental para o estabelecimento de uma
governanca estruturada e elemento decisivo para a superacao das
principais dificuldades encontradas em um APL.
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DOI: 10.5700/rege485
Recebido em: 27/6/2011
Aprovado em: 23/8/2012
Aline de Aragao Zambrana
Mestre em Desenvolvimento Regional e Gestao de Empreendimentos
Locais pela
UFS--Sao Cristovao-SE, Brasil
Graduada em Administracao pela Universidade Federal de Sergipe
E-mail:
[email protected]
Rivanda Meira Teixeira
Professora do Departamento de Administracao e dos Mestrados em
Administracao
(PROPADM) e Economia (NUPEC) da Universidade Federal de Sergipe
Pos-Doutora em Gestao do Turismo na Bournemouth University,
Inglaterra, e na Strathclyde University, Escocia
Pos-Doutora em Empreendedorismo em Turismo na HEC, em Montreal,
Canada
Doutora em Administracao pela Cranfield University, Inglaterra.
Mestre em
Administracao pela COPPEAD/UFRJ
E-mail:
[email protected]
Quadro 1--Entrevistados por APL
APL Agentes Entrevistados
APL de Ceramica Agentes Governanca
Vermelha do Baixo Institucionais Privada--GP
Sao Francisco * BMS Consultores * Instituto Pro-
* SEDETEC Ceramica (IPC)
* UFS
APL de Ceramica Agentes Governanca
Vermelha do Sul Institucionais Privada--GP
Sergipano * CODISE * Sindicato de
* IEL Ceramicas e Olarias
de Sergipe--SINDICER
APL de Confeccoes Agentes Institucionais Governanca
de Itabaianinha * Banco do Brasil Privada--GP
* IEL * Associacao de
Confeccionistas de
Itabaianinha (ASK)
APL de Confeccoes Agentes Institucionais Governanca
de Tobias Barreto * SEBRAE Privada--GP
* Banco do Brasil * Cooperativa de
Negocios de Sergipe
(COOPNE)
APL Agentes Entrevistados
APL de Ceramica Agentes Economicos
Vermelha do Baixo * Ceramica Santa Luzia
Sao Francisco * Ceramica Fenix
* Ceramica Paraiso
* Ceramica
Amorim/Rogi
APL de Ceramica Agentes Economicos
Vermelha do Sul * Ceramica Jacare
Sergipano * Ceramica Borges
* Ceramica Uniao
* Ceramica Santana
* Ceramica Sao Luiz
Gonzaga
APL de Confeccoes Agentes Economicos
de Itabaianinha * Linda Confeccoes
* Bem Kerer
* Mimos
* Immersion
* Fifty Four
APL de Confeccoes Agentes Economicos
de Tobias Barreto * Gabriela
* Esquina do
Bebe/Pirralinho Baby
* D'Luche
* D'Laine
* Mimo do Ceu
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Quadro 2--Questoes de pesquisa, categorias
analiticas e elementos de analise
Questoes de Categorias Elementos de Analise
Pesquisa Analiticas
Qual o perfil Perfil dos * Funcoes/objetivos gerais das
dos agentes Agentes instituicoes;
institucionais Institucionais * Papel da instituicao no APL;
e economicos * Formas de apoio.
dos APLs de
Sergipe?
Perfil dos * Ano de fundacao;
Agentes * Numero de empregados;
Economicos * Produtos;
* Mercados atendidos.
Como ocorre Cooperacao * Formas de cooperacao;
a cooperacao * Razoes que levaram a
entre esses empresa a cooperar;
agentes nos * Fatores inibidores;
APLs de * Concorrencia entre os
Sergipe? agentes economicos.
Como e Governanca * Configuracao da governanca;
exercida a * Caracteristicas da governanca;
governanca * Papel assumido pela governanca
nos APLs privada.
sergipanos?
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Quadro 3--Perfil dos agentes institucionais dos APLs
de Sergipe participantes da pesquisa
Elementos de Analise Perfil dos Agentes Institucionais
APL de Ceramica Empresa privada de consultoria,
Vermelha do Baixo secretaria de governo e instituicao de
Sao Francisco ensino e pesquisa que sao responsaveis
pelas consultorias, elaboracao do plano
de desenvolvimento do APL, articulacao
com instituicoes, acompanhamento das acoes,
acoes de capacitacao e desenvolvimento de
projetos de pesquisa.
APL de Ceramica Orgao de governo e entidade do sistema
Vermelha do Sul industria que sao responsaveis por fomentar
Sergipano a geracao de industrias, dando conhecimento
aos empresarios dos incentivos dados pelo
Estado e apoio tecnico na elaboracao de
planos de acao, e pela capacitacao
empresarial e interacao entre empresas
e centros de conhecimento.
APL de Confeccoes Entidade do sistema industria e agente
de Itabaianinha financeiro, responsaveis pela capacitacao
empresarial e interacao entre empresas e
centros de conhecimento e pelo fornecimento
de linhas de credito.
APL de Confeccoes de Instituicao do Sistema S e agente financeiro,
Tobias Barreto responsaveis pela capacitacao empresarial,
pelo suporte tecnico, de gestao, de
tecnologia e de mercado e pelo fornecimento
de linhas de credito.
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 4--Perfil dos agentes economicos dos APLs
de Sergipe participantes da pesquisa
Elementos de Perfil dos Agentes Economicos
Analise
APL de Ceramica --Tempo medio de existencia das empresas: 9 anos
Vermelha do Baixo --Numero medio de empregos gerados: 41 empregos
Sao Francisco --Principais produtos: Blocos e lajotas
--Principais mercados: Sergipe e Alagoas
APL de Ceramica --Tempo medio de existencia das empresas: 18 anos
Vermelha do Sul --Numero medio de empregos gerados: 64 empregos
Sergipano --Principais produtos: Blocos
--Principais mercados: Sergipe e Bahia
APL de Confeccoes --Tempo medio de existencia das empresas: 4 anos
de Itabaianinha --Numero medio de empregos gerados: 21 empregos
--Principais produtos: pecas do vestuario
masculino, feminino e infantil, alem de
moda intima.
--Principais mercados: Nordeste,
Sao Paulo e Belem.
APL de Confeccoes --Tempo medio de existencia
de Tobias Barreto das empresas: 7,5 anos
--Numero medio de empregos gerados: 26 empregos
--Principais produtos: pecas de cama, mesa e banho
--Principais mercados: Nordeste e Sudeste
(Minas Gerais e Sao Paulo)
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 5--Aspectos da cooperacao analisados nos APLs de Sergipe
Elemento de Cooperacao
Analise
APL de Ceramica --Formas de cooperacao horizontal bilateral:
Vermelha do Baixo emprestimo de equipamentos, veiculos
Sao Francisco (tratores), argila e lenha
--Cooperacao horizontal multilateral:
organizacao de ceramistas em torno do IPC
--Resultados da cooperacao multilateral:
negociacao com orgaos, por exemplo, sobre
exigencias da legislacao ambiental; busca de
fontes alternativas de energia e de novos
depositos de argila, com o objetivo de dar
continuidade a atividade ceramica na regiao;
acordo de cooperacao tecnica com a UFS;
cessao de area para manejo de eucalipto
por meio de parceria com o governo
--Razoes para cooperar com agentes economicos
e institucionais: permanencia da empresa no
mercado, falta de conhecimento sobre o setor,
desejo de romper com o isolamento da regiao
e de dar conhecimento as instituicoes da
existencia de ceramicas no Baixo
Sao Francisco
--Fatores inibidores da cooperacao: um
ceramista ve o outro como adversario;
individualismo; oportunismo; o fato de as
industrias maiores quererem vender por um
preco muito baixo
--Concorrencia entre agentes economicos:
baseada no preco e na qualidade
APL de Ceramica --Formas de cooperacao horizontal bilateral:
Vermelha do Sul emprestimo de equipamentos e de
Sergipano materia-prima e compra conjunta
--Cooperacao horizontal multilateral:
organizacao de ceramistas em torno
do SINDICER/SE
--Resultados da cooperacao multilateral: linha
de financiamento especial do BANESE para
instalacao de filtros de lavagem de gases,
Programa de apoio a competitividade das
micro e pequenas industrias com SEBRAE e
IEL e Programa Setorial da Qualidade
com o SENAI
--Razoes para cooperar com agentes economicos
e institucionais: vontade de ajudar os
parentes, acesso a novos conhecimentos,
melhores condicoes de pagamento,
oportunidade de melhoria nos
processos da empresa
--Fatores inibidores da cooperacao: falta de
honestidade e confianca; individualismo
--Concorrencia entre agentes economicos:
baseada no preco e na qualidade
APL de Confeccoes --Formas de cooperacao horizontal bilateral:
de Itabaianinha emprestimo e compra conjunta de maquinas,
equipamentos e insumos, producao conjunta e
parceria entre empresas e costureiras
locais para equipar oficinas de costura
--Cooperacao horizontal multilateral:
organizacao de confeccionistas
em torno da ASK
--Resultados da cooperacao multilateral:
pleitearam, no edital para APLs de baixa
renda 2010, a estruturacao de um centro de
criacao e desenvolvimento de pecas para o
conjunto das confeccoes do municipio, do
projeto Agente Local de Inovacao (ALI)
executado pelo SEBRAE e do Projeto de
Extensao Industrial Exportadora (PEIEx)
por meio de parceria com
SEDETEC/IEL/APEX-Brasil
--Razoes para cooperar com agentes economicos
e institucionais: poder de negociacao de
acoes maiores junto as instituicoes,
capacidade para atender a um pedido maior,
acesso ao incentivo fiscal por meio da
cooperativa, emprestimo de maquinas,
participacao em feiras, missoes,
palestras e cursos
--Fatores inibidores da cooperacao: falta de
confianca no concorrente, o fato de as
empresas possuirem linhas de produtos e
condicoes de pagamento diferentes e receio
de assumir a responsabilidade de comprar
pelos outros
--Concorrencia entre agentes economicos:
baseada no preco
APL de Confeccoes --Formas de cooperacao horizontal bilateral:
de Tobias Barreto emprestimo de maquinas e producao conjunta
para atendimento de um grande pedido
--Cooperacao horizontal multilateral: as
atividades da cooperativa (COOPNE)
estao paralisadas
--Resultados da cooperacao multilateral:
nao se aplica
--Razoes para cooperar com agentes economicos
e institucionais: possibilidade de atender
a um pedido maior, oportunidade de ter acesso
a cursos, palestras, consultorias e
participacao em feiras gratuitamente ou
a precos subsidiados
--Fatores inibidores da cooperacao: ausencia
de lideranca, individualismo, concorrencia
desleal, medo de comportamentos oportunistas,
anseio de resguardar informacoes do negocio
e falta de conhecimento sobre como fazer
uma parceria
--Concorrencia entre agentes economicos:
baseada no preco
Fonte: Pesquisa de Campo.
Quadro 6--Caracteristicas das governancas dos APLs de Sergipe
Elementos de Configuracao Caracteristicas
analise da
Governanca
APL de Cer. Redes Governanca privada, sobretudo
Vermelha do reativa; nao ha sobreposicao de
Baixo Sao acoes, mas acoes inconclusas, e
Francisco a articulacao entre as
instituicoes necessita de
melhoras; acoes alinhadas as
necessidades locais, entretanto
existem poucas acoes em vista
do que a atividade precisa;
reunioes do IPC ocorrem uma
vez por mes; lideranca legitima;
a governanca tem viabilizado
acesso a informacoes,
conscientizacao para reducao
de custos e cumprimento de
normas tecnicas, articulacao
com instituicoes parceiras,
aproximacao dos ceramistas
com orgaos ambientais, manejo
de eucalipto em area
disponibilizada pelo governo,
convenio de cooperacao tecnica
com a UFS.
APL de Cer. Redes Governanca reativa; nao ha
Vermelha do sobreposicao de acoes, mas a
Sul Sergipano articulacao entre agentes
institucionais precisa ser
aprimorada; as acoes estao
alinhadas as necessidades
locais, contudo os empresarios
defendem que as exigencias dos
orgaos ambientais devem ser
compativeis com o porte da
empresa e que o quadro de
profissionais das instituicoes
deveria ser mais qualificado
para ajudar a solucionar os
problemas das empresas; nao
existe periodicidade na
realizacao de reunioes do
sindicato; lideranca legitima,
entretanto foi percebida uma
preocupacao com o fato de o
presidente do sindicato ser o
mesmo desde a criacao da
entidade. Resultados obtidos
pela governanca: o apoio na
liberacao de jazidas e parceria
com o BANESE para financiamento
de filtro de lavagem de gases.
APL de Hierarquica Governanca reativa; as acoes
Confeccoes de das instituicoes sao
Itabaianinha complementares, nao ha
sobreposicao; as acoes sao
alinhadas as necessidades
locais, mas os empresarios
alegam a falta de continuidade
das acoes e de comprometimento
dos profissionais que as
executam. Defendem que as
oficinas de costura tambem
devem ser alvo das acoes e nao
somente as confeccoes; reunioes
da associacao ocorrem
mensalmente, com participacao
crescente dos empresarios; a
lideranca nao e legitima; a
governanca tem viabilizado,
sobretudo, a realizacao de
cursos e emprestimo de
maquinas.
APL de Governanca Governanca nao e nem proativa
Confeccoes de desestruturada nem reativa, esta em estado de
Tobias Barreto inercia; articulacao e melhor
que no passado, mas precisa
melhorar; acoes do SEBRAE
alinhadas, mas precisa existir
o comprometimento das demais
instituicoes com outras acoes;
reunioes nao estao ocorrendo;
governanca viabilizou no
passado o emprestimo de
maquinas e a realizacao
de cursos.
Elementos de Papel Governanca Privada
analise da
Governanca
APL de Cer. --Estimula a pensar no futuro;
Vermelha do --Disponibiliza informacoes tecnicas;
Baixo Sao --Divulga fontes e formas de financiamento;
Francisco --Promove acoes cooperativas.
APL de Cer. --Promove capacitacoes;
Vermelha do --Organiza eventos tecnicos e comerciais.
Sul Sergipano
APL de --Divulga fontes e formas de financiamento;
Confeccoes de --Auxilia na definicao de objetivos
Itabaianinha comuns da atividade;
--Promove capacitacoes;
--Organiza eventos tecnicos e comerciais.
APL de Nao houve condicoes de avaliar
Confeccoes de
Tobias Barreto
Fonte: Pesquisa de Campo.