Possibilities of an interactive broadcast: the case of MGTV/ Possibilidades de um telejornal interativo: o caso do MGTV.
Tellaroli, Tais Marina
TV digital interativa
Com o advento da TV digital houve ampla expectativa do mercado,
consumidores e radiodifusores da possibilidade de adicionar a TV o
recurso da interatividade. Para comecar a desenvolver aplicativos
interativos para TV foi necessario reunir pesquisadores brasileiros no
desenvolvimento de um middleware (camada de software que permite o
desenvolvimento rapido e facil de aplicacoes) capaz de executar
aplicacoes interativas, garantindo alguma participacao do telespectador.
Para isso, a PUC-Rio e Universidade Federal da Paraiba reuniram esforcos
e criaram o Ginga, middleware brasileiro que permite a exploracao da
interatividade (Soares, 2008, p. 179-180).
Na TV digital Carlos Ferraz (2009) explica que podem existir tres
tipos de interatividade: a interatividade local, a simples e a plena.
Interatividade local: e aquela em que nao ha transmissao de dados
do emissor para o receptor, as informacoes sao armazenadas no set-top
box do receptor e atualizadas pela emissora como, por exemplo, guia de
programacao, sinopse de programa.
Interatividade simples: nela ha pouca banda para o envio de
resposta do receptor ao emissor, o melhor exemplo desse tipo de troca
informacional sao as enquetes, o receptor responde apenas sim ou nao,
recebendo alguma resposta da emissora.
Interatividade plena: para que ela ocorra, e preciso que o receptor
tenha disponivel um canal de retorno como banda larga, 3G, pois assim
tera acesso a um cardapio variado de opcoes, como por exemplo, a escolha
de video sob demanda, compra pela TV, educacao a distancia, como se
fosse a interatividade comparada a da internet.
Inicialmente, as emissoras de TV mostraram interesse em desenvolver
aplicacoes interativas, entretanto, para que essas aplicacoes rodem nos
televisores, e preciso que sejam produzidos receptores com o Ginga
embarcado ou aparelhos televisores que tambem contenham o middleware. A
preocupacao atual mencionada por Soares (2010), em entrevista a autora,
e a de que, caso as normas das aplicacoes interativas nao estejam
compativeis com os produtos que estao sendo vendidos no mercado, havera
problemas na recepcao dos dados.
Luiz Fernando Gomes Soares (2010) explica que o problema e que hoje
nao ha concorrencia, pois existe apenas um fabricante do middleware, a
TOTVS1, que esta embarcando os aplicativos nos receptores da LG2 e
SONY3, mas, assim que houver concorrencia, as empresas iniciarao a
disputa pelo consumidor, aquecendo o mercado e fazendo com que a
interatividade esteja mais presente no cotidiano das pessoas. As
empresas Philips4 e Panasonic5 tambem receberam as implementacoes da
TOTVS, apenas a Samsung6 investiu no desenvolvimento do proprio
middleware.
Roberto Franco (2011) apontou como esta a implantacao do middleware
Ginga no ano de 2011:
"Ele ja esta implantado e existem fabricantes de televisores
que possuem a linha completa de produtos com o Ginga. Agora, se ele vai
massificar em 2011 ... Ainda e muito cedo para falar porque a maior
parte das vendas de televisores acontece no segundo semestre. Exceto em
anos de Copa. Todas as emissoras de televisao tem aplicativos. O SBT,
por exemplo, tem um aplicativo 24 horas por dia. A TV Globo e a TV
Bandeirantes tem aplicativos. Existem produtos de interatividade na
televisao. A gente espera que cresca significativamente o numero de
produtos com o Ginga da mesma forma que a gente espera que os
radiodifusores invistam cada vez mais em produtos utilizando a
interatividade. E isso faz com que aumente o interesse da populacao pelo
produto interativo." (Franco, 2011, p. 8)
Segundo Colen (2011, p. 1) "o futuro da interatividade ainda e
incerto, contudo algumas emissoras investem para oferecer o novo
recurso, mesmo sem terem uma previsao de retorno". O uso do Ginga
esta sendo desafiador para as emissoras e para a industria de software,
bem como para a industria de aparelhos de TV. O middleware Ginga
desenvolvido no Brasil e reconhecido internacionalmente pela Uniao
Internacional de Telecomunicacoes--UIT. Ele depende de acoes politicas,
iniciativa das industrias e exploracao pelas emissoras de TV para se
disseminar e ter a oportunidade de transformar a comunicacao televisiva
brasileira.
A empresa HXD Interactive Television
Quando comecaram as pesquisas sobre TV Digital interativa no
Brasil, a empresa HIRIX Engenharia de Software, especialista em
desenvolvimento de projetos de software, evoluiu ao investir em pesquisa
e desenvolvimento surgindo, assim, a HXD Interactive Television. A HXD e
uma empresa nacional que tem como objetivo o desenvolvimento de
aplicativos interativos para televisao e multiplataformas tecnologicas.
Em 2007, a empresa desenvolveu seu primeiro aplicativo interativo,
utilizando Ginga, chamado Habita TV, criado para a Caixa Economica
Federal, em parceria com a Agencia Nova S/B, o aplicativo foi premiado
no Congresso Internacional de Automacao Bancaria. Salustiano Fagundes
(2011), CEO da HXD Interactive Television e membro do Conselho
Deliberativo do Forum do Sistema Brasileiro de Televisao Terrestre
explica que a empresa vislumbrou trabalhar com a oportunidade que
existia para o setor de software com adocao do SBTVD.
"Nos vislumbramos uma possibilidade de desenvolver aplicativos
para uso de diversos segmentos: governo, educacao, comercio t-comerce,
transacoes bancarias, entao a empresa foi criada no inicio pensando
nesse mercado especifico trazido pelo SBTVD." (Fagundes, 2011)
A HXD desenvolveu varios projetos com a plataforma Ginga, em 2010,
foi criado o primeiro aplicativo para um telejornal brasileiro, o MGTV
de Uberlandia, Minas Gerais7. Este projeto teve grande repercussao no
setor, tendo sido apresentado no Congresso Brasileiro de Engenharia de
Televisao--SET em 2010, no ano seguinte, em 23 de agosto de 2011,
concorreu a um premio, no Congresso da SET, na categoria "Melhor
projeto em interatividade", tendo sido o vencedor. O projeto
desenvolvido pela HXD para a Rede Integracao sera apresentado a seguir,
juntamente com a historia da emissora que se intitula pioneira em
investimentos em tecnologia no interior do Brasil.
O pioneirismo da Rede Integracao: a interatividade no MGTV
A Rede Integracao e uma emissora afiliada a Rede Globo criada em
1964, em Uberlandia, Minas Gerais. O libanes Adib Chueiri idealizou
levar a primeira emissora de televisao para o interior do Estado de
Minas Gerais, nesta epoca sob o nome TV Triangulo. Patricia Amaral
(2008, p. 57), que pesquisou a historia da emissora, explica que a TV
abrange as regioes do Triangulo Mineiro, Pontal, Alto Paranaiba e
Centro-Oeste das Minas Gerais. A Rede Integracao possui atualmente cinco
programas jornalisticos diarios (Bom Dia Minas, MG Noticias, MGTV 1a
edicao, Globo Esporte e MGTV 2a edicao) e tres programas semanais (Terra
de Minas, Bem Viver e MG Rural). Todo esse conteudo e gerado para 34
municipios, atingindo um total de um milhao e 100 mil habitantes.
Segundo o diretor de jornalismo da Rede Integracao, Paulo Eduardo
Monteiro Vieira (2012), em 2007, quando o Brasil se preparava para
adotar o SBTVD, a equipe da Rede Integracao ja se envolvia nas
discussoes para ser novamente pioneira na adocao do sistema digital,
pois a empresa tem como cultura organizacional ser pioneira em tudo que
envolva a televisao. Vieira ressalta que a emissora,
"tenta sempre preservar isso, de ser a primeira TV em cores do
interior de Minas, a primeira TV afiliada a Globo, a primeira TV a ter
um portal filiado com o da Globo.com, entao tudo isso pra gente e motivo
de trabalho, por que? Porque a gente sabe que isso tem um peso na imagem
que a comunidade tem da gente, inclusive de credibilidade."
(Vieira, 2012)
Diante da vontade de estar na frente das outras emissoras do
interior e ser a primeira a transmitir o sinal digital, no dia 16 de
marco de 2009, a Rede Integracao trocou seu sinal, conseguiu furar a
fila das capitais que ganhariam primeiro a concessao, sendo a decima
segunda cidade do pais a ter o sinal digital, "a gente apostou
muito nisso e sabia que isso era importante nao como obrigacao, mas como
uma forma de renovar o negocio" (Vieira, 2012).
A Rede Integracao e uma emissora que encara as inovacoes
tecnologicas com otimismo e o custo aplicado em tecnologia como forma de
oferecer algo melhor ao publico, mas essa visao e uma caracteristica do
dono do negocio que enfrenta os altos valores dos equipamentos e nao se
intimida com grandes investimentos. Vieira (2012) destaca que o preco de
um transmissor e alto e custa, por exemplo, o mesmo preco para uma
emissora pequena como a de Uberlandia, que tem 600 mil habitantes, e
para a de uma emissora localizada em Sao Paulo. Outro exemplo e a venda
de espaco publicitario que tambem e diferente entre as duas cidades,
sendo que a do interior possui um lucro muito menor. Essa diferenciacao
no lucro demonstra como o negocio da televisao no interior pode ser mais
arriscado e dispendioso quando comparado ao investimento e o lucro de
uma emissora localizada em uma cidade grande.
Apesar dessa desvantagem, a emissora se sentiu obrigada a
"marcar o territorio" e investir em tecnologia devido a
concorrencia com TV a cabo, parabolica, entre outros. Apos a emissora
apostar na nova tecnologia, foi a vez de comunicar os telespectadores
que agora o sinal era de alta definicao. Com uma mudanca como esta, com
a alteracao da TV analogica para digital, fez-se necessario fazer uma
campanha publicitaria para esclarecer ao publico o que e essa nova
tecnologia, seus beneficios, entre outros. Vieira (2012) explica que,
mesmo transmitindo as campanhas de TV digital do Governo Federal e da
Abert (Associacao Brasileira de Emissoras de Radio e Televisao), a
emissora investiu pesado em divulgacao.
"Fizemos uma campanha nossa, ensinando, fizemos trabalhos com
lojistas, treinamos os lojistas para saberem explicar ao publico o que
era TV digital, criamos cartilha, criamos um site com orientacao,
inclusive fizemos treinamento para os antenistas, o pessoal que
instalava antena na cidade, as lojas de eletronico, nos oferecemos um
curso para eles verem a importancia que e a TV com a antena para
recepcao ideal.
Com a vontade de se destacar como uma emissora pioneira, a Rede
Integracao, com apoio do dono da TV, esforca-se para estar a frente
mesmo que para isso seja necessario o dispendio de tempo e dinheiro,
pois a justificativa e que uma hora ou outra o investimento seria feito,
e por que nao estar na frente das concorrentes? Apesar de todo trabalho,
Vieira (2012) afirma que, no dia em que o sinal digital foi colocado no
ar, apenas duas pessoas assistiram a TV digital, mas para a emissora, o
importante e imprimir na regiao a marca de inovadora e pioneira e
mostrar para as novas geracoes que estao acostumadas com a Internet e
com as novidades tecnologicas que o importante e se atualizar e reforcar
que a TV pode oferecer algo a mais. "A gente tem muito mais
limitacao para ter novidade do que a internet, que tem multiplas
janelas. A gente tem uma janela so".
Quando a interatividade foi publicada no Decreto 5.820, de 29 de
junho de 2006, houve muita excitacao e curiosidade da academia e do
mercado para saber como seria a TV interativa, a Rede Integracao que
estava a frente das inovacoes tecnologicas se interessou pela novidade.
Paulo Vieira (2012) relata que o dono da emissora deu a ordem:
"vamos colocar a interatividade logo", mas antes precisaram
encontrar uma empresa que desenvolvesse a aplicacao interativa.
Contrataram a HXD Interactive Television e no dia 31 de agosto de 2010,
a cidade de Uberlandia e o Brasil receberam pela primeira vez um
telejornal interativo nos aparelhos de TV. Foram tres dias de
interatividade na TV aberta, entretanto o aplicativo foi tirado do ar a
pedido da Rede Globo nacional por entender que este deveria seguir o
padrao Globo de qualidade.
Para desenvolverem o conteudo interativo a ser oferecido ao
telespectador, a emissora tentou responder a seguinte pergunta: "o
que vai levar as pessoas a usarem a interatividade?" Este foi o
ponto de partida aliado a experiencia dos jornalistas com o jornalismo
diario. A equipe pensou em oferecer o maximo de informacoes que
abrangessem mais cidades durante os 45 minutos de jornal. Vieira (2012)
explica que uma das ideias e oferecer a previsao do tempo para mais
cidades, ofertas de emprego e provocar a populacao a fazer o feedback
com a emissora, dar dinamismo e praticidade no fluxo informativo, assim
como e o radio.
"Entao o que a gente comecou a fazer? Provocar isso. E nos
pensamos: vamos levar isso para a interatividade tambem. Por que? Mais
pratico ainda, do que eu estou vendo televisao, levantar do meu sofa e
pegar outro aparelho para ligar, ai eu vou ali na tela mesmo, no mesmo
display eu vou mandar uma mensagem de texto "queria saber sobre
isso " teclando uma mensagem de texto, pensamos nisso tambem, tudo
isso foi desenvolvido, esta no nosso projeto inicial."
O problema dessa troca informational e a nao existencia concreta de
canal de retorno, pois atualmente o feedback teria que ser feito pela
internet ou pelo telefone e nao pela televisao. Segundo Paulo Feres
(2012), o broadcast nao tem canal de retorno e o maior desafio e
entender, repensar e experimentar novos modelos de negocios para que o
telespectador consiga responder a uma pergunta da enquete pela TV e a
emissora consiga monetizar de alguma forma o investimento e uso desta
nova plataforma. Os televisores que tem interface de rede e podem ser
conectados a internet poderao agilizar esse contato do telespectador com
a emissora via rede, entretanto o Diretor de Engenharia Paulo Feres
(2012) explica que muitas pessoas nao vao conseguir entender a questao
tecnica de conectar o televisor para interagir com a TV pela internet.
Como a Rede Integracao esta vislumbrando o negocio voltado a
interatividade, a emissora nao descarta a possibilidade de investir em
funcionarios para configurar e deixar o televisor da populacao apto a
executar a interatividade ou entao alguma empresa podera prestar esse
servico. Para votar em uma enquete, por exemplo, o telespectador so
podera faze-lo se estiver conectado, entrar no site da emissora ou votar
pelo telefone. Os votos que vao sendo computados aparecerao na tela como
se a troca informacional fosse imediata. Sobre essa alimentacao, Guido
Lemos (2012), um dos responsaveis por criar o Ginga e prestar
consultoria para a Rede Integracao, explicou que
"a rede deles (Rede Integracao) e a rede que vai em um
sentido: TV, residencia. A rede que vem residencia, TV, sao outras
redes, sao as redes de internet banda larga, telefone. Entao voce ligou
a sua TV numa rede dessas, isso chega em um servidor aqui que computa as
estatisticas e usa a rede dele de novo para mandar pra voce, os
resultados, as estatisticas. Esse e o modelo basico, um tratamento mais
individualizado. Pela rede de TV de uma cidade grande e um negocio que
nao da porque e muita gente, talvez em uma cidadezinha pequena, voce
possa ter um aplicativo que de um tratamento mais pessoal."
Como inserir informacoes interativas na TV?
Quando a Rede Integracao colocou a interatividade no ar, por tres
dias, o responsavel por alimentar as informacoes na TV foi o Diretor de
Jornalismo Paulo Eduardo Vieira. Vieira (2012) conta que inicialmente
comecariam desta forma, ele mesmo fazendo as insercoes, mas conforme
houvesse um volume maior de dados para inserir, seria repassado para
outro funcionario executar essa funcao. A emissora que tem tres
afiliadas pensa tambem em oferecer tres interatividades diferentes, por
isso existe a duvida se apenas uma pessoa sera suficiente para publicar
os dados. Durante os dias em que a interatividade funcionou, Vieira
conta como foi feito o trabalho de insercao da interatividade:
"Comando por e-mail. Disparado por e-mail (para a equipe da
Engenharia colocar no ar os aplicativos).Tinham uns codigos--chave para
inserir no programa da interatividade e eu ja colocava a informacao que
eu queria e seus codigos identificavam qual era a ferramenta daquela
lista toda de servicos e qual que era o dado que era para inserir. Eu
disparava isso e a engenharia ja replicava no aplicativo do Ginga."
Para Vieira (2012) usar os comandos que pareciam linguagem de
programacao HTML, foi dificil, pois a interface nao e algo comumente
usado no jornalismo, ou para outro fim, mas apos um ano de espera para
colocar a interatividade novamente no ar, a emissora espera receber uma
interface mais amigavel e facil de manusear. "Eu sou jornalista,
nao sou operador de sistema. E muito chato voce ficar tendo que lembrar
barra pra ca, barra pra la, ou ter que ficar com um monte de coisa
arquivada". Apesar do desconforto, ele afirma que e questao de
tempo para se acostumar, dominar os comandos e tambem esperar a evolucao
do sistema, que e algo que vai acontecer naturalmente.
Conteudo interativo
Quando a Rede Integracao comecou a desenvolver o projeto para ter
conteudo interativo, a responsabilidade de definir o que seria
importante oferecer ao telespectador ficou a cargo da equipe do
jornalismo. Comecaram a surgir ideias para enriquecer o telejornal com
mais informacoes para que o telespectador nao precisasse sair de frente
da TV para buscar detalhes de noticias ou dados importantes, entre elas,
colocar uma barra de rolagem no pe da tela para atualizar noticias da
cidade e fornecer dinamismo, porem o atual projeto nao contempla a
barra. Diante das ideias que surgiram, o MGTV criou na barra lateral
esquerda da tela sete icones: mensagem (imagem de um envelope),
empregos, destaques, noticias, previsao, enquetes e voce no MGTV. Como o
Estado de Minas Gerais tem mais de 200 cidades e na previsao do tempo e
oferecida apenas a previsao de cinco cidades, seria uma oportunidade de
contemplar mais cidades na previsao. Do lado direito da tela, quando o
icone escolhido e clicado, surgem os dados da interatividade conforme
mostra a Figura 1. O icone da previsao do tempo foi clicado surgindo,
portanto na tela cinco cidades por vez. O telespectador pode avancar no
quadro da previsao para ver mais cidades.
[FIGURE 1 OMITTED]
O jornal MGTV divulga comumente vagas de emprego em um dia da
semana. Esta seria outra oportunidade para mostrar mais vagas que nao
puderam ser divulgadas devido ao tempo curto do jornal. A Figura 2
mostra o layout do aplicativo interativo quando a opcao
"empregos" e clicada. Do lado direito da tela uma aba e aberta
indicando o que esta sendo oferecido, duas setas laterais aparecem
embaixo e, quando clicadas, e possivel ver mais vagas de trabalho.
[FIGURE 2 OMITTED]
O MGTV tem um quadro no telejornal chamado "MGTV
responde" onde o telespectador pode enviar uma mensagem a emissora,
funcionando como sugestoes de pauta e tambem oportunizando a aproximacao
entre emissor e receptor. Com base neste quadro do telejornal, surgiu a
ideia de investir em uma opcao de interatividade onde este canal de
comunicacao fosse explorado, sendo assim foi criado um aplicativo onde
surge na tela um teclado para que o telespectador digite uma mensagem,
como mostra a Figura 3:
[FIGURE 3 OMITTED]
Outro icone interativo disponivel e a enquete. No jornalismo, e
comum o uso de enquetes para medir a opiniao do publico, saber se
concordam ou discordam sobre algum assunto e como a emissora pode fazer
para fornecer mais informacoes ao telespectador. A Figura 4 mostra a
pergunta da enquete oferecida pelo aplicativo interativo e cinco opcoes
de resposta para o telespectador votar.
[FIGURE 4 OMITTED]
A interatividade do MGTV e a Rede Globo
A interatividade que a Rede Integracao colocou no ar em 2009 ficou
disponivel por apenas tres dias. Por ser uma afiliada a Rede Globo,
houve um pedido desta para que a interatividade fosse tirada do ar para
que pudessem criar um padrao para todas as afiliadas poderem seguir o
mesmo formato. Feres (2012) explica que a Globo "quer ter uma cara,
qualquer cidade do Brasil a que voce chegar e ligar na Globo, a
interatividade tem aquela mesma cara que voce sabe, assim como hoje e o
padrao globo de qualidade". Vieira (2012) relata que, quando
colocaram a interatividade no ar, "virou um boom, todas (as
afiliadas) queriam saber o que era possivel fazer. Foi na data de
comemoracao do aniversario de Uberlandia, um pouco mais de um ano da
gente por a TV digital no ar, 16 de marco de 2009". A Rede Globo
analisou o padrao que seria colocado no ar pela Rede Integracao e fez
alteracoes para que as 123 afiliadas pudessem tambem adotar o mesmo
visual grafico, de definicao e qualidade. O diretor Paulo Vieira (2012)
explica que o objetivo e que todas tenham
"um alinhamento da sua interatividade, dos programas [...].
Esta no parametro, que parte da tela voce pode ocupar, qual o nivel de
transparencia tem que ter para nao atrapalhar, por exemplo, eu estou
vendo um filme em alta definicao, eu ligo a interatividade, com certeza
isso vai ocupar uma margem, certo, um espaco livre, eu tenho que
continuar vendo o filme, uma opcao para o fundo, porque se eu invadir
algumas partes da tela, isso trara problema, entao e isso, normas gerais
para que todo mundo se adeque. Nao sao normas tao rigidas a ponto de
definir essa cor, essa marca, esse tamanho de letter, nao e isso."
Vieira (2012) reforcou que o principal objetivo da Rede Globo nesse
processo onde colocaram e tiraram do ar a interatividade foi definir um
parametro, pois, se essa medida nao tivesse sido tomada, abriria o
precedente para qualquer afiliada explorar o recurso de qualquer jeito.
As principais duvidas apontadas por Vieira quando desenvolveram os
aplicativos interativos eram em relacao a quanto o aplicativo pode
invadir a imagem central da tela, o que e ou nao invasivo para o
telespectador. Tais duvidas serviram de ponto de partida para a Rede
Globo definir parametros.
Raymundo Barros (2011), diretor de engenharia da Rede Globo,
afirmou em entrevista a autora que a Rede Globo tomou esta medida como
forma de garantir uma unidade aos aplicativos que estavam sendo
desenvolvidos com o objetivo de padronizar o estilo e a tecnica deles.
"A [Rede] Globo lancou as melhores premissas e praticas da
interatividade. Da mesma forma quando a gente poe um programa no ar e as
afiliadas fazem os seus telejornais a gente tem um guideline, que sao
regras que as afiliadas seguem para produzirem seus conteudos, para
estarem aderentes a Rede Globo. Entao o que aconteceu naquele caso
especifico e que estes guidelines nao estavam prontos. Hoje ele esta
pronto e o aplicativo rodando normalmente. Entao toda rede de afiliadas
tem hoje um conjunto de informacoes tecnicas, uma politica para
aplicacoes interativas." (Barros, 2011)
A partir do guideline criado pela Rede Globo, a empresa HXD
Interactive pode pegar os aplicativos que desenvolveu inicialmente para
a Rede Integracao e fazer as alteracoes conforme sugeriu "as
melhores premissas e praticas da interatividade".
Consideracoes finais
Este trabalho apresentou uma iniciativa da Rede Integracao de Minas
Gerais para implantacao de um telejornal interativo na cidade de
Uberlandia. A emissora, conhecida por investir em inovacao, quis ser a
primeira emissora de TV do interior a colocar a interatividade no ar em
um telejornal, mas por questoes tecnicas o projeto ainda nao foi
disponibilizado ao publico. A empresa por meio de seu proprietario nao
avaliou os riscos de se investir em uma tecnologia nova e vem amargando
o investimento feito em algo que se for oferecido ao publico nao ira
cumprir a funcao a que se propoe que e proporcionar troca informacional
entre emissora de TV e telespectador.
Enquanto o consumidor nao se sentir atraido pelo conteudo
disponibilizado, a interatividade nao sera um fator primordial na hora
de o consumidor comprar uma TV com o recurso ou investir nessa
tecnologia. A falta de producao de conteudo interativo por parte das
emissoras e atribuida pelo pesquisador Valdecir Becker (2012) como sendo
parte do problema para o nao fortalecimento do Ginga e sua nao
consolidacao, outra limitacao do sistema e a falta de canal de retorno
proprio. Esses dois fatores fazem com que a plataforma nao atraia
completamente o usuario.
http://dx.doi.Org/10.15448/1980-3729.2015.1.19720
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VIEIRA, Paulo Eduardo. Entrevista concedida a autora. Rede
Integracao, Uberlandia, Minas Gerais. Jan. 2012.
NOTAS
(1) A TOTVS e a maior empresa de software latino-americana que atua
na solucao de softwares para televisao digital, alem do desenvolvimento
e venda de solucoes em software para varios segmentos.
(2) Empresa coreana lider de mercado em venda de celulares,
eletronicos, e a segunda maior empresa mundial na producao de TVs de
plasma e LCD.
(3) Empresa japonesa fabricante de eletronicos como TVs, cameras
digitais, som, computadores, etc. E o quinto maior conglomerado de midia
do mundo.
(4) Empresa com sede na Holanda tem como objetivo a venda de
produtos que promovam a qualidade de vida das pessoas. O leque de
produtos comercializados pela empresa e extenso e vai de acessorios
automotivos, barbeadores, aparelhos de iluminacao, TV, entre outros.
(5) Empresa localizada em Osaka no Japao produz equipamentos como
pilhas, baterias, audio e video, telecomunicacoes, broadcasting, entre
outros.
(6) Empresa Sul-Coreana que trabalha na producao de tecnologia de
ponta, semicondutores, construcao, e diversos segmentos como
petroquimica, medicina, moda, financas, entre outros.
(7) Informacoes disponiveis no site oficial da empresa HXD
Interactive: <http://www.hxd.com.br/site/archives/188>.
Recebido: 20.02.2014
Aceito: 25.05.2014
Endereco da autora:
Tais Marina Tellaroli <
[email protected]>
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
Curso de Jornalismo--CCHS
Cidade Universitaria, s/n
79090-900 Campo Grande MS, Brasil
TAIS MARINA TELLAROLI
Professora do Curso de Jornalismo e Pos-Graduacao em Comunicacao da
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
<
[email protected]>