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文章基本信息

  • 标题:Time returns/O tempo retorna.
  • 作者:de Freitas, Fernanda Lopes
  • 期刊名称:Revista Famecos - Midia, Cultura e Tecnologia
  • 印刷版ISSN:1415-0549
  • 出版年度:2013
  • 期号:September
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Editora da PUCRS

Time returns/O tempo retorna.


de Freitas, Fernanda Lopes


MAFFESOLI, Michel. O tempo retorna: formas elementares da pos-modernidade. Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 2012.

[ILLUSTRATION OMITTED]

O tempo retorna: formas elementares da pos-modernidade e o livro lancado, mais recentemente, pelo filosofo Michel Maffesoli, pela Editora Forense. A obra propoe revisar e lancar comportamentos e caracteristicas cotidianas, as quais nos encaminham a sociedade pos-moderna. Ela divide-se em oito partes: O Envolvimentismo Pos-Moderno; A Altura do Cotidiano; Climatologia; O Desapossamento Tribal; Invaginacao do Sentido; O Instinto Nomade; Arcaismos e Tecnologia; Imaginario. Imaginal. O autor, assim, discorre atraves de paralelos e paradoxos sobre a sua hipotese de que a crise financeira nao passa de uma forma de saturacao individual.

Percebemos em nossa sociedade que as mudancas comportamentais, culturais, e, consequentemente, comunicacionais permeiam nosso cotidiano de maneira quase irreversivel. Do mesmo modo que temos a nitida impressao de que somos sujeitos portadores de individualidades triunfantes, temos a necessidade vital de estarmos inseridos em comunidades, em tribos, para nos sentirmos identificados com os outros, como lembra-nos Maffesoli.

A volta ao sentido fraternal presente nas comunidades parece emergir a partir da saturacao do culto ao individuo. Assim, ao longo do texto, parece-nos quase natural o caminho que o autor percorre para aclarar as questoes da pos-modernidade, principalmente quando o mesmo traca paralelos entre tempos passados e as situacoes atuais, como bem denomina o livro--o tempo retorna.

No primeiro capitulo, O Envolvimentismo Pos-Moderno (grifo do autor), Maffesoli retrata o envolvimento que na pos-modernidade envolve os sujeitos, mesmo que, para isso, haja um conformismo de pensamento. Nao e de hoje que encontramos astros ou personalidades que, ainda que durante seus quinze minutos de fama, surgem como salvadores da patria e criam regras de como agir. O autor nos lembra que desde sempre passamos por este tipo de situacao, estimulando o conformismo de pensamento em nossa sociedade. E ainda aclara que "A economia, os movimentos sociais, o imaginario e ate mesmo a politica sofrem contragolpes de uma onda de mare cuja amplitude ainda nao se consegue medir" (2012, p. 2), sendo este o mito do progresso que tanto nos obsedia.

Para este progresso, Maffesoli evidencia-nos que e necessaria a mutacao atraves da transmutacao, ou seja, o ingresso so e possivel a partir da regressao. Precisamos, na pos-modernidade, pensar em espiral com coragem e lucidez.

Em A Altura do Quotidiano, o filosofo discorre sobre acontecimentos historicos, ancorado nas ideias de outros pensadores como Durkhein, Galileu e Vico, a fim de mostrar-nos a socialidade pos-moderna, sendo que sua primeira caracteristica e o ressurgimento da vida cotidiana. Assim, a revolucao e necessaria, no sentido de voltar a origem. Sobre este retorno, podemos compreender que tem a ver com o que o autor evidencia-nos atraves da resiliencia, bem como da necessidade de voltar a matriz.

Para Maffesoli, este retorno a matriz leva-nos ao espirito fraternal, a lei dos irmaos, como o mesmo denomina, sendo a partilha cotidiana o elemento central desta vinculacao pos-moderna. Mais uma vez, a ideia que nos e remontada e a de que a crise economica estimula esta solidariedade, encaminhando-nos, entao, ao comunitario, ao tribal.

No capitulo intitulado de Climatologia, reforca o paralelo entre os fenomenos e componentes climaticos, com os sujeitos e seus comportamentos. O autor salienta-nos que: "A climatologia nos lembra que existe o 'mais que um' no ar, mais que o individuo. Este se inscreve em um interser. E determinado por um codigo inter-relacional" (2012, p. 41). Esta relacao se da em todo este capitulo, convergindo em um pacto emocional: onde ha partilha das emocoes comuns entre os sujeitos, ha uma epidemia emocional, sendo as redes sociais o testemunho desta tendencia. O filosofo (2012, p. 41) encerra esta ideia quando explica que: "As vibracoes estao no ar dos tempos [...] vivemos numa verdadeira mudanca climatica e com certeza, temos uma cara de atmosfera".

O Desapossamento Tribal e como o quarto capitulo esta intitulado, sendo ele uma revisao sobre o aspecto tribal, a fragmentacao do sujeito em prol da pluralidade de si mesmo, encaminhando-nos a uma identidade coletiva, pois, a partir dai, as tribos estabelecem seus elos entre os individuos. Para o autor, na pos-modernidade, a pessoa e plural a partir de um tribalismo emocional. Maffesoli esclarece que: "O mosaico societal seria, desde entao, o ajuste dessas pequenas comunidades forjadas, pelas solidariedades do cotidiano, os usos e costumes da tribo, e os rituais especificos que tudo isso nao deixa de estimular" (2012, p. 54). Mais uma vez, o que sentimos e o cimento entre as ideias do livro, pois a solidariedade reflete, em seu sentido mais estritamente comunitario--tribal, que precisamos do outro para que possamos existir, para que possamos ter nossa propria identidade.

No capitulo Invaginacao do Sentido, o filosofo nos traz a ideia do regresso, do retorno ao ventre, aos sentidos, ao sensivel, tempo, no qual a forca das coisas e irreprimivel. Devemos pensar no humano, nao somente enquanto cerebro, mas, sobretudo, enquanto corpo--dai a questao da importancia da moda, dos rituais festivos, do corporeismo. Ou seja, estamos em uma era na qual a barroquizacao do individuo e das coisas demarca nossa existencia; temos a importancia do material e do emocional concomitantemente formando o cimento social da tribo.

Em Instinto Nomade, temos uma reflexao sobre a volta do nomadismo, a partir das tribos, sendo esta uma caracteristica essencialmente pos-moderna por ser arcaica em seu regresso. Mais do que nunca, temos a importancia das regioes, do localismo, da comunidade; paradoxalmente, temos a criacao das redes, nao apenas as chamadas redes sociais, como tambem as de saberes, no caso, as universidades, e a circulacao dos bens simbolicos. O autor (2012, p. 74) evidencia-nos que: "A partir de algumas cidades mundo, a difusao do comercio e correlata a difusao da cultura. Nao se deve esquecer a circulacao dos conflitos ou das doencas que pode ser considerada como a parte obscura da troca civilizacional". Este nomadismo nos leva ao sentido de relativismo e ate mesmo de brevidade das acoes, fato este que parece ser uma das principais caracteristicas do instinto pos-moderno.

A pos-modernidade, segundo Maffesoli, e uma uniao ou a relacao entre o arcaico e o tecnologico. Em o Arcaismo e a Tecnologia, o autor discorre sobre este paradoxo que nos leva a progressividade. A partir da tecnologia estamos em um tempo de reencantamento do mundo, atraves das ciberculturas; como esclarece-nos o filosofo, temos a religacao ao sentimento tribal. O mesmo evidencia-nos que: "O tempo fara a triagem. Este e o relativismo induzido pela internet. Os avatares multiplos, as tribos se reagrupando em torno de seus totens, a fragmentacao dos saberes gera o mesmo numero de manifestacoes" (2012, p. 102). Verificamos, desta forma, que, a partir do tribalismo arcaico e do reencantamento do mundo por meio dos aspectos tecnologicos, emerge a sociedade pos-moderna.

Imaginario. Imaginai. e o ultimo aparte do livro, no qual Maffesoli traz como caracteristicas essenciais da pos modernidade o cotidiano e o imaginario. Para o filosofo, o cotidiano e a capacidade de dizer sim a vida, e o solo em que cresce o poder de estar junto que e a sociedade. Quanto ao imaginario, este e o que permite a coesao do conjunto social. A imagem, por sua vez, surge como vetor da estetica. Temos aqui um apelo emocional mais forte; ha um pacto estetico se sobrepondo ao nosso tempo devido as incursoes das tecnologias em nossa vida, sendo o imaginario quase ou, sobretudo, um realismo no qual vivemos.

Desta forma, Maffesoli discorre em seu livro sobre as formas elementares da pos-modernidade, tracando paralelos e paradoxos sobre outras eras e cuja era estamos inseridos, permitindo que possamos compreender que, inegavelmente, o tempo retorna.

Endereco da autora:

Fernanda Lopes de Freitas <[email protected]>

Pontificia Universidade Catolica do Rio Grande do Sul (PUCRS)--Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao Social

Av. Ipiranga, 6681--Predio 7--Partenon

CEP 91530-000, Porto Alegre, RS, Brasil

Fernanda Lopes de Freitas

Doutoranda do Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao Social da Pontificia Universidade Catolica do Rio Grande do Sul

(PUCRS).

<[email protected]>
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