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文章基本信息

  • 标题:Possibilities of an interactive broadcast: the case of MGTV/ Possibilidades de um telejornal interativo: o caso do MGTV.
  • 作者:Tellaroli, Tais Marina
  • 期刊名称:Revista Famecos - Midia, Cultura e Tecnologia
  • 印刷版ISSN:1415-0549
  • 出版年度:2015
  • 期号:January
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Editora da PUCRS
  • 摘要:Com o advento da TV digital houve ampla expectativa do mercado, consumidores e radiodifusores da possibilidade de adicionar a TV o recurso da interatividade. Para comecar a desenvolver aplicativos interativos para TV foi necessario reunir pesquisadores brasileiros no desenvolvimento de um middleware (camada de software que permite o desenvolvimento rapido e facil de aplicacoes) capaz de executar aplicacoes interativas, garantindo alguma participacao do telespectador. Para isso, a PUC-Rio e Universidade Federal da Paraiba reuniram esforcos e criaram o Ginga, middleware brasileiro que permite a exploracao da interatividade (Soares, 2008, p. 179-180).
  • 关键词:Broadcasting industry;Interactive television;Middleware;Television broadcasting of news;Television news

Possibilities of an interactive broadcast: the case of MGTV/ Possibilidades de um telejornal interativo: o caso do MGTV.


Tellaroli, Tais Marina


TV digital interativa

Com o advento da TV digital houve ampla expectativa do mercado, consumidores e radiodifusores da possibilidade de adicionar a TV o recurso da interatividade. Para comecar a desenvolver aplicativos interativos para TV foi necessario reunir pesquisadores brasileiros no desenvolvimento de um middleware (camada de software que permite o desenvolvimento rapido e facil de aplicacoes) capaz de executar aplicacoes interativas, garantindo alguma participacao do telespectador. Para isso, a PUC-Rio e Universidade Federal da Paraiba reuniram esforcos e criaram o Ginga, middleware brasileiro que permite a exploracao da interatividade (Soares, 2008, p. 179-180).

Na TV digital Carlos Ferraz (2009) explica que podem existir tres tipos de interatividade: a interatividade local, a simples e a plena.

Interatividade local: e aquela em que nao ha transmissao de dados do emissor para o receptor, as informacoes sao armazenadas no set-top box do receptor e atualizadas pela emissora como, por exemplo, guia de programacao, sinopse de programa.

Interatividade simples: nela ha pouca banda para o envio de resposta do receptor ao emissor, o melhor exemplo desse tipo de troca informacional sao as enquetes, o receptor responde apenas sim ou nao, recebendo alguma resposta da emissora.

Interatividade plena: para que ela ocorra, e preciso que o receptor tenha disponivel um canal de retorno como banda larga, 3G, pois assim tera acesso a um cardapio variado de opcoes, como por exemplo, a escolha de video sob demanda, compra pela TV, educacao a distancia, como se fosse a interatividade comparada a da internet.

Inicialmente, as emissoras de TV mostraram interesse em desenvolver aplicacoes interativas, entretanto, para que essas aplicacoes rodem nos televisores, e preciso que sejam produzidos receptores com o Ginga embarcado ou aparelhos televisores que tambem contenham o middleware. A preocupacao atual mencionada por Soares (2010), em entrevista a autora, e a de que, caso as normas das aplicacoes interativas nao estejam compativeis com os produtos que estao sendo vendidos no mercado, havera problemas na recepcao dos dados.

Luiz Fernando Gomes Soares (2010) explica que o problema e que hoje nao ha concorrencia, pois existe apenas um fabricante do middleware, a TOTVS1, que esta embarcando os aplicativos nos receptores da LG2 e SONY3, mas, assim que houver concorrencia, as empresas iniciarao a disputa pelo consumidor, aquecendo o mercado e fazendo com que a interatividade esteja mais presente no cotidiano das pessoas. As empresas Philips4 e Panasonic5 tambem receberam as implementacoes da TOTVS, apenas a Samsung6 investiu no desenvolvimento do proprio middleware.

Roberto Franco (2011) apontou como esta a implantacao do middleware Ginga no ano de 2011:

"Ele ja esta implantado e existem fabricantes de televisores que possuem a linha completa de produtos com o Ginga. Agora, se ele vai massificar em 2011 ... Ainda e muito cedo para falar porque a maior parte das vendas de televisores acontece no segundo semestre. Exceto em anos de Copa. Todas as emissoras de televisao tem aplicativos. O SBT, por exemplo, tem um aplicativo 24 horas por dia. A TV Globo e a TV Bandeirantes tem aplicativos. Existem produtos de interatividade na televisao. A gente espera que cresca significativamente o numero de produtos com o Ginga da mesma forma que a gente espera que os radiodifusores invistam cada vez mais em produtos utilizando a interatividade. E isso faz com que aumente o interesse da populacao pelo produto interativo." (Franco, 2011, p. 8)

Segundo Colen (2011, p. 1) "o futuro da interatividade ainda e incerto, contudo algumas emissoras investem para oferecer o novo recurso, mesmo sem terem uma previsao de retorno". O uso do Ginga esta sendo desafiador para as emissoras e para a industria de software, bem como para a industria de aparelhos de TV. O middleware Ginga desenvolvido no Brasil e reconhecido internacionalmente pela Uniao Internacional de Telecomunicacoes--UIT. Ele depende de acoes politicas, iniciativa das industrias e exploracao pelas emissoras de TV para se disseminar e ter a oportunidade de transformar a comunicacao televisiva brasileira.

A empresa HXD Interactive Television

Quando comecaram as pesquisas sobre TV Digital interativa no Brasil, a empresa HIRIX Engenharia de Software, especialista em desenvolvimento de projetos de software, evoluiu ao investir em pesquisa e desenvolvimento surgindo, assim, a HXD Interactive Television. A HXD e uma empresa nacional que tem como objetivo o desenvolvimento de aplicativos interativos para televisao e multiplataformas tecnologicas. Em 2007, a empresa desenvolveu seu primeiro aplicativo interativo, utilizando Ginga, chamado Habita TV, criado para a Caixa Economica Federal, em parceria com a Agencia Nova S/B, o aplicativo foi premiado no Congresso Internacional de Automacao Bancaria. Salustiano Fagundes (2011), CEO da HXD Interactive Television e membro do Conselho Deliberativo do Forum do Sistema Brasileiro de Televisao Terrestre explica que a empresa vislumbrou trabalhar com a oportunidade que existia para o setor de software com adocao do SBTVD.

"Nos vislumbramos uma possibilidade de desenvolver aplicativos para uso de diversos segmentos: governo, educacao, comercio t-comerce, transacoes bancarias, entao a empresa foi criada no inicio pensando nesse mercado especifico trazido pelo SBTVD." (Fagundes, 2011)

A HXD desenvolveu varios projetos com a plataforma Ginga, em 2010, foi criado o primeiro aplicativo para um telejornal brasileiro, o MGTV de Uberlandia, Minas Gerais7. Este projeto teve grande repercussao no setor, tendo sido apresentado no Congresso Brasileiro de Engenharia de Televisao--SET em 2010, no ano seguinte, em 23 de agosto de 2011, concorreu a um premio, no Congresso da SET, na categoria "Melhor projeto em interatividade", tendo sido o vencedor. O projeto desenvolvido pela HXD para a Rede Integracao sera apresentado a seguir, juntamente com a historia da emissora que se intitula pioneira em investimentos em tecnologia no interior do Brasil.

O pioneirismo da Rede Integracao: a interatividade no MGTV

A Rede Integracao e uma emissora afiliada a Rede Globo criada em 1964, em Uberlandia, Minas Gerais. O libanes Adib Chueiri idealizou levar a primeira emissora de televisao para o interior do Estado de Minas Gerais, nesta epoca sob o nome TV Triangulo. Patricia Amaral (2008, p. 57), que pesquisou a historia da emissora, explica que a TV abrange as regioes do Triangulo Mineiro, Pontal, Alto Paranaiba e Centro-Oeste das Minas Gerais. A Rede Integracao possui atualmente cinco programas jornalisticos diarios (Bom Dia Minas, MG Noticias, MGTV 1a edicao, Globo Esporte e MGTV 2a edicao) e tres programas semanais (Terra de Minas, Bem Viver e MG Rural). Todo esse conteudo e gerado para 34 municipios, atingindo um total de um milhao e 100 mil habitantes.

Segundo o diretor de jornalismo da Rede Integracao, Paulo Eduardo Monteiro Vieira (2012), em 2007, quando o Brasil se preparava para adotar o SBTVD, a equipe da Rede Integracao ja se envolvia nas discussoes para ser novamente pioneira na adocao do sistema digital, pois a empresa tem como cultura organizacional ser pioneira em tudo que envolva a televisao. Vieira ressalta que a emissora,

"tenta sempre preservar isso, de ser a primeira TV em cores do interior de Minas, a primeira TV afiliada a Globo, a primeira TV a ter um portal filiado com o da Globo.com, entao tudo isso pra gente e motivo de trabalho, por que? Porque a gente sabe que isso tem um peso na imagem que a comunidade tem da gente, inclusive de credibilidade." (Vieira, 2012)

Diante da vontade de estar na frente das outras emissoras do interior e ser a primeira a transmitir o sinal digital, no dia 16 de marco de 2009, a Rede Integracao trocou seu sinal, conseguiu furar a fila das capitais que ganhariam primeiro a concessao, sendo a decima segunda cidade do pais a ter o sinal digital, "a gente apostou muito nisso e sabia que isso era importante nao como obrigacao, mas como uma forma de renovar o negocio" (Vieira, 2012).

A Rede Integracao e uma emissora que encara as inovacoes tecnologicas com otimismo e o custo aplicado em tecnologia como forma de oferecer algo melhor ao publico, mas essa visao e uma caracteristica do dono do negocio que enfrenta os altos valores dos equipamentos e nao se intimida com grandes investimentos. Vieira (2012) destaca que o preco de um transmissor e alto e custa, por exemplo, o mesmo preco para uma emissora pequena como a de Uberlandia, que tem 600 mil habitantes, e para a de uma emissora localizada em Sao Paulo. Outro exemplo e a venda de espaco publicitario que tambem e diferente entre as duas cidades, sendo que a do interior possui um lucro muito menor. Essa diferenciacao no lucro demonstra como o negocio da televisao no interior pode ser mais arriscado e dispendioso quando comparado ao investimento e o lucro de uma emissora localizada em uma cidade grande.

Apesar dessa desvantagem, a emissora se sentiu obrigada a "marcar o territorio" e investir em tecnologia devido a concorrencia com TV a cabo, parabolica, entre outros. Apos a emissora apostar na nova tecnologia, foi a vez de comunicar os telespectadores que agora o sinal era de alta definicao. Com uma mudanca como esta, com a alteracao da TV analogica para digital, fez-se necessario fazer uma campanha publicitaria para esclarecer ao publico o que e essa nova tecnologia, seus beneficios, entre outros. Vieira (2012) explica que, mesmo transmitindo as campanhas de TV digital do Governo Federal e da Abert (Associacao Brasileira de Emissoras de Radio e Televisao), a emissora investiu pesado em divulgacao.

"Fizemos uma campanha nossa, ensinando, fizemos trabalhos com lojistas, treinamos os lojistas para saberem explicar ao publico o que era TV digital, criamos cartilha, criamos um site com orientacao, inclusive fizemos treinamento para os antenistas, o pessoal que instalava antena na cidade, as lojas de eletronico, nos oferecemos um curso para eles verem a importancia que e a TV com a antena para recepcao ideal.

Com a vontade de se destacar como uma emissora pioneira, a Rede Integracao, com apoio do dono da TV, esforca-se para estar a frente mesmo que para isso seja necessario o dispendio de tempo e dinheiro, pois a justificativa e que uma hora ou outra o investimento seria feito, e por que nao estar na frente das concorrentes? Apesar de todo trabalho, Vieira (2012) afirma que, no dia em que o sinal digital foi colocado no ar, apenas duas pessoas assistiram a TV digital, mas para a emissora, o importante e imprimir na regiao a marca de inovadora e pioneira e mostrar para as novas geracoes que estao acostumadas com a Internet e com as novidades tecnologicas que o importante e se atualizar e reforcar que a TV pode oferecer algo a mais. "A gente tem muito mais limitacao para ter novidade do que a internet, que tem multiplas janelas. A gente tem uma janela so".

Quando a interatividade foi publicada no Decreto 5.820, de 29 de junho de 2006, houve muita excitacao e curiosidade da academia e do mercado para saber como seria a TV interativa, a Rede Integracao que estava a frente das inovacoes tecnologicas se interessou pela novidade.

Paulo Vieira (2012) relata que o dono da emissora deu a ordem: "vamos colocar a interatividade logo", mas antes precisaram encontrar uma empresa que desenvolvesse a aplicacao interativa. Contrataram a HXD Interactive Television e no dia 31 de agosto de 2010, a cidade de Uberlandia e o Brasil receberam pela primeira vez um telejornal interativo nos aparelhos de TV. Foram tres dias de interatividade na TV aberta, entretanto o aplicativo foi tirado do ar a pedido da Rede Globo nacional por entender que este deveria seguir o padrao Globo de qualidade.

Para desenvolverem o conteudo interativo a ser oferecido ao telespectador, a emissora tentou responder a seguinte pergunta: "o que vai levar as pessoas a usarem a interatividade?" Este foi o ponto de partida aliado a experiencia dos jornalistas com o jornalismo diario. A equipe pensou em oferecer o maximo de informacoes que abrangessem mais cidades durante os 45 minutos de jornal. Vieira (2012) explica que uma das ideias e oferecer a previsao do tempo para mais cidades, ofertas de emprego e provocar a populacao a fazer o feedback com a emissora, dar dinamismo e praticidade no fluxo informativo, assim como e o radio.

"Entao o que a gente comecou a fazer? Provocar isso. E nos pensamos: vamos levar isso para a interatividade tambem. Por que? Mais pratico ainda, do que eu estou vendo televisao, levantar do meu sofa e pegar outro aparelho para ligar, ai eu vou ali na tela mesmo, no mesmo display eu vou mandar uma mensagem de texto "queria saber sobre isso " teclando uma mensagem de texto, pensamos nisso tambem, tudo isso foi desenvolvido, esta no nosso projeto inicial."

O problema dessa troca informational e a nao existencia concreta de canal de retorno, pois atualmente o feedback teria que ser feito pela internet ou pelo telefone e nao pela televisao. Segundo Paulo Feres (2012), o broadcast nao tem canal de retorno e o maior desafio e entender, repensar e experimentar novos modelos de negocios para que o telespectador consiga responder a uma pergunta da enquete pela TV e a emissora consiga monetizar de alguma forma o investimento e uso desta nova plataforma. Os televisores que tem interface de rede e podem ser conectados a internet poderao agilizar esse contato do telespectador com a emissora via rede, entretanto o Diretor de Engenharia Paulo Feres (2012) explica que muitas pessoas nao vao conseguir entender a questao tecnica de conectar o televisor para interagir com a TV pela internet.

Como a Rede Integracao esta vislumbrando o negocio voltado a interatividade, a emissora nao descarta a possibilidade de investir em funcionarios para configurar e deixar o televisor da populacao apto a executar a interatividade ou entao alguma empresa podera prestar esse servico. Para votar em uma enquete, por exemplo, o telespectador so podera faze-lo se estiver conectado, entrar no site da emissora ou votar pelo telefone. Os votos que vao sendo computados aparecerao na tela como se a troca informacional fosse imediata. Sobre essa alimentacao, Guido Lemos (2012), um dos responsaveis por criar o Ginga e prestar consultoria para a Rede Integracao, explicou que

"a rede deles (Rede Integracao) e a rede que vai em um sentido: TV, residencia. A rede que vem residencia, TV, sao outras redes, sao as redes de internet banda larga, telefone. Entao voce ligou a sua TV numa rede dessas, isso chega em um servidor aqui que computa as estatisticas e usa a rede dele de novo para mandar pra voce, os resultados, as estatisticas. Esse e o modelo basico, um tratamento mais individualizado. Pela rede de TV de uma cidade grande e um negocio que nao da porque e muita gente, talvez em uma cidadezinha pequena, voce possa ter um aplicativo que de um tratamento mais pessoal."

Como inserir informacoes interativas na TV?

Quando a Rede Integracao colocou a interatividade no ar, por tres dias, o responsavel por alimentar as informacoes na TV foi o Diretor de Jornalismo Paulo Eduardo Vieira. Vieira (2012) conta que inicialmente comecariam desta forma, ele mesmo fazendo as insercoes, mas conforme houvesse um volume maior de dados para inserir, seria repassado para outro funcionario executar essa funcao. A emissora que tem tres afiliadas pensa tambem em oferecer tres interatividades diferentes, por isso existe a duvida se apenas uma pessoa sera suficiente para publicar os dados. Durante os dias em que a interatividade funcionou, Vieira conta como foi feito o trabalho de insercao da interatividade:

"Comando por e-mail. Disparado por e-mail (para a equipe da Engenharia colocar no ar os aplicativos).Tinham uns codigos--chave para inserir no programa da interatividade e eu ja colocava a informacao que eu queria e seus codigos identificavam qual era a ferramenta daquela lista toda de servicos e qual que era o dado que era para inserir. Eu disparava isso e a engenharia ja replicava no aplicativo do Ginga."

Para Vieira (2012) usar os comandos que pareciam linguagem de programacao HTML, foi dificil, pois a interface nao e algo comumente usado no jornalismo, ou para outro fim, mas apos um ano de espera para colocar a interatividade novamente no ar, a emissora espera receber uma interface mais amigavel e facil de manusear. "Eu sou jornalista, nao sou operador de sistema. E muito chato voce ficar tendo que lembrar barra pra ca, barra pra la, ou ter que ficar com um monte de coisa arquivada". Apesar do desconforto, ele afirma que e questao de tempo para se acostumar, dominar os comandos e tambem esperar a evolucao do sistema, que e algo que vai acontecer naturalmente.

Conteudo interativo

Quando a Rede Integracao comecou a desenvolver o projeto para ter conteudo interativo, a responsabilidade de definir o que seria importante oferecer ao telespectador ficou a cargo da equipe do jornalismo. Comecaram a surgir ideias para enriquecer o telejornal com mais informacoes para que o telespectador nao precisasse sair de frente da TV para buscar detalhes de noticias ou dados importantes, entre elas, colocar uma barra de rolagem no pe da tela para atualizar noticias da cidade e fornecer dinamismo, porem o atual projeto nao contempla a barra. Diante das ideias que surgiram, o MGTV criou na barra lateral esquerda da tela sete icones: mensagem (imagem de um envelope), empregos, destaques, noticias, previsao, enquetes e voce no MGTV. Como o Estado de Minas Gerais tem mais de 200 cidades e na previsao do tempo e oferecida apenas a previsao de cinco cidades, seria uma oportunidade de contemplar mais cidades na previsao. Do lado direito da tela, quando o icone escolhido e clicado, surgem os dados da interatividade conforme mostra a Figura 1. O icone da previsao do tempo foi clicado surgindo, portanto na tela cinco cidades por vez. O telespectador pode avancar no quadro da previsao para ver mais cidades.

[FIGURE 1 OMITTED]

O jornal MGTV divulga comumente vagas de emprego em um dia da semana. Esta seria outra oportunidade para mostrar mais vagas que nao puderam ser divulgadas devido ao tempo curto do jornal. A Figura 2 mostra o layout do aplicativo interativo quando a opcao "empregos" e clicada. Do lado direito da tela uma aba e aberta indicando o que esta sendo oferecido, duas setas laterais aparecem embaixo e, quando clicadas, e possivel ver mais vagas de trabalho.

[FIGURE 2 OMITTED]

O MGTV tem um quadro no telejornal chamado "MGTV responde" onde o telespectador pode enviar uma mensagem a emissora, funcionando como sugestoes de pauta e tambem oportunizando a aproximacao entre emissor e receptor. Com base neste quadro do telejornal, surgiu a ideia de investir em uma opcao de interatividade onde este canal de comunicacao fosse explorado, sendo assim foi criado um aplicativo onde surge na tela um teclado para que o telespectador digite uma mensagem, como mostra a Figura 3:

[FIGURE 3 OMITTED]

Outro icone interativo disponivel e a enquete. No jornalismo, e comum o uso de enquetes para medir a opiniao do publico, saber se concordam ou discordam sobre algum assunto e como a emissora pode fazer para fornecer mais informacoes ao telespectador. A Figura 4 mostra a pergunta da enquete oferecida pelo aplicativo interativo e cinco opcoes de resposta para o telespectador votar.

[FIGURE 4 OMITTED]

A interatividade do MGTV e a Rede Globo

A interatividade que a Rede Integracao colocou no ar em 2009 ficou disponivel por apenas tres dias. Por ser uma afiliada a Rede Globo, houve um pedido desta para que a interatividade fosse tirada do ar para que pudessem criar um padrao para todas as afiliadas poderem seguir o mesmo formato. Feres (2012) explica que a Globo "quer ter uma cara, qualquer cidade do Brasil a que voce chegar e ligar na Globo, a interatividade tem aquela mesma cara que voce sabe, assim como hoje e o padrao globo de qualidade". Vieira (2012) relata que, quando colocaram a interatividade no ar, "virou um boom, todas (as afiliadas) queriam saber o que era possivel fazer. Foi na data de comemoracao do aniversario de Uberlandia, um pouco mais de um ano da gente por a TV digital no ar, 16 de marco de 2009". A Rede Globo analisou o padrao que seria colocado no ar pela Rede Integracao e fez alteracoes para que as 123 afiliadas pudessem tambem adotar o mesmo visual grafico, de definicao e qualidade. O diretor Paulo Vieira (2012) explica que o objetivo e que todas tenham

"um alinhamento da sua interatividade, dos programas [...]. Esta no parametro, que parte da tela voce pode ocupar, qual o nivel de transparencia tem que ter para nao atrapalhar, por exemplo, eu estou vendo um filme em alta definicao, eu ligo a interatividade, com certeza isso vai ocupar uma margem, certo, um espaco livre, eu tenho que continuar vendo o filme, uma opcao para o fundo, porque se eu invadir algumas partes da tela, isso trara problema, entao e isso, normas gerais para que todo mundo se adeque. Nao sao normas tao rigidas a ponto de definir essa cor, essa marca, esse tamanho de letter, nao e isso."

Vieira (2012) reforcou que o principal objetivo da Rede Globo nesse processo onde colocaram e tiraram do ar a interatividade foi definir um parametro, pois, se essa medida nao tivesse sido tomada, abriria o precedente para qualquer afiliada explorar o recurso de qualquer jeito. As principais duvidas apontadas por Vieira quando desenvolveram os aplicativos interativos eram em relacao a quanto o aplicativo pode invadir a imagem central da tela, o que e ou nao invasivo para o telespectador. Tais duvidas serviram de ponto de partida para a Rede Globo definir parametros.

Raymundo Barros (2011), diretor de engenharia da Rede Globo, afirmou em entrevista a autora que a Rede Globo tomou esta medida como forma de garantir uma unidade aos aplicativos que estavam sendo desenvolvidos com o objetivo de padronizar o estilo e a tecnica deles.

"A [Rede] Globo lancou as melhores premissas e praticas da interatividade. Da mesma forma quando a gente poe um programa no ar e as afiliadas fazem os seus telejornais a gente tem um guideline, que sao regras que as afiliadas seguem para produzirem seus conteudos, para estarem aderentes a Rede Globo. Entao o que aconteceu naquele caso especifico e que estes guidelines nao estavam prontos. Hoje ele esta pronto e o aplicativo rodando normalmente. Entao toda rede de afiliadas tem hoje um conjunto de informacoes tecnicas, uma politica para aplicacoes interativas." (Barros, 2011)

A partir do guideline criado pela Rede Globo, a empresa HXD Interactive pode pegar os aplicativos que desenvolveu inicialmente para a Rede Integracao e fazer as alteracoes conforme sugeriu "as melhores premissas e praticas da interatividade".

Consideracoes finais

Este trabalho apresentou uma iniciativa da Rede Integracao de Minas Gerais para implantacao de um telejornal interativo na cidade de Uberlandia. A emissora, conhecida por investir em inovacao, quis ser a primeira emissora de TV do interior a colocar a interatividade no ar em um telejornal, mas por questoes tecnicas o projeto ainda nao foi disponibilizado ao publico. A empresa por meio de seu proprietario nao avaliou os riscos de se investir em uma tecnologia nova e vem amargando o investimento feito em algo que se for oferecido ao publico nao ira cumprir a funcao a que se propoe que e proporcionar troca informacional entre emissora de TV e telespectador.

Enquanto o consumidor nao se sentir atraido pelo conteudo disponibilizado, a interatividade nao sera um fator primordial na hora de o consumidor comprar uma TV com o recurso ou investir nessa tecnologia. A falta de producao de conteudo interativo por parte das emissoras e atribuida pelo pesquisador Valdecir Becker (2012) como sendo parte do problema para o nao fortalecimento do Ginga e sua nao consolidacao, outra limitacao do sistema e a falta de canal de retorno proprio. Esses dois fatores fazem com que a plataforma nao atraia completamente o usuario.

http://dx.doi.Org/10.15448/1980-3729.2015.1.19720

REFERENCIAS

AMARAL, Patricia. Telejornalismo no Cerrado: do Triangulo a Integracao, uma busca da audiencia (Rede Integracao--MG). 2008. Dissertacao (Mestrado em Comunicacao e Cultura)--Universidade de Sorocaba, Sao Paulo, 2008.

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COLEN, Matheus. Panorama da producao de conteudo interativo no mercado brasileiro de televisao aberta em 2011. Revista de Radiodifusao, SET, v. 6, n. 6, 2012.

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VIEIRA, Paulo Eduardo. Entrevista concedida a autora. Rede Integracao, Uberlandia, Minas Gerais. Jan. 2012.

NOTAS

(1) A TOTVS e a maior empresa de software latino-americana que atua na solucao de softwares para televisao digital, alem do desenvolvimento e venda de solucoes em software para varios segmentos.

(2) Empresa coreana lider de mercado em venda de celulares, eletronicos, e a segunda maior empresa mundial na producao de TVs de plasma e LCD.

(3) Empresa japonesa fabricante de eletronicos como TVs, cameras digitais, som, computadores, etc. E o quinto maior conglomerado de midia do mundo.

(4) Empresa com sede na Holanda tem como objetivo a venda de produtos que promovam a qualidade de vida das pessoas. O leque de produtos comercializados pela empresa e extenso e vai de acessorios automotivos, barbeadores, aparelhos de iluminacao, TV, entre outros.

(5) Empresa localizada em Osaka no Japao produz equipamentos como pilhas, baterias, audio e video, telecomunicacoes, broadcasting, entre outros.

(6) Empresa Sul-Coreana que trabalha na producao de tecnologia de ponta, semicondutores, construcao, e diversos segmentos como petroquimica, medicina, moda, financas, entre outros.

(7) Informacoes disponiveis no site oficial da empresa HXD Interactive: <http://www.hxd.com.br/site/archives/188>.

Recebido: 20.02.2014

Aceito: 25.05.2014

Endereco da autora:

Tais Marina Tellaroli <[email protected]>

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Curso de Jornalismo--CCHS

Cidade Universitaria, s/n

79090-900 Campo Grande MS, Brasil

TAIS MARINA TELLAROLI

Professora do Curso de Jornalismo e Pos-Graduacao em Comunicacao da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.

<[email protected]>
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