Analysis of the operational capacity of a surgical center: mathematical modelling applied to scaling and resource allocation/Analise da capacidade operacional de um centro cirurgico: modelagem matematica aplicada ao dimensionamento e alocacao de recursos/Analisis de la capacidad del sistema operativo de un centro quirurgico: modelos matematicos aplicados al dimensionamiento y asignacion de recursos.
Blanck, Mery ; Bandeira, Denise Lindstrom
1. INTRODUCAO
Na pratica da gestao organizacional, a busca pelo uso racional do
potencial produtivo esta relacionada diretamente a otimizacao do
aproveitamento dos recursos disponiveis, sejam eles humanos, materiais
ou financeiros. Em muitas situacoes, porem, empresas possuem uma
potencial capacidade produtiva, mas nao adequadamente aproveitada, sejam
elas hospitais, transportadoras ou escolas. A otimizacao, entao, sendo
um campo da ciencia do gerenciamento que encontra a maneira ideal de
utilizacao e distribuicao de recursos para atingir os objetivos
organizacionais (RAGSDALE, 2010), deve ser objeto de busca permanente
dos gestores.
Contudo, hospitais sao organizacoes complexas, dificeis de serem
geridas, o que reforca a importancia de ferramentas de apoio a tomada de
decisao para esses ambientes (MACHADO, 2003). O Centro Cirurgico (CC),
especialmente, local de um dos processos mais complexos do ambiente
hospitalar, apresenta altos custos de investimento para implantacao,
operacao e manutencao (POSSARI, 2009), mas configura-se como um grande
gerador de receitas para a organizacao (MASTRANTONIO; GRAZIANO, 2002;
PERROCA; JERICO; FACUNDIN, 2007).
Mas esse tambem e um desafio para a gestao, uma vez que a
utilizacao da capacidade cirurgica encontra-se entre as principais
medidas de eficiencia de uma organizacao hospitalar (NEPOTE; MONTEIRO;
HARDY, 2009). O CC, portanto, deve estar preparado para aumentar sua
capacidade assistencial sem sobrecarga de servico (COSTA, 2006).
Todavia, o aumento dessa eficiencia apresenta dificuldades para sua
realizacao efetiva, visto que salas cirurgicas sao recursos
relativamente escassos, os quais podem, com um agendamento mal-elaborado
ou uso nao otimizado, oportunizar conflito e competicao (STEPANIAK et
al, 2012). Concomitantemente, essa maximizacao de utilizacao nao pode
declinar da promocao e garantia de um atendimento com seguranca, tanto
em carater eletivo quanto de emergencia, aos pacientes.
Nesse contexto de complexidade, a ideia de utilizar modelos para a
solucao de problemas e analise de decisao oferece inumeros beneficios,
como, por exemplo: melhor alocacao de recursos, agilizacao de servicos e
a tomada de decisao, melhora da qualidade de atendimento, delineamento
de alternativas para a solucao de problemas, analise de investimentos,
reducao de desperdicios e gastos desnecessarios, e identificacao de
restricoes dos sistemas.
Neste caso, a construcao de modelos matematicos para representacao
simulada de parte da realidade torna-se ferramenta de significativa
importancia, uma vez que pode auxiliar na previsao da demanda ou do
volume de pacientes a serem atendidos, na analise do padrao de
desempenho, no dimensionamento de recursos, como uma configuracao otima
de layout (numero de tecnicos x numero de atendimentos x tempo de
atendimento), numero de salas, equipamentos ou equipe de enfermagem
(BORBA; RODRIGUES, 1998). Outras aplicacoes de modelos nesse contexto
incluem, ainda, a alocacao otima de horarios para diferentes classes de
pacientes (CREEMERS; BELIEN; LAMBRECHT, 2012), a definicao de pessoal
necessario para o atendimento de redes de filas nos departamentos de
emergencia (IZADY; WORTHINGTON, 2012) ou a modelagem da capacidade de
assistencia medica por meio de melhor predicao dos tempos de servicos
(HARPER; KNIGHT; MARSHALL, 2012).
Nesse ambiente organizacional, estudos comprovam que nao e possivel
obter economia de escala quando organizacoes hospitalares operam com
taxa de ocupacao inferior a 70% (ABELSMITH, 1996). Assim, a modelagem
fornece informacoes importantes para decisoes relativas ao
dimensionamento do CC uma vez que ampliacoes precipitadas na
infraestrutura podem ocasionar um aumento desproporcional ao aumento do
volume de atendimento, impossibilitando a obtencao de economia de
escala.
Dessa forma, sendo o CC um setor de singular importancia para a
organizacao hospitalar, em virtude dos servicos ali prestados e dos
recursos envolvidos, a finalidade deste experimento e oferecer subsidio
que possa auxiliar na gestao de recursos desta etapa complexa de
tratamento dos pacientes. O que se busca responder e se seria possivel
aumentar a eficiencia no gerenciamento da capacidade de alocacao de
salas do CC com o uso de ferramenta para analise de cenarios.
Particularmente, neste experimento pretende-se responder as questoes: A
capacidade de alocacao do CC e utilizada de modo eficiente? A capacidade
atual de alocacao atende as demandas presentes e futuras do hospital? E
possivel identificar qual capacidade de alocacao sera necessaria
futuramente e quando?
Com base nessa motivacao, o objetivo deste estudo e construir um
modelo computacional que auxilie na identificacao do dimensionamento e
alocacao otimos do CC de uma organizacao hospitalar. Objetivamente, a
finalidade e modelar a alocacao do bloco cirurgico para predizer o
comportamento sob determinada carga. O modelo possui como caracteristica
a competencia para geracao de diferentes cenarios, permitindo que a
avaliacao desses cenarios ofereca a organizacao a possibilidade de
adequar sua capacidade de atendimento futuro a sua demanda.
Cabe ressaltar, ainda, que se trata de uma pesquisa aplicada. Dessa
forma, ela apresenta "um resultado pratico visivel em termos
economicos ou de outra utilidade que nao seja o proprio
conhecimento" (SCHWARTZMAN, 1979:1). Assim, a importancia deste
estudo esta na possibilidade de aplicacao pratica dos resultados, que
possibilitara a organizacao desenvolver seu processo de gerenciamento da
capacidade do CC com o auxilio de uma ferramenta de uso comum. Isso
traria como beneficio a chance de a organizacao evitar tempestivamente
uma eventual sub ou superoferta de infraestrutura, o que impactaria
diretamente seu planejamento financeiro.
O restante deste artigo esta organizado da seguinte maneira: na
secao 2 tem-se o referencial teorico, na secao 3, o metodo da pesquisa,
na secao 4, os resultados obtidos na experimentacao do modelo a partir
de dados dos cenarios atual e futuro, na secao 5 e apresentada a
discussao sobre os resultados comparativos desses cenarios e, na secao
6, conclui-se com as consideracoes finais, que contemplam sugestoes de
pesquisas futuras.
2. REFERENCIAL TEORICO
A essencia da pesquisa operacional e a construcao de modelos
matematicos, os quais nos permitem obter conhecimento e entendimento
sobre o objeto ou problema de decisao que esta sendo estudado, com
vistas em melhorar a analise da decisao (RAGSDALE, 2010). Dessa forma, a
modelagem computacional deve ser entendida como a acao de representar a
realidade de maneira simplificada, mediante equacoes matematicas (COLIN,
2007), para possibilitar uma simulacao valida, razao pela qual precisa
das caracteristicas relevantes da situacao em estudo (RAGSDALE, 2010).
Tradicionalmente, no entanto, a pesquisa operacional diz respeito a
um processo de otimizacao sujeito a uma serie de restricoes e que ao
longo dos anos vem sendo aplicado para a solucao de uma variedade de
problemas, desde o planejamento da producao, logistica e mineracao de
dados, ate o gerenciamento de energia, financas e telecomunicacoes
(PESCH; WOEGINGER, 2012). Entretanto, mais recentemente pesquisadores
tem se debrucado sobre problemas de PO derivados de novas aplicacoes e
ambientes, como questoes relativas a agendamentos em sistemas
descentralizados, bioinformatica e processos de gestao operacional
hospitalar, tornando a assistencia medica nao apenas uma area importante
para utilizacao da pesquisa operacional, mas tambem um contexto no qual
a pesquisa vem amplificando seu espectro continuamente (PESCH;
WOEGINGER, 2012).
Especificamente na pesquisa voltada a area hospitalar, diversos
estudos enfatizam a premencia da otimizacao da alocacao do bloco
cirurgico, visto o crescimento da demanda por tratamentos cirurgicos e o
numero limitado de salas cirurgicas disponiveis nos hospitais (VAN
HOUDENHOVEN et al., 2008; VANTEENKISTE et al, 2012), alem do fato de
serem estas salas as unidades hospitalares mais caras (BAUMGART et al,
2008).
Essa busca pela otimizacao e realizada, em muitos casos, por meio
da analise de indices operacionais associados a sala de operacao. O
indice de ocupacao da sala cirurgica descreve a razao entre a utilizacao
possivel e a utilizacao real das salas cirurgicas, contemplando os
tempos dos procedimentos cirurgicos e, em muitos casos, os tempos dos
procedimentos pre e pos-cirurgia (GROTE et al., 2008), mas as pesquisas
referem e investigam ainda outros indices operacionais que medem a
otimizacao, resistencia ou sobrecarga dessas unidades hospitalares
(NEPOTE; MONTEIRO; HARDY, 2009).
Outros estudos buscam avaliar a otimizacao da carga de trabalho e
do rendimento do paciente por meio da proposicao de um numero otimo de
salas de operacao de processamento paralelo nos casos de transferencia e
uso de unidades de cuidado posanestesia (SOKAL et al, 2006), ao passo
que alguns analisam a otimizacao da utilizacao da sala cirurgica
considerando o fluxo e a cooperacao entre processos e atividades
envolvidas (RIEDL, 2003; JOAQUIM; VIEIRA, 2009; SILVA; ARNDT, 2013) ou
da identificacao de lacunas e ineficiencias operacionais desses
processos (GIROTTO; KOLTZ; DRUGAS, 2010).
A definicao dos niveis otimos de pessoal de enfermagem em salas de
cirurgia, especialmente quando ha incerteza sobre a carga de trabalho
diaria, tem sido tambem foco de estudos nos ultimos anos (HE et al.,
2012), assim como a investigacao do impacto nos custos totais para os
hospitais do atraso na disponibilidade das salas cirurgicas, quando a
demanda se aproxima da capacidade total (DHUPAR et al., 2011), ou da
postergacao ou cancelamento de procedimentos cirurgicos (LAU et al.,
2010).
Outros aspectos relacionados a analise financeira tambem sao
abordados, como a alocacao da capacidade do bloco cirurgico com base em
consideracoes de retorno financeiro praticas, o que, muitas vezes, pode
suscitar conflito entre as politicas hospitalares tradicionais e as
politicas motivadas por limitacoes economicas, que sugerem uma
indefinicao a respeito da forma pela qual a eficiencia ou a alocacao do
bloco cirurgico devem ser analisadas (GROTE et al, 2009). De qualquer
maneira, a consideracao sobre essa eficiencia nao pode ser minimizada, e
a busca de estrategias que conduzam a ela tem sido proposta pela
literatura tambem em razao dos custos crescentes e lucros decrescentes
associados a essas unidades (BAUMGART et al, 2008).
Assim, o planejamento e o agendamento das salas cirurgicas de um
hospital sao um conhecido desafio dentro do campo da pesquisa
operacional aplicada ao servico de saude; entretanto, seu impacto na
pratica e ainda compreendido como bastante limitado, visto que a
organizacao e cultura de um hospital e as caracteristicas inerentes a
seus processos podem impor questoes de implantacao especificas que
afetam o sucesso de abordagens de planejamento (VAN OOSTRUM; BREDENHOFF;
HANS, 2010).
De toda forma, estudos sugerem que o esforco para evitar a
subutilizacao ou superutilizacao do bloco cirurgico por meio do
planejamento de sua otimizacao deve ser observado e perseguido sempre
que possivel (GROTE et al, 2010).
3. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
O metodo adotado pelo estudo esta fundamentado nos moldes de uma
pesquisadiagnostico seguida de experimento e no uso de modelagem
matematica para descrever e representar a alocacao de salas de um centro
cirurgico de um hospital brasileiro. Seguem a consequente validacao e a
analise de sensibilidade do modelo.
No que se refere a conducao do experimento, esta foi definida a
partir da execucao das seguintes etapas: (1) definicao e
planejamento--por meio da formulacao e analise do problema; da
determinacao da organizacao a ser estudada; e da formulacao do modelo
conceitual; (2) coleta e analise dos dados--por meio do protocolo de
coleta de dados; da coleta e registro dos dados; e do tratamento dos
dados (classificacao, estratificacao e analise estatistica); (3)
modelagem e experimentacao--com a traducao e validacao do modelo; a
modelagem de cenarios; e a experimentacao dos cenarios; (4)
discussao--de modo a realizar a analise dos resultados da modelagem e a
analise comparativa dos cenarios; (5) conclusao--para apresentar a
sintese conclusiva, limitacoes e sugestoes de pesquisas futuras.
Com relacao aos dados, estes foram coletados mediante pesquisa
documental nos registros da organizacao, compreendendo informacoes
institucionais e descritivas de procedimentos; entrevistas
semiestruturadas com ocupantes dos cargos associados ao objeto deste
estudo; pesquisa documental em artigos de midia com dados secundarios
sobre o contexto no qual se estabelecem as organizacoes hospitalares; e
registros administrativos de dados operacionais das atividades do CC.
4. RESULTADOS
Nesta secao sao apresentados os resultados obtidos em cada etapa do
projeto de pesquisa, contemplando: (1) definicao e planejamento; (2)
preparacao, coleta e analise dos dados; e (3) modelagem e
experimentacao.
4.1. Definicao e planejamento
Na etapa de definicao e planejamento da pesquisa, identificou-se o
contexto a ser estudado mediante levantamento de informacoes gerais
sobre a organizacao, incluindo caracteristicas de sua infraestrutura e
objetivos perseguidos, a partir do que formulou-se o problema a ser
resolvido e o modelo conceitual, para posterior analise de cenarios.
4.1.1 Organizacao estudada
Do ponto de vista organizacional, o hospital deste estudo de caso,
aqui referido apenas como "HPT" para fins de
confidencialidade, possui um numero fixo de diferentes departamentos e
um Centro Cirurgico (CC) comum a todos. Cada departamento possui seu
proprio grupo de cirurgioes e sua propria ala com um numero determinado
de leitos para recuperacao de seus pacientes. Cada grupo de cirurgioes
esta envolvido em uma unica especialidade medica, que engloba algumas
patologias similares; usualmente, o hospital possui um numero de
cirurgioes igualmente qualificados, os quais se intercalam no
atendimento cirurgico de seus pacientes. O CC em comum compreende 15
salas de operacao, em sua grande maioria identicas, que sao partilhadas
por todos os grupos para a realizacao de cirurgias.
Assim, enquanto os leitos hospitalares sao alocados para cada ala
de forma fixa, as salas de cirurgia sao oferecidas aos grupos de
cirurgioes de forma distribuida por tempo. Claramente, entao, salas de
cirurgia sao os recursos compartilhados mais importantes, seguidos dos
leitos.
A Instituicao e considerada um hospital de grande porte de Porto
Alegre (RS). Atua nos modelos de atendimento particular e conveniado,
por meio de 40 empresas parceiras, oferecendo servicos de 31
especialidades, clinicas e cirurgicas, 19 tipos de exames diagnosticos e
tratamentos, 263 leitos para internacao e 36 leitos em salas de
recuperacao.
A instituicao esta em pleno processo de transformacao estrutural e
apresenta um planejamento cujas metas sao:
a) garantia da qualidade--com a reducao de erros medicos e melhoria
continua dos processos, visando o aumento do marketshare por meio do
incremento da competitividade;
b) melhoria no acesso--com a ampliacao do setor de emergencia e do
numero de convenios atendidos, possibilitando o incremento da demanda
mediante o oferecimento de novos produtos a mercados ainda nao
atendidos;
c) economia de custos--com o aumento da eficiencia e da taxa de
ocupacao, visando evitar gastos desnecessarios, por meio de proposicoes
de valor social e tambem economico.
4.1.2. Formulacao e analise do problema
A partir do objetivo de melhoria no acesso aos servicos, o HPT
assume, implicitamente, a ideia de que devera administrar um aumento de
demanda com o consequente aumento da capacidade de atendimento. Com a
reforma das instalacoes em andamento, o HPT devera, em breve, abrir as
portas de um novo setor de Emergencia, cuja estimativa de atendimento
preve o dobro de sua capacidade atual, o que certamente trara
implicacoes para o CC. Entretanto nao esta previsto, ate o momento, um
aumento do numero de salas cirurgicas.
Dessa forma, este trabalho se propoe a analisar a capacidade de
atendimento da demanda cirurgica atual pelo CC do HPT, identificando se
ja esta sendo utilizada a alocacao otima das salas, com o objetivo de
verificar se o CC tera condicoes de assimilar a nova demanda originada
no setor de Emergencia sem a ampliacao de sua infraestrutura. Em caso
negativo, e proposta, mediante a analise de cenarios, a configuracao
otima que mantenha uma alta taxa de ocupacao do CC, de maneira a evitar
alocacao deficitaria de suas salas e, consequentemente, aumento de
custos e diminuicao da rentabilidade da Instituicao. Para tanto, o
primeiro cenario a ser modelado e o atual, pois assim e possivel
identificar se os resultados exibidos pelo modelo correspondem ao
contexto real. A partir dessa analise, poder-se-a verificar a taxa de
ocupacao atual do CC nos dias e periodos de atendimento.
Apos isso, o modelo e executado com os dados relativos a demanda
projetada aumentada, possibilitando identificar o impacto na taxa de
ocupacao do CC se se mantiver o contexto atual, ou seja, infraestrutura,
dias e periodos usuais de atendimento.
A partir do conjunto de dados fornecido pelo HPT, foram
identificadas as ocorrencias dos procedimentos segundo a especialidade e
a qualificacao: tipo de procedimento, carater do atendimento (cirurgia
eletiva ou urgente) forma de atendimento (particular ou convenio) e
local de atendimento (sala do ambulatorio ou CC). Dessa forma, conforme
o codigo do procedimento, temse que:
Tabela 1--Porcentuais de ocorrencia dos procedimentos por
qualificacao
Carater do Forma de
Atendimento Atendimento
Especialidade Eletiva Urgente Partic. Conv.
Cirurgia do Aparelho 96,27 3,73 5,69 94,31
Digestivo e Orgaos
Anexos
Cirurgia Plastica e 99,26 0,74 8,24 91,76
Reconstrutora
Ortopedia e Traumatologia 96,71 3,29 4,94 95,06
Cirurgia Plastica 99,90 0,10 98,56 1,44
Estetica
Urologia 97,99 2,01 9,33 90,67
Angiologia--Cirurg ia 95,17 4,83 1,53 98,47
Vascular e Linfatica
Ginecologia e Obstetricia 99,09 0,91 2,42 97,58
Neurocirurgia 97,39 2,61 2,14 97,86
Oftalmologia 100,00 -- -- 100,00
Otorrinolaringologia 100,00 -- 8,96 91,04
Demais 96,72 3,28 11,69 88,31
Totais 97,64 2,36 15,27 84,73
Local do
Atendimento
Especialidade Amb. CC
Cirurgia do Aparelho 5,19 94,81
Digestivo e Orgaos
Anexos
Cirurgia Plastica e 72,39 27,61
Reconstrutora
Ortopedia e Traumatologia 1,13 98,87
Cirurgia Plastica 1,34 98,66
Estetica
Urologia 6,47 93,53
Angiologia--Cirurgia 31,68 68,32
Vascular e Linfatica
Ginecologia e Obstetricia 0,61 99,39
Neurocirurgia -- 100,00
Oftalmologia 1,20 98,80
Otorrinolaringologia 0,84 99,16
Demais 18,91 81,09
Totais 17,56 82,44
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Cabe ressaltar que os porcentuais de ocorrencia de cada tipo de
procedimento referem-se ao numero total de procedimentos, ou seja, aos
100%, enquanto os porcentuais analiticos, relativos a forma de
atendimento e carater, referem-se ao total de cada especialidade. A
linha de total exibe a participacao de cada qualificador de
procedimento--carater eletivo ou urgente, atendimento particular ou
convenio--no montante total de procedimentos analisados.
4.1.3. Formulacao Matematica
Esta pesquisa propoe a utilizacao de um modelo matematico discreto
que recai sobre uma funcao a ser maximizada, sujeita a restricoes, e que
e composta de parametros e variaveis de decisao. Os parametros
contemplam conjuntos de dados, elementos envolvidos no processo de
construcao do Mapa Cirurgico simulado, e dados fixos que informam ao
modelo os valores de requerimentos, restricoes ou forma de
relacionamento entre os conjuntos.
Conjuntos
P: procedimentos cirurgicos, com elementos p [member of] P
numerados conforme codificacao da Classificacao Brasileira Hierarquizada
de Procedimentos Medicos (AMB, 2010) e da Terminologia Unificada de
Saude Suplementar (ANS, 2009), sendo P = {13000004, 14000008, ...,
99999900}
C: identificador do carater do procedimento, com elementos c
[member of] C, sendo C = {0, 1}
F: identificador da forma de atendimento, com elementos f [member
of] F, sendo F = {0, 1}
L: identificador do local do procedimento, com elementos l [member
of] L, sendo L = {0, 1}
D: conjunto de dias da semana, com elementos d [member of] D, sendo
D = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7}
S: conjunto de salas cirurgicas, com elementos s [member of] S,
sendo S = {6A, 6B, 6C, 6D, 7A, 7B, 7C, 7D, 7X, 7Y, 7Z, 8A, 8B, 8C, 8D}
Parametros
[Y.sub.sd]: procedimentos realizados na sala s no dia d
[[beta].sub.s]: numero medio de procedimentos realizados na sala s
[[delta].sub.pf]: tempo medio do procedimento p e forma de
atendimento f
[[lambda].sub.l]: duracao media da higienizacao de sala cirurgica
em local l
[Z.sub.pcfld]: procedimentos p realizados, de carater c, da forma
f, no local l, no dia d; calculados em funcao de [[delta].sub.pf] e
[[lambda].sub.l]
[[alpha].sub.pcfld]: ocorrencia media do procedimento p, de carater
c, da forma f, no local l, no dia d
[K.sub.sd]: horas diarias alocadas na sala s no dia d
[[gamma].sub.sd]: horas diarias disponiveis para alocacao da sala s
no dia d
As variaveis de decisao sao incognitas a serem determinadas pela
solucao do modelo. Estas variaveis sao definidas conforme abaixo, sendo
compreendidas como a alocacao do procedimento cirurgico p, de carater c,
com forma de atendimento f, em local l, no dia d, na sala s:
[X.sub.pcflds], (1)
A funcao objetivo do modelo e dada por:
[MATHEMATICAL EXPRESSION NOT REPRODUCIBLE IN ASCII] (2)
Sujeita as seguintes restricoes:
[Y.sub.sd] [greater than or equal to] [[beta].sub.s] [[for
all].sub.s] [member of] S, d [member of] D (3)
[Z.sub.pcfld] [greater than or equal to] [[alpha].sub.pcfld] [[for
all].sub.p] [member of] P, c[member of] C,f [member of] F, l [member of]
L, d [member of] D (4)
[K.sub.sd] [less than or equal to] [gamma].sub.sd] [[for
all].sub.s] [member of] S, d [member of] D (5)
[X.sub.pcflds] [greater than or equal to] 0 | X [member of] N (6)
Neste caso, os valores das variaveis (1) retomadas por meio da
execucao do modelo comporao o Mapa Cirurgico simulado, com base na
funcao objetivo (2), que visa maximizar o tempo de alocacao das salas
cirurgicas em determinado periodo da semana.
Com relacao as condicoes para execucao do modelo, estas restricoes
dizem respeito ao numero de procedimentos realizados em cada sala
cirurgica (3), ao numero de procedimentos de determinado carater, forma
e local realizados (4), ao tempo de alocacao diaria de cada sala (5) e a
necessidade de a variavel de decisao retornar um numero natural (6).
4.2. Dados do modelo
O planejamento da coleta foi elaborado em reuniao com funcionarios
responsaveis pelo CC e pelo setor de TI do HPT, na qual foram
identificados os dados existentes e aqueles a serem produzidos para a
formulacao do modelo, assim como a viabilidade de sua extracao a partir
do sistema de gestao de cirurgias instalado na organizacao.
Constatou-se a inexistencia de dados referentes aos horarios de
inicio e termino de atividades especificas realizadas dentro da Sala
Cirurgica, como hora de entrada e saida do paciente da sala e hora de
inicio e termino da anestesia, informacao que tornaria o calculo da
duracao das atividades e procedimentos mais analitico, oferecendo a
possibilidade adicional de experimento de otimizacao das atividades
realizadas no CC.
Obtiveram-se, entretanto, os horarios de inicio e termino do
procedimento cirurgico, o que permite responder a questao proposta por
esta pesquisa de forma plenamente satisfatoria.
4.2.1. Coleta e registro dos dados
Para a execucao do modelo foram utilizados dados reais referentes a
procedimentos cirurgicos realizados nas 15 salas do CC do HPT, no
periodo de 01/01/2012 a 31/07/2012, e que correspondem a: (a) codigo do
procedimento; (b) nome do procedimento; (c) medico-cirurgiao; (d)
convenio; (e) setor; (f) sala; (g) carater do procedimento; (h) porte do
procedimento; (i) data/hora inicio prevista; (j) duracao prevista; (k)
data/hora de entrada; (l) duracao real; (m) data/hora inicio real; (n)
data/hora termino real.
Entretanto, como nao existem, no sistema de gestao de cirurgias da
organizacao, dados especificos relativos aos tempos da atividade de
limpeza das salas, foi estimada uma media de 15 minutos para essa
atividade, exclusivamente para as salas cirurgicas, a partir de
informacoes fornecidas por uma funcionaria representante do setor que
administra o CC. Para o registro, com vistas no posterior tratamento e
processamento dos dados, que inclui a analise estatistica e a
transformacao destes em informacao a ser utilizada pelo modelo, os dados
foram armazenados em planilha eletronica Microsoft Excel[R],
contabilizando 11.535 elementos para analise.
4.2.2. Tratamento dos dados
Primeiramente, foi realizada a avaliacao de consistencia das
informacoes, com o objetivo de identificar e corrigir a falta de
apontamento em algum campo nos registros de procedimentos realizados no
CC. A incompatibilidade entre campos, por equivocos no cadastramento ou
qualquer outro motivo, tambem foi corrigida antes que se procedesse a
analise estatistica dessas informacoes.
Apos esta etapa, os 11.535 procedimentos foram tabulados e
consolidados com o auxilio do software Microsoft Excel[R], sendo
classificados, logo a seguir, segundo a orientacao da Classificacao
Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Medicos (AMB, 2010) e da
Terminologia Unificada de Saude Suplementar (ANS, 2009), nas 31
especialidades medicas. Obtiveram-se, a partir dessa classificacao, as
tabelas de: (a) nomenclatura de procedimentos por especialidade medica;
(b) procedimentos realizados no periodo; (c) procedimentos realizados no
periodo via convenio e particular; (d) procedimentos realizados no
periodo de carater eletivo e urgente; (e) procedimentos realizados no
periodo em salas ambulatoriais ou cirurgicas do CC; (f) tempo de
atendimento dos procedimentos/sala/carater; (g) ocupacao diaria das
salas por tempo de procedimento; (h) procedimentos, realizados no
periodo, por especialidade.
A seguir, foi analisada a distribuicao de frequencia dos
procedimentos executados, a partir da qual foi identificada maior
assiduidade de dez especialidades, que correspondem a 77,30% do total de
procedimentos realizados. As demais especialidades foram agrupadas
computando-se os restantes 22,7% do total. Os porcentuais de ocorrencia
de cada categoria encontram-se na Tabela 2.
A analise estatistica dos dados coletados, assim como daqueles
obtidos no modelo simulado, foi realizada com um nivel de confianca de
95%, obtendo-se as medias de duracao, em minutos, de cada especialidade,
para atendimento ambulatorial e cirurgico, conforme pode ser observado
na Tabela 3.
Tal procedimento possibilita que, futuramente, possa ser realizado
experimento com os valores minimos dos intervalos, para possivel analise
da capacidade de alocacao maxima do CC, e com os valores maximos, para
aproximacao do modelo com o cenario real, caso se apresentem diferencas
significativas nos resultados comparativos entre ambos.
Comparando-se as medias diarias de ocupacao das salas, o numero de
procedimentos realizados e a eficiencia dessa alocacao, retornados pelo
experimento (tabelas 4 e 5), com os valores obtidos pela analise
estatistica dos dados coletados (tabelas 6 e 7), observa-se uma
aproximacao significativa, o que sugere a validacao do modelo para a
continuidade da analise da capacidade cirurgica com o experimento de
cenarios futuros.
4.2.3. Modelagem e Analise de Sensibilidade
A modelagem dos panoramas futuros contemplou o objetivo de
experimento de tres proposicoes:
(1) cenario A: de aumento da demanda cirurgica emergencial em 50%;
(2) cenario B: de aumento da demanda cirurgica por convenio em 30%;
(3) cenario C: de locacao maxima da capacidade cirurgica.
A partir desses derivados e analisada a proposicao de novos
contextos, com vistas na identificacao da alocacao otima do CC nestas
novas condicoes de demanda.
Cenario A
Nas condicoes propostas para o cenario A, tem-se um aumento da
demanda emergencial em 50%, o que implica tambem, por consequencia,
alteracoes nas demais distribuicoes qualificadoras de procedimentos.
Isso significa que um aumento no numero de procedimentos urgentes
provoca um aumento no numero de procedimentos particulares ou por
convenio e no numero de procedimentos ambulatoriais ou cirurgicos, de
acordo com sua distribuicao porcentual. Essas alteracoes podem ser
conferidas na Tabela 8.
Executando o modelo de programacao linear inteira em condicoes de
otimalidade, obtiveram-se os resultados exibidos nas tabelas 9 e 10.
Cenario B
Nas condicoes propostas para o cenario B, tem-se um aumento do
atendimento via convenios em 30%, o que implica, tambem, alteracoes nas
demais distribuicoes (Tabela 11).
Executando o modelo de programacao linear inteira em condicoes de
otimalidade, para este cenario B, obtiveram-se os resultados exibidos
nas tabelas 12 e 13.
Cenario C
Diferentemente dos cenarios A e B anteriores, nos quais o modelo
trabalha unicamente com igualdade na definicao das restricoes de
procedimentos para que realize a distribuicao de um numero exato de
procedimentos, conforme a demanda calculada projetada, nas condicoes
propostas para o Cenario C parte-se da condicao de igualdade na busca
pela alocacao otima do CC.
Isso significa identificar a utilizacao maxima das 15 salas
cirurgicas e ambulatoriais, no periodo das 12 horas diarias de
atividade, contabilizando 720 minutos por sala e 10.800 minutos totais
diarios, respeitadas as ocorrencias minimas de cada especialidade e de
qualificadores dos procedimentos.
O objetivo desta experimentacao e identificar o limite atual para
atendimento cirurgico diario do CC, dentro das condicoes de
infraestrutura atual oferecidas, com 12 salas cirurgicas e 3
ambulatoriais.
Os resultados deste experimento de programacao linear em condicoes
de 5% de aproximacao inteira constam nas tabelas 14 e 15.
5. DISCUSSAO
Com a analise comparativa das informacoes oferecidas por este
estudo, observa-se, em um primeiro momento, que os resultados tanto da
analise estatistica (Tabela 6), de 57,60%, como da modelagem do cenario
real (Tabela 4), de 56,41%, exibem uma ocupacao media deficitaria do CC,
sugerindo que o hospital comportaria o atendimento da demanda aumentada
nos dois cenarios A e B projetados.
Uma observacao interessante, que diz respeito aos porcentuais
totais de utilizacao do CC, relaciona-se com a economia de escala que se
apresenta apenas na modelagem do cenario B, a qual exibe uma taxa de
ocupacao total superior a 70%. Isso sugere que, no cenario atual, e
mesmo com aumento de demanda cirurgica emergencial em 50%, os custos do
hospital com relacao ao CC ainda nao atingiram um ponto de equilibrio
favoravel. Entretanto, essa capacidade produtiva nao aproveitada pode,
com o replanejamento dos recursos ou processos, possibilitar um ganho
potencial significativo.
Evidentemente, o cenario C, que exibe uma alocacao forcada,
apresenta porcentual maximo de 96,26% de utilizacao (Tabela 14), o que
indica que a infraestrutura do CC do HPT apresenta, ainda, margem para
atendimento da demanda crescente.
No cenario real, as salas do CC apresentam medias de alocacao
dispares (Tabela 16), o que orienta para a necessidade de uma revisao
dos criterios de planejamento da distribuicao das salas, que incluiria a
analise tanto dos indicadores de tempo reservado e real utilizado pelas
equipes cirurgicas, como de inicio previsto e inicio real dos
procedimentos, de forma a identificar o tempo intervalar ocioso entre as
cirurgias. Este tempo nao utilizado impacta significativamente no
porcentual de eficiencia na utilizacao do CC, pois se torna tecnicamente
indisponivel para alocacao pelo sistema de agendamento de cirurgias.
Embora o modelo tenha se apresentado significativamente aderente ao
cenario real em 97,93% com relacao a eficiencia na alocacao, em 100% no
numero de procedimento alocados e em 97,92% no que diz respeito ao tempo
alocado, mostrando-se plenamente capaz de simular cenarios futuros
diversos, aproximacoes maiores podem ser possiveis mediante o
refinamento dos tempos de intervalo para limpeza, definidos conforme o
procedimento, em vez do tempopadrao de 15 minutos.
6. CONSIDERACOES FINAIS
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa aplicada cuja
finalidade concentrou-se no uso da programacao linear para
desenvolvimento de um modelo computacional que possibilitasse a
identificacao do dimensionamento e alocacao otimas do Centro Cirurgico
da organizacao hospitalar HPT.
A metodologia empregada partiu de uma pesquisa-diagnostico na qual
foi identificado o contexto a ser estudado, por meio do levantamento de
informacoes gerais sobre a organizacao e, particularmente, sobre a
dinamica do CC e sua problematica. Isso incluiu a identificacao das
caracteristicas de sua infraestrutura, de sua utilizacao e dos objetivos
a serem perseguidos, a partir do que formulou-se o problema a ser
resolvido e o modelo conceitual, para experimento dos cenarios atual e
de aumento de demanda prevista pela organizacao com a abertura de um
novo setor de Emergencia. As etapas metodologicas seguiram a definicao e
planejamento da investigacao no contexto especifico do CC; a coleta e
analise dos dados sobre os procedimentos cirurgicos realizados; a
modelagem, validacao do cenario atual e experimento de cenarios futuros
de demanda aumentada de utilizacao do CC, finalizando com a discussao
dos resultados destas simulacoes.
A discussao revelou que o uso da modelagem computacional e o
experimento de cenarios sao comprovadamente ferramentas importantes para
a analise da capacidade produtiva e a tomada de decisao em Centros
Cirurgicos, especialmente em razao do grande numero de variaveis
envolvidas nesses processos. O diferencial da modelagem e a
possibilidade que ela oferece de solucao de problemas de alto grau de
complexidade, que resultam na inflacao da quantidade de variaveis
fisicas a manipular e controlar, e que, por isso, inviabilizam sua
prototipacao atraves da experimentacao real. Adicionalmente, a modelagem
computacional e interessante como ferramenta de gestao organizacional
porque busca superar a incerteza na evolucao do problema sob analise e
sobre as variaveis deste problema.
Esta pesquisa, por sua vez, procurou analisar os resultados de uma
aplicacao bastante corrente na industria e que trata da modelagem sob a
otica da analise da capacidade operacional, mas, neste caso, de um
Centro Cirurgico Hospitalar. A motivacao envolveu a extrema importancia
e o alto custo do setor e, portanto, sua necessidade premente nao apenas
de eficacia, mas tambem de eficiencia, para que possa atender o maior
numero de pacientes.
O modelo computacional desenvolvido comprovou nao apenas sua
competencia para simular a realidade simplificada de alocacao de um
Centro Cirurgico de um hospital de grande porte de Porto Alegre, como
tambem sua capacidade para projetar cenarios de alocacao diferenciada de
demanda cirurgica, contribuindo como ferramenta de apoio a decisao no
que diz respeito a infraestrutura do Centro Cirurgico e, potencialmente,
aos processos envolvidos na alocacao dos ambientes disponibilizados por
ele.
Adicionalmente, o diferencial deste trabalho, em relacao aos demais
aqui referidos e que buscam analisar a capacidade operacional de centros
cirurgicos, e ele modelar a alocacao a partir de caracteristicas
presentes em determinadas salas. Habitualmente, esses estudos utilizam
indices operacionais do centro cirurgico, como taxa de ocupacao, indice
de sobrecarga, indice de otimizacao e outros indicadores calculados de
forma agregada a partir da soma dos tempos de todas as salas do centro
cirurgico. Isso certamente distorce os resultados para analise, uma vez
que, na pratica, alguns procedimentos cirurgicos exigem determinada
infraestrutura nao disponivel em todas as salas do bloco, tornando
aquelas que dispoem desses equipamentos especificos recursos raros
dentro de um conjunto de recursos escassos. Considerar, portanto, essa
particularidade no planejamento da capacidade de alocacao do centro
cirurgico, aspecto contemplado neste estudo, torna-se um atributo
importante da ferramenta que visa contribuir para a melhoria do
gerenciamento da capacidade alocacional.
Motivada por esta pesquisa, a busca de estudos sobre o tema sugere
que a modelagem matematica como instrumento de apoio a decisao vem sendo
utilizada ha bastante tempo em instituicoes hospitalares de outros
paises, especialmente a simulacao computacional para o setor de
emergencia, a qual pode oferecer uma visao mais analitica sobre os
processos de atendimento nesse ambiente. Entretanto, comparativamente a
outros paises como Estados Unidos e Alemanha, a analise do referencial
teorico indica que uma intensificacao de estudos brasileiros sobre a
aplicacao da pesquisa operacional em ambientes hospitalares ainda e
necessaria.
Sugere-se, assim, para pesquisas futuras, a modelagem dos processos
envolvidos na operacionalizacao das salas, com o levantamento dos tempos
intermediarios de todas as atividades envolvidas em cada procedimento
realizado no CC, a fim de que se investigue se existem possibilidades de
melhoria na duracao dos mesmos, para agilizar a alocacao do CC como um
todo.
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DOI: 10.5700/578
Recebido em: 26/04/2013
Aprovado em: 1/7/2015
Mery Blanck
Doutoranda em Engenharia de Producao pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul--Porto Alegre-RS, Brasil
Mestre em Administracao pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul
Pesquisadora do GESID--Grupo de Estudos em Sistemas de Informacao e
de Apoio a Decisao
E-mail:
[email protected]
Denise Lindstrom Bandeira
Doutora em Administracao pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul--Porto Alegre-RS, Brasil
Mestre em Administracao pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul
Professora da Escola de Administracao da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul
Pesquisadora do GESID--Grupo de Estudos em Sistemas de Informacao e
de Apoio a Decisao
E-mail:
[email protected]
Tabela 2--Ocorrencia das especialidades (%)
Codigo Descricao do Procedimento Ocorrencia
em %
43000000 Cirurgia do Aparelho Digestivo 13,71
e Orgaos Anexos
54000000 Cirurgia Plastica e 12,93
Reconstrutora
52000000 Ortopedia e Traumatologia 10,01
99999900 Cirurgia Plastica Estetica 9,03
56000000 Urologia 8,18 77,30
39000000 Angiologia--Cirurgia 7,36
Vascular e Linfatica
45000000 Ginecologia e Obstetricia 5,72
49000000 Neurocirurgia 3,65
50000000 Oftalmologia 3,62
51000000 Otorrinolaringologia 3,09
111111111 Demais 22,70
Totais 100,00
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 3--Medias de duracao dos procedimentos
Codigo Descricao do Procedimento
43000000 Cirurgia do Aparelho Digestivo e Orgaos Anexos
54000000 Cirurgia Plastica e Reconstrutora
52000000 Ortopedia e Traumatologia
99999900 Cirurgia Plastica Estetica
56000000 Urologia
39000000 Angiologia--Cirurgia Vascular e Linfatica
45000000 Ginecologia e Obstetricia
49000000 Neurocirurgia
50000000 Oftalmologia
51000000 Otorrinolaringologia
11111111 Demais
Duracao Media em
Minutos--n.c. 95%
Codigo Proc. Proc.
Cirurgicos Ambulatoriais
43000000 128,30 38,21
54000000 135,10 34,79
52000000 128,82 29,76
99999900 164,75 35,57
56000000 99,97 31,44
39000000 105,00 40,36
45000000 107,20 65,25
49000000 95,44 -
50000000 44,50 30,04
51000000 105,19 28,66
11111111 105,23 34,70
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 4--Cenario Atual Simulado: Ocorrencias dos procedimentos
por qualificacao (%)
Medias Diarias Eficiencia
Salas Numero de Tempo de % ocupacao
Procedimentos Ocupacao em
minutos
Cirurgicas 44 5.770,00 66,78
Ambulatoriais 9 321,92 14,90
Totais 53 6.091,92 56,41
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 5--Cenario Atual Simulado: Medias diarias analiticas de
utilizacao do CC
Medias Diarias
Salas Numero de Tempo de
Procedimentos Ocupacao
em minutos
6A 4 486,60
6B 3 431,46
6C 4 539,25
6D 3 683,70
8A 4 469,94
8B 2 287,64
8C 5 110,44
8D 6 429,90
7A 3 716,12
7B 3 429,90
7C 3 479,95
7D 4 705,10
7X 3 109,76
7Y 4 139,16
7Z 2 73,00
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 6--Cenario Atual: Medias diarias consolidadas de
utilizacao do CC
Medias Diarias Eficiencia
Salas Numero de Tempo de % Ocupacao
Procedimentos Ocupacao
em minutos
Cirurgicas 44 5.885,93 68,12
Ambulatoriais 9 333,94 15,40
Totais 53 6.220,87 57,60
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 7--Cenario Atual: Medias diarias analiticas
de utilizacao do CC
Medias Diarias
Salas Numero de Tempo de Ocupacao
Procedimentos em minutos
6A 4,02 424,80
6B 3,41 400,77
6C 3,68 394,27
6D 2,84 357,57
8A 3,82 527,32
8B 3,83 506,17
8C 3,97 505,52
8D 2,70 314,90
7A 3,98 460,63
7B 3,89 445,33
7C 3,83 466,95
7D 4,89 421,68
7X 4,64 166,01
7Y 2,98 100,54
7Z 1,93 67,39
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 8--Cenario A: Porcentuais de ocorrencia
dos procedimentos por qualificacao
% Carater % Forma
Descricao do Procedimento Eletiva Urgente Partic. Conv.
Cirurgia do Aparelho 94,53 5,47 5,65 94,35
Digestivo e Orgaos Anexos
Cirurgia Plastica e 98,93 1,07 8,28 91,72
Reconstrutora
Ortopedia e Traumatologia 95,14 4,86 4,94 95,06
Cirurgia Plastica 99,81 0,19 98,56 1,44
Estetica
Urologia 96,96 3,04 9,34 90,66
Angiologia--Cirurgia 92,98 7,02 1,61 98,39
Vascular e Linfatica
Ginecologia e Obstetricia 98,64 1,36 2,41 97,59
Neurocirurgia 96,24 3,76 2,11 97,89
Oftalmologia 100,00 - - 100,00
Otorrinolaringologia 100,00 - 8,96 91,04
Demais 95,15 4,85 11,69 88,31
Totais 96,51 3,49 15,18 84,82
% Local
Descricao do Procedimento Amb. CC
Cirurgia do Aparelho 5,22 94,78
Digestivo e Orgaos Anexos
Cirurgia Plastica e 72,34 27,66
Reconstrutora
Ortopedia e Traumatologia 1,11 98,89
Cirurgia Plastica 1,34 98,66
Estetica
Urologia 6,51 93,49
Angiologia--Cirurgia 31,76 68,24
Vascular e Linfatica
Ginecologia e Obstetricia 0,60 99,40
Neurocirurgia - 100,00
Oftalmologia 1,20 98,80
Otorrinolaringologia 0,84 99,16
Demais 18,9 81,10
Totais 17,56 82,44
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 9--Cenario A: Medias diarias consolidadas de
utilizacao do CC
Medias Diarias Eficiencia
Salas Numero de Tempo de % Ocupacao
Procedimentos Ocupacao em
minutos
Cirurgicas 46 6.034,05 69,84
Ambulatoriais 10 362,28 16,77
Totais 56 6.396,33 59,23
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 10--Cenario A: Medias diarias analiticas
de utilizacao do CC
Medias Diarias
Salas Numero de Tempo de
Procedimentos Ocupacao
em minutos
6A 5 670,36
6B 3 431,46
6C 3 444,02
6D 2 230,67
8A 4 573,20
8B 4 719,00
8C 4 486,79
8D 5 570,32
7A 5 601,15
7B 3 467.39
7C 3 360,69
7D 5 479,00
7X 4 150,30
7Y 3 104,37
7Z 3 107,61
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 11--Cenario B: Porcentuais de ocorrencia dos
procedimentos por qualificacao
fs
Descricao do Procedimento % Carater
Eletiva Urgente
Cirurgia do Aparelho Digestivo 94,45 3,55
e Orgaos Anexos
Cirurg. Plastica e Reconstrutora 99,32 0,68
Ortopedia e Traumatologia 96,90 3,10
Cirurgia Plastica Estetica 99,90 0,10
Urologia 98,08 1,92
Angiologia--Cirurgia Vascular 95,45 4,55
e Linfatica
Ginecologia e Obstetricia 99,18 0,82
Neurocirurgia 97,43 2,57
Oftalmologia 100,00 -
Otorrinolaringologia 100,00 -
Demais 96,86 3,14
Totais 97,72 2,28
Descricao do Procedimento % Forma
Partic. Conv.
Cirurgia do Aparelho Digestivo 4,44 95,56
e Orgaos Anexos
Cirurg. Plastica e Reconstrutora 6,46 93,54
Ortopedia e Traumatologia 3,84 96,16
Cirurgia Plastica Estetica 98,09 1,91
Urologia 7,33 92,67
Angiologia--Cirurgia Vascular 1,18 98,82
e Linfatica
Ginecologia e Obstetricia 1,88 98,12
Neurocirurgia 1,65 98,35
Oftalmologia - 100,00
Otorrinolaringologia 7,03 92,97
Demais 9,24 90,76
Totais 12,17 87,83
Descricao do Procedimento % Local
Amb. CC
Cirurgia do Aparelho Digestivo 4,93 95,07
e Orgaos Anexos
Cirurg. Plastica e Reconstrutora 69,00 31,00
Ortopedia e Traumatologia 1,08 98,92
Cirurgia Plastica Estetica 1,34 98,66
Urologia 6,17 93,83
Angiologia--Cirurgia Vascular 30,00 70,00
e Linfatica
Ginecologia e Obstetricia 0,59 99,41
Neurocirurgia - 100,00
Oftalmologia 1,11 98,89
Otorrinolaringologia 0,88 99,12
Demais 18,09 81,91
Totais 14,00 86,00
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 12--Cenario B: Medias diarias consolidadas de utilizacao do CC
Medias Diarias Eficiencia
Numero de Tempo de Ocupacao
Salas Procedimentos em minutos % Ocupacao
Cirurgicas 58 7.502,33 86,83
Ambulatoriais 12 422,85 19,58
Totais 70 7.925,18 73,38
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 13--Cenario B: Medias diarias analiticas de utilizacao do CC
Medias Diarias
Numero de Tempo de Ocupacao
Salas Procedimentos em minutos
6A 6 716,12
6B 3 443,80
6C 4 573,72
6D 5 714,31
8A 4 503,99
8B 4 719,00
8C 5 632,10
8D 6 676,23
7A 5 595,89
7B 5 695,47
7C 4 573,20
7D 7 658,50
7X 3 104,10
7Y 3 249,10
7Z 2 69,65
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 14--Cenario C: Medias diarias consolidadas de utilizacao do CC
Medias Diarias Eficiencia
Numero de Tempo de Ocupacao
Salas Procedimentos em minutos % Ocupacao
Cirurgicas 65 8.252,99 95,52
Ambulatoriais 62 2.143,23 99,22
Totais 127 10.396,22 96,26
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 15--Cenario C: Medias diarias analiticas de utilizacao do CC
Medias Diarias
Numero de Tempo de Ocupacao
Salas Procedimentos em minutos
6A 5 719,92
6B 6 720,00
6C 5 695,40
6D 5 719,10
8A 6 720,00
8B 4 689,35
8C 5 646,60
8D 5 618,96
7A 6 706,33
7B 6 716,12
7C 5 627,70
7D 7 673,51
7X 20 711,17
7Y 22 719,33
7Z 20 712,73
Fonte: Elaborada pelas Autoras.
Tabela 16--Comparativo de ocupacao porcentual entre cenarios
Medias % Diarias de Ocupacao
Cenario Cenario Real Cenario A
Salas Real Modelado Modelado
6A 59,00 67,58 93,11
6B 55,66 59,93 59,93
6C 54,76 74,90 61,57
6D 49,66 94,96 32,04
8A 73,24 65,27 79,61
8B 70,30 39,95 99,86
8C 70,21 15,34 67,61
8D 43,74 59,71 79,21
7A 63,98 99,46 83,49
7B 61,85 59,71 64,92
7C 64,85 66,66 50,10
7D 58,57 97,93 66,53
7X 23,06 15,24 20,88
7Y 13,96 19,33 14,50
7Z 9,36 10,14 14,95
Medias % Diarias de Ocupacao
Cenario B Cenario C
Salas Modelado Modelado
6A 99,46 99,99
6B 61,64 100,00
6C 79,68 96,58
6D 99,21 99,88
8A 70,00 100,00
8B 99,86 95,74
8C 87,79 89,81
8D 93,92 85,97
7A 82,76 98,10
7B 96,59 99,46
7C 79,61 87,18
7D 91,46 93,54
7X 14,46 98,77
7Y 34,60 99,91
7Z 9,67 98,99
Fonte: Elaborada pelas Autoras.