Fight languages: historic-cultural panorama of portuguese language in Brazil of century XVI/Luta de linguas: panorama historico-cultural da Lingua Portuguesa no Brasil do seculo XVI.
Silva, Mauricio
Introducao
Nao ha como negar, qualquer que seja o ponto de vista que se adote,
que a questao da lingua portuguesa no Brasil do seculo XVI e
extremamente complexa, exigindo do pesquisador a mobilizacao de um
grande cabedal de conhecimento e um amplo trabalho investigativo sobre o
periodo.
Temas tao variados, tais como: a colonizacao linguistica instaurada
pelos jesuitas ou sua contrapartida historica, o processo de resistencia
nativa; a diversidade linguistica na regiao, assinalando a ocorrencia,
ate pelo menos o seculo XVIII, do multilinguismo; a implantacao de uma
politica linguistica assentada em pressupostos ideologicos eurocentricos
e suas principais consequencias, como o glotocidio; as relacoes diversas
e, muitas vezes, controvertidas entre o portugues e os substratos
linguisticos indigena e africano, sao apenas alguns exemplos da
complexidade que o periodo assume, sugerindo um trabalho de alentadas
proporcoes aqueles que se dispuserem a enfrentar, a fundo, o intricado
universo da historiografia linguistica no Brasil quinhentista.
Trata-se, como se ve, de uma historia de muitos meandros, cujo
resultado devera ser, entre outros, a compreensao da genese, do
desenvolvimento e da consolidacao de uma variante da lingua portuguesa.
Ademais, a simples constatacao desse fato ja nos remete a um outro
universo conceitual, proprio da realidade socio-historico-linguistica do
quinhentismo brasileiro, igualmente diversificado e complexo, trazendo
para a arena da discussao assuntos tao instigantes quanto a
institucionalizacao do portugues no territorio nacional: os processos
linguisticos, historicos e socioculturais que condicionaram a formacao
do portugues no Brasil; a observacao de componentes que,
diacronicamente, atuaram no sentido de reorganizar a estrutura
morfossintatica do portugues etc.
O presente estudo nao tem a ambicao desmedida que tal
empreendimento requer, mas procura, de maneira justa e objetiva,
oferecer uma das muitas possibilidades de leitura acerca da questao
idiomatica do periodo, em especial no que concerne a exposicao de fatos
e dos componentes linguisticos que contribuiram para a conformacao do
portugues no Brasil. Limitando-se ao seculo XVI, procura, portanto,
tecer consideracoes acerca tanto do que denominaremos, aqui,
'dominio paralinguistico', com informacoes relacionadas a
atividade literaria, a producao editorial, as praticas de leitura e ao
processo de escolarizacao do Brasil Colonia, quanto do 'dominio
linguistico', com esclarecimentos sobre a questao idiomatica, os
instrumentos linguisticos, os discursos metalinguisticos etc, presentes
naquele momento no recem-descoberto territorio americano.
Historicamente, a preparacao do Renascimento em Portugal--epoca
determinante para o entendimento dos mecanismos politico-culturais que
alicercaram a colonizacao do Brasil--tem sua origem na Revolucao de
1383, indo ate a Tomada de Ceuta, em 1415, quando, de fato, inicia-se o
Renascimento Portugues (CARVALHO, 1980). Com o advento do Renascimento
na Europa, portanto, inicia-se o longo processo dos descobrimentos
ultramarinos, no qual se inscreve o episodio do
'descobrimento' do Brasil e toda a politica linguistica que
determinaria a transplantacao para o territorio brasileiro da Lingua
portuguesa. Em uma perspectiva mais ampla e generalista, esse primeiro
contato do imperio portugues com sua nova colonia encontra-se inserido
em um processo mais extenso, que e o da descoberta do Novo Mundo pelos
europeus e da complexa relacao com esse 'outro', dotado de
sentidos, de representacoes e de imaginarios distintos daqueles que
prevaleciam na Europa (O'GORMAN, 1992; TODOROV, 1988).
Aportados no Brasil, os portugueses implantaram, antes de mais
nada, um modo de producao assentado na exploracao do pau-brasil e do
acucar, em um sistema que procurava equacionar monocultura, mao-de-obra
escrava e exportacao. Enquanto do ponto de vista politico optou-se pela
formacao das Capitanias Hereditarias (1534) e pela instalacao do Governo
Geral (1540), do ponto de vista social o Brasil conheceu, desde cedo, a
estratificacao da sociedade em senhores de engenho, intermediarios e
pequenos comerciantes e escravos. Nesse contexto socioeconomico e
politico, os jesuitas acabaram atuando como catalisadores das forcas
dispersas pelas provincias, colocando-se a frente do processo de
catequizacao e de escolarizacao dos habitantes da nova colonia
portuguesa. Com os jesuitas, portanto, desloca-se para o continente
americano todo um sistema sociocultural europeu que, incrustado na nova
realidade aqui encontrada, acabaria por provocar tensoes profundas,
resultando, nas palavras de um dos maiores estudiosos do assunto, no
natural desterro do homem brasileiro:
[...] a tentativa de implantacao da cultura europeia em extenso
territorio, dotado de condicoes naturais, se nao adversas, largamente
estranhas a sua tradicao milenar, e, nas origens da sociedade
brasileira, o fato dominante e mais rico em consequencias. Trazendo de
paises distantes nossas formas de convivio, nossas instituicoes, nossas
ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes
desfavoravel e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra
(HOLANDA, 1976, p. 3).
Evidentemente, essa realidade nao se efetiva sem que haja uma
natural contrapartida: os portugueses que para ca vieram tambem sofreram
intensa influencia do meio tropical e, em consequencia, alteraram
substancialmente seu modo de vida, como alias atesta outro nao menos
abalizado conhecedor da materia (FREYRE, 1987).
E, em suma, nesse diversificado contexto sociocultural que os
portugueses--e, em especial, os jesuitas--atuarao no sentido de
implementar nao apenas uma politica linguistica com resultados, naquele
momento, inimaginaveis, mas tambem a consolidacao de um extenso projeto
de construcao de dominios linguistico e paralinguistico, responsaveis
pelo posterior sucesso daquela variante regional que, ao longo dos
seculos seguintes e ate os dias atuais, predominaria em todo o
territorio nacional, o chamado 'portugues brasileiro'.
A lingua portuguesa no Brasil do seculo XVI: dominio
(para)linguistico
Ao tratar do dominio paralinguistico como um conjunto de atitudes
formais responsaveis por criar as condicoes necessarias a implementacao,
no Brasil do seculo XVI, de uma complexa 'politica
linguistica', estamos, a rigor, atuando mais no campo da Sociologia
do que no dos estudos da linguagem, visto serem os componentes desse
dominio antes de ordem social (praticas de leitura, producao editorial,
processo de escolarizacao etc.) do que propriamente de ordem
linguistica.
Em relacao, por exemplo, a pratica de leitura no Brasil Colonia e a
propriedade do livro, pode-se dizer que as condicoes revelavam-se
extremamente precarias, uma vez que o Brasil se caracterizava, aquela
altura, mais como um entreposto comercial do que como uma Colonia com
dinamica e vida 'proprias'. Nesse sentido, explica Luiz Carlos
Villalta, nao e de se espantar o fato de um dos maiores proprietarios de
livros no Brasil do seculo XVI--o italiano Rafael Olivi--possuir parcos
27 volumes, sendo que, um seculo depois, entre 450 inventarios
pesquisados, nao se encontrarem mais do que 55 titulos. Ainda assim,
completa o autor, a pratica de leitura achava-se substancialmente
vinculada a ideia de poder (VILLALTA, 1999).
Contudo, mais do que fatores relacionados a leitura e aos livros, a
producao editorial e ao comercio livresco, e o processo de escolarizacao
colonial que definira o perfil do leitor naquele contexto e,
consequentemente, o percurso percorrido pelo portugues durante o seculo
em questao.
Sabe-se, por exemplo, que o ensino esteve, ate pelo menos o seculo
XVIII, nas maos dos jesuitas, os quais--desde a fundacao da Companhia de
Jesus, pelo espanhol Inacio de Loiola, em 1534--assentaram sua missao
evangelizadora no 'ensino', instituindo a Ratio Studiorum
(diretrizes pedagogicas jesuiticas), segundo a qual se concebia a
educacao a partir de tres areas do conhecimento humano: Letras,
Filosofia e Teologia. Em 1549, com a chegada dos jesuitas ao Brasil,
fundam-se colegios ao longo de todo o litoral (o primeiro dos quais,
denominado Colegio da Bahia e, posteriormente, Colegio dos Meninos de
Jesus, fundado em 1551, agrupava cerca de 70 alunos), no intuito de
organizar um sistema educacional que dividia o aprendizado em tres
etapas: o ensino primario, correspondente as escolas de primeiras letras
e voltado especialmente para mamelucos e nativos; o ensino medio,
destinado aos meninos brancos; e o ensino superior, particularmente
voltado aos clerigos e a alguns outros privilegiados da Colonia.
Ha que se ressaltar que a pratica pedagogica dos jesuitas
encontrava-se, ja nessa epoca, visceralmente relacionada a dois modos de
atuacao politica independentes, mas complementares. O primeiro era o
processo de catequizacao a que o ensino estava vinculado, resultando na
difusao dos dogmas cristaos e das praticas religiosas, seja por meio de
autos e de poemas, seja por meio de canticos e de sermoes. Ja na genese
desse processo, encontram-se distincoes que marcariam toda a politica de
educacao e de evangelizacao dos jesuitas, como a separacao entre a
'instrucao', oferecida aos filhos de colonos, que, no futuro,
formariam a elite dominante da colonia, e a 'pregacao',
voltada para os filhos dos colonizados, que formariam, posteriormente, a
mao-de-obra colonial. E por isso que, nas palavras de Jose Antonio
Tobias, embora de concepcao humanista, a pedagogia jesuitica valorizava
o homem a partir de seu potencial religioso e vinculava-se a um rigido
ideario que se assentava na consagracao da fe e na salvacao da alma
(TOBIAS, 1972). Tal ideia e complementada por Silvia Olinda, para quem a
politica educativa dos jesuitas tinha como intencao nao apenas a
propagacao da fe, mas tambem a manutencao da obediencia aos preceitos
cristaos (OLINDA, 2003).
Enquanto esse primeiro modo de atuacao dos jesuitas associava-se ao
poder eclesiastico, o segundo vincula-se pragmaticamente ao poder
secular, representado pela Coroa Portuguesa e por seus emissarios
legais. Trata-se, em poucas palavras, da utilizacao do projeto
pedagogico dos jesuitas para fins de dominacao e de obtencao de lucro,
uma vez que, como explica Maria Luisa Ribeiro, isso ja estava evidente
no Regimento outorgado por D. Joao III em 1548, que, ao criar o Governo
Geral para o Brasil, faz alusao a necessidade de conversao dos indigenas
ao catolicismo pela instrucao, inscrevendo ideologicamente a acao dos
religiosos na politica colonizadora de Portugal (FAVERO, 2000; RIBEIRO,
1985).
Particularmente no que se refere aquele aspecto que mais nos
interessa aqui, a implantacao da lingua portuguesa no Brasil Colonia, a
instrucao jesuitica desempenhou, incontestavelmente, papel de relevo, ja
que, inserindo sua pedagogia de base humanista, filosofica e teologica
no Brasil, os jesuitas sentiramse imediatamente obrigados a adapta-la a
nova realidade que se lhes apresentava, incluindo em seu curriculo
escolar, ao lado do ensino do tupi-guarani, o ensino do portugues, da
religiao, do canto orfeonico e de outras disciplinas, embora o ensino do
portugues fosse secundario diante das linguas nativas e do proprio
latim. De qualquer maneira, conclui Nancy Casagrande, a pedagogia
jesuitica visava, entre outras coisas, a 'domesticacao da lingua
indigena', muito em funcao da implantacao e de consolidacao da
lingua portuguesa no Brasil colonial (CASAGRANDE, 2005).
Desse modo, nao e dificil perceber os inquebrantaveis vinculos
entre a politica educacional dos jesuitas e a manutencao de uma
ideologia de dominacao do territorio colonial, sobretudo por intermedio
de uma cristianizacao que via na multiplicidade de linguas aqui presente
um fator de desestabilizacao tanto do poder eclesiastico quanto do poder
regio. Portanto, sistematizar e difundir a lingua geral de base tupi
entre os nativos e os portugueses que aqui viviam passa a fazer parte de
um complexo processo de monopolio dos dogmas, dos simbolos e das
representacoes imaginarias, processo que nao dispensa, em uma etapa
posterior, a implementacao do portugues como idioma dotado de razao e de
emocao suficientemente abrangentes para que se consolidasse aqui um
amplo projeto de dominacao e de apropriacao territorial, o que confere
ao discurso jesuitico--como ja se ressaltou uma vez--alto teor
ideologico:
[...] o discurso jesuitico quinhentista no Brasil e ideologico
porque autocentrado; e um saber que escolheu centros, sujeitos e objetos
que se erigem a si mesmos como corretos e adequados e nao admitem
questionamentos (FLORES, 2003, p. 88).
A lingua portuguesa no Brasil do seculo XVI: dominio linguistico
Ao contrario do que ocorre com o dominio paralinguistico, aqui nos
encontramos, definitivamente, no ambito dos estudos da linguagem, visto
que nos interessa observar a ocorrencia, no Brasil quinhentista, de
instrumentos linguisticos, de discursos metalinguisticos e literarios,
de conflitos idiomaticos etc, responsaveis pelos desdobramentos
socio-historicos da lingua portuguesa no Brasil.
No que compete a utilizacao de instrumentos linguisticos e
pedagogicos diversos no Brasil Colonia (dicionarios, gramaticas,
cartilhas etc), pode-se dizer que o seculo XVI foi prodigo em obras que,
mais uma vez, seriam aqui produzidas e/ou utilizadas com o intuito de
dar sustentacao pratica ao empreendimento jesuitico. Assim, a producao
de obras gramaticais de cunho pedagogico e normativo, escritas e
utilizadas pelos proprios missionarios, constituiu o primeiro esforco em
conjunto no sentido de viabilizar seu projeto de catequese, com a Arte
da Gramatica da Lingua mais Usada na Costa do Brasil (1595), de Jose de
Anchieta; a Arte da Lingua Brasilica (1621), de Luis Figueira; a Arte de
Lingua de Angola oferecida a Virgem Senhora N. do Rosario (1697), de
Pedro Dias; ou a Arte de Gramatica da Lingua Brasilica da Nacao Kiriri
(1877), de Luis Vincencio Mamiani, todas elas escritas ao longo do
seculo XVI. Sao, em resumo, as celebres 'artes de gramatica',
responsaveis pelo inicio do processo de gramatizacao brasileiro, por
meio das quais os jesuitas--com o proposito de aprender a lingua dos
nativos e dos africanos--buscavam normatizar o que consideravam as
'linguas dificultosas' da Colonia (BATISTA, 2002).
No que se refere a um ambito muito particular do dominio
linguistico, o dos discursos literarios, certamente um dos principais
responsaveis pelo sucesso paulatino da implantacao da lingua portuguesa
no Brasil ao longo do seculo XVI e posteriormente, a realidade
parece-nos mais promissora, devido a grande quantidade de textos em
portugues que por aqui se produziram na epoca. Desse modo, em meio a um
universo verdadeiramente extenso de textos de diversa ordem --como
diarios de bordo, epistolas, cronicas de viagem, textos burocraticos
etc--destacam-se aqueles que apresentam carater mais literario, embora
esse seja um conceito que adquira particular complexidade no contexto
aqui tratado (SILVA, 2005).
Da chamada Literatura de Informacao, estrato significativo de
'nossa' producao literaria colonial, assinalam-se textos
diversos, como a Carta (1500), de Pero Vaz de Caminha; o Diario de
Navegacao (1530), de Pero Lopes e Souza; a Historia da Provincia de
Santa Cruz (1576) e o Tratado da Terra do Brasil (1826), de Pero de
Magalhaes Gandavo; o Tratado Descritivo do Brasil em 1587 (1587), de
Gabriel Soares de Souza etc. Desses, destacamos, a titulo de exposicao
mais detalhada, o primeiro texto informativo produzido no Brasil do
seculo XVI.
Com efeito, a celebre Carta redigida pelo escrivao da armada
portuguesa, Pero Vaz de Caminha, e enderecada ao rei D. Manuel I, pode
ser considerada o primeiro texto escrito na lingua portuguesa em solo
brasileiro, possuindo ainda o merito--embora apenas cronologico--de
inaugurar a producao literaria nacional. Contudo, sua classificacao
dentro da tradicao cultural especificamente brasileira nao e de forma
alguma pacifica, ja que o citado documento parece filiar-se, antes, a
uma solida tradicao portuguesa, a da 'literatura de viagens'.
Outro problema suscitado pela obra em causa diz respeito a sua
classificacao literaria propriamente dita, uma vez que a intencao
estetica acabou sendo deliberadamente substituida pelo objetivo de
informar a Coroa Portuguesa sobre o novo achado.
Diante desses fatos, nao nos parece demasiadamente ousado defender
a classificacao da Carta de Caminha como um autentico documento
historico-etnologico, em vez de insistir em uma classificacao puramente
literaria. Pela intencao que o proprio autor manifesta ao escreve-la,
pela maneira como os fatos, os eventos e as 'personagens'
preenchem esse intuito, podemos afirmar que nao se trata de uma producao
rigorosamente literaria, no sentido estrito do termo.
E verdade que essas evidencias nao impediram que seu texto fosse
considerado por muito tempo, e ainda hoje, uma producao de natureza
literaria em sentido lato, isto e, uma obra que, apesar de nao revelar
um pressuposto artistico deliberado, apresentaria alguns aspectos
esteticos dignos de nota, como salienta um dos estudiosos do assunto:
[...] como se fosse uma especie de diario [a Carta] e, para nos, do
ponto de vista literario, a primeira expressao do deslumbramento e ao
mesmo tempo dos equivocos e intencoes do colonizador portugues, atraves
de uma linguagem fluente e poetica, com certo senso de humor, embora um
tanto grave, de mistura com um ou outro trocadilho malicioso (CASTELLO,
1975, p. 34).
Curiosa, mas compreensivelmente, e com olhos de um agente lusitano
de solida cultura europeia que Caminha procura desvendar os segredos e
os achados da terra recem-descoberta. A perplexidade diante do universo
exotico, o espanto com que o missivista defronta a natureza alienigena,
o deslumbramento para com um mundo totalmente desconhecido e
virtualmente surpreendente, tudo isso faz que a Carta possa ser
considerada uma significativa expressao do sentimento edenico que aqui
vigorou por muito tempo, como sugere Silvio Castro:
[...] a palavra de Pero Vaz de Caminha se comunica magicamente e
transmite um sentimento de realismo. A terra e cheia de graca e a
consciencia naturalista nasce a partir do gozo de seus ares e aguas. E
uma visao do paraiso, onde nao importa se em verdade exista ouro ou
prata ou pedras preciosas. Ja a felicidade simples dos sentidos
esclarece aos homens que o paraiso existe. E que nele tudo sera possivel
(CASTRO, 1985, p. 115).
Ideologicamente, nao nos podemos furtar a lembranca de que as
principais intencoes de Caminha, ao redigir sua Carta, relacionavam-se a
difusao do Cristianismo e a exploracao comercial da nova colonia
portuguesa, interesses que persistem em toda a narrativa. A tradicao
cultural imposta aos nativos pelos portugueses tambem esta presente no
diversos registros do texto de Caminha, ele mesmo, alias, atuando como
agente de todo esse processo. Essa e outras caracteristicas ja aqui
aludidas tornam a Carta uma das principais fontes de compreensao da
realidade linguistica nacional, fazendo que ela adquira,
definitivamente, um espaco de relevo na historia da lingua portuguesa no
quinhentismo brasileiro.
Ainda no dominio da literatura que se produziu no periodo, vale
destacar a presenca de uma producao bastante singular, mais conhecida no
universo dos estudos literarios pela denominacao de 'literatura
jesuitica'.
Tendo como proposito declarado a catequizacao e o
ensino--propositos de natureza, respectivamente, religiosa e
pedagogica--, a literatura aqui produzida pelos jesuitas
caracterizou-se, do ponto de vista estetico, pela simplicidade formal,
pelo emprego da alegoria e da personificacao, pela adaptacao ao meio
tropical, pelo fundo moralizante e didatico etc. Apesar de congregar
autores do porte de Manuel da Nobrega (Informacao das Terras do Brasil,
1549; Dialogo sobre a Conversao dos Gentios, 1558) e de Fernao Cardim
(Tratados da Terra e Gente do Brasil, 1925), e com Jose de Anchieta e
sua vasta obra (Da Bem Aventurada Virgem Maria ou Poema da Virgem, 1563;
Feitos de Mem de Sa, 1563; Informacao do Brasil e de suas Capitanias,
1584; Na Festa de Natal ou Auto da Pregacao Universal, 1561; Na Festa de
Sao Lourenco, 1583 etc.) que a literatura jesuitica ganhou importancia
nessa primeira etapa da literatura brasileira.
Tendo como marcas esteticas principais a variedade de generos
(cartas, sermoes, poesias, autos, documentos diversos) e a mescla entre
o carater literario, missionario e informativo, sua producao destaca-se
pela presenca, primeiramente, da poesia de inspiracao crista e estrutura
metrica medieval, muitas vezes vazada em linguagem simples, mas sem
prescindir do uso de extensa simbologia para veicular a ideologia
crista; posteriormente, pela presenca do teatro, marcado pelo
sincretismo religioso, pela intencao moralizadora, pelo emprego da
materia indigena, muitas vezes lancando mao da alegoria como forma de
difundir os preceitos cristaos. Assim, como apontou de modo bastante
percuciente o critico Alfredo Bosi, enquanto sua poesia carrega um alto
grau de subjetividade e de transcendencia, seu teatro destaca-se pela
objetividade e pelo pragmatismo (BOSI, 1996).
Leodegario Filho sintetiza, em um de seus estudos, o papel
desempenhado pelos jesuitas na literatura colonial brasileira:
[...] os jesuitas nao foram simples viajantes ou simples europeus
que aqui vieram, pensando em retornar a Patria, para dar noticias do que
viram. Eles se integraram no processo cultural brasileiro, propagando a
religiao pela arte e implantando uma civilizacao [...] Em Anchieta (e na
obra dos demais catequistas) vamos encontrar o passo inicial da
Literatura Brasileira (LEODEGARIO FILHO, 1983, p. 32).
Finalmente, no ambito do dominio linguistico--certamente, aquele
que mais de perto diz respeito a institucionalizacao do portugues no
territorio nacional durante o seculo XVI--, destaca-se um largo processo
de emulacao entre os varios idiomas que concorreram para a construcao de
um registro nacional da lingua portuguesa.
Trata-se do multilinguismo, presente durante todo o periodo
colonial brasileiro e posteriormente, epoca em que as linguas indigenas
e africanas disputavam espaco, naquele ambiente, com o portugues trazido
pelos primeiros colonizadores, um tema, alias, a que os filologos
portugueses da epoca nao estavam alheios (SCHLIEBEN-LANGE, 1993). Ja a
atuacao dos jesuitas assinala a complexidade que a questao idiomatica
adquiriu no Novo Mundo, uma vez que o projeto educacional por eles
capitaneado subdividia-se, no que compete ao ensino de linguas, em tres
partes: ensinava-se a gramatica latina, como base de toda pedagogia
linguistica da Colonia e como parte da formacao das humanidades (De
Institutione Grammatica, de Manuel Alvares); ensinava-se o tupi-guarani,
motivado pela necessidade de mutua compreensao entre indios e
portugueses e para o sucesso do empreendimento religioso (Gramatica da
Lingua mais Falada na Costa do Brasil, de Anchieta); ensinava-se a
lingua portuguesa com finalidades diversas, como a expansao do idioma no
Novo Mundo, a divulgacao da cultura humanista, a pratica da catequese
etc (Cartilha para Aprender a Ler, de Joao de Barros, Cartilha para
Ensinar a Ler as Doutrinas da Prudencia, de Frei Joao Soares, Regras
para Ensinar a Maneira de Escrever a Ortografia Portuguesa, de Pero de
Magalhaes Gandavo e outros).
Como complemento a essa multiplicidade linguistica, a questao
idiomatica passava, ainda, no Brasil, por uma pratica tradutoria, pois,
desde os primeiros anos de colonizacao, os portugueses precisaram se
servir de tradutores (os linguas), a fim de estabelecer comunicacao com
os nativos (WYLER, 2003).
Pode-se dizer que, em se tratando do seculo XVI, foram tres os
grupos de idiomas que aqui se desenvolveram: o das linguas indigenas, o
das linguas africanas e o das linguas europeias, com destaque, dentro
desse ultimo grupo, para o portugues.
Sobre o primeiro grupo, o das linguas indigenas, convem acentuar,
como lembra Luiz Carlos Villalta, que, ja nos primeiros contatos com as
novas terras, os portugueses encontraram no Brasil uma verdadeira
'Babel indigena', com varios idiomas dos troncos Tupi,
Macro-Je e outros, tudo resultando--principalmente pela acao dos
jesuitas--nas 'linguas gerais', que se subdividem em dois
grandes grupos: abaheenga, ao sul, e nheengatu, ao norte (VILLALTA,
2004).
Falava-se, portanto, no Brasil, por ocasiao da chegada dos
portugueses, centenas de linguas indigenas, sendo que seus utentes podem
ser separados, em principio, em duas grandes comunidades de falantes,
segundo o idioma que utilizavam: a dos 'tupis' (falantes da
lingua geral ou tupi) e a dos 'tapuias' (falantes das demais
linguas). Essa divisao inicial logo foi corrigida, diante do grande
numero de idiomas falados em todo o territorio brasileiro, prevalecendo,
contudo, o tupi, idioma usado no litoral e adotado pelos jesuitas em
missoes catequizadoras. Embora empregada pela maioria da populacao
brasileira ate o seculo XVIII, ou, por isso mesmo, a lingua geral de
base tupi nao era rigorosamente a mesma que fora gramatizada pelos
jesuitas ainda no seculo XVI, ja que sofrera, ao longo do tempo, as
irreprimiveis influencias dos falares diversos que por aqui vicejavam
(AYROSA, 1933). Assim, pela acao dos jesuitas, a populacao indigena
torna-se parte de um projeto que ve no discurso linguistico, como
sugerimos, a base para as praticas de conversao e de dominio, e e
exatamente nesse contexto, explica-nos Jose Horta Nunes, que os
missionarios da Companhia de Jesus colocam em funcionamento sua politica
linguistica:
[...] a lingua indigena ganha um estatuto importante na cena da
colonia como lingua de catequese. Um dos resultados dessa politica esta
na elaboracao de instrumentos linguisticos como gramaticas e
dicionarios. A lingua, assim, torna-se objeto de conhecimento, de
descricao e de interpretacao (NUNES, 2006, p. 87).
Muito dessa predominancia do tupi no Brasil deveu-se, portanto, a
acao dos missionarios catolicos que, ao gramatizar a lingua, promoveram
uma especie de 'estabilizacao linguistica', fazendo que ele se
tornasse idioma de comunicacao geral entre as varias tribos indigenas e
entre estas e os portugueses.
Assim, a descricao gramatical feita por Anchieta no seculo
XVI--obrigatoria nos colegios antes mesmo de sua publicacao--e
resultado, ao mesmo tempo, de uma necessidade de colonizacao com
evangelizacao e da revolucao tecnologica da gramatizacao por que passava
o continente europeu (AUROUX, 1992). Por isso, os missionarios jesuitas
davam a lingua dos nativos um estatuto de idioma da metropole, ou seja,
um idioma tao importante quanto a propria lingua portuguesa (MARIANI,
2004).
Sobre o segundo grupo, convem lembrar que as linguas africanas aqui
chegaram com o contingente escravizado, o qual pode ser dividido em tres
grandes grupos culturais: os sudaneses, os muculmanos ou males e os
bantos, cujas linguas foram, aos poucos, sendo substituidas pelo
portugues, como bem lembra Silvio Elia:
[...] com o incremento da lingua portuguesa, que irradiava dos
principais centros culturais e urbanisticos do litoral, foi o uso dos
falares africanos cada vez mais restringindo-se a dominios
especializados, como os do ritual religioso, dos canticos e dancas, dos
contos populares; isto e, foi perdendo em generalidade (ELIA, 2000, p.
26).
Em um de seus estudos sobre o assunto, Margarida Petter destaca
quatro grandes ciclos de aportes de escravos para o Brasil: o Ciclo da
Guine (seculo XVI), que trouxe os negros sudaneses; o Ciclo do Congo e
de Angola (seculo XVII), que trouxe os negros bantos; o Ciclo da Costa
da Mina (seculo XVIII), novamente com os negros sudaneses; e o Ciclo da
Baia do Benin (seculo XVIII). No total, esses aportes teriam atingido de
200 a 300 linguas diferentes, provenientes de duas grandes areas: a
oeste-africana (com a predominancia do ioruba) e a banto (com a
predominancia do quimbundo) (PETTER, 2001). Alem disso, ha que se
lembrar que, assim como se instituiu uma lingua franca para os indigenas
(o 'tupi jesuitico'), os africanos trazidos para o Brasil como
escravos tambem se utilizaram de linguas francas, possivelmente o nago
ou ioruba no Nordeste e o quimbundo no Sul. Nao obstante essa variedade
de idiomas e de linguas francas, alguns estudiosos acreditam que foram
os africanos e os afrodescendentes --mais do que os indigenas--os
principais responsaveis pela difusao do portugues brasileiro no
territorio nacional (MATTOS E SILVA, 2004).
Finalmente, sobre o terceiro e ultimo grupo, o das linguas
europeias, das quais destacaremos--por motivos obvios--o portugues,
cumpre ressaltar o fato de que, alem do idioma lusitano, aqui aportaram,
ao longo de todo o seculo XVI, o frances, o holandes, o espanhol, o
ingles e outros, conferindo a colonia portuguesa, especialmente no que
compete a questao linguistica, um carater verdadeiramente heterogeneo.
Os fatos relativos aos dominios linguistico e paralinguistico aqui
reportados foram os responsaveis diretos, como ja sugerimos, pela
consolidacao no Brasil do que se convencionou chamar de portugues
brasileiro, cujas principais caracteristicas sao notadas ate hoje,
inaugurando, inclusive, no ambito dos estudos linguisticos brasileiros,
a decantada questao da variacao diatopica da lingua portuguesa no
Brasil. Lingua transplantada, nos dizeres de Gladstone Chaves de Melo, o
portugues para ca trazido sofreu influencias consideraveis de outros
idiomas e culturas, nao apenas em razao de condicoes historicas e
geograficas especificas, mas tambem, e sobretudo, em funcao de condicoes
sociais igualmente diversas, embora tais influencias tenham ocorrido,
principalmente, em relacao as linguas indigenas e africanas (MELO,
1975).
Sobre as primeiras, ha que se considerar a existencia, no periodo
colonial, de centenas de idiomas indigenas (guarani, tupinamba,
tupiniquim, je, cariri etc), em um calculo que aponta para a ocorrencia
de centenas de linguas indigenas autoctones, faladas por cerca de cinco
milhoes de nativos, das quais restariam atualmente cerca de cento e
oitenta. A influencia indigena, portanto, pode ser notada, no que
compete ao lexico portugues, tanto nas toponimias ('Para',
'Ceara', 'Pernambuco' etc) quanto nos nomes de
elementos da natureza ('abacaxi', 'capim' etc) ou
nos antroponimicos ('Araci', 'Iracema' etc). Esse
fato parece ter se estendido, ate com mais frequencia, para o campo
fonologico (1), no qual encontramos ocorrencias tradicionalmente
creditadas a incidencia dos idiomas indigenas sobre o portugues, como a
articulacao com entoacao mais nitida das vogais pretonicas:
'diferente', 'perigo', 'pequeno' e
'semana', no Brasil, em oposicao as formas portuguesas
'dif'rente', 'p'rigo',
'p'queno' e 's'mana'; a articulacao mais
nitida das vogais finais /e/ e /i/: 'ponte', 'febre'
e 'vinte', no Brasil, em oposicao a 'pont",
febr" e Vint", em Portugal; a queda das consoantes finais
(apocope) /l/ e /r/: 'carnava', 'arraia',
'pape', 'chora' e 'amo', no portugues
popular, em oposicao as formas padrao 'carnaval',
'arraial', 'papel', 'chorar' e
'amor'; a nasalizacao de vogais tonicas em contato com
consoantes nasais: 'cama', 'colonia' e
'Antonio' no Brasil e 'cama', 'colonia' e
'Antonio' em Portugal.
A influencia indigena pode ser verificada, ainda, tanto no ambito
da morfologia, com a autonomia, no lexico do portugues brasileiro, de
alguns elementos aglutinados: tatu-acu, batalha-'mirim',
mandioca-'puba', quanto na sintaxe, com a ocorrencia de
algumas inversoes na construcao frasica: 'agua muita',
'vou nao' etc.
Ja no que se refere a influencia das linguas africanas sobre o
portugues do Brasil, podem ser verificadas, no campo da fonologia, a
reducao da palatal 'lh' ('mulher' >
'muie', 'trabalhar' > 'trabaia',
'filho' > 'fio') ou na ocorrencia de epenteses, a
fim de desfazer encontros consonantais ('flor' >
'fulo'). No ambito da morfologia, por exemplo, houve tanto a
simplificacao das flexoes no registro popular (os 'home', as
'muie') quanto a incorporacao lexica do prefixo diminutivo
'ca'- ('cacula', 'camondondo',
'calombo'). Ja na sintaxe, verificam-se a substituicao do
pronome pessoal obliquo direto pelo indireto (convidei-'lhe',
abraco-'lhe') e a simplificacao da regencia verbal (fui
'na venda'). Finalmente, e no dominio da lexicologia que
observamos a maior incidencia dos falares africanos sobre o portugues
para ca trazido, uma vez que novos vocabulos sao acrescidos ao lexico
portugues, seja no campo da culinaria ('acaraje',
'angu', 'bobo', 'fuba',
'quindim', 'vatapa') e da religiao
('candomble', 'exu', 'iemanja',
'macumba', 'mandinga', 'orixa',
'xango'), seja no dos vegetais ('chuchu',
'jilo', 'quiabo', 'inhame') e das dancas
('lundu', 'maracatu', 'samba'), alem de
nomes de objetos em geral ('agogo', 'berimbau',
'cachimbo', 'carimbo', 'micanga',
'tanga').
Consideracoes finais
Utilizando como matriz linguistica o registro empregado por
analfabetos em geral, como nos ensina Celso Cunha (1981), o portugues
que aporta no Brasil do seculo XVI sofre intenso processo de
transformacao, a ponto de alguns estudiosos do assunto optarem por
considerar nosso modo de falar um autentico dialeto. E o que faz, por
exemplo, Sousa da Silveira que, em conferencia realizada no salao do
Jornal do Comercio, em 1920, tece consideracoes sobre a lingua
portuguesa no Brasil, considerando-o resultado de uma 'evolucao
dialetal' (SILVA, s.d.). Exageros a parte, o fato e que,
transplantada para outros continentes, a lingua portuguesa torna-se o
centro de um conflito real entre o falante novel e os europeus de modo
geral, fazendo que os registros utilizados nas colonias fossem vistos
como espurios e corrompidos. Como afirma Mattoso Camara,
[...] a lingua colonial era vista, da mesma sorte que os dialetos
do territorio da metropole, como modalidades espurias de dizer, fruto e
indice de ignorancia e bruteza. Tanto na metropole como nas colonias a
lingua standart e que se visava atraves da educacao e do refinamento do
trato social (CAMARA JUNIOR, 2004, p. 144).
A discussao em torno da natureza e da identidade do portugues
brasileiro, contudo, esta longe de terminar e, para sermos mais exatos,
esta apenas dando os seus primeiros passos. Trata-se de uma discussao
longa e complexa, em que teorias ora mais objetivas, ora mais
personalistas ocupam lugar no debate. Uma delas, por exemplo, e aquela
que opoe, de um lado, Joao Ribeiro, para quem a ocorrencia de
'brasileirismos' no novo continente teria sido um elemento
fundamental de diferenciacao dos registros americano e europeu (RIBEIRO,
1979) e, de outro lado, Silveira Bueno, segundo o qual nao foram os
brasileirismos, mas sim os 'arcaismos' os principais
responsaveis por essa diferenciacao (BUENO, 1967).
De qualquer maneira, o que parece mesmo certo e que, ao longo dos
seculos, o Brasil passa do que se poderia chamar de
'multilinguistimo homogeneo' para uma especie de
'unilinguismo heterogeneo', ja que, como sugere Antonio
Houaiss, o pais teria se tornado, ainda no seculo XVI, o cenario de
intenso combate linguistico ou, nas suas proprias palavras, o
"[...] teatro de uma forte 'luta de linguas'"
(HOUAISS, 1992, p. 105, grifo nosso).
Doi: 10.4025/actascilangcult.v34i2.15618
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(1) Para efeito didatico, em vez de se empregar o Alfabeto Fonetico
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aproximada dos vocabulos em destaque.
Received on December 26, 2011.
Accepted on Junho 11, 2012.
Mauricio Silva
Universidade Nove de Julho, Rua Dr. Adolpho Pinto, 109, Barra
Funda, Sao Paulo, Sao Paulo,Brasil. E-mail:
[email protected]